Nada como um bom motivo pra fazer você acordar todos os dias uma hora mais cedo pra fazer a maquiagem e experimentar o guarda-roupa todo antes de sair! O motivo tem nome, mas como no coisas de laurinha ninguém além de Laurinha tem nome, você vão conhecer o dito cujo por: O Motivo.
O Motivo é alto, moreno claro, tem um sorriso arrebatador e não foi eliminado nas preliminares do mesmo *scaner nem mesmo depois de desfilar no escritório com uma calça de linho amarrotada. A primeira vez que eu vi o motivo, ele me perguntou o de sempre:” De onde você é?” A minha resposta aflorou a razão da minha paixonite.
Foi quando eu disse “Brazil” que eu vi pela primeira vez o sorriso do Motivo. Digamos que o Brasil foi o motivo do sorriso e o sorriso do Motivo foi a razão da minha paixonite! Complicou? Desse de quando a paixão se tornou simples?
Seguido do sorriso, Motivo completou dizendo que ele era louco pra conhecer o Brasil, que já tinha 20 pares de Havaianas.
Falando em calçados, foi apenas no primeiro dia de trabalho que meu All Star desfilou nos corredores do escritório, depois do sorriso do Motivo, eu nunca apareci no escritório em algo tipo: jeans, camiseta e all star! Nem morta santa! Saias, vestidos e pasme, até salto alto passaram a ser parte do dia a dia. A produção colheu frutos imediatos. Na primeira semana de trabalho eu resolvi usar um vestido preto que geralmente recebe elogios, como o vestido é curto e seria provavelmente considerado inapropriado pra o ambiente de trabalho, eu coloquei uma legging e foi total mente displicente trabalhar. Quando eu cheguei no trabalho, meu chefe, que é um anjo de candura, me disse que um amigo que havia trabalhado em outro filme conosco, tinha lhe dado dois ingresso pra um espetáculo da Broadway que ele estava trabalhando. Ele perguntou se eu gostaria de acompanhá-lo. Claro, eu disse e sai serelepe, desfilar no escritório da produção, onde se encontra a mesa do Motivo. Eu trabalho em uma sala diferente do motivo, mas tudo que eu imprimo é imprimido na impressora da produção. Eu arrumei umas bobagens pra imprimir e foi dito e feito. Quando eu passei, eu ouvi: Alguém veio pro trabalho chic hoje. Eu parei e pensei na melhor resposta: “ É, eu vou pro teatro depois do trabalho, com meu chefe, um amigo nos deu ingressos.” Ele perguntou que espetáculo, eu respondi, e voltei pra minha mesa pensando que mesmo que eu tivesse tido que acordar 3 horas mais cedo pra ter aquele resultado, mesmo assim valeria a pena.
Na outra manhã, no cruzamos no corredor e ele me perguntou da noite anterior, de como havia sido a peça. Respondi milhões de perguntas sobre “A Rainha Pirata”! Depois dessa conversa achei que era só sentar e esperar pelo convite pra jantar ou beber alguma coisa depois do trabalho. Eu estava errada! Dias passaram e não só eu não fui convidada nem pra um café na esquina, como nem uma conversinha besta no corredor aconteceu. Fiquei remoendo na minha mesa o que eu tinha feito de errado. Talvez eu só estava contando com a vitória antes do tempo. Talvez ele realmente estivesse interessado na Rainha Pirata! Foi quando eu apelei! Era o primeiro fim de semana depois de eu começar a trabalhar e eu sai de casa com algo certo na minha cabeça: eu não voltaria pra casa sem um par de salto alto que eu pudesse usar no trabalho. Recorri a minha loja de sapatos baratos favorita e ela não me desapontou. Voltei pra casa experimentei e escolhi a roupa da segunda feira.
Segunda nunca demorou tanto a chegar, mas quando chegou lá estava eu as 7:30 da manhã com meu skinny jeans e de salto alto. Fazia tanto tempo que eu não andava de salto, que no caminho até a estação de metro eu quase cai umas 3 vezes. Não é que eu sou retardada, quando eu tinha 18 anos eu torci o pé e rompi os ligamentos do tornozelo, desde então, meu pé direito não serve pra muita coisa. Consegui chegar no trabalho e no caminho eu consegui melhor consideravelmente meu caminhar. Quando eu cheguei no escritório, eu já era própria Gisele!
Fui pra minha mesa, arrumei meu lap-top e procurei logo um e-mail pra imprimir, eu tinha que desfilar meus 7 cm a mais de altura. Quando eu chego a sala, nada de Motivo, ele não estava lá e não voltaria pelo resto do dia. O motivo é o assistente do diretor e estaria com ele fora do escritório o dia todo. Lá estava eu linda e alta, fazendo pose pra ninguém!
Continuei o desfile de moda, exibindo um modelito atrás do outro, mesmo não vendo o Motivo muitas vezes. Pra piorar a situação, a minha alergia finalmente deu o ar da graça. Horas de ar condicionado e vastos carpetes finalmente haviam achado seu alvo, meu nariz! Eu me vejo então as 7:30 da manhã de frente pro meu espelho e o que eu vejo? Um enorme nariz vermelho escorrendo e olhos irritados! “ I look like shit” eu agora apenso em inglês...
Indo pro segundo dia de alergia no escritório eu já nem sei se eu quero ser notada pelo Motivo com aquele tomate no meio da cara que eu tenho e as vezes parece com um nariz! Mas quando eu menos espero ele levanta a cabeça do computador, coisa que não acontecia a dias e diz : “Jaqueta legal”. Minha esperanças se renovam, mas quando eu chego no escritório do figurino, onde é o meu lugar, eu me deparo com o calendário que eu mesmo coloquei na parede. O fim do mês se aproximava assim como o fim da pré-produção. Isso significa que as filmagens estariam próximas e ai tchau, tchau convercê no escritório. Com as filmagem, os dias passam a der 12horas de expediente corrido, e ele provavelmente estaria sempre com o diretor.
Fui acometida de um sentimento de frustração, eu tinha começado tão bem e lã estava eu estagnada no elogio das minhas roupas. Pensei em um plano maligno, deixei o trabalho e no meu caminho de volta pra casa nem joguei tetris no meu celular como eu sempre faço no metro, não conseguia me concentrar. Tudo em que eu conseguia pensar era: O plano maligno ( ou benigno) pra trazer um Motivo pra minha vida!
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