sexta-feira, novembro 09, 2007

A revelação



Acordei naquela manhã, evitando as perguntas da minha mãe, O problema não era ela perguntar, era eu responder. Na minha cabeça era um nó de pensamento tão bagunçado que eu mal conseguia me concentrar no que ela dizia por mais de dois segundos!
O meu telefone tocou, era o Ex-namorido, pra quem não queria mais me ver ou falar comigo nunca mais, aquele telefonema era até engraçado. Eu atendi, pensando que parte da minha vida tinha sido invadida durante a noite, e quem seria a razão do esporro que eu ia levar desse vez!
Atendi dizendo : “Bom dia!” quem sabe assim ele se tocaria que sábado de manhã, ninguém merece! Ele respondeu com uma voz calma e serena, nem parecia a mesma pessoa. Caso de personalidade dubla? – eu pensei! Eu disse: “ Eu sou tão estúpido!” eu não me controlei e respondi: “É, você é!” Ele se desculpou pelo dia anterior disse que tinha tido ficado acordado a noite toda, que achou que ia morrer de tanta angustia, mas que de repente teve uma revelação. Eu não agüentei e tive que rir! Perguntei se depois de chegar ao fundo do poço, os céus se abriram a alguma divindade havia descido a Terra pra por juízo naquela cabeça torta!
Ele disse que não, que ele tinha apenas entendido tudo que estava acontecendo! É um gênio, eu pensei! Ele pediu que eu lesse um e-mail que ele tinha me mandado e que ligasse pra ele depois.
Era um Manifesto. O infeliz me escreveu um manifesto. A mais melosa das declarações de amor já escritas. Aquelas coisas que você só escuta em letra de musica cafona! Era um maluco aquele cara! Eu só conseguia pensar em quanto tempo ia demorar até eu receber o outro e-mail terminando comigo antes mesmo de eu voltar com ele! E Foi essa a primeira coisa que eu perguntei a ele quando liguei. Ele disse que isso nunca ia acontecer. Disse que se eu estivesse aberta oferece-lhe a chance numero 13489200, eu não ia me arrepender! Que ele viveria e se dedicaria a mim, ao meu amor e minha felicidade!
Achei bunitim, mas pensei comigo: “Esse cara acha que eu sou completamente retardada!”
“Pois vocês durma umas boas noites na sua resolução, ou melhor, revelação! Se daqui a alguns meses ela ainda andar por aqui, a gente conversa!
Tudo voltou a uma normalidade anormal! O Ex-namorido agora aspirando a perfeição, era extremamente gentil, cuidadoso e presente. Sem face era do mesmo jeito como sempre. Eu não tinha voltado com o Ex-namorido ou consumado nada com o Sem face, era um namorico de criança! Toda vez que eu pensava no que eu ira fazer com aquela situação, eu queria deitar e dormir! O e-mails eram muitos e os mais variados com conselhos chegados do Brasil, a maioria esmagadora, era descrente da mudança do Ex-namorido, quase todos achavam no mínimo justo que o Sem face tivesse sua chance! Algumas poucas vozes se levantaram em prol do Ex-namorido, mas elas só clamavam como ele era uma pessoa legal e divertida, nunca o defenderam quando o assunto em pauta era a maneira como ele me tratava. Os conselhos vindos de NY eram bem mais pragmáticos e cruéis. Fique com o Ex-namorido, mas só até a cidadania chegar, ai você dá um pé na bunda dele e vai cuidar da sua vida!- eu ouvi algumas vezes!
Mas o que ninguém entendia era que por mais que o maluco tivesse aprontado tudo aquilo comigo, eu nunca achei que ele iria me prejudicar em momento algum, eu sabia que mesmo separados, se eu precisasse de algo, eu poderia contar com ele.
O que pendia muito a favor do Ex-namorido, era a velocidade com que o Sem face se movia. Eram mais de um mês juntos agora e nada acontecia. Quando você é acostumada com homem brasileiro que pula em cima de você, sem saber seu nome e descobre passagens inimaginável na sua roupa pra chegar a você, um carinha que depois de um mês ainda está te “respeitando” tanto assim, era de causar um certo estranhamento!
Eu pessoalmente achava ótimo não ter que lidar com aquilo, era como se a gente não tivesse na verdade tendo nada de mais. Eu nunca tinha que me preocupar em paras coisas antes que elas esquentassem por causa da minha confusão mental. A confusão mental dele parava as coisas mito antes que a minha!
Nesse caso os e-mails que vieram especulando sobre o assunto também era diversos! Algumas amigas acham encantadora a atitude do rapaz, outras, bastante suspeita! Ele deve ter algum problema, disseram...
Ai,ai,ai... e agora? Será que eu queria realmente descobrir o que estava acontecendo?

A revelação

A indecisão é o que acaba com tudo!


Trabalhando 12 horas por dia, saindo com minha mãe, sobrava muito pouco tempo pra ver o Sem Face. Algumas vezes no caminho de casa, eu descia na estação de metro da casa dele, que era no caminho da minha. Dizia oi, dava um beijo, conversava um pouquinho e ia embora. Era isso, mas durante todo o dia a gente trocava por volta de 20 a 30 e-mail.
Minha amiga que mora em Boston e tinha acabado de comprar uma casa, tinha me perguntado se eu gostaria de ir a Boston ajuda-la. Como minha mãe é arquiteta, e eu, madrinha do futuro casamento, perguntei pra minha mãe se ela achava ruim ir comigo a Boston ajudar minha amiga. Ela concordou.
Naquela manhã eu me despedi de minha mãe, disse que iria chegar em casa mais cedo pra poder arrumar uma malinha e a gente iria pra Boston. Cheguei no escritório e tentei abrir o meu e-mail. Dizia que minha senha estava incorreta. Eu tentei algumas vezes achando que tinha cometido um erro de digitação, mas nada funcionava! Fiquei pensando o que poderia ter acontecido. Por motivo nenhum, eu tentei minha senha antiga e funcionou. Não entendi nada., eu usei a senha do Hotmail, no Gmail e funcionou. As senhas dos meus dois e-mails, eram as mesma até o episódio do Marinheiro , quando o Ex-namorido entrou no meu Gmail e viu o e-mail que ele tinha me mandado e ficou louco. Entnao eu mudei a senha do Gmail que eu tinha dado pro Ex-namorido uma vez que eu precisei que ele me ajudasse. O problema era que como eu não havia dito pra ele que a senha do Hotmail era a mesma, resolvi mantê-la.
Liguei pro Ex-namorido, absolutamente inocente. Queria saber se ele achava que era motivo pra preocupação! Ele muito secamente, disse que não. Voltei ao trabalho, foi quando eu vi um e-mail do Ex-namorido: “ Eu sou uma pessoa horrível! Eu mudei sua senha, eu entrei no seu e-mail, eu sei tudo do Sem Face!” Ai que merda!, pensei.
Lá estava eu ainda apaixonada pelo Ex-namorido, depois de levar 450 foras tentando esquecê-lo, e o mala vem e me apronta uma dessas.
Liguei e ele atendeu o telefone. Ele soluçava, chorava e gritava comigo. Dizia que logo quando ele estava quase lá, eu fazia isso com ele, que agora estava tudo acabado. A raiva me subiu pela espinha! Tranquei a portado escritório e comecei a esbravejar. Como depois de tudo que ele já tinha feito comigo, ele ousava invadir meu e-mail e me culpar por ter arruinado tudo. A minha raiva era tanta, que ele ficou completamente desarmado. Começou a pedir desculpas e se explicar. Disse que na noite anterior tinha ido a terapia, que durante a terapia descobriu que tinha terminado comigo por motivos que nada se ligavam a mim, e que tinha resolvido me pedir pra voltar.
Eu ouvia aquilo com uma mistura de esperança, felicidade e raiva ao mesmo tempo. Respondi: “E você acha que é assim? Só me querer de volta?” A última vez que nós tínhamos terminado, eu tinha sido quem tinha tomado a decisão. Ele tinha voltado comigo, cheio de zinquizira, dizendo que a gente tinha que levar as coisas mais devagar! Eu disse que pra ele era fácil levar as coisas devagar, mas e pra mim que tinha mudado pra cá de mala e cuia por causa dele? Disse que ele estava devagar de mais pra mim e terminei. Perguntei pra ele o que era diferente? Ele me respondeu que me amava e que queria ficar comigo pra sempre, que eu era o amor da vida dele e que ele queria muito uma segunda chance. Eu, ainda irritada, disse que tinha que desligar e que depois conversaria com ele.
Estava na frente do computador com o rosto inchado de tanto chorar, tão confusa que mal respirava. E agora, o que eu ia fazer, voltar para aquela loucura,ou ficar quieta com o Sem Face? Tantas coisas iam e vinha na minha cabeça, a vezes que eu tinha sido maltratada pelo Ex-namorido, a instabilidade do seu humor, todo seu egoísmo, pensava em como o Sem Face me tratava, de como era paciente com toda a situação, de que como a minha condição legal d imigração era delicada...eu achei que eu ia desmaiar, mas a indecisão durou pouco. Eu recebi um segundo e-mail: “Desculpe, mas eu não posso continuar fazendo isso com você...”
Eu não consegui acreditar em uma pessoa desalmada o suficiente pra estar fazendo aquilo comigo. Tinha que ser um mal entendido. Me pedir pra voltar e mudar de idéia em menos de duas horas? Eu liguei de novo, dessa vez minha fúria tinha se esvaído, eu achava que ia desmaiar a qualquer segundo. Ele chorava mais ainda e dizia que não estava pronto pra voltar, que estava com medo de me perder, mas que se voltasse comigo sabia que tudo seria como antes, as grosserias, o mal humor... eu ouvi e pedi que ele me deixasse em paz.
Por algumas horas eu fiquei apática. Mas a apatia passou quando o Sem Face me pedira pra passar por sua casa antes de ir pra Boston.
Eu tinha acabado de sair da estação de metro quando, eu recebi uma mensagem no meu celular. Era o Ex-namorido, dizia: “ Eu não quero e não posso nunca mais te ver ou falar com você”, oh inferno pra te cão, eu pensei! Será que eu não ia ter paz na minha vida?
O Sem face saiu na portaria do seu prédio e me viu pálida. Eu me expliquei, contei toda a história, ele ficou impressionado com minha sinceridade , disse que não queria me criar problemas, mas que gostava muito de mim e que gostaria de ter uma chance comigo. Eu disse que tinha que tentar falar com o Ex-namorido.
Ele saiu de perto de mim e foi sentar perto da fonte. Eu tentei ligar milhões de vezes, mas ele não atendia, eu deixei milhões de recados. Finalmente o Ex-namorido me ligou. Ele chorava e gritava comigo enquanto eu tentava entender o que tinha acontecido desse vez. Qual era o motivo daquilo? O motivo era o MOTIVO! Ele tinha entrado no meu Blog e lido sobre o Motivo. Dizia que eu ia deixa-lo louco com esse bando de homens. Eu disse calmamente que ele deixasse de fuçar na minha vida, que ele tinha terminado comigo, que agüentasse! Disse que estava de saco cheio dessa palhaçada, que nunca tinha feito nada pra merecer viver nesse inferno que ele tinha feito da minha vida. Completei dizendo: “Se você não quer me ver ou falar comigo, direito seu. Eu escrevo quando precisar falar com você por qualquer motivo, e você faça o favor de me deixar em paz!”
Perdi a vontade de ir a Boston. Liguei pra minha mãe e pra minha amiga avisando! O Sem face tentava me alegrar e eu, tentava parecer alegre com medo de passar por grosseira. Eu estava completamente arrasada. Depois de tudo que eu tinha feito pelo Ex-namorido e pelo nosso relacionamento ia acabar assim!
O Sem face me levou pra caminhar, nós estávamos em Downtown NY, ele me perguntou se eu já tinha caminhado na ponte do Brooklyn, eu balancei a cabeça que não. Ele impressionado começou a andar em direção a ponte me puxando pelo braço, ele não parava de falar. Ficou horas enumerando a quantidade de coisas que queria fazer comigo e os lugares onde queria me levar, eu mal ouvia. A única coisa em que eu me concentrei foi na instrução de não olhar pra trás,até que ele dissesse que eu podia. Eu rir com a instrução: “ Não vale olhar pra trás!”, extremamente apropriado!
Quando chegamos ao meio da Ponte, ele disse que eu podia olhar. Era a vista mais bonita que eu tinha visto de NY! Era uma coisa absolutamente inigualável! Eu estava completamente esvaziada nesse momento. Nem Sem face, ou Ex-namorido, éramos eu e NY, uma olhando pra outra como se nunca tivessem visto. Eu morava naquela cidade a 2 anos e nunca havia viso aquilo. Era uma calma estranha, era a certeza de inúmera possibilidades acenando pra mim. Eu só conseguia ver, ouvir e senti NY. Não importava com quem ou por que, aquele era o meu lugar, a minha cidade, a vida que eu tinha escolhido pra mim e eu não ia deixar com que ninguém deixasse eu me esquecer daquilo. Eu era de NY e NY era minha, a minha cidade.
Uma energia estranha voltou pro meu corpo. O Sem face balbuciou algo que eu não entendi por não prestar atenção, mas eu sorri em gratidão, pelo carinho pela compreensão e pelo presente!

Madame Bovary


Acordei com o som do meu alarme martelando a minha dor de cabeça! Senhor, que ressaca! Eu estava usando a mesma roupa da noite anterior. Calcei minhas botas e olhei pro lado. Ele realmente se beneficiava da ausência de luz. De manhã cedo, a luz do dia de cabelo atrapalhado, ele me fazia pensar o que eu estava fazendo ali. Quase que adivinhando meus pensamentos, ele despertou! Olhou pra mim e riu escondendo a cara de quem sabia que aquela não era a sua melhor hora do dia. Ele se arrastou na cama e me alcançou, pos a cabeça no meu colo enquanto arrumava o cabelo.
Enquanto olhava pra ele, eu alternava sentimentos de ternura e falta de paciência. A noite tinha sido boa. Nada de mais tinha acontecido, ele não tinha tentado nada. Um rapaz respeitador, eu pensei comigo! Foi tudo que eu consegui formular na minha cabeça até que meu alarme soasse de novo.
Me despedi, ele me pediu que esperasse, calçou o sapato e desceu comigo até a rua onde ele parou um táxi e abriu a porta do carro pra que eu entrasse.
No táxi a caminho do aeroporto, eu pensava no nervosismo que minha mãe deveria estar sentindo, pois chegaria a NY pela primeira vez . Meu estômago embrulhava no caminho! Cheguei no aeroporto e fui ao banheiro me olhar no espelho. A cara que minha mãe viria ao desembarcar, era minha cara de ontem!
Depois de 40 minutos de espera, eu vi minha mãe. Mil beijos, entramos em um táxi e fomos pra casa. Ela tomou um banho e caiu no sono. No meu celular a mensagem dizendo que ele esperava que minha mãe estivesse chegado bem e que a noite tinha sido ótima.
Tudo ia bem. O Ex-namorido disse que queria levar minha mãe pra jantar. Eu dei as indicações de como chegar pra minha mãe ao local de encontro e marquei a hora com o Ex-namorido. Nós nos encontramos na saída do metro onde minha mãe deveria sair. Esperamos por volta de 20 minutos e nada. Foi quando meu celular tocou. Era minha mãe. Ela estava perdida. Pegou o trem na direção errada e em vez de vir pra Manhattan foi parar em nos cafundós do Brooklyn. Falei pra que pegasse o metro vindo pra Manhattan. Fomos nos sentar pra esperar, 40 minutos depois minha mãe aparece do outro lada da rua!
Finalmente chegamos ao restaurante. O Ex-namorido passou o tempo todo me abraçando e dizendo como eu era uma gracinha, e como ele tinha saudades, minha mãe boiava. Quando ela foi ao banheiro, ele tentou pegar na minha perna por baio da mesa. Eu irritada disse que parasse! Eu disse que sentia muito ter tido que terminar tudo, mas que as coisas estavam indo muito depressa pra ele, mas que ele me amava. Eu olhava pra ele e me lembrava do Sem face olhando pra mim.
Eu disse que eu não estava esperando por ele, e que se ele não queria ficar comigo, que me deixasse em paz. Ele respondeu em tom brincalhão que sabia que eu não ia esperar por ele. Que o pior dia da vida dele seria quando eu aparecesse de namorado novo, mas ele completou: “Mas o que vai acontecer é que quando eu estiver pronto, eu vou lutar por você e vou ganhar você de volta” A única coisa que eu podia dizer, eu disse:”Really?”
Cheguei em casa e abri meu e-mail. O Sem face dizendo que não conseguia esperar pelo dia que iria poder me beijar de novo!
Um sorriso de canto de lábio se formou no meu rosto, dos meus lábios cansados se esboçaram duas palavras: Madame Bovary!

sexta-feira, novembro 02, 2007

Gente!!!!!!! Eu sei que eu tô muito sumida, mas é que o tempo tá muito curto, mal dá pra dormir! No fim de novembro, eu devo ter um tempinho, prometo cuidar do Coisas de Laurinha. Tento avisar os leitores frequentes quando isso acontecer!
Mil beijos e perdão pela falta de textos novos!

terça-feira, agosto 28, 2007

Lady’s Night!



Era sexta feira, minhas amigas tinha ido embora, eu finalmente tinha conhecido a Face Misteriosa, mas descansar que é bom nada! E lá ia eu cumprir uma missão social! Eu tinha marcado a uma semana, de encontrar com minha amiga da Republica Checa, mas com a notícia da noite passada sobre a mãe do meu amigo que tinha tido um derrame, eu teria que rever meus planos.
Cancelei os planos com minha amiga no meio da tarde. Eu estava bem triste pelo meu amigo, mas a verdade era que ele não era assim lá muito meu amigo. Ele era aquele tipo de cara que te convida as vezes pra um drink que sempre diz que a gente devia sair mais vezes, mas que na verdade eu só vejo quando é necessário! Esse cara, no seus trinta, é o tipo de carinha feioso que tenta conseguir atenção sendo super engraçado, o problema é que a gente não tem o mesmo senso de humor! Então quando eu marquei de sair com ele, eu já sabia que ia ser, ele forçando a barra, eu fingindo que acho engraçado e inventando mil desculpas pra ir embora cedo.
Desça vez a desculpa caiu no meu colo de forma inesperada. Eu sai do trabalho e liguei pra o carinha. Disse que estava saindo do trabalho e dei o endereço de onde ele deveria me encontrar! Se eu ia ter que ficar a noite toda com o mala, pelo menos que fosse num lugar agradável, bebendo o que eu gosto de beber! Ele disse que estava um pouco atrasado, mas disse que chegaria lá em breve. A caminhada do escritório para o bar era um pouco longa, mas o clima era perfeito para o desfrute do trajeto. Resolvi ligar para outra de minhas amigas, no caminho, pra saber como ela estava. Era a minha amiga Chechena. Eu liguei e perguntei o que ela estava fazendo. Ela me disse que estava na manicure! O que? A Chechena na manicure? Eu não vou a manicure em NY, por que eu acho ridículo pagar 50 reais pra pitarem minha unha que vai lasca em dois dias! O que a minha amiga que geralmente é mais mão de vaca que eu estava fazendo na manicure? Eu brinquei: “ Que chic você na manicure!” A resposta veio tristonha e seca:” Hoje é meu aniversário”. Ai que merda! Esqueci o aniversário da menina e ainda dou uma mancada dessas. Pra piorar a situação eu já tinha marcado de sair com o Mala!
Expliquei pra ela sobre a mãe do meu “amigo” , mas disse que ia ficar algumas horas com ele e que encontraria com ela logo em seguida!
Lembrei que o cara estava atrasado.Achei ótimo! Assim, em vez de correr pra encontra-lo, eu podia passar com calma pelo Soho e comprar pra minha amiga um presente pelo seu aniversário!
Bati perna e nada de achar algo! Desisti e resolvi apelar pra flores. Cheguei no bar e meu humor melhorou. É um dos meu lugares favoritos de NYC, É um jardinzinho... a comida não é lá essas coisas mas os drinks... e aquela era definitivamente uma noite pra drinks! Aquela noite era a das Frozen margaridas, eu experimentei pelo menos 3 sabores diferentes enquanto esperava pelo meu amigo atrasado. O garçom, um tatuadão altamente coisado*( agora vocês já sabem o que é coisado!), encostou na minha mesa e perguntou: “Você ta esperando por uma amiga, né? Por que eu não acredito que exista um homem no mundo que ia deixar você esperando esse tempo todo!” Sorte do garçom que eu só tava no terceiro drink, por que se fosse o quarto ou quinto, talvez eu tivesse perguntado se ele gosta de “Canto!”. Eu disse que esperava por um homem, mas que só era um amigo, completei dizendo que se fosse um encontro, eu já teria ido embora!
Meu amigo finalmente chegou, desinteressante como sempre! Se não fossem as frozen margaridas, eu nem sei o que seria de mim! No meio da nossa conversa, eu vi que tinha recebido uma mensagem. Não olhei a mensagem pra não faltar com educação, mas quando meu amigo saiu pra fumar um cigarro, eu não hesitei. Era o Sem Face! Perguntando como eu estava e dizendo que queria me ver de novo quando eu quisesse. Respondi dizendo que estava com esse amigo muito mala, mas que encontraria minha amiga que estava aniversariando, disse que eu ligaria pra ele quando saísse de lá. Durante o martírio da conversa sem fim com meu amigo metido a engraçado, eu recebi mais ou menos umas 3 mensagens, até que enfim, meu telefone toca. Era minha amiga aniversariante. Eu me desculpei e disse que tinha que atender, uma vez que ele já sabia que eu iria encontrar-la.
Minha amiga estava extremamente nervosa! Ela tinha originalmente saído com um casal amigo dela e o casal tinha inventado de brigar, agora era estava na noite do aniversário dela no meio de uma briga de casal.
Eu expliquei a situação pro meu amigo, muito contente por ter um motivo pra terminar aquele encontro das trevas mais cedo do que o esperado! Peguei minhas flores e fui encontrar minha amiga. Eu desci do táxi avistei a louca no meio da rua com cara de choro. A expressão se desfez assim que ela me viu com as flores! Eu perguntei o que havia acontecido e a situação era mais tragicômica do que eu esperava.
Minha amiga é gay, quer dizer, ela está saindo do armário agora! O casal de amigos resolveram então levar a aniversariante pra um clube de striptease. No meio da noite o amigo comprou uma Lap dance pra minha amiga. Lap Dance pra quem não sabe, é quando você vai pra um quarto particular com a striper e ela dança só pra você. Minha amig,a morrendo de vergonha, disse que não iria. A sua amiga não se fez de rogada, uma vez que seu namorado tinha pago pela seção, foi ela! O namorado meio desconcertado não disse nada até o momento em que a namorada saiu da saleta com o numero do telefone da striper! Ai a casa caiu! Eles saíram do Strip Club as berros e minha amiga junto. Ela também foi obrigada a acompanhar a briga que se estendeu ao carro! No meio da confusão a namorada assanhada se revoltou e desceu do carro enquanto ele estava parado no sinal e foi embora, deixando minha amiga com o namorado que bufava de raiva. Essa foi a hora que ela me ligou. Eu disse que ela saísse do carro, me dissesse onde estava que eu iria encontra-la.

Sugeri que ela esquecesse a primeira parte da noite e me dissesse o que ela queria fazer! Ela respondeu empolgada: “Vamos pra um bar de lésbicas!” Ai,ai,ai,... lá ia eu dar uma de boa amiga, e olha no que eu tinha me metido. Ela disse que sabia de um, mas ela nunca tinha ido. Ela estava morrendo de fome então paramos numa lanchonete no lado do bar para que comesse antes de entra. Foi quando eu lembrei que eu não tinha ligado para o Sem Face.
Ele atendeu o telefone e perguntou onde eu estava, eu disse, mas alertei que nós esteávamos indo a uma boate de lésbicas. Ele não se importou. Em dez minutos chegou e nós fomos ao bar. A entrada de homens era proibida. Minha amiga choramingou na porta dizendo que era seu aniversário e o porteiro finalmente nos liberou.
O lugar era visão do inferno! Só mulher! O pior não era isso, era a agressividade das mulheres. Um lugar infestado de mulheres agindo como homens. No balcão do bar uma garota dançando de biquíni enquanto as clientes colocavam notas de dólares em sua calcinha! Absolutamente diferente do que eu esperava!
O Sem Face se ofereceu pra comprar as bebidas. Voltou e começamos a conversar os três enquanto minha amiga me agradecia repetidas vezes por salvar a noite do seu aniversário. A felicidade dela amenizava o desconforto que eu sentia em estar naquele lugar.
Eu e o Sem Face começamos a conversar enquanto minha amiga dançava com uma menina. Em pouco tempo, sua amiga fujona, a que tinha saído correndo do carro, apareceu com outras amigas e se juntou a ela. Foi quando eu vi que minha função estava cumprida.
Me despedi, disse que teria que acordar cedo no outro dia. Minha amiga me abraçou e me agradeceu muito pela noite!
Sai com o Sem Face do lugar que me olhou e me disse: “Well, that was an adventure!” Ele parou um táxi e nós entramos. Ele disse o endereço pro taxistas e eu perguntei onde nós íamos. Ele disse que pra outra aventura. Eu ri e não perguntei mais nada. Chegamos ao lugar. Sai do táxi e o acompanhei. Ele encostou em uma portaria. Eu perguntei se era a casa dele. Ele disse que sim. Eu fiz uma cara de quem não sabia se queria entrar ali. Ele sorriu, passou a mão na minha cintura, me abraçou e finalmente me beijou! Sem parar de me beijar ele abriu a porta do prédio e nós entramos!

quarta-feira, agosto 22, 2007

Ai, os homens brasileiros...


Eu sei que o que você deve estar esperando ler é sobre a continuação da história do Sem-Face, mas eu vou ter que escrever sobre um outro acontecimento antes de eu voltar ao romance.
No prédio onde eu trabalho, várias vezes eu tive a impressão de ter ouvido alguém falando português no corredor. Como eu estava sempre na minha sala, e eu nunca realmente vi quem era que estava falando, bem de longe, eu achei que eu estava ficando louca.
Quando nós terminamos a filmagem desse filme em New Jersey,estado visinho a NY, nós tínhamos que ir pra Montana, pra filmar o resto do filme. Esse manhã eu tinha que estar cedo no escritório, por que o caminhão que tinha o guarda roupa estacionaria em frente ao escritório. Eu teria que tirar todas as roupas de dentro do caminhão, para transferir pra o outro caminhão que viajaria para Montana. Eu estava cansada, mas com ótimo humor. Na noite anterior, eu tinha ido ao show to Daft Punk, e tinha dançado a noite toda. Nem a chuva torrencial que caia tinha estava afetando meu humor. Peguei emprestado do figurino do filme um bulsão de moletom com capuz pra não me molhar muito no processo de troca de caminhão e fui.
Quando eu estou em frente ou elevador esperando pra sair do prédio, eu descobri de onde o português, que tantas vezes eu ouvira, vinha! Uma das salas no meu andar estava sendo reformada e os pedreiros eram todos Brasileiros. Eles esperavam pelo elevador do meu lado, eram uns cinco. Eles esperavam o elevador para subir, e eu para descer!
Eles conversavam sobre várias coisas quando eu ouvi: “Nossa é muito gostosa ...” “??????” , eu pensei. O outro respondeu:” Nossa ela é muito gostosa, ela ta me matando com esse blusão hoje por que ela tem uma bundinha muito gostosa, é uma coisa”.
Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa o elevador deles chegou e eles entraram subiram ainda falando da minha bunda!
Eu fiquei no meio do corredor bufando de raiva! Pensando em todas as coisas eu queria dizer pra ele. E pensando por que eu não consegui pensar em tudo aquilo quando eles ainda estavam na minha frente!
Mais tarde aquele dia minha amiga brasileira que mora em Boston me ligou. Eu compartilhei com ela o acontecimento do dia. Ela riu e disse : “Esses homens brasileiros não tem jeito..” Ela me contou uma história sobre dois brasileiros que tinham sido presos na cidade dela, pra matar a comunidade brasileira de vergonha.
Um proprietário de cabras estava incomodado com o barulho que suas cabras estavam fazendo a noite. Reclamou para a policia, que resolveu instalar câmeras noturnas pra saber o que afligia as pobres cabras. Eu daria qualquer coisa pra ver a cara do policial que assistiu as filmagem daquela noite: dois brasileiros faziam visitas noturnas as pobres cabras todas as noites. Os dois foram presos como estupradores de cabras!
Agora quando ele voltarem ao Brasil e alguém perguntar o que eles foram fazer nos Estados Unidos, o que eles vão dizer? Comer cabra!

quinta-feira, agosto 16, 2007

"Disseram que eu voltei americanizada..."

Quinta feira veio! Minhas amigas já tinha ido embora e a casa parecia tão vazia... Eu sai de dia e não tinha ninguém de quem me despedir, nenhuma instrução pra dar e eu me senti só! Sai de casa cedo pro trabalho e eu sabia que não ia ter tempo de voltar em casa antes de poder encontrar o Sem Face. Levei o meu sapato alto na bolsa e uma maquiagem básica pra rápidos retoques. Eu estava nervosa, mas não pelos motivos e você ficaria normalmente nervosa em um primeiro encontro. Era a primeira vez que eu estava saindo com alguém com alguma intenção real depois do namorido. Eu sai algumas vezes com o Marinheiro, mas era só pra manter meus pensamentos longe do namorido e do caos que ele tinha criado na minha vida de uma hora pra outra. Agora era diferente, eu estava convencida de que o namorido não voltaria mais pra mim. Mesmo que ele estivesse sempre por perto e sempre me adulando, ele sempre arrumava um jeito de dizer que lamentava ter que terminar comigo, mas era um mal necessário. Eu tinha me convencido de que o negocio era a fila andar!
Eu praticamente não havia falado com esse menino, tinham sido algumas mensagens pra combinar dia, hora e adjuntos. Ele pediu que eu mandasse uma mensagem dizendo quando eu sairia do trabalho. E assim o fiz. Tive que encontrar a assistente de figurino pra levar umas roupas pra ela antes de ela ir pra casa. As roupas teriam que ir com ela na manhã seguinte pro set. Eu tinha milhões de sacolas comigo e ela mesma já tinha uma carga considerável, me ofereci pra ajudá–la a terminar as compras e coloca-la dentro de um táxi. Ela agradeceu. O único problema, era que como eu já tinha saído do escritório, eu já tinha mudado de sapato, e estava de salto alto!
Embarquei a chefe no táxi e tratei de ligar por Sem Face, mas caiu na caixa postal. Era só o que faltava, pensei, o que eu ia fazer agora, no meio da rua esperando o menino! Entrei no café e mandei uma mensagem de texto. Ele me respondeu, disse que estava em um show a trabalho, mas o show estava prestes a terminar e ele me ligaria. E ele ligou, pediu desculpas por me fazer esperar e perguntou onde eu estava . Eu respondi e ele marcou de me encontrar em Union Square, que era perto de onde eu estava.

Andei um bocado pra chegar no lugar marcado. Sentei nos degraus de Union Square junto da multidão que sempre ocupa a praça durante o verão. Em alguns minutos, um cara carregando uma maleta para na minha frente, ele era um Peformer. Começou a chamar a atenção do “púbilco” e começou o seu show. No início eu fiquei um pouco incomodada. Achei que o cara era meio chato de princípio, mas ele era muito bom e extremamente engraçado. Lembrei dos meus tempos de teatro, deu uma saudade de Belo Horizonte, dos Festivais Internacionais de Teatro, Quadrinhos e Circo...quando eu já estava quase sendo sugada pelo túnel do tempo, meu celular tocou, era ele. Olhei ao redor antes de atender o telefone. Se eu visse ele falando no telefone antes de eu atender, talvez desse tempo de eu ver seu rosto no claro, assim, se ele fosse um dragão, eu podia fugir de mansinho! Avistei alguém de longe no telefone que parecia com ele, pelo menos do que eu me lembrava dele. Atendi o telefone enquanto observava ele de longe. Ele atendeu meio sem jeito preocupado: “Não faço idéia de como eu vou te encontrar aqui, esse lugar está lotado!” O pobre coitado não tinha idéia de com que estava se metendo, mal sabia ele que já estava sedo, meticulosamente, observado a distância! Eu perguntei se ele estava usando uma camiseta pólo preta. Ele olhou pra própria camiseta e eu pude confirmar que era ele mesmo. Eu disse que ficasse parado que eu já o havia avistado. Desliguei o telefone e caminhei devagar em sua direção. Ele olhava pra todos os lados, mas só pode me ver quando eu já estava bem perto.
Ele parecia entusiasmado e um pouco nervoso ao mesmo tempo. Eu fiquei olhando pra cara dele pra saber se eu achava ele bonito ou feio. Ele era o tipo de pessoa que leva um tempo pra você formular uma opinião! Já era um começo, pelo menos ele não era um dos que a feiúra assusta!
Meu telefone tocou, era um amigo que eu conhecia de outro trabalho. Pedi licença e atendi, esse cara sempre me indicava pra trabalhos e eu achei que era indelicado não atender. Ele estava me perguntando o que eu estava fazendo. Dize que tinha acabado de encontrar alguém. Ele me contou que ia voltar para o Kansas, de onde ele é. Ele ficaria uma temporada ajudando a mãe que acabara de ter um derrame. Disse que sentia e que poderia vê-lo no dia seguinte depois do trabalho.
Desliguei o telefone e me desculpei. Ele entendeu e perguntou o que eu queria fazer, eu diz, qualquer coisa, mas o que eu queria dizer era: “Qualquer coisa sentada por que eu estou usando esse sapato lindo de morrer, mas ele é alto de mais pra bater perna!” Claro que eu não ia dizer nada do tipo, eu não queria dar uma mala assim de cara.
Ele disse que ia me levar num lugar legal. A gente entrou no metro e foi. No caminho a gente foi conversando sobre o que cada um fazia da vida. Ele trabalhava numa empresa que agencia músico, nem seu se esse é o melhor jeito de descrever o que ele faz, mas enfim...Chegamos no tal lugar. Nesse momento ele já estava sendo considerado mais pra bonito que pra feio. Ele disse que tinha que me mostrar uma fonte, a sua fonte preferida. “???????” foi o que passou pela minha mente. Quem nesse mundo de Deus tem um Fonte Preferida? Andamos em direção a uma praça e por entre as árvores, eu podia ver uma luz que, modesta e inconstante, iluminava o cair da noite. Nós fomos nos aproximando, a luz era fraca e eu só pude realmente ver do que se tratava quando eu já estava na frente da tal fonte. Eu tinha que admitir, era linda!
A fonte era bem antiga, nada suntuosa, mas extremamente delicada. Em vez de lâmpadas, o que iluminava a fonte era lamparinas bem grandes. Me perdi por alguns segundos vendo a água jorrar tão perto do fogo, cujas labaredas eram movidas pelo vento.

Quando eu me mudei pra NY, o ex-namorido não gostava de fazer planos. Sempre que eu perguntava o que a gente ia fazer, ele dizia que ia ver o que os amigos dele estavam fazendo, poucas vezes ele me levou pra conhecer lugares, ou pra fazer coisas que ele achasse que eu ia gostar. Muitas vezes até ele mesmo se surpreendia quando, em uma conversa displicente, depois de meses que eu estava em NY, ele descobria que não havia me levado a certos lugares. E lá estava eu com esse estranho, que só havia ganho uma Face a poucas horas, e já dividia comigo a sua fonte preferida.
Depois de alguns minutos de convers,a praticamente a luz de velas, ele me perguntou se eu queria jantar. Eu disse que sim. A gente andou milhares de quilômetro ( pelo menos era o que os meus pezinhos apertados no meu salto alto sentiam) até chegar nesse restaurante italiano. Eu tenho que admitir que ele não ganhou muitos pontos com o restaurante, mas também não perdeu. Eu disse que ia beber vinho e perguntei se ele me acompanharia. Ele disse que sim , mas admitiu que não era muito acostumado a beber. Eu fiz algumas perguntas básicas para tentar descobrir que tipo de vinho ele iria gostar e pedi dois copos de Sauvignon Blanc.
O vinho iniciou um assunto novo. Ele me contou sobre o dia em que me conheceu. Ele admitiu que estava muito bêbado quando me viu. Eu não reparei, respondi. Foi quando ele completou com a primeira coisa fofa que entraria pra lista do Sem Face. Era aniversário de um amigo no dia em que ele me viu no Dark Room. Ele já estava na rua a horas, e segundo ele, poucos drinks já são mais que suficiente pra fazer o mundo rodar. Ele disse que quando entrou no lugar, estava muito bêbado, mas quando me viu, de repente, ficou sóbrio! Ele disse que foi a coisa mais estranha do mundo. Até esse momento eu ainda não sabia se eu achava o comentário gracinha, ou se aquilo era só estratégia de primeiro encontro.
Depois de jantar, ele perguntou se eu estava pronta pra dar uma volta. Eu disse sim, eu menti! Eu queria fazer qualquer coisa menos andar! Eu ficava pensando que minha sandália rasteira estava no escritório e no quanto que eu queria que ela estivesse na minha bolsa. Esvaziei a mente e resolvi pensar em outras coisas. Não foi muito difícil, ele andava comigo em Downtown, na beira da água. Conversamos horas, ele me mostrou várias outras coisas, nenhuma tão bonita quanto a fonte e assim eu caminhei mas alguns milhões de quilômetro. Finalmente eu me rendi e, em frente da água em um lugar com vista extremamente privilegiada , eu perguntei se ele queria sentar.
Depois de me mudar tantas vezes de cidade, e dos quatro anos de faculdade trabalhando igual um jumento emprestado, eu não preciso me preocupar com falta de assunto no primeiro encontro. Ele por sua vez também não enfrentou problemas em continuar uma conversa... quando nos demos conta, já era tarde.
Ele se mostrou bastante decepcionado quando eu disse que tinha que ir embora. Eu me justifiquei dizendo que trabalhava cedo e que já estava com o sono muito atrasado pro ter saído as últimas semanas com minhas amigas. Ele entendeu.
Eu me vi indo pra casa depois de ter passado a noite inteira com esse menino, sem um beijo. Me senti como a Carmem Miranda: “ disseram que eu voltei americanizada...” Pra quem está acostumada a Ficar, primeiro e pensar se dá o telefone depois, toda aquela prorrogação, era algo novo! Senti a apreensão dele enquanto ele abria a porta do carro. Eu sabia que expressão era aquela, era dúvida! Ele não sabia se eu ia desaparecer no mundo e nunca mais atender o telefone, ou se eu ia ligar e sair com ele de novo... Eu tentei resolver com um abraço, disse que tinha adorado a noite e que a gente se veria de novo., mas eu vi no seu rosto que ele ainda não estava convencido. Entrei no táxi e mandei uma mensagem dizendo que eu sentia ter que ir, e que eu esperava ouvir notícias. Ele respondeu dizendo que com certeza eu ouviria notícias dele!

quinta-feira, agosto 09, 2007

Algumas coisas são coisadas, outras não!

O começo da semana passou rápido. As meninas estavam quase indo embora quando eu me lembrei que uma das minhas amigas não podia ir embora sem antes resolver uma pendência. Ela havia conhecido esse italiano na internet em um site de viajantes. Ela disse que estava indo pra NY e ele estava passando uma temporada aqui. Eles tentaram se encontrar algumas vezes, mas nunca dava certo. Finalmente a gente resolveu fazer as coisas darem certo, a minha amiga ia conhecer o tal Italiano. Minha amiga tem essa idéia na cabeça dela que todo homem italiano é bonito, quando eu perguntei como esse era, a resposta foi inesperada: “Não sei!” Como assim? Eu pensei... Ela disse que a foto no tal site onde ela tinha conhecido ele era muito pequena, não dava pra saber muita coisa. Era só o que me faltava? Um segundo Homem Sem Face.
Resolvemos que íamos ver o menino, se ele fosse uma carniça de feio, alguém inventava uma desculpa esfarrapada pra ir embora. Eu falei pra ela: “Se o bofe não for coisado eu finjo que vou desmaiar” Coisado, pra quem não sabe, é a gíria utilizada entre eu e minhas amigas que significa absolutamente qualquer coisa. Nesse caso, coisado quer dizer bonito.
Depois de muita confusão, a gente indo pra um lugar e ele pra outro tentando se encontrar, finalmente a gente chegou no Bar onde o infeliz devia estar. Minha amiga ligou pra ele e ele disse que estava chegando. Nós 3 ansiosa olhando pra qualquer infeliz que cruzasse a porta do bar. De repente entra no bar esse baixinho barrigudinho com uma camisa de botão laranja fluorescente! Ele com certeza não combinava com a idéia que minha amiga tinha de homem italiano... O rapaz estava ficando careca e tinha uma textura de pele esquisita. Rapaz definitivamente não era coisado! Agora, se tem uma coisa com que eu não me meto, é com gosto alheio, como eu não sabia se minha amiga tinha gostado daquilo ou não, eu segurei minha cara de limão azedo! O rapaz se sentou e começou a conversar com a gente com seu inglês macarrônico, literalmente. Eu conheço gente de tudo quanto é buraco do mundo nessa cidade, isso que dizer que eu já ouvi todos os sotaques que você possa imaginar de inglês, mas nunca um sotaque me irritou tanto quanto o desse menino. Na verdade não era irritação que me deu, foi só uma vontade crescente e incontrolável de tirar onda com a cara dele. Pra uma pessoa como eu, que sempre tive gente me gozando por causa de sotaque, aquela vontade incontrolável de sacanear alguém pelo mesmo motivo eu sempre fui sacaneada tantas vezes, era inesperado.












Deixei o inglês macarrônico interagir com o “feioadônico” pra ver se eu conseguia pegar alguma reação da minha amiga, mas nada. O infeliz além de feio era um mala. Aquele sotaque italiano falando aquele tanto de besteira já estava me dando nos nervos, sem falar não dor de cabeça que a camisa fluorescente estava me dando. Ele tirou um macho de cigarros do bolso e perguntou se a gente fumava. Nessa hora eu sorri pela primeira vez, ele não só estava oferecendo cigarros pra mim que sou alérgica aquelas porcarias, mas também pra minha amiga que é asmática! Agradeci e disse que não. Ele saiu do bar pra fumar, por que em NY é proibido fumar em bares de boates, você tem que sair e voltar quando terminar.
Era a oportunidade que a gente esperava. O menino saiu do bar e minha amiga disse : “Qual das duas ai é a que vai desmaiar mesmo?” Eu respirei aliviada! Eu me prontifiquei a terminar aquela dolorosa conversa o mais rápido possível. O menino voltou, e eu comecei a boceja e a dizer como essas duas semanas que elas estavam aqui eu tinha saído todo dia e que eu estava morta de sono, blábláblá... Eu disse que ia que ter que ir embora, mas que as meninas podia ficar SE... elas achasse que davam conta de ir embora sozinhas pra casa. A minha amiga pegou logo a deixa e disse que nem morta ia pegar metro sozinha de noite em NY pra depois se perder... como se ela já não tivesse passado as duas semanas anteriores fazendo isso todo o dia, hahah Eu disse que ia pegar um táxi e o rapaz foi nadando com a gente ainda tentando convencer minha amiga a ir a uma boate com ele. Eu não me agüentei nessa hora e comecei a imitar o sotaque italiano dele. Ele demorou umas 5 frases até entender que eu tava tirando onda com a cara dele.
Entramos no táxi e minha amiga respirou aliviada e triste ao mesmo tempo com a descoberta: Nem todos os italianos são coisados.

Vocabulário coisado:
O que quer dizer coisado? Se depois de ler esse texto, você ainda está confuso/a sobre o que coisado quer dizer, eu explico!
Por exemplo, se você vê um carinha pela primeira vez e sua amiga pergunta: “E ai? É coisado?” Ela quer saber se o cara é bonito ou não. Se o bofe em questão for tipo Brad Pitt, você responde: “ Coisadíssimo” ou “ Ave Maria mermã, uma coisa coisada o menino!”
Se o bofe for estilo Tiririca a resposta seria: “ Não é coisado de jeito nenhum essa coisa!”
Se você saiu com o Brad Pitt pela primeira vez e vocês ficaram e sua amiga perguntar: “Coisado?” Nesse contexto a palavra muda de significado. Aqui sua amiga está perguntando se o menino beija bem, ou se sabe dar uns pegas. Se você estiver saindo com o estilo Brad Pitt a resposta esperada é: “ Altamente coisado!...” Agora se você e o Brad Pitt continuarem a sair e as coisas estiverem esquentando entre vocês, sua amiga vai perguntar: “E ai menina? Não coisou ainda não?” Nessa sentença, sua amiga quer saber se vocês já fizeram sexo. Agora se você tem uma amiga indiscreta, talvez ela pergunte: “E a coisa, é coisada? Ai você responde que, como uma lady, você não vai entrar nesses detalhes!

O começo da semana passou rápido. As meninas estavam quase indo embora quando eu me lembrei que uma das minhas amigas não podia ir embora sem antes resolver uma pendência. Ela havia conhecido esse italiano na internet em um site de viajantes. Ela disse que estava indo pra NY e ele estava passando uma temporada aqui. Eles tentaram se encontrar algumas vezes, mas nunca dava certo. Finalmente a gente resolveu fazer as coisas darem certo, a minha amiga ia conhecer o tal Italiano. Minha amiga tem essa idéia na cabeça dela que todo homem italiano é bonito, quando eu perguntei como esse era, a resposta foi inesperada: “Não sei!” Como assim? Eu pensei... Ela disse que a foto no tal site onde ela tinha conhecido ele era muito pequena, não dava pra saber muita coisa. Era só o que me faltava? Um segundo Homem Sem Face.
Resolvemos que íamos ver o menino, se ele fosse uma carniça de feio, alguém inventava uma desculpa esfarrapada pra ir embora. Eu falei pra ela: “Se o bofe não for coisado eu finjo que vou desmaiar” Coisado, pra quem não sabe, é a gíria utilizada entre eu e minhas amigas que significa absolutamente qualquer coisa. Nesse caso, coisado quer dizer bonito.
Depois de muita confusão, a gente indo pra um lugar e ele pra outro tentando se encontrar, finalmente a gente chegou no Bar onde o infeliz devia estar. Minha amiga ligou pra ele e ele disse que estava chegando. Nós 3 ansiosa olhando pra qualquer infeliz que cruzasse a porta do bar. De repente entra no bar esse baixinho barrigudinho com uma camisa de botão laranja fluorescente! Ele com certeza não combinava com a idéia que minha amiga tinha de homem italiano... O rapaz estava ficando careca e tinha uma textura de pele esquisita. Rapaz definitivamente não era coisado! Agora, se tem uma coisa com que eu não me meto, é com gosto alheio, como eu não sabia se minha amiga tinha gostado daquilo ou não, eu segurei minha cara de limão azedo! O rapaz se sentou e começou a conversar com a gente com seu inglês macarrônico, literalmente. Eu conheço gente de tudo quanto é buraco do mundo nessa cidade, isso que dizer que eu já ouvi todos os sotaques que você possa imaginar de inglês, mas nunca um sotaque me irritou tanto quanto o desse menino. Na verdade não era irritação que me deu, foi só uma vontade crescente e incontrolável de tirar onda com a cara dele. Pra uma pessoa como eu, que sempre tive gente me gozando por causa de sotaque, aquela vontade incontrolável de sacanear alguém pelo mesmo motivo eu sempre fui sacaneada tantas vezes, era inesperado.
Deixei o inglês macarrônico interagir com o “feioadônico” pra ver se eu conseguia pegar alguma reação da minha amiga, mas nada. O infeliz além de feio era um mala. Aquele sotaque italiano falando aquele tanto de besteira já estava me dando nos nervos, sem falar não dor de cabeça que a camisa fluorescente estava me dando. Ele tirou um macho de cigarros do bolso e perguntou se a gente fumava. Nessa hora eu sorri pela primeira vez, ele não só estava oferecendo cigarros pra mim que sou alérgica aquelas porcarias, mas também pra minha amiga que é asmática! Agradeci e disse que não. Ele saiu do bar pra fumar, por que em NY é proibido fumar em bares de boates, você tem que sair e voltar quando terminar.
Era a oportunidade que a gente esperava. O menino saiu do bar e minha amiga disse : “Qual das duas ai é a que vai desmaiar mesmo?” Eu respirei aliviada! Eu me prontifiquei a terminar aquela dolorosa conversa o mais rápido possível. O menino voltou, e eu comecei a boceja e a dizer como essas duas semanas que elas estavam aqui eu tinha saído todo dia e que eu estava morta de sono, blábláblá... Eu disse que ia que ter que ir embora, mas que as meninas podia ficar SE... elas achasse que davam conta de ir embora sozinhas pra casa. A minha amiga pegou logo a deixa e disse que nem morta ia pegar metro sozinha de noite em NY pra depois se perder... como se ela já não tivesse passado as duas semanas anteriores fazendo isso todo o dia, hahah Eu disse que ia pegar um táxi e o rapaz foi nadando com a gente ainda tentando convencer minha amiga a ir a uma boate com ele. Eu não me agüentei nessa hora e comecei a imitar o sotaque italiano dele. Ele demorou umas 5 frases até entender que eu tava tirando onda com a cara dele.
Entramos no táxi e minha amiga respirou aliviada e triste ao mesmo tempo com a descoberta: Nem todos os italianos são coisados.

Vocabulário coisado:
O que quer dizer coisado? Se depois de ler esse texto, você ainda está confuso/a sobre o que coisado quer dizer, eu explico!
Por exemplo, se você vê um carinha pela primeira vez e sua amiga pergunta: “E ai? É coisado?” Ela quer saber se o cara é bonito ou não. Se o bofe em questão for tipo Brad Pitt, você responde: “ Coisadíssimo” ou “ Ave Maria mermã, uma coisa coisada o menino!”
Se o bofe for estilo Tiririca a resposta seria: “ Não é coisado de jeito nenhum essa coisa!”
Se você saiu com o Brad Pitt pela primeira vez e vocês ficaram e sua amiga perguntar: “Coisado?” Nesse contexto a palavra muda de significado. Aqui sua amiga está perguntando se o menino beija bem, ou se sabe dar uns pegas. Se você estiver saindo com o estilo Brad Pitt a resposta esperada é: “ Altamente coisado!...” Agora se você e o Brad Pitt continuarem a sair e as coisas estiverem esquentando entre vocês, sua amiga vai perguntar: “E ai menina? Não coisou ainda não?” Nessa sentença, sua amiga quer saber se vocês já fizeram sexo. Agora se você tem uma amiga indiscreta, talvez ela pergunte: “E a coisa, é coisada? Ai você responde que, como uma lady, você não vai entrar nesses detalhes!

quarta-feira, agosto 08, 2007

As visitas trouxeram mais do que Havaianas de presente!

Um dia antes da festa de abertura das filmagens, minhas amigas chegaram do Brasil. Era a primeira vez que alguém vinha aqui me visitar. Minha prima tinha passado por aqui, mas a trabalho e muito rápido, mas minhas amigas ficariam por duas semanas.

Não precisa dizer que elas chegaram no dia que o bicho ia pegar no trabalho, era a sexta feira anterior a segunda que seria chamada dia ZERO. Dia zero foi o jeito que a HBO achou de economizar uns trocados no orçamento do filme. Era um dia de filmagem, mas não contava no cronograma de filmagem como o primeiro dia por que não ia usar não um dos atores principais. Os atores principais, só pra que se entenda, são os que tem fala, não só os mais importantes. É uma questão de contabilidade, se você fala em um filme, você é um principal se você não fala, é um extra, e principal ganha um tanto, e extra outro tanto bem menor! O dia Zero era na verdade o dia #1, mas como só tinha Extras, foi chamado dia Zero. Bem, dia Zero para os custos da produção por que pra nós do figurino, era o primeiro dia de filmagem, o que fazia do dia anterior a ele, o primeiro dia de caos...
Era uma sexta e até aquele dia, eu não tinha vivenciado os dias de 12 horas de trabalho. Eu geralmente chegava no trabalho as 9 da manhã e saia do trabalho as 6 da tarde o que é geralmente, uma dia bem leve de trabalho para padrões cinematográficos. Mas esse dia, como minhas amigas chegariam, claro que eu trabalhei as usuais 12 horas. Sai do trabalho as nove da noite e fui pra casa. Cheguei morta, depois de uma semana de trabalho pesado, carregando o caminhão do guarda – roupa, recebendo caixas e mais caixas de roupa vindas da Califórnia, eu queria uma caminha gostosa, mas eu sabia que isso não seria possível. Eu cheguei, dei beijinhos e abraços, tomei banho e sai com as meninas.
Levei elas pra experimentar a comida do restaurante grego que eu trabalhava. A comida estava ótima como sempre, o chefe, que é meio apaixonado por mim, como sempre mandou muito mais comida do que eu pedi pra minha mesa, mas depois de duas taças de vinho, eu estava quase morta!
Saímos do restaurante e fomos fazer o famoso LES- Lower East Side tour! Levei as meninas no lugar onde eu sempre ia com as amigas do restaurante depois do trabalho. O lugar é bem despretensioso, tem música boa e é bem no estilo LES, escuro e apertado! No meio da noite, o ex-namorido liga e diz que está no Dark Room.
A tradução literal de Dark Room é Quarto Escuro e é exatamente o que é. O Dark Room é um lugar que tem musica ótima, é pequeno e muito escuro, lugar perigosa pra caça! Eu como não estava com a mínima disposição pra caça, não pestanejei e fui, afinal, eu estava muito cansada, era bom ter alguém pra entreter as minhas amigas, que não fosse eu.
Quando chegamos no Dark Room, o ex-namorido estava só, os seus amigos tinham ido embora. Eu encostei no bar, sentei num banco e deixei o ex-consorte conversando com minhas amigas. Vários caras passaram e tentaram puxar assunto com elas, era quando eu tinha que ir explicar que elas não falavam muito inglês. Tirando alguns malas, a noite ia calma até a hora que o ex saiu de perto da gente pra ir comprar outro drink. Um menino passou por nós, e o fato de ele estar usando uma jaqueta num dia infernalmente quente, fez com que nós olhássemos pra ele, ele olhou de volta, mas parecia algo bem casual, não uma encarada. Bem, eu estava errada. Poucos instantes depois eu estava bem dêstraída quando uma pessoa se materializa na minha frente e diz : “Oi, meu nome é...” Eu, assustada, apertei a mão dele sem mesmo ter entendido o nome, que ele teve que repetir quatro vezes até que eu pegasse. Eu não tinha uma opinião formada a respeito dele naquele momento. Como o nome do ligar diz, nós estávamos num quarto escuro e o corte de cabelo dele, era tido cabelo na cara. Ele sem dúvida estava bem vestido, e era extremamente agradável. Ficou um bom tempo conversando, me disse que tocava numa banda. Um amigo passou por suas costas e falou algo do tipo: “ Não confia nesse cara não...” era o baterista da banda. Eu achei que o amigo bem fazia o tipo da minha amiga, então, quando a oportunidade apareceu, eu agarrei. Ele disse que ia tocar no outro fim de semana perguntou se nós queríamos ir. Eu disse sim. Trocamos telefone e ficamos de combinar.
Quando ele finalmente saiu de perto de mim eu olhei pra minha amiga e perguntei sobre ex-namorido. Achei que ele ia estar lá pra fazer alguma gracinha. Me enganei. Minha amiga disse que assim que ele voltou e me viu conversando com o carinha e foi embora sem se despedir.
Eu liguei pro ex-namorido, ele disse que tinha ido embora por que tinha começado a se sentir mal de uma hora pra outra e teve que sair correndo pra não vomitar no bar. Eu não engoli a desculpa.

O outro dia depois desse foi o sábado do qual eu já falei, o da festa de abertura das filmagens. No domingo eu troquei mensagens com o carinha. Eu estava altamente resitante em marcar qualquer coisa, eu realmente não conseguia me lembrar de ter visto direito o rosto do garoto, e se ele fosse um mostrengo na luz do dia? Ta certo que ele pareceu legal e tudo, mas eu também não tava a fim de descobrir que o menino era um jaburu depois que eu já tinha marcado de sair com ele! Falei que ele me mandasse a hora e lugar onde ele ia tocar no fim de semana, que eu ia fazer o possível pra ir.
A semana passou rápido e logo era sexta-feira, dia de ir ao show do Homem sem face. Eu estava tão nervosa. Durante toda a semana o ex-namorido esteve presente. Sempre me rodeando, mas toda vez que eu me aborrecia e perguntava qual era a dele, a resposta era a mesma: ele tinha saudades, me amava, eu sou tão linda, e ele sentia muito que a gente tinha que ficar um tempo separado, mas era o que ele tinha que fazer! O ódio misturado como que eu ainda sentia por ele, destruiu meu estômago e minhas noites de sono, mas tinha me feito resolver deixar o ex-namorido de mão e seguir em frente. Eu resolvi, mesmo que o Sem Face não fosse um deus grego, eu ia sair com ele! Eu definitivamente tinha que tirar o ex-namorido da minha cabeça antes de enlouquecer!
Antes do dia chegar ao fim o stress chegou no ponto alje e eu tive um começo de herpes! Sai correndo do trabalho pra ir no medico pra pegar a receita do remédio que eu tomo pra evitar as crises. Fui na farmácia e, felizmente, consegui tomar o remédio antes da crise se manifestar realmente. Duzentos dólares mais pobre e extremamente irritada, eu fui pra casa. O ex-namorido tinha ligado e dito que ia pra um festival de musica no cais do porto, estava perguntando se eu não queria que ele levasse as meninas, uma vez que eu não chegaria em casa a tempo. Eu pensei em minha amigas e disse sim, mas sabia que aquilo ia me complicar mais tarde.
Depois do conserto, ele levou as meninas pra um bar secreto chamado The Back Room, O quarto dos fundos. É uma entradinha pequena que parecia a entrada da cozinha do restaurante na porta do lado. Eu entrei, andei pelas laterais de um prédio, subi e desci umas escadas até achar uma porta. Quando eu abri, eu entrei nesse bar lindíssimo. Todo coberto de papel de parede, com lustres de cristal enormes, todo decorado como se fosse uma sala de chá em estilo francês com móveis antigos e tudo. Olhei nas mesas em busca de minhas amigas, reparei que todos bebiam em xícaras de chá, os que não bebiam em um xícara, eram os que bebiam cerveja, que era servida dentro de um saco de papel marrom. O bar era inspirado nos bares de época da lei seca, quando a venda de bebida alcoólica nos EUA era proibida. Quando eu entrei no bar eu vi que o show do Sem Face já haveria começado e eu ainda não tinha criado coragem de ir! Enviei um mensagem dizendo que tinha acabado de chegar em casa do trabalho e que não ia dar tempo de vê-lo. Ele respondeu quando saiu do show dizendo que se eu quisesse sair depois do show, e podia ligar pra ele. Eu não liguei. Fiquei um pouco com as minhas amigas, o ex-namorido e seu amigo e depois fomos pra casa. Escrevi pedindo desculpas e dizendo que se desse eu marcava outra coisa mais tarde na semana.
No sábado nós iríamos para o PS1. Eu nunca tinha ido, mas essa prometia ser a melhor festa do verão. O Moma, museu de arte moderna, tem uma galeria no Queens. Quando o Moma foi reformado alguns anos atrás, algumas obras foram transferidas pra essa galeria chamada PS1. O PS1 tem uma área externa onde, durante o verão, uma festa com bandas e DJs é realizada nos sábados durante o dia.

Saímos de casa e no caminho do PS1 meu celular tocou, era o Homem Sem Face. Eu atendi e comecei logo a me desculpar. Ele altamente tranqüilo disse que não estava me ligando pra me punir, só queria falar comigo. Eu disse que estava indo pro PS1 e ele disse que ia levar a mãe que estava aniversariando pra ver um show da Broadway. Eu disse que ele podia me ligar quando saísse do show se quisesse me encontrar. Ele disse que me ligaria.
A festa era tudo de bom. Nós chegamos cedo pra evitar a fila e aproveitamos pra ver as obras da galeria ante do bicho pegar! Foram horas e hora dançando igual umas loucas. Quando o sol estava pra se por nós fomos comer num restaurante lá por perto. Minha amiga que divide o apartamento comigo sabia dos esquemas pós- PS1. O que rolava era a festa na praia!
Praia? Eu pensei? Bem, no era uma praia, era na beira do rio e tinha área e tudo, mas não era uma praia como a gente conhece, era mais um porto. O mais importante era a vista de frente pra água, com Manhattan no fundo. Olhei meu celular e o Sem Face tinha deixado uma mensagem. Ele dizia que o celular estava quase sem bateria, e que talvez nnao pudesse ligar por isso. Minha amiga começou a rir. Era a minha velha bênção... o menino ainda não tinha ficado comigo e já estava me dando satisfação! Nessa hora eu me senti a Laurinha dos velhos tempos!
Pegamos o táxi aquático pra voltar pra Manhattan, de lá, nós pegamos um táxi. Quando eu estava no táxi, mandei uma mensagem para o homem sem Face. Minhas amigas iriam embora na quarta e minha mãe só chegaria no sábado. Eu precisava de um descanso por que trabalhando de dia e farreando de noite como eu estava por duas semanas, eu não agüentaria ir longe. Perguntei se ele queria me encontrar na quinta.
Na manhã seguinte eu acordei e vi uma mensagem de voz no meu telefone que dizia: “Quinta tá ótimo pra mim!”

quinta-feira, julho 19, 2007

A pergunta maldita!

Então durante todo esse tempo que eu venho gastando meu guarda-roupa pra trabalhar, eu tinha me recusado a investigar a coisa mais importante sobre o Motivo. A razão não era outra se não o medo da resposta. A pergunta seria sobre a disponibilidade do rapaz!
Eu trabalho com uma estagiaria muito estranha. Uma garota muito nerd, no sentido ruim da palavra. A garota é do Canadá, ta aqui fazendo mestrado em cinema e é estagiaria no meu filme. Ela se acha hiper-qualificada pro trabalho dela e não perde oportunidade de ser grossa com qualquer pessoa nova que comece a trabalhar e não seja do alto escalão. Eu já tava de saco cheio da grosseria dela quando eu resolvi contar pro meu chefe que ela geralmente ignorava qualquer coisa que eu pedisse pra ela fazer. Eu pensei muito, por que se de um lado eu estava com medo da falta de comunicação afetar meu trabalho, de outro, eu não queria parecer implicante. Adiei a conversa com meu chefe e apelei pra última chance que eu tinha. O plano era simples: eu tinha que fazer aquela lambisgóia que me odiava por motivo nem um, passar a me amar. Dei um jeito de me mandarem pra rua pra comprar coisas, como ela é a motorista, isso me daria umas boas horas presa no trânsito de NY pra dar um sondada na garota, que tem 25 mas se comporta como uma de 13.
Algumas coisas são difíceis de resistir, e se tem uma coisa de que mulher gosta, isso é falar. Eu pensei, era só eu dar um jeito de abrir a torneira, quando ela começasse a falar, era só eu fazer a segunda coisa que mulher mais gosta depois de falar: ser ouvida.
Fiz um comentário displicente sobre um homem feio na rua e disse que eu estava com preguiça de ser solteira. Foi a desculpa pra ela me fazer meio par de perguntas. Respondi a todas e perguntei: “ E você tem namorado?”
Bastaram os 3 primeiros minutos pra eu perceber que meu plano ia muito bem, eu já tinha aberto o canal de comunicação, agora ela fazer ela me amar! Isso era mais fácil que beijar no carnaval! Só falar mal dos ex-namorados que tinham largado ela, confirmar quando ela dizia que os homens não agüentam mulheres independentes, e pular pro terceiro passo. Esse era um pouco mais complexo já tinha exigido um pouco de tempo analisando a coisa. Eu percebi um dia, quando eu estava no escritório, ela ficando toda - toda pro lado de um outro estagiário quando ele entrou na sala. Ai, era batata! Perguntei sobre o garoto, ela disse que ficou impressionada que eu reparei. Falei que achava que eles fazia um casal fofo, o que é uma grande mentira, por que o garoto é bonitinho e ela, um desengonso só. Depois dessa, missão cumprida! Ela me amava. Foi tão impressionante que parecia que eu tinha lido aquele livro: “ Como fazer amigos e influenciar pessoas”.
Com a garota agora me dando beijos e braços e sempre oferecendo ajuda toda hora que estava sem fazer nada, eu podia trabalhar em paz, a única parte ruim era ter que conversar sempre com ela. A garota fala o tempo inteiro e sempre tem alguma coisa presa no meio dos dentes, um nojo de olhar, mas enfim...
Foi durante outras boas horas de tráfego presa com ela no carro que eu resolvi descobrir a verdade sobre o Motivo. Ela havia começado a trabalhar no escritório bem no começo do filme, quando tinha bem menos gente no escritório e o Motivo era bem menos ocupado. Achei que ela poderia saber algo. Conduzi a conversa de uma forma tão displicente que eu fiquei impressionada comigo mesma, na minha cabeça só passava a frase: Como fazer amigos e influenciar pessoas.... Fiz com que ela cuspisse a verdade se nem perceber, mas a verdade era devastadora: o Motivo tem namorada.
Fiquei um tempo calada depois dessa descoberta. Fiquei pensando o que eu iria fazer. Manter a lembrança do ex-namorido longe da minha cabeça sem o Motivo ia ser dose, principalmente por que o ex-namorido andava igual mosca de padaria.
Resolvi que não ia fazer nada, o cão que vai se meter no meio do namoro alheio, mas resolvi manter a postura e o figurino, afinal, eu não sabia nada desse namoro, se era sério, se ia durar. Quem pode garantir que a mulher não é uma mocreia chata? Melhor ainda, quem pode garantir, que mesmo sem eu fazer nada ele não possa se apaixonar por mim, e largar a mocreia chata e viver feliz pra sempre comigo?
Passaram-se dias e eu mal falei com o Motivo, pra piorar situação esse outro carinha no escritório começou a dar em cima de mim. Só o que me faltava, eu pensei, se ele for amigo do Motivo, eu estaria ferrada. O Indesejável apareceu no escritório com o panfleto da festa do filme. Era a festa de encerramento da pré-produção, antes de se iniciarem as filmagens. Era a chance de conversar com o Motivo se o Indesejável não pegasse no meu pé.
Tudo muito bom, tudo muito bem mas... minhas amigas que estariam me visitando por duas semanas em NY chegariam na sexta, e a festa era no sábado. Eu não sabia se seria falta de educação levar dois convidados pra festa do filme... dúvida cruel!
Resolvi passar pela festa com as meninas, se eu achasse que não rolava de ficar lá, eu dizia que ia ter que ir embora por causa delas.
Não tive que me esforçar muito, por que quando 3 mulheres se juntam pra se arrumar, já viu, chegamos em Manhattan as 7 da noite hora que a festa acabava. Resolvi mandar uma mensagem pra minha mais nova melhor amiga, a Estagiária. Disse que só tinha desocupado aquela hora, se ela achava muito tarde aparecer por lá. Ela respondeu que a festa estava ótima e que eu devia aparecer, que ia adorar me ver, como uma “melhor amiga”. Enfiamos num táxi e chagamos lá. Era um restaurante que tinha um jardim aberto, de 3 as 7 da noite o povo do filme bebia de graça, mas quando eu cheguei o Open Bar tinha acabado, mas ainda tinha muita gente por lá. Vi o meu chefe, figurinista do filme e a assistente dele, que sempre se veste como se estivesse indo pra o Oscar, o que fez o meu vestido azul lindíssimo, não parecer muito fora de mal a aquela hora do dia ( no verão aqui só anoitece quase 9pm ).
Fiz um H, apresentei as meninas pro povo e depois do meu chefe ir embora o Motivo me avistou. Ele estava só sem namorada tira colo. Me deu um abraço enquanto reclamava que eu tinha chegado muito tarde. Ficou conversando comigo enquanto tentava lembrar o português que tinha aprendido quando mais novo, viajando para Portugal. Quando a notícia de que 3 brasileira haviam adentrado a festa se espalhou, os homem se aglomeraram. Em poucos minutos estava eu respondendo milhões de perguntas sobre o Brasil, sobre minhas amigas, sobre o que a gente ia fazer em NY... O indesejável quase me mata de vergonha. Quando eu disse que depois de minhas amigas voltassem pro Brasil, seria a vez de minha mãe me visitar. Ele disse que eu teria que levar minha mãe no escritório, para que ele conhecesse a futura sogra. Eu disfarcei com uma risadinha, mas eu queria matar ele por essa.
Eu e as meninas nos sentamos em uma mesa meio de lado. O Motivo se levantou de sua mesa e foi se juntar a dois amigos que fumavam num canto. Quando olhei no relógio , descobri que estava atrasada pra o jantar que nós tínhamos que ir. Uma de minhas amigas reclamou e perguntou se nós tínhamos que ir. Era a situação perfeita, mas a resposta era cruel, nós realmente tínhamos que ir.
Me despidi de algumas pessoas, inclusive minha nova melhor amiga que, só pra variar, tinha uma coisa verde no meio dos dentes enquanto ela falava alto com as minhas amigas na tentativa de que o tom de voz fosse fazer com que elas entendessem o que ela dizia em inglês.
Arrumei os cabelos e me dirigi ao ponto estratégico, fui me despedir do Motivo. Ele reclamou que eu tinha ficado muito pouco,meu coração concordou mas, mantendo a pose, reafirmei que tinha que partir. Não sei como, mas na hora de se despedir começamos a conversar, a conversa foi de onde a gente morava pra os filmes preferido e não parou... o ponto mor da conversa foi quando eu admitiu meio envergonhado que adorava cinema de animação. Eu sorri e disse que o melhor filme de todos os tempos era Procurando Nemo. Ele quase morreu de felicidade enquanto eu repetia as falas da Dori, o peixe com falta de memória recente.

Como explicar bem o que aconteceu nessa despedida que acabou virando uma conversa de 10 minutos? Foi uma daquelas conversas que quando alguém fala uma coisa, o outro responde: “Exatamente...”e começa a complementar o que você falou. Foi aquele sentimento de primeiro encontro bom! Quando você acha que vocês nunca ficariam sem assunto, que mesmo se vocês fizessem 80 anos de idade juntos, vocês ainda teriam muito o que dizer um pra o outro. Era óbvio que o sentimento era mútuo, ele lamentava que eu tinha que ir, eu lamentava também. Me despedi com um abraço que me deixou momentaneamente sem ar.
As filmagens começariam na segunda-feira, eu estaria trancada no escritório, ele estaria no set de filmagem, talvez nós nunca mais nos veríamos, mas de certa forma, aquilo não era mais tão importante por que, em 10 minutos, eu descobri que eu estava certa. Eu não sabia se o Motivo tinha uma namorada ou não, eu só sabia que ele fazia com que eu perdesse o ar, e agora eu tinha certeza que eu fazia o mesmo com ele, eu vi isso dentro do sorriso que ele me deu quando eu finalmente fui embora!

sexta-feira, junho 22, 2007

Pondo lenha na fogueira!


Antes mesmo de eu maquinar o meu plano maligno um milagre aconteceu! Eu cheguei no escritório me recuperando de uma crise de tosse que eu tive no metro a caminho do trabalho, quando eu me lembrei que era dia de visita ilustre. O filme em que eu estou trabalhando é baseado em uma história real e o personagem principal na vida real estaria visitando o escritório com toda sua família.
Arrumei a cara por que eu não queria que o convidado de honra me visse daquele jeito. O dia no escritório começou agitado com a chegada de muitas caixas de roupa pelo correio. Eu andava pra cima e pra baixo com a minha papelada quando ao entrar no meu escritório, eu tive uma surpresa: O Motivo. Lá estava ele alto, moreno e sorrindo como sempre. Ele estava entretendo os dois rebentos do convidado de honra, a menina mais velha tinha apenas 9 anos de idade e ele estava brincando com eles. Eu tentei sorrir e fingir que eu não estava nervosa, quando os céus se abriram e um milagre foi mandado pra mim. Ele estava no meio da sala conversando com a assistente de figurino, quando eu consegui finalmente entender o que eles falavam eu mal pude acreditar! Ele tinha perdido um botão da camisa e estava perguntando se alguém poderia ajuda-lo!Hahahahaha! Eu quase morro de rir. Fiz uma cara displicente pra assistente de enquanto tirava a camisa da mão dela: “Pode deixar que eu resolvo isso em um segundo!” Só pra esclarecer, ele tinha uma camiseta por baixo da camisa, o bofe não ficou desfilando de peito nu, no meio do mundo, pra minha infelicidade!
A estagiaria entrou na sala, e quando entendeu que eu estava pregando o botão da camisa dele disse:” O que? Você está pregando o botão da camisa dele?”. Isso fez com que ele se sentisse super envergonhado, ele foi obrigado a dizer:” É, vou ficar devendo essa pra você!”Quando ele falou isso, pensei que era a desculpa perfeita pra ele dizer que ia me levar pra tomar alguma coisa, mas nada, a oferta que ele fez foi: “ Eu vou te ensinar ums macetes super legais no seu Mac” Quando ele diz Mac, ele quer dizer meu lap-top da Apple. Ele recebeu uma ligação e teve que sair. Eu terminei a camisa e foi atrás do menino. Quando ele me avistou do outro lado da sala, ele abriu o sorriso e os braços! Eu nem acreditei, ele veio andando em minha direção, e tudo entrou em câmera lenta. Ele me deu um abraço, um abraço de verdade! Pra vocês ai no Brasil pode parecer bobagem, mas aqui, onde o povo cumprimenta dando a mão, um abraço foi uma coisa totalmente inesperada. o abraco era tudo o que eu precisava pra me certificar de que o Motivo é mais do que motivo suficiente pra tudo que eu ando fazendo por ele. Corpithio altamente em forma, agora além de alto, moreno, de sorriso lindo, o Motivo podia adicionar a sua lista de qualidades: GOSTOSO!
Tive que passar na contabilidade ainda tonta de felicidade por causa do meu abraço, quando voltei pra minha mesa, lá estava ele fuçando no meu computador, em retribuição ao botão da camisa. Me mostrou umas bobagens no meu computador, bem, eu não sei se era bobagem ou a coisa mais legal do mundo , por que eu não faço a menor idéia do que era, tava muito ocupada prestando atenção em outras coisas!
Meu dia foi cheio e movimentado, sexta-feira produtiva e promissora! Tudo que eu precisava pra botar mais lenha na fogueira do meu plano maligno!

quinta-feira, junho 21, 2007

O Motivo

Nada como um bom motivo pra fazer você acordar todos os dias uma hora mais cedo pra fazer a maquiagem e experimentar o guarda-roupa todo antes de sair! O motivo tem nome, mas como no coisas de laurinha ninguém além de Laurinha tem nome, você vão conhecer o dito cujo por: O Motivo.
O Motivo é alto, moreno claro, tem um sorriso arrebatador e não foi eliminado nas preliminares do mesmo *scaner nem mesmo depois de desfilar no escritório com uma calça de linho amarrotada. A primeira vez que eu vi o motivo, ele me perguntou o de sempre:” De onde você é?” A minha resposta aflorou a razão da minha paixonite.
Foi quando eu disse “Brazil” que eu vi pela primeira vez o sorriso do Motivo. Digamos que o Brasil foi o motivo do sorriso e o sorriso do Motivo foi a razão da minha paixonite! Complicou? Desse de quando a paixão se tornou simples?
Seguido do sorriso, Motivo completou dizendo que ele era louco pra conhecer o Brasil, que já tinha 20 pares de Havaianas.

Falando em calçados, foi apenas no primeiro dia de trabalho que meu All Star desfilou nos corredores do escritório, depois do sorriso do Motivo, eu nunca apareci no escritório em algo tipo: jeans, camiseta e all star! Nem morta santa! Saias, vestidos e pasme, até salto alto passaram a ser parte do dia a dia. A produção colheu frutos imediatos. Na primeira semana de trabalho eu resolvi usar um vestido preto que geralmente recebe elogios, como o vestido é curto e seria provavelmente considerado inapropriado pra o ambiente de trabalho, eu coloquei uma legging e foi total mente displicente trabalhar. Quando eu cheguei no trabalho, meu chefe, que é um anjo de candura, me disse que um amigo que havia trabalhado em outro filme conosco, tinha lhe dado dois ingresso pra um espetáculo da Broadway que ele estava trabalhando. Ele perguntou se eu gostaria de acompanhá-lo. Claro, eu disse e sai serelepe, desfilar no escritório da produção, onde se encontra a mesa do Motivo. Eu trabalho em uma sala diferente do motivo, mas tudo que eu imprimo é imprimido na impressora da produção. Eu arrumei umas bobagens pra imprimir e foi dito e feito. Quando eu passei, eu ouvi: Alguém veio pro trabalho chic hoje. Eu parei e pensei na melhor resposta: “ É, eu vou pro teatro depois do trabalho, com meu chefe, um amigo nos deu ingressos.” Ele perguntou que espetáculo, eu respondi, e voltei pra minha mesa pensando que mesmo que eu tivesse tido que acordar 3 horas mais cedo pra ter aquele resultado, mesmo assim valeria a pena.
Na outra manhã, no cruzamos no corredor e ele me perguntou da noite anterior, de como havia sido a peça. Respondi milhões de perguntas sobre “A Rainha Pirata”! Depois dessa conversa achei que era só sentar e esperar pelo convite pra jantar ou beber alguma coisa depois do trabalho. Eu estava errada! Dias passaram e não só eu não fui convidada nem pra um café na esquina, como nem uma conversinha besta no corredor aconteceu. Fiquei remoendo na minha mesa o que eu tinha feito de errado. Talvez eu só estava contando com a vitória antes do tempo. Talvez ele realmente estivesse interessado na Rainha Pirata! Foi quando eu apelei! Era o primeiro fim de semana depois de eu começar a trabalhar e eu sai de casa com algo certo na minha cabeça: eu não voltaria pra casa sem um par de salto alto que eu pudesse usar no trabalho. Recorri a minha loja de sapatos baratos favorita e ela não me desapontou. Voltei pra casa experimentei e escolhi a roupa da segunda feira.


Segunda nunca demorou tanto a chegar, mas quando chegou lá estava eu as 7:30 da manhã com meu skinny jeans e de salto alto. Fazia tanto tempo que eu não andava de salto, que no caminho até a estação de metro eu quase cai umas 3 vezes. Não é que eu sou retardada, quando eu tinha 18 anos eu torci o pé e rompi os ligamentos do tornozelo, desde então, meu pé direito não serve pra muita coisa. Consegui chegar no trabalho e no caminho eu consegui melhor consideravelmente meu caminhar. Quando eu cheguei no escritório, eu já era própria Gisele!
Fui pra minha mesa, arrumei meu lap-top e procurei logo um e-mail pra imprimir, eu tinha que desfilar meus 7 cm a mais de altura. Quando eu chego a sala, nada de Motivo, ele não estava lá e não voltaria pelo resto do dia. O motivo é o assistente do diretor e estaria com ele fora do escritório o dia todo. Lá estava eu linda e alta, fazendo pose pra ninguém!
Continuei o desfile de moda, exibindo um modelito atrás do outro, mesmo não vendo o Motivo muitas vezes. Pra piorar a situação, a minha alergia finalmente deu o ar da graça. Horas de ar condicionado e vastos carpetes finalmente haviam achado seu alvo, meu nariz! Eu me vejo então as 7:30 da manhã de frente pro meu espelho e o que eu vejo? Um enorme nariz vermelho escorrendo e olhos irritados! “ I look like shit” eu agora apenso em inglês...
Indo pro segundo dia de alergia no escritório eu já nem sei se eu quero ser notada pelo Motivo com aquele tomate no meio da cara que eu tenho e as vezes parece com um nariz! Mas quando eu menos espero ele levanta a cabeça do computador, coisa que não acontecia a dias e diz : “Jaqueta legal”. Minha esperanças se renovam, mas quando eu chego no escritório do figurino, onde é o meu lugar, eu me deparo com o calendário que eu mesmo coloquei na parede. O fim do mês se aproximava assim como o fim da pré-produção. Isso significa que as filmagens estariam próximas e ai tchau, tchau convercê no escritório. Com as filmagem, os dias passam a der 12horas de expediente corrido, e ele provavelmente estaria sempre com o diretor.
Fui acometida de um sentimento de frustração, eu tinha começado tão bem e lã estava eu estagnada no elogio das minhas roupas. Pensei em um plano maligno, deixei o trabalho e no meu caminho de volta pra casa nem joguei tetris no meu celular como eu sempre faço no metro, não conseguia me concentrar. Tudo em que eu conseguia pensar era: O plano maligno ( ou benigno) pra trazer um Motivo pra minha vida!

quarta-feira, junho 20, 2007

Vida de solteira

Agora, como uma mulher solteira, eu me vejo em uma posição que eu já estava desacostumada. É praticamente impossível desligar meu Scaner masculino. O scaner masculino é um dispositivo no cérebro da mulher que geralmente é desativado quando ele se apaixona, mas que é reativado depois de términos de relacionamento ou quando o relacionamento não anda assim uma Brastemp. O scaner masculino tem varias funções, mas as duas funções básicas são:

• Análise de ambiente
• Análise de indivíduo

Análise de ambiente

Essa é uma função que varia de mulher pra mulher. Algumas mulheres tem o scaner de ambiente potente e outras não. Eu, por exemplo, tenho um scaner de ambiente extremamente sofisticado.
Quando uma mulher entra em um lugar novo, esse dispositivo é responsável pelo reconhecimento de área, ou melhor de possíveis pretendentes.
Uma vez que o ambiente é scaneado, as informações são transferidas para o scaner de indivíduo, que realiza uma filtragem mais rigorosa.
As mulheres que tem o scaner de ambiente menos desenvolvido tentem a se associar a mulheres com scaner de ambiente desenvolvido. Mulheres com scaner de ambiente hiper desenvolvido, são capazes de execultar dupla filtragem, baseada em seu banco de dados e referências enquanto realizam a mesma função utilizando o banco de dados da amiga. Nessa associação porém, algo deve ser observado: O banco de dados de ambas mulheres não pode conter informações coincidentes, ou isso pode causar conflitos pessoais entre as partes.

Análise de indivíduo

Essa é uma função mais apurada do scaner. Uma vez que o ambiente foi scaneado e filtrado, alguns indivíduos são selecionados e outros descartado. Os indivíduos selecionados vão agora ser individualmente scaneados. As informações obtidas desse processo são comparadas as do banco de dados mais profundamente.
As informações contidas no banco de dados são exclusivamente pessoais e absolutamente incompreensível a terceiros ( e segundos também). Essas informações são também variáveis.
Baseado nas informações e comparações de dados realizadas pelo scaner de indivíduo a mulher geralmente é capaz de selecionar um candidato. Uma vez que o candidato é selecionado, o scaner de indivíduo realiza a mesma função repetida vezes, sempre que um dado novo aparece no ser considerado.

Meu scaner

Como eu já mencionei, meu scaner é extremamente desenvolvido, tanto o de ambiente quanto o de indivíduo. Eu geralmente scaneio o ambiente pra mim e pras minhas amigas, Enquanto meu scaner de ambiente continua trabalhando eficientimente, pra o meu bem e o de minhas amigas, o de indivíduo, esta se aperfeiçoando cada dia mais, e é ai que eu chego ao ponto da questão!
Eu sou insuportável! Eu não consigo manter meu interesse por um pretendente em potencial por mais de uma semana. O pobre do marinheiro, da última história, saiu de cena com a descoberta das suas experiências profissionais, mas mesmo antes disso, o meu scaner já havia identificado várias incompatibilidades com meu banco de dados. Algumas das incompatibilidades encontradas foram:

• Chinela da Addidas.
• Jeans over distressed
• Cabelo hiper espetado
• Hiper buldoguilização
• Falta de expressiva atividade cerebral


Eu explico! Eu não tenho nada contra homem que usa chinelo, mas com tanto que sejam havaianas, não por que eu sou nacionalista, e sim por que chinelão é a coisa mais feia do mundo, a não ser que seja na praia.
Nada contra jeans rasgado, mas se a perna da calça ta pendurada por um fiapo, eu vou achar que o rapaz ficou preso nos anos 80.
Cabelinho moderno e arrepiado não é um problema, mas quando o rapaz não pode sair de casa sem passar 30 minutos arrumando o cabelo antes, eu sei que a gente não vai funcionar como um casal.
Eu tenho dois cachorros e dois gatos espalhados no mundo, e eu adoro animais,mas se o carinha tem quase 30 anos na cara e o cachorro dele aparece em todas as peças de roupa dele, quem vai me culpar por questionar a idade mental do rapaz? Camiseta com desenho de bulldog, boné com desenho de bulldog, camisa social com desenho de bulldog... Mas nem o fato do rapaz ter trabalhado num soft-porn conseguiu depor mais contra sua pessoa do que a falta de assunto e capacidade de sustentar uma conversa por mais de dois minutos.
Pobre do marinheiro! Tão lindo e tão incompatível! Mas o marinheiro não foi a única vitima do meu scaner pente fino. Outro dia eu conheci esse carinha super bacana, super legal. O cara era produtor musical e DJ, tocava nas duas casas noturna que eu mais gosto em NYC, até difícil de acreditar. Pra melhorar o currículo do rapaz, ele tinha acabado de voltar da Grécia, que pelo último ano tem reinado no topo da minha lista de lugares para se conhecer. Então você deve estar pensando, o que essa garota achou de errado nesse cara? A resposta é tão estúpida que eu tenho um pouco de vergonha... o cara tinha o olho esbugalhado! Se eu tivesse conhecido ele de óculos escuros eu tinha apaixonado, mas toda hora que eu olhava pra o menino eu só conseguia ver aquele par enorme de olhos! E lá se foi outro pretendente descartado por falta de um par de óculos escuros!
A mais nova vitima do meu scaner é um colega de trabalho. Um fofo, o garoto é assistente do diretor, um amor de pessoa. Bonito, alto, moreno claro e um sorriso absolutamente perfeito! Eu estava bem contente indo pro trabalho todo dia quando o meu scaner indivíduo começou a estragar a graça, tudo por que um dia o rapaz resolveu ir pro trabalho com uma calca de linho! Agora eu olho pro menino e tudo o que eu vejo é essa calça amarrotada de linho! Ahhhhhhhh!!!!!!!!!!!!
Bem, a conclusão é simples, o scaner de ambiente é sempre bem vindo, o de indivíduo, te protege encontros desastrosos e dia seguintes cheio de arrependimentos, mas também podem transformar uma calça amarrotada no seu pior pesadelo! Eu ando precisando entrar em contato com a assistência técnica do meu scaner!

quinta-feira, maio 03, 2007

Resurgir das cinzas...

Chega de saudades... Eu disse que não ia escrever enquanto eu não estivesse me sentindo melhor por que eu não gosto de escrever de mal humor. Duas coisas me fizeram voltar a ativa. A primeira foi por que eu finalmente me lembrei de que nada melhor do que rir das nossas desgraças para seguir em frente. A segunda foram os últimos acontecimentos da minha vida, que são tão inusitados que parecem ter saído de um roteiro de cinema forçador de barra!

Filme de Português
Voltemos a um dia antes da tragédia, antes do namorido terminar comigo! Eu estava trabalhando nesse filme português de produção francesa que estava filmando por três semanas em NYC. O filme como era um filme português era cheio de estupidez, o que estava me atolando de trabalho. Um dia antes do namorido terminar comigo, era o dia "D", o dia que eu teria que trabalhar igual um jumento emprestado, eu tinha que vestir 27 pessoas todas roupas de época, incluindo 5 oficiais da marinhas, na verdade, 2 oficiais e 3 marinheiros do fim da segunda guerra mundial.
Eu nunca tinha vistos os atores na vida, eu tive que alugar as roupas simplesmente confiando nas medidas que ele haviam me dado por telefone. Um dos atores estava super apertado e eu e minha assistente estávamos apertando ele em todas as direções possíveis pra conseguir fechar os mil botões daquela calça. O pobre coitado olhou pra mim e disse:" Eu juro que eu não sou gordo!" Era verdade! A calça era apertada, o rapaz estava mais do que em forma. Depois de ficar de joelhos com minha cara na pélvis do menino por 15 minutos, tentando abotoar a calçar, eu terminei o trabalho.
No set é sempre assim: você trabalha como uma louca por horas, depois fica milhões de horas sem fazer nada, esperando eles filmarem. Algumas dessas horas o marinheiro espremido nas suas calças apertadas passou conversando comigo. Parecia que ele estava se engraçando pro meu lado, mas ainda não era algo certo. Na hora de mandar os moçoilos pro set, eu arrumava as gravatas de marinheiros enquanto um dos atores empolgado tirava fotos. O marinheiro espremido, que tinha comentado como o uniforme de marinheiro era ridículo ( é verdade), disse que só ia aparecer em uma foto com aquela roupinha se ele estivesse ao lado de uma mulher bonita. Nesse momento, eu confirmei a desconfiança.
Eles voltaram do set e na continuação da conversa, eu tratei de por os pingos nos "Is". Aproveitei a primeira deixa pra dizer que eu era casada. Ele obviamente se decepciono, mas me deu o seu cartão, me convidou pra sua peça de teatro e disse que eu levasse meu namorido. O fato de que o marinheiro espremido era extremamente bonito, só me fez pensar no fato de ser casada por cinco minutos, logo depois , eu estava enumerando pra mim mesma as razões por que eu estava com o namorido.

A tragédia!
No outro dia eu estava de folga, e como eu não tinha que trabalhar, estava chovendo, assim eu teria que ficar trancada em casa em vez de fazer alguma coisa. O namorido sustentava a cara de bunda que ele vinha mostrando a semanas. Eu sentei no sofá e perguntei qual era o problema e assim, bem inesperadamente, a estilo namorido , ele soltou a bomba: queria terminar.
Eu me recuso a entrar nos detalhes do término, por que isso não é engraçado! O que eu tenho que dizer, simplesmente para o entendimento do que eu vou contar depois, é que eu ainda amo muito o namorido e que tentei de tudo pra que isso não acontecesse, mas ele bateu pé que queria se separar!
Tentei sair pra espairecer, mas era uma tempestade do lado de fora do apartamento. Tive que voltar pra casa e ficar no meu kitnet com meu ex namorido... O que é engraçado é que enquanto eu estou discutindo os termos da separação, o meu celular toca. Era o produtor do filme, ele estava me ligando pra dizer que eu teria que resolver um pepino no outro dia de manhã cedo. Engoli o choro, atendi o telefone e resolvi o pepino.

O português louco!
No outro dia cedo, juntei os cacos e fui pro trabalho uma hora mais cedo do que tinha que ir, por que o diretor do filme iria acumular a função de ator nesse dia. Ele queria se vestir no hotel em vez de no set. Cheguei adiantada como sempre. Esperei o caminhão cegar peguei a roupa que a figurinista de Portugal havia mandado para a cena. Subi pro quarto do produtor para passar a roupa e as 7:30 como o combinado, eu desci pro lob do hotel com a roupa pronta.
Quando a porta do elevador se abre eu vejo o diretor do filme. Um velhinho de 98 anos de idade. Ele olhou pra mim com uma cara de quem queria me matar e começou a berrar comigo em francês. A única coisa que eu pensava era " Esse velho escolheu o dia errado pra gritar comigo". Sem nem responder, eu apertei o botão do elevador e a porta se fechou enquanto o velho louco gritava. Subi ao andar do produtor que era quem havia me dado todas as instruções do que eu estava fazendo e lhe disse que o velho louco estava aos berros. Ele entrou no elevador comigo e eu completei lhe dizendo que se o maluco não parasse de gritar , eu iria embora. Eu já achava que estava fazendo muito em estar lá nas condições que eu me encontrava, sedo escorraçada sem nem saber por que era obviamente demais.
Quando saímos do elevador o produtor explicou ao velhinho lelé, que eu tinha feito o combinado, mas ele estava revolto por que o figurino não estava todo a sua disposição, para que ele escolhesse o que queria usar. Vendo os meus olhos cheios de água, nessa hora toda a equipe francesa tentava me convencer a não me demitir, enquanto o velho ainda esperneava. Quando ele finalmente pos o dedo na minha cara, eu virei as costas e comecei a andar. O produtor me agarrou o braço e pediu um minuto. Se virou pro diretor e agora era o velhinho que estava sendo escorraçado. O produtor lhe agarrou o braço e empurrou-lhe porta a dentro gritando barbaridades em francês. A equipe toda veio pedir desculpas e me explicar que o velho era maluco e que estava nervoso por que ia atuar e que quando isso acontecia ele sempre descontava em alguém. A única coisa que eu tinha a dizer era: " Ele escolheu o dia errado pra gritar comigo".
Depois de muitos beijos e abraços franceses seguimos pra o set, nós íamos filmar num barco perto da estátua da liberdade. O dia estava absolutamente lindo o que ajudou a melhorar meu humor de recém separada que tinha acabado de ser esculachada por um velho doido! Parece estranho quando você lê isso do Brasil, mas se você vive em um lugar onde as quatro estações são bem demarcadas, você é mais capaz de entender a importância do clima em uma hora como essas. Depois de ter passado o dia do término trancada em casa com o ex-namorido por causa da chuva, aquele dia era uma bênção, o que me fez pensar que dos males o menor: ao menos ele tinha terminado comigo na primavera! Imagina se fosse no outono que é triste, chuvoso e que vem seguido do inverno... não consigo nem imaginar!
Depois de todos vestidos e maquiados, eu fiquei bem sentadinha na parte interior do barco exercitando meu lado Poliana, tentando ver o lado bom em tudo. Que importa se eu estava forçando a barra, dessa vez eu estava decidida a não cair em depressão e chorar. Com toda a confusão e gritaria de manhã cedo, eu tinha esquecido o que eu tinha feito na noite anterior. Depois de passar o dia trancada em casa com o ex-namorido, querendo por uma bala na cabeça, eu tinha resolvido sair de casa e ser social. Tinha enviado um e-mail ao marinheiro espremido dizendo que eu queria ir assistir a sua peça no domingo, quando eu estaria de folga. Agora, eu estava no barco e não ia ter uma resposta tão cedo. Enquanto eu me recompunha da décima vez que eu chorava na manhã, eu tirei o celular da bolsa e enviei uma mensagem perguntando se ele tinha recebido meu e-mail. Ele disse que sim e que tinha me respondido. Eu disse que no estava em casa e que não poderia ver meus e mails o dia todo. Ele me respondeu dizendo que não teria peça no domingo, mas que no sábado, naquela mesma noite, ele poderia deixar dois ingresso na portaria pra mim. Respondi que não sabia se conseguiria terminar o trabalho a tempo, mas que ligaria pra ele assim que soubesse que hora eu terminaria o trabalho, acrescentei que não precisaria de dois ingressos.
O dia terminou espantosamente cedo. Acostumadas com dias de 14 a 16 horas, aquele terminou em menos de 10 horas, quando eu ouvi:"Wrapping!" eu nem acreditei. A maquiadora e cabeleireira do filme, que é uma fofa, pra melhorar meu humor resolveu arrumar meu cabelo no caminho de volta, enquanto o barco não chegava no cais. Eu liguei pro marinheiro e disse que iria assistir sua peça. Ele me ligou mais tarde e pedindo mil desculpas, me disse que os ingressos estavam esgotado, mas perguntou se eu gostaria de assistir um filme no domingo com um outro amigo. Eram filmes de estudantes da NYU e o amigo , que era ator também, estava em um deles. Eu respondi que sim. Na verdade, eu queria ir pra casa e sacudir o ex-namorido até o juízo dele voltar para o lugar, mas eu tinha me convencido de que eu tinha feito o possível e que agora, era seguir em frente.

O ressurgir da fênix
Voltei pra casa com o cabelo lindo, minha amiga Chechena me ligou e se prontificou a vir a meu resgate, nó iríamos beber chá! Enquanto isso o namorido saia com seus amigos. O pior de quando alguém termina com você é quando você fica analisando a pessoa esperando que ela se arrependa, caia de joelhos e peça pra você voltar, mas tudo que você consegue ver é alívio! Essa era a expressão do ex-namorido, ele parecia tão aliviado. Eu tentava pensar que ser era assim, talvez fosse melhor que aquilo tivesse acontecido, mas a verdade era que eu sabia que os motivos do término estavam destorcidos e misturados com muitas coisas que nem de longe passavam por perto da minha pessoa, era como ser culpada por um crime que você não cometeu, mas talvez a realidade fosse que ele simplesmente não me amasse mais.
O ex-namorido tem um ciclo bem peculiar, ele geralmente me ama pela manhã, quando ele acorda, é cheio de beijos e abraço preguiçosos. a tarde o mal-humor já teve tempo de corrompê-lo, por isso ele geralmente se torna distante até quando ele sai a noite pra beber com os amigos. Eu não acompanho sempre e quando acompanho, geralmente chego em casa mais cedo. Quando o namorido chega em casa a noite e o álcool já lavou o mal-humor, ele se torna um homem apaixonado novamente. Aquela noite não foi muito diferente. Ele chegou em casa, pediu desculpas, disse que gostava muito de mim e que eu era uma pessoa incrível, mas que ele tinha que fazer o que estava fazendo.
Na outra manhã ele tentou se socializar me contando da noite passada com os amigos, mas eu deixei ele falando sozinho e fui ao Café da esquina.

Só um marinheiro pra me salvar!
Enquanto eu estava no café, meu telefone apita: mensagem! A chuva estava torrencial! Parecia o fim dos tempos! Quem melhor pra me salvar de um dilúvio do que um marinheiro. A mensagem era dele, queria saber se eu queria ir assistir um filme com ele. Era um filme em que um dos outros atores, que eu também vesti de marinheiro, tinha participado. O outro marinheiro também iria nos acompanhar.
A chuva não dava sinal de que iria para, mas mesmo assim eu fui com a cara e com a coragem. Cheguei no cinema um pinto molhado. Festival de cinema universitário, e o outro marinheiro, o que fazia parte do filme, não consegui chegar lá. Eu não sei se o fato dele não aparecer, foi combinado, mas quem se importa! O filme era uma bosta! Sai do filme azul de fome e ele resolveu me levar pra comer sushi. Entramos no táxi, mas quando chegamos ao restaurante, estava fechado. Estava sendo reformado por causa de um incêndio elétrico! Olhamos para o outro lado da rua e vimos um restaurante,mas na hora de atravessar a rua, eu encalhei. A altura da água na rua já estava alta e eu estava usando um sapato baixo. Pensei em todos os ratos que eu vejo por NYC e pensei no meu pezinho naquela água... antes que me desse conta, o marinheiro se prontificou pro resgate. Sem falar nada me pôs no colo e atravessou a rua me carregando. Pode parecer baranga, mas eu tenho que admitir que eu me senti a Michelle Phifer sendo carregada pelo George Clooney, num filme de seção da tarde!
O restaurante era lindo, altamente romântico, eu nunca teria encontrado um igual se eu tivesse procurado. Depois de horas de conversa fiada, eu vi que o bicho ia pegar pro meu lado a esse ponto eu ainda não sabia muito bem o que eu estava na verdade fazendo num dia chuvoso com um marinheiro desconhecido. Mudamos de endereço e fomos a um bar e no sentamos no balcão.

Oh não!
Quando nos sentamos o marinheiro não perdeu mais tempo: me beijou. Lá estava eu, menos de 48 horas depois de o namorido terminar comigo , beijando outro cara. Lembrei de uma amiga que nessas ocasiões sempre diz:" Tá achando o que, meu filho? A fila tem que andar." Segundo meu primo, a minha não anda, voa! Larguei a mão de pensar e me concentrei no pobre do menino que tinha até me carregado nos braços pra ganhar um beijo. Ao menos enquanto eu estivesse ali, eu não ia estar pensando no namorido, eu pensei.

De louco a gente mantém distância, vai que ele morde!
Cheguei em casa tarde. Cumprimentei o namorido, mas ele não respondeu. Fui na cozinha pegar um copo de água e perto do lixo eu vi um pedaço picado do panfleto da peça do marinheiro. Dentro do lixo, o resto do panfleto, em mil pedacinhos. Reparei que o pedaço que estava no chão era o pedaço que tinha a foto do marinheiro. Pensei num motivo pra que o namorido tivesse feito aquilo, mas não pude imaginar, um vez que ele não sabia de nada. Fui me deitar e quando eu já estava debaixo das coberta o namorido veio me interrogar:"Você ficou com esse cara dessa peça?" Meu primeiro pensamento foi:"Como diabos ele descobriu?" , o segundo foi "Azar o dele, não mandei mexer nas minhas coisas!" "Fiquei", respondi. A indignação foi digna do Oscar. Rebati logo dizendo que eu não ia ficar em casa louca chorando por causa dele, que eu tinha feito o que eu podia pra convencê-lo de não terminar comigo e que nada adiantou. Completei dizendo que eu gostava muito dele e que se eu deixasse essa separação me derrubar a queda ia ser muito feia. Ele se parou de esbravejar quando eu já brava falei que eu ia fazer o que eu tivesse que fazer pra me recuperar do término, e que se ficar com um marinheiro 48 horas depois do término me ajudasse, era o que eu ia fazer. Ele pediu desculpas, disse que eu tinha razão.

Frio vento e péssimo serviço de telefonia celular
No outro dia, eu tinha que viajar pra filmar em Massachusetts. Chuva, frio e vento, eram só um temperinho a mais no cansaço de não ter dormido a noite anterior brigando com o namorido. Pra piorar a situação, o meu celular não funcionava no hotel, então toda vez que eu queria ligar pra alguém, eu tinha que ir pro estacionamento do hotel, ao relento, sob o sereno e o veto frio!
O marinheiro ligou várias vezes pra dizer que estava com saudades. O namorido ligou também, mas deus sabe por que! Sai várias vezes com a maquiadora / cabeleireira, que a essa altura tinha se tornado minha amiga! Aproveitei a distancia pra por as idéias em ordem, mas tive que voltar pra casa quando as filmagem acabaram.
Chegar em NY foi ótimo, o namorido estava em casa, mas pelo menos o clima estava um pouco melhor. O último da de filmagem seria em NY, em Colombus Circle, em frente ao Central Park. O dia amanheceu lindo, céu azul, sol, e o Central Park já dando sinais de que a primavera, mesmo que atrasada, estava chegando! O produtor do filme, era francês, mas por ser casado com uma brasileira e falar português, havia criado uma simpatia imensa por mim. Sempre me rodeando fazendo piada sobre o diretor e seu mal humor. Eu estava sentada no banco da praça bem tomando sol e fingido que o frio não existia, quando ele sentou-se ao meu lado e disse: “ Quase a mesma coisa que pegar um sol em Ipanema!”. Eu ri e disse: “ Pena que eu não trouxe o biquíni”. Eu ri, pensei o quanto seria bom estar em Ipanema pra dar um mergulho, olhei pro Parque e pra fonte ao redor do monumento de Cristóvão Colombo e me dei por satisfeita com o que eu tinha.
Durante toda a manhã a única coisa que passava pela minha cabeça era que eu estava diante de um novo começo, e que aquilo poderia não ser de todo mal. O produtor perguntou pela primeira vez como eu estava, ele sabia que eu estava me separando, mas não tinha tocado no assunto. Perguntou se era definitivo. Eu disse que sim, que o namorido tinha deixado claro que era o fim. Ele respondeu sabiamente: “Antes agora, do que a dez anos!” Nós rimos e continuamos a aproveitar o sol igual duas lagartixas.

De volta ao lugar comum...
O filme acabou e eu sabendo que as coisas andavam bem devagar na industria cinematográfica em NY, eu tratei de procurar um trabalho garçonete. Chamei uma amiga pra jantar no restaurante Grego que eu trabalhava antes planejando jogar verde pra colher maduro. O plano funcionou. No outro dia o gerente me ligou dizendo que se eu quisesse trabalhar lá eu poderia. Dos males o menor, eu teria que ser garçonete, mas pelo ao menos eu estaria num lugar que eu sabia como as coisas funcionavam, onde eu era bem tratada e ganhava um bom dinheiro.
Nada melhor poderia ter acontecido comigo do que voltar par o restaurante. De repente solteira, eu me vi essa pessoa absolutamente sociável em dois meses quase todas as garçonetes de recepcionistas era minhas melhores amigas.
O meu marinheiro a essas alturas do campeonato já tinha se afogado em alto mar. Eu tentei sair com ele duas outras vezes, mas o rapaz conseguiu me entediar no segundo encontro. Digamos que o rapaz não era muito culto, ou não tinha muito o que dizer. Depois do terceiro encontro, eu não agüentava mais ele dizendo como os meus olhos eram bonitos e comecei a desconfiar se ele realmente pensava que meus olhos eram bonitos, ou se eles simplesmente não tinha nada mais a falar.
Para piorar a história com o marinheiro, veio a pior das coincidências. O namorido procurava um lugar pra morar, uma vez que nós estávamos nos separando e o nosso apartamento era muito caro para ele manter só. Eu chego em casa e ele me mostra um e-mail desse prédio na rua 42 entre a Avenida 12 e 11. Eu engoli seco! Era descrição exata do lugar onde o marinheiro disse que vivia. O prédio tinha que ser o mesmo, por que era um tipo de prédio que não é comum em NY e no exato endereço que o marinheiro havia me dito. Eu pensei pro alguns instante e contei ao namorido que eu achava que o marinheiro vivia lá. O namorido havia investigado toda a vida do rapaz na internet que por ser ator, tinha sua própria página. A essa altura do campeonato, eu ainda não havia botado um ponto final no meu caso marinho! Eu só conseguia pensar em como diabos o namorido tinha arrumado um apartamento pra alugar no prédio do meu bofe com tanto lugar pra se viver em NY!
Ele foi ver o lugar, eu estava no trabalho quando eu recebi uma mensagem do namorido dizendo que havia cruzado com o marinheiro na portaria do prédio quando estava chegando no lugar e que ele havia desistido do apartamento.
Mesmo depois de toda a confusão habitacional, eu ainda estava em dúvida se eu continuaria a ver o marinheiro ou não, mas graças ao namorido eu me resolvi. Durante a investigação sobre a vida do meu pretendente, o namorido descobriu sua filmografia, ou seja, os filmes em que ele havia trabalhado e dentre eles constava o duvidoso trabalho feito na Inglaterra intitulado: “ O espelho erótico”, hummm.... pensei.... O espelho erótico? Fui pesquisar o espelho erótico e descobri que era um soft porn, não um pornô, o que quer dizer filme de sacanagem, mas os atores não fazem sexo de verdade. Pensei se aquilo era algo que me incomodava e a conclusão que eu e cheguei foi: “ SIM, ME INCOMODA!” Só o que me faltava, curar minhas mágoas com um ator de filme pornô,... desculpe: soft-porn!


Arrumando a mudança
Finalmente eu e o namorido encontramos lugar pra mudar. Eu arrumei um apê no Brooklyn com duas outras garotas e ele um no mesmo bairro que a gente morava, com um cara e uma garota. Quando a mudança foi se aproximando, o namorido começo a dar sinais de arrependimento. Andando cheio de coisa pro meu lado até o dia do meu aniversário. Eu vi que o bicho ia pegar e chamei ele na responsabilidade: “Meu filho, quem terminou foi você, agora você se resolva, que de cima do muro ninguém me namora!”
O namorido pediu que a gente voltasse, perguntou se eu gostaria de tentar ser namorada em vez de namorida. O plano era morar separado e continuar namorando. Pareceu uma boa idéia pra mim que feliz e sorridente atendi aos telefonemas de feliz aniversário com boas novas pra contar. A paz não durou muito, o ex-namorido, agora re-posicionado a categoria de namorado, continuava o mesmo de sempre, ficando doente sempre que tinha que me ajudar com a mudança, sumindo quando eu precisava dele... O pior foi o plano de recuperar o nosso relacionamento, para os primeiros dois meses, ele havia planejado 3 viagem diferentes: Porto Rico, Miami a Montreal.
Um dia em meio a minha bagunça de mudança, depois de noites sem dormir, eu me dei conta de que eu era a única que estava segurando o relacionamento pela pontinha. Resolvi largar! Chamei o namorido pra conversar. Disse que eu amava ele muito, mas que não achava que ele me amava. Ele discordou e disse que me amava. Respondi que se aquele era o jeito dele de amar, que aquilo não era pra mim. Desejei boa sorte, disse que sempre estaria a disposição pra o que ele precisasse e disse tchau. Sai andando calmamente e quando virei a esquina cai no choro! Chorava, soluçava, tonta sem saber o que eu tinha acabado de fazer. Tirei o telefone do bolso e mandei mensagens pra minhas amigas do restaurante, antes que eu desse pra traz e corresse atrás do namorido dizendo que eu estava louca. Minhas amigas prestaram socorro e me levaram pra jantar depois que saíram do trabalho.
A primeira vez que e vi o namorido depois do termino foi dolorosa, ele não parecia se importar, mas ele repetia varias vezes que achava que as coisas iam ajeitar entre nós. Era difícil de saber se a sua apatia era oriunda da falta de interesse ou da certeza de que as coisas acabariam bem. O espaço de tempo entre a primeira e a segunda vez em que nos vimos foi grande. Ele tinha ido pra Miami no fim de semana com um amigo, os dois ficaram no mesmo hotel onde ele havia me levado um ano atrás no meu aniversário. Eu fui a sua casa assistir o episódio final do nosso seriado de TV favorito: Sopranos, por que eu não tenho TV a cabo em casa. Depois de assistir TV, ele me convida pra jantar.
No jantar fica claro que a situação havia se revertido. A logo da semana a sensação de que eu ficaria bem, mesmo sem ele havia crescido em mim, o suficiente para que ele percebesse. Dessa vez ele era quem estava inquieto e desconfortável, obviamente tentando ler meus pensamento.
Perguntei como ele estava, e esperei sinceramente por uma resposta positiva, era primeira vez que eu via o namorido que a idéia de que a nossa separação fosse definitiva, não me parecia aterrorizante. Eu me senti triste e aliviada ao mesmo tempo.
Eu estou no Brooklyn, perto do parque onde eu posso ir patinar a hora que eu estiver de entediada, mas eu tenho que admitir que isso não tem acontecido muito. Eu comecei um trabalho novo, um filme da HBO. Eu tenho saído com amigos quase todos os dias depois do trabalho e quando isso não acontece, alguém chega em casa com uma garrafa de vinho pra regar a conversa. O clima em casa é tão bom que me faz lembrar a época em que eu vivia com minhas primas em Belo Horizonte.
Desde os 14 de idade, acho que essa é a primeira vez que eu vou se solteira, e se eu for ser justa, eu tenho que admitir que NYC no verão não é de todo o um mal lugar pra esse novo começo!