quinta-feira, maio 03, 2007

Resurgir das cinzas...

Chega de saudades... Eu disse que não ia escrever enquanto eu não estivesse me sentindo melhor por que eu não gosto de escrever de mal humor. Duas coisas me fizeram voltar a ativa. A primeira foi por que eu finalmente me lembrei de que nada melhor do que rir das nossas desgraças para seguir em frente. A segunda foram os últimos acontecimentos da minha vida, que são tão inusitados que parecem ter saído de um roteiro de cinema forçador de barra!

Filme de Português
Voltemos a um dia antes da tragédia, antes do namorido terminar comigo! Eu estava trabalhando nesse filme português de produção francesa que estava filmando por três semanas em NYC. O filme como era um filme português era cheio de estupidez, o que estava me atolando de trabalho. Um dia antes do namorido terminar comigo, era o dia "D", o dia que eu teria que trabalhar igual um jumento emprestado, eu tinha que vestir 27 pessoas todas roupas de época, incluindo 5 oficiais da marinhas, na verdade, 2 oficiais e 3 marinheiros do fim da segunda guerra mundial.
Eu nunca tinha vistos os atores na vida, eu tive que alugar as roupas simplesmente confiando nas medidas que ele haviam me dado por telefone. Um dos atores estava super apertado e eu e minha assistente estávamos apertando ele em todas as direções possíveis pra conseguir fechar os mil botões daquela calça. O pobre coitado olhou pra mim e disse:" Eu juro que eu não sou gordo!" Era verdade! A calça era apertada, o rapaz estava mais do que em forma. Depois de ficar de joelhos com minha cara na pélvis do menino por 15 minutos, tentando abotoar a calçar, eu terminei o trabalho.
No set é sempre assim: você trabalha como uma louca por horas, depois fica milhões de horas sem fazer nada, esperando eles filmarem. Algumas dessas horas o marinheiro espremido nas suas calças apertadas passou conversando comigo. Parecia que ele estava se engraçando pro meu lado, mas ainda não era algo certo. Na hora de mandar os moçoilos pro set, eu arrumava as gravatas de marinheiros enquanto um dos atores empolgado tirava fotos. O marinheiro espremido, que tinha comentado como o uniforme de marinheiro era ridículo ( é verdade), disse que só ia aparecer em uma foto com aquela roupinha se ele estivesse ao lado de uma mulher bonita. Nesse momento, eu confirmei a desconfiança.
Eles voltaram do set e na continuação da conversa, eu tratei de por os pingos nos "Is". Aproveitei a primeira deixa pra dizer que eu era casada. Ele obviamente se decepciono, mas me deu o seu cartão, me convidou pra sua peça de teatro e disse que eu levasse meu namorido. O fato de que o marinheiro espremido era extremamente bonito, só me fez pensar no fato de ser casada por cinco minutos, logo depois , eu estava enumerando pra mim mesma as razões por que eu estava com o namorido.

A tragédia!
No outro dia eu estava de folga, e como eu não tinha que trabalhar, estava chovendo, assim eu teria que ficar trancada em casa em vez de fazer alguma coisa. O namorido sustentava a cara de bunda que ele vinha mostrando a semanas. Eu sentei no sofá e perguntei qual era o problema e assim, bem inesperadamente, a estilo namorido , ele soltou a bomba: queria terminar.
Eu me recuso a entrar nos detalhes do término, por que isso não é engraçado! O que eu tenho que dizer, simplesmente para o entendimento do que eu vou contar depois, é que eu ainda amo muito o namorido e que tentei de tudo pra que isso não acontecesse, mas ele bateu pé que queria se separar!
Tentei sair pra espairecer, mas era uma tempestade do lado de fora do apartamento. Tive que voltar pra casa e ficar no meu kitnet com meu ex namorido... O que é engraçado é que enquanto eu estou discutindo os termos da separação, o meu celular toca. Era o produtor do filme, ele estava me ligando pra dizer que eu teria que resolver um pepino no outro dia de manhã cedo. Engoli o choro, atendi o telefone e resolvi o pepino.

O português louco!
No outro dia cedo, juntei os cacos e fui pro trabalho uma hora mais cedo do que tinha que ir, por que o diretor do filme iria acumular a função de ator nesse dia. Ele queria se vestir no hotel em vez de no set. Cheguei adiantada como sempre. Esperei o caminhão cegar peguei a roupa que a figurinista de Portugal havia mandado para a cena. Subi pro quarto do produtor para passar a roupa e as 7:30 como o combinado, eu desci pro lob do hotel com a roupa pronta.
Quando a porta do elevador se abre eu vejo o diretor do filme. Um velhinho de 98 anos de idade. Ele olhou pra mim com uma cara de quem queria me matar e começou a berrar comigo em francês. A única coisa que eu pensava era " Esse velho escolheu o dia errado pra gritar comigo". Sem nem responder, eu apertei o botão do elevador e a porta se fechou enquanto o velho louco gritava. Subi ao andar do produtor que era quem havia me dado todas as instruções do que eu estava fazendo e lhe disse que o velho louco estava aos berros. Ele entrou no elevador comigo e eu completei lhe dizendo que se o maluco não parasse de gritar , eu iria embora. Eu já achava que estava fazendo muito em estar lá nas condições que eu me encontrava, sedo escorraçada sem nem saber por que era obviamente demais.
Quando saímos do elevador o produtor explicou ao velhinho lelé, que eu tinha feito o combinado, mas ele estava revolto por que o figurino não estava todo a sua disposição, para que ele escolhesse o que queria usar. Vendo os meus olhos cheios de água, nessa hora toda a equipe francesa tentava me convencer a não me demitir, enquanto o velho ainda esperneava. Quando ele finalmente pos o dedo na minha cara, eu virei as costas e comecei a andar. O produtor me agarrou o braço e pediu um minuto. Se virou pro diretor e agora era o velhinho que estava sendo escorraçado. O produtor lhe agarrou o braço e empurrou-lhe porta a dentro gritando barbaridades em francês. A equipe toda veio pedir desculpas e me explicar que o velho era maluco e que estava nervoso por que ia atuar e que quando isso acontecia ele sempre descontava em alguém. A única coisa que eu tinha a dizer era: " Ele escolheu o dia errado pra gritar comigo".
Depois de muitos beijos e abraços franceses seguimos pra o set, nós íamos filmar num barco perto da estátua da liberdade. O dia estava absolutamente lindo o que ajudou a melhorar meu humor de recém separada que tinha acabado de ser esculachada por um velho doido! Parece estranho quando você lê isso do Brasil, mas se você vive em um lugar onde as quatro estações são bem demarcadas, você é mais capaz de entender a importância do clima em uma hora como essas. Depois de ter passado o dia do término trancada em casa com o ex-namorido por causa da chuva, aquele dia era uma bênção, o que me fez pensar que dos males o menor: ao menos ele tinha terminado comigo na primavera! Imagina se fosse no outono que é triste, chuvoso e que vem seguido do inverno... não consigo nem imaginar!
Depois de todos vestidos e maquiados, eu fiquei bem sentadinha na parte interior do barco exercitando meu lado Poliana, tentando ver o lado bom em tudo. Que importa se eu estava forçando a barra, dessa vez eu estava decidida a não cair em depressão e chorar. Com toda a confusão e gritaria de manhã cedo, eu tinha esquecido o que eu tinha feito na noite anterior. Depois de passar o dia trancada em casa com o ex-namorido, querendo por uma bala na cabeça, eu tinha resolvido sair de casa e ser social. Tinha enviado um e-mail ao marinheiro espremido dizendo que eu queria ir assistir a sua peça no domingo, quando eu estaria de folga. Agora, eu estava no barco e não ia ter uma resposta tão cedo. Enquanto eu me recompunha da décima vez que eu chorava na manhã, eu tirei o celular da bolsa e enviei uma mensagem perguntando se ele tinha recebido meu e-mail. Ele disse que sim e que tinha me respondido. Eu disse que no estava em casa e que não poderia ver meus e mails o dia todo. Ele me respondeu dizendo que não teria peça no domingo, mas que no sábado, naquela mesma noite, ele poderia deixar dois ingresso na portaria pra mim. Respondi que não sabia se conseguiria terminar o trabalho a tempo, mas que ligaria pra ele assim que soubesse que hora eu terminaria o trabalho, acrescentei que não precisaria de dois ingressos.
O dia terminou espantosamente cedo. Acostumadas com dias de 14 a 16 horas, aquele terminou em menos de 10 horas, quando eu ouvi:"Wrapping!" eu nem acreditei. A maquiadora e cabeleireira do filme, que é uma fofa, pra melhorar meu humor resolveu arrumar meu cabelo no caminho de volta, enquanto o barco não chegava no cais. Eu liguei pro marinheiro e disse que iria assistir sua peça. Ele me ligou mais tarde e pedindo mil desculpas, me disse que os ingressos estavam esgotado, mas perguntou se eu gostaria de assistir um filme no domingo com um outro amigo. Eram filmes de estudantes da NYU e o amigo , que era ator também, estava em um deles. Eu respondi que sim. Na verdade, eu queria ir pra casa e sacudir o ex-namorido até o juízo dele voltar para o lugar, mas eu tinha me convencido de que eu tinha feito o possível e que agora, era seguir em frente.

O ressurgir da fênix
Voltei pra casa com o cabelo lindo, minha amiga Chechena me ligou e se prontificou a vir a meu resgate, nó iríamos beber chá! Enquanto isso o namorido saia com seus amigos. O pior de quando alguém termina com você é quando você fica analisando a pessoa esperando que ela se arrependa, caia de joelhos e peça pra você voltar, mas tudo que você consegue ver é alívio! Essa era a expressão do ex-namorido, ele parecia tão aliviado. Eu tentava pensar que ser era assim, talvez fosse melhor que aquilo tivesse acontecido, mas a verdade era que eu sabia que os motivos do término estavam destorcidos e misturados com muitas coisas que nem de longe passavam por perto da minha pessoa, era como ser culpada por um crime que você não cometeu, mas talvez a realidade fosse que ele simplesmente não me amasse mais.
O ex-namorido tem um ciclo bem peculiar, ele geralmente me ama pela manhã, quando ele acorda, é cheio de beijos e abraço preguiçosos. a tarde o mal-humor já teve tempo de corrompê-lo, por isso ele geralmente se torna distante até quando ele sai a noite pra beber com os amigos. Eu não acompanho sempre e quando acompanho, geralmente chego em casa mais cedo. Quando o namorido chega em casa a noite e o álcool já lavou o mal-humor, ele se torna um homem apaixonado novamente. Aquela noite não foi muito diferente. Ele chegou em casa, pediu desculpas, disse que gostava muito de mim e que eu era uma pessoa incrível, mas que ele tinha que fazer o que estava fazendo.
Na outra manhã ele tentou se socializar me contando da noite passada com os amigos, mas eu deixei ele falando sozinho e fui ao Café da esquina.

Só um marinheiro pra me salvar!
Enquanto eu estava no café, meu telefone apita: mensagem! A chuva estava torrencial! Parecia o fim dos tempos! Quem melhor pra me salvar de um dilúvio do que um marinheiro. A mensagem era dele, queria saber se eu queria ir assistir um filme com ele. Era um filme em que um dos outros atores, que eu também vesti de marinheiro, tinha participado. O outro marinheiro também iria nos acompanhar.
A chuva não dava sinal de que iria para, mas mesmo assim eu fui com a cara e com a coragem. Cheguei no cinema um pinto molhado. Festival de cinema universitário, e o outro marinheiro, o que fazia parte do filme, não consegui chegar lá. Eu não sei se o fato dele não aparecer, foi combinado, mas quem se importa! O filme era uma bosta! Sai do filme azul de fome e ele resolveu me levar pra comer sushi. Entramos no táxi, mas quando chegamos ao restaurante, estava fechado. Estava sendo reformado por causa de um incêndio elétrico! Olhamos para o outro lado da rua e vimos um restaurante,mas na hora de atravessar a rua, eu encalhei. A altura da água na rua já estava alta e eu estava usando um sapato baixo. Pensei em todos os ratos que eu vejo por NYC e pensei no meu pezinho naquela água... antes que me desse conta, o marinheiro se prontificou pro resgate. Sem falar nada me pôs no colo e atravessou a rua me carregando. Pode parecer baranga, mas eu tenho que admitir que eu me senti a Michelle Phifer sendo carregada pelo George Clooney, num filme de seção da tarde!
O restaurante era lindo, altamente romântico, eu nunca teria encontrado um igual se eu tivesse procurado. Depois de horas de conversa fiada, eu vi que o bicho ia pegar pro meu lado a esse ponto eu ainda não sabia muito bem o que eu estava na verdade fazendo num dia chuvoso com um marinheiro desconhecido. Mudamos de endereço e fomos a um bar e no sentamos no balcão.

Oh não!
Quando nos sentamos o marinheiro não perdeu mais tempo: me beijou. Lá estava eu, menos de 48 horas depois de o namorido terminar comigo , beijando outro cara. Lembrei de uma amiga que nessas ocasiões sempre diz:" Tá achando o que, meu filho? A fila tem que andar." Segundo meu primo, a minha não anda, voa! Larguei a mão de pensar e me concentrei no pobre do menino que tinha até me carregado nos braços pra ganhar um beijo. Ao menos enquanto eu estivesse ali, eu não ia estar pensando no namorido, eu pensei.

De louco a gente mantém distância, vai que ele morde!
Cheguei em casa tarde. Cumprimentei o namorido, mas ele não respondeu. Fui na cozinha pegar um copo de água e perto do lixo eu vi um pedaço picado do panfleto da peça do marinheiro. Dentro do lixo, o resto do panfleto, em mil pedacinhos. Reparei que o pedaço que estava no chão era o pedaço que tinha a foto do marinheiro. Pensei num motivo pra que o namorido tivesse feito aquilo, mas não pude imaginar, um vez que ele não sabia de nada. Fui me deitar e quando eu já estava debaixo das coberta o namorido veio me interrogar:"Você ficou com esse cara dessa peça?" Meu primeiro pensamento foi:"Como diabos ele descobriu?" , o segundo foi "Azar o dele, não mandei mexer nas minhas coisas!" "Fiquei", respondi. A indignação foi digna do Oscar. Rebati logo dizendo que eu não ia ficar em casa louca chorando por causa dele, que eu tinha feito o que eu podia pra convencê-lo de não terminar comigo e que nada adiantou. Completei dizendo que eu gostava muito dele e que se eu deixasse essa separação me derrubar a queda ia ser muito feia. Ele se parou de esbravejar quando eu já brava falei que eu ia fazer o que eu tivesse que fazer pra me recuperar do término, e que se ficar com um marinheiro 48 horas depois do término me ajudasse, era o que eu ia fazer. Ele pediu desculpas, disse que eu tinha razão.

Frio vento e péssimo serviço de telefonia celular
No outro dia, eu tinha que viajar pra filmar em Massachusetts. Chuva, frio e vento, eram só um temperinho a mais no cansaço de não ter dormido a noite anterior brigando com o namorido. Pra piorar a situação, o meu celular não funcionava no hotel, então toda vez que eu queria ligar pra alguém, eu tinha que ir pro estacionamento do hotel, ao relento, sob o sereno e o veto frio!
O marinheiro ligou várias vezes pra dizer que estava com saudades. O namorido ligou também, mas deus sabe por que! Sai várias vezes com a maquiadora / cabeleireira, que a essa altura tinha se tornado minha amiga! Aproveitei a distancia pra por as idéias em ordem, mas tive que voltar pra casa quando as filmagem acabaram.
Chegar em NY foi ótimo, o namorido estava em casa, mas pelo menos o clima estava um pouco melhor. O último da de filmagem seria em NY, em Colombus Circle, em frente ao Central Park. O dia amanheceu lindo, céu azul, sol, e o Central Park já dando sinais de que a primavera, mesmo que atrasada, estava chegando! O produtor do filme, era francês, mas por ser casado com uma brasileira e falar português, havia criado uma simpatia imensa por mim. Sempre me rodeando fazendo piada sobre o diretor e seu mal humor. Eu estava sentada no banco da praça bem tomando sol e fingido que o frio não existia, quando ele sentou-se ao meu lado e disse: “ Quase a mesma coisa que pegar um sol em Ipanema!”. Eu ri e disse: “ Pena que eu não trouxe o biquíni”. Eu ri, pensei o quanto seria bom estar em Ipanema pra dar um mergulho, olhei pro Parque e pra fonte ao redor do monumento de Cristóvão Colombo e me dei por satisfeita com o que eu tinha.
Durante toda a manhã a única coisa que passava pela minha cabeça era que eu estava diante de um novo começo, e que aquilo poderia não ser de todo mal. O produtor perguntou pela primeira vez como eu estava, ele sabia que eu estava me separando, mas não tinha tocado no assunto. Perguntou se era definitivo. Eu disse que sim, que o namorido tinha deixado claro que era o fim. Ele respondeu sabiamente: “Antes agora, do que a dez anos!” Nós rimos e continuamos a aproveitar o sol igual duas lagartixas.

De volta ao lugar comum...
O filme acabou e eu sabendo que as coisas andavam bem devagar na industria cinematográfica em NY, eu tratei de procurar um trabalho garçonete. Chamei uma amiga pra jantar no restaurante Grego que eu trabalhava antes planejando jogar verde pra colher maduro. O plano funcionou. No outro dia o gerente me ligou dizendo que se eu quisesse trabalhar lá eu poderia. Dos males o menor, eu teria que ser garçonete, mas pelo ao menos eu estaria num lugar que eu sabia como as coisas funcionavam, onde eu era bem tratada e ganhava um bom dinheiro.
Nada melhor poderia ter acontecido comigo do que voltar par o restaurante. De repente solteira, eu me vi essa pessoa absolutamente sociável em dois meses quase todas as garçonetes de recepcionistas era minhas melhores amigas.
O meu marinheiro a essas alturas do campeonato já tinha se afogado em alto mar. Eu tentei sair com ele duas outras vezes, mas o rapaz conseguiu me entediar no segundo encontro. Digamos que o rapaz não era muito culto, ou não tinha muito o que dizer. Depois do terceiro encontro, eu não agüentava mais ele dizendo como os meus olhos eram bonitos e comecei a desconfiar se ele realmente pensava que meus olhos eram bonitos, ou se eles simplesmente não tinha nada mais a falar.
Para piorar a história com o marinheiro, veio a pior das coincidências. O namorido procurava um lugar pra morar, uma vez que nós estávamos nos separando e o nosso apartamento era muito caro para ele manter só. Eu chego em casa e ele me mostra um e-mail desse prédio na rua 42 entre a Avenida 12 e 11. Eu engoli seco! Era descrição exata do lugar onde o marinheiro disse que vivia. O prédio tinha que ser o mesmo, por que era um tipo de prédio que não é comum em NY e no exato endereço que o marinheiro havia me dito. Eu pensei pro alguns instante e contei ao namorido que eu achava que o marinheiro vivia lá. O namorido havia investigado toda a vida do rapaz na internet que por ser ator, tinha sua própria página. A essa altura do campeonato, eu ainda não havia botado um ponto final no meu caso marinho! Eu só conseguia pensar em como diabos o namorido tinha arrumado um apartamento pra alugar no prédio do meu bofe com tanto lugar pra se viver em NY!
Ele foi ver o lugar, eu estava no trabalho quando eu recebi uma mensagem do namorido dizendo que havia cruzado com o marinheiro na portaria do prédio quando estava chegando no lugar e que ele havia desistido do apartamento.
Mesmo depois de toda a confusão habitacional, eu ainda estava em dúvida se eu continuaria a ver o marinheiro ou não, mas graças ao namorido eu me resolvi. Durante a investigação sobre a vida do meu pretendente, o namorido descobriu sua filmografia, ou seja, os filmes em que ele havia trabalhado e dentre eles constava o duvidoso trabalho feito na Inglaterra intitulado: “ O espelho erótico”, hummm.... pensei.... O espelho erótico? Fui pesquisar o espelho erótico e descobri que era um soft porn, não um pornô, o que quer dizer filme de sacanagem, mas os atores não fazem sexo de verdade. Pensei se aquilo era algo que me incomodava e a conclusão que eu e cheguei foi: “ SIM, ME INCOMODA!” Só o que me faltava, curar minhas mágoas com um ator de filme pornô,... desculpe: soft-porn!


Arrumando a mudança
Finalmente eu e o namorido encontramos lugar pra mudar. Eu arrumei um apê no Brooklyn com duas outras garotas e ele um no mesmo bairro que a gente morava, com um cara e uma garota. Quando a mudança foi se aproximando, o namorido começo a dar sinais de arrependimento. Andando cheio de coisa pro meu lado até o dia do meu aniversário. Eu vi que o bicho ia pegar e chamei ele na responsabilidade: “Meu filho, quem terminou foi você, agora você se resolva, que de cima do muro ninguém me namora!”
O namorido pediu que a gente voltasse, perguntou se eu gostaria de tentar ser namorada em vez de namorida. O plano era morar separado e continuar namorando. Pareceu uma boa idéia pra mim que feliz e sorridente atendi aos telefonemas de feliz aniversário com boas novas pra contar. A paz não durou muito, o ex-namorido, agora re-posicionado a categoria de namorado, continuava o mesmo de sempre, ficando doente sempre que tinha que me ajudar com a mudança, sumindo quando eu precisava dele... O pior foi o plano de recuperar o nosso relacionamento, para os primeiros dois meses, ele havia planejado 3 viagem diferentes: Porto Rico, Miami a Montreal.
Um dia em meio a minha bagunça de mudança, depois de noites sem dormir, eu me dei conta de que eu era a única que estava segurando o relacionamento pela pontinha. Resolvi largar! Chamei o namorido pra conversar. Disse que eu amava ele muito, mas que não achava que ele me amava. Ele discordou e disse que me amava. Respondi que se aquele era o jeito dele de amar, que aquilo não era pra mim. Desejei boa sorte, disse que sempre estaria a disposição pra o que ele precisasse e disse tchau. Sai andando calmamente e quando virei a esquina cai no choro! Chorava, soluçava, tonta sem saber o que eu tinha acabado de fazer. Tirei o telefone do bolso e mandei mensagens pra minhas amigas do restaurante, antes que eu desse pra traz e corresse atrás do namorido dizendo que eu estava louca. Minhas amigas prestaram socorro e me levaram pra jantar depois que saíram do trabalho.
A primeira vez que e vi o namorido depois do termino foi dolorosa, ele não parecia se importar, mas ele repetia varias vezes que achava que as coisas iam ajeitar entre nós. Era difícil de saber se a sua apatia era oriunda da falta de interesse ou da certeza de que as coisas acabariam bem. O espaço de tempo entre a primeira e a segunda vez em que nos vimos foi grande. Ele tinha ido pra Miami no fim de semana com um amigo, os dois ficaram no mesmo hotel onde ele havia me levado um ano atrás no meu aniversário. Eu fui a sua casa assistir o episódio final do nosso seriado de TV favorito: Sopranos, por que eu não tenho TV a cabo em casa. Depois de assistir TV, ele me convida pra jantar.
No jantar fica claro que a situação havia se revertido. A logo da semana a sensação de que eu ficaria bem, mesmo sem ele havia crescido em mim, o suficiente para que ele percebesse. Dessa vez ele era quem estava inquieto e desconfortável, obviamente tentando ler meus pensamento.
Perguntei como ele estava, e esperei sinceramente por uma resposta positiva, era primeira vez que eu via o namorido que a idéia de que a nossa separação fosse definitiva, não me parecia aterrorizante. Eu me senti triste e aliviada ao mesmo tempo.
Eu estou no Brooklyn, perto do parque onde eu posso ir patinar a hora que eu estiver de entediada, mas eu tenho que admitir que isso não tem acontecido muito. Eu comecei um trabalho novo, um filme da HBO. Eu tenho saído com amigos quase todos os dias depois do trabalho e quando isso não acontece, alguém chega em casa com uma garrafa de vinho pra regar a conversa. O clima em casa é tão bom que me faz lembrar a época em que eu vivia com minhas primas em Belo Horizonte.
Desde os 14 de idade, acho que essa é a primeira vez que eu vou se solteira, e se eu for ser justa, eu tenho que admitir que NYC no verão não é de todo o um mal lugar pra esse novo começo!

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