sábado, setembro 30, 2006

A história de um Gangster Americano e uma ex-garçonete Brasileira


Finalmente um domingo que eu tenho algum tempo pra escrever. Minha unhas esta feita, minhas pernas depiladas, os pelos do braços estão descoloridos, as sobranselhas feitas, quase tudo ok, se não fosse pelo fato que que eu tenho um centímetro de raíz no meu cabelo tingido, mas tudo bem! Trabalhando 6 dias por semana 13 horas por dia, sobra pouco tempo pra escrever ou fazer as pequenas coisas que distânciam nós, mulheres, de uma orangutanga. Mas agora que quase tudo está no lugar, eu posso me entrega ao meu blog.
Algumas semanas atrás eu finalmente recebi minha autorização de trabalho, poucas semanas depois de ter perdido a chance de trabalhar nesse filme do Ridley Scott, por que sem seguro social, eles não me contratariam nem como estagiária! O cara que queria me contratar, disse que sentia muito , e que quando eu recebesse a autorização, que eu ligasse pra ele, se eles ainda precisassem de alguém, ele me contrataria.
Semanas depois, com minha autorizção de trabalho em mãos, eu mandei então um e-mail, por que achei que ia ser menos cara -de-pau da minha parte do que ligar depois de 3 semanas, achando que ainda existiria um lugar pra mim lá. Alguns dias depois eu ouço no meu celular esse educadíssimo recado na minha secretária eletrónica dizendo que estava muito feliz por mim, mas que no momento, não precisava de ninguém. Eu ouvi o que já era esperando, voltei pra minha realidade alienante de garçonete e fiquei lá planejando uma maneira de arrumar outra oportunidade de trabalho no cenário artístico de NYC. Felismente, antes que eu podesse pensar em algo genial, eu recebi uma segunda ligação. Era a mesma educadíssima voz, dessa vez, feliz em me convidar para trabalhar no mesmo filme.
Retornei a ligação extremamente nervosa pra confirmar o que a mensagem dizia: que eu tinha conseguido meu primeiro trabalho de verdade em NYC. A princípio, seria por apenas duas semanas, mas não importava, por que durante essas duas semanas, quando alguém me perguntasse, o que eu fazia da vida, a resposta não seria: “ Eu sou garconete” e sim: “Eu sou assistente de produção de figurino do filme Um gangster Americano da Universal Estúdios”. Bem, depois de responder as 3 ou 4 primeiras perguntas, a pessoa iria descobrir que: “ …não, eu nunca vi o Denzel Washigton… nem o Russel Crowe…não, eu não visto ninguém,… não, eu não desenho nada pro filme…” depois disso uma outra pergunta era inevitável: “ O que você faz então?” E essa era a mesma pergunta que eu tinha na minha cabeça quando eu chegeuei ao prédio onde hoje eu trabalho naquela primeira manhã.
Eu cheguei no endereço indicado que era nessa vizinhança horrorosa conhecida como Chicken Hell. Entrei na portaria e chamei o elevador. Enquanto o elevador mais devagar de Manhattan chegava ao térreo, eu lia a placa na portaria que dizia o que existia em cada andar daquele prédio. Eu deveria ir para o sexto andar pra qual a placa dizia: American Gangster , Castin and Wardrope Extras. Um andar pra o figurino da figuração e pro castin. O sétimo andar estava o Costume designer, o figurino dos atores principais, um andar inteiro pra esse. No terceiro andar, produção e direção de arte. Eram no total 3 andares desse prédio pra o filme. Com certeza eles teriam escritórios em outros lugares por que , ali não estavam a produção executiva ou direção.
Cheguei ao sexto andar as sete e meia da manhã como foi o combinado e me puz a procurar pelo meu chefe.
Logo que o encontro, como sempre, estremamente educado, ele me diz pra esperar uma reunião que me direcionaria no que eu iria fazer. A reunião nunca aconteceu, mas o trabalho chegou logo. Arrumar chapéus, por sapatos na estante, pendurar gravatas no seu respectivos lugares, tudo extremamente especificado.
O meu chefe aparece e veio com um trabalho específico pra mim: quarto pastas grossas cheias de fotos.. Cada figurante no tem uma prova de roupas. Os “Fitters” vestem os figurantes com tudo que tem direito, apetrechos e badulaques! Depois disso cada um tira uma foto, com nome e cena onde aparecem. A gente imprime as fotos. A assistente de figurino olha as fotos escreve observações tipo: “outra gravata” ou “prescisa de brinco”. Ela leva as fotos pra figurinista e ela aprova ou diz o que está errado. As fotos voltam, e foi ai que eu peguei as beditas, ao todo, aproximadamente mil 600 fotos. O filme vai usar , no total,6 mil figurantes!
Cada pessoa, nesse dia, tinha em média 3 fotos. Eu tinha que achar as 3 fotos de cada pessoa, por em um saquinho e depois colocar em ordem alfabética!
Mil horas depois eu tinha acabado, eram umas 6 da tarde e eu já estava pronta pra ir embora quando meu chefe me pediu pra acompanha-lo.
Lá estavam 200 figurinos, na verdade, 400 figurinos em 200 capas. Cada pessoa ia participar de duas cenas, uma das cenas tinha uma foto com e sem casaco de frio. As capas com os figurinos estavam em ordem alfabética. Eu tinha que ler o nome, verificar se a roupa dentro da capa e a da foto batiam e, finalmente pendurar com um alfinete o saquinho na capa, 200 vezes!!!!
Cheguei em casa as 9 horas no meu primeiro dia de trabalho com os dedos completamente pinicados de tanto me furar nos alfinetes. Odiei o namorido quando o vi, isso por que, quando eu sai de casa, ele estava dormindo e quando eu cheguei lá estava ele, saindo do banho depois de correr 40 minutos.
Chegundo dia, um dos PA, sigla pra Production Assistant, teve que ir pro set e eu fui informada que ia ter que cuidar do almoço. Todo dia a gente escolhe dois cardápios de comida que faz entrega, passa uma lista pra todo mundo que esta trabalhando nesse dia ( o que muda todo dia) e depois liga fazendo o pedido. Quando a comida chega, a gente usa o nossos superpoderes pra descobrir o que tem dentro de cada container e por o nome das pessoas e entragar a comida de cada um.
As 2:30 da tarde eu fui informada da função que entre todas as outras que me foram atribuidas, seria a mais odiada: Starbucks!
Starbucks é o Mc Donalds em forma de cafeteria! Isso já é motivo suficiente pra eu odiar ir lá. Assim como no almoço, eu teria que passar uma lista com os pedidos, dessa vez, eu além de recolher os pedidos teria que recolher dinheiro, por que o café caro da starbucks não era pago pelo filme, como o almoço. Ai vinham os pedidos! Se você pergunta pra alguém que tipo de café ela quer, o máximo que ela vai te pedir vai ser um capiccino light, e isso se ela for fresca! Aqui a história é outra! “ Grade triplo descafeinado late com leite de soja” ou o pior de todos “Venti spicy pumpkin late com leite de soja” … multiplicando isso as vezes dez lá ia eu sozinha pra Starbucks com pra 14 ou 15 cafés! Eu tinha que conferir os pedidos sob os olhares furiosos da fila atráz de mim, dividir os cafés por tamanho, colocar nas bandejinhas que seguram 4 copos assim, eu poderia empilhar duas bandejinhas e colocar em uma sacola , eu carrego duas sacolas, o que quase sempre funciona. Eu digo quase por que teve esse dia quano as duas sacolas cheias com quarto bandeijinhas nnao funcionou.
Era minha segunda semana carregando café. Eu olhei pela janela logo que minha lista ficou pronta, o tempo não estava dos melhores, mas não adiantava guarda-chuva, por que eu não teria mãos pra o ditto cujo, tendo que carregar duas sacolas cheias de café. Fui pra Starbucks e o tempo era feio , mas não chuvia. Comprei meus 14 cafés e voltava meus quarto quateirões quando a chuva começou. Contunuei andando temendo pela integridade as sacola , um vez que a mesma era feita de papel. Foi a cinco metros da entrada do prédio que o trágico aconteceu: A sacola molhada rompeu–se! Oito copos de café esparamados no chão. Lá estava eu, naquela situação digna de comedia pastelão tentando salvar os cafés no meio da chuva. Duas garotas iam passando quando o ocorrido se passou e ofereceram ajuda. Carregando os cafés meio cheios até meu prédio as garotas ia dizendo o quanto elas sentiam muito pelo que acaba de acontecer. Chegando ao meu andar fui conferir os cafés, e o estrago tinha sido menor do que o que eu pensava: muitos copos estavam apenas meio cheios, graças as tampinhas, apenas um café tinha ficado pra tráz largado no meio da rua. Conferindo a lista de nomes descobri a quem pertencia o café perdido: a mim! Agora eu estava molhada , com frio e sem café!
Ah se você leu isso tudo achando que eu iria desvendar os mistéios por tráz dos “roliudianos” … “ Não, eu não conheci o Denzel, não, nem o Russel Crowe, e eu não sei se ele é mesmo chato como todo mundo diz… Nunca vi o Ridley Scott” mas eu sei o cardápio da Starbucks decorado, de tráz pra frente isso por que eu sou uma P.A. que na verdade é a sigla pra: Bactéria que alimenta o fungo que cresce no coco do cavalo do bandido!

segunda-feira, julho 17, 2006

Da fabulosa caixinha mágica!

Pouco mais de um ano atrás, eu estava empacotando minhas coisas pra me mudar pra Nova York. Um mês antes de vir, foi meu aniversário e o namorido me ligou dizendo que havia comprado um presente pra mim, mas que me entragaria quando eu viesse. Quando eu pedi uma dica do que seria o presente, como boa curiosa, ele me disse: "É uma coisa que você precisa ter se quizer ser uma novaiorquina,..."
Fiquei eu então remoendo por dois meses que presente poderoso seria esse que transformaria a Piauí aqui em novaiorquina instantaneamente.
Depois de passar por todo o perrengue, visto, viagem, imigração, mala pesada, sem gracesa de ver o namorado depois de 3 meses, eu chego no apartamento do namorido, onde eu morro ainda hoje. Enquanto eu ainda estava em estado de choque com as minúsculas dimenções do apertamento onde eu iria morrar, e com a ausência de móveis do lugar, o namorido me lembrou do presente mágico que me transformaria em novaiorquina. Ele me deu a caixa e enquanto eu abria, minha cabecinha chata não conseguia pensar em nada que pudesse me transformar em novaiorquina. Abri a caixa e lá estava ela, a última maralhiva lançada pela Apple: I pod!


Um aparelhinho de tocar música? Me transformar em "Newyorker"? Bem, o namorido havia colocado um monte de músicas pra mim, talvez, fosse um curso intensivo de imersão no universo musical de Nova York, ...
Fui então andar na rua pela primeira vez com minha caixinha mágica!A primeira coisa que eu notei foi que o I pod era muito conviniente pra fingir que você não ouviu alguém falar com você, então eu pode passar pelos "pedreiros" em paz. Mas eu achei que isso não era suficiente pra fazer de mim uma novaiorquina.
Quando minhas aulas de inglês finalmente começaram, eu comecei a pegar o metro todo dia de manhã ( o que é, definitivaente, o método mas eficaz de transformar alguém em Novaiorquino). Acordei , puz meu I pod e fui pra estação, chego na roleta e escuto o trêm, saio correndo pra consegir pegar o metrô, entro de fina antes da porta fechar e quando eu reparo... lá estavam os "New Yorkers".
As caras são todas, todo o tipo de gente, variando, é claro, de área pra área. Na região onde eu pegava o trêm, até onde eu descia, a maioria , lia jornal ou um livro. Outro detalhe era o I pod. Lá estava a caixinha mágica da Apple sonorizando a viagem diária dos novairquinos. A primeira coisa que o I pod me fez entender sobre ser newyorker, foi que aqui é uma cidade segura ( em relação ao Brasil) e que eu podia andar com aquele negócio de 200 dólares na mão, sem me preocupar em alguém robar ele de mim. A segunda coisa foi sobre privacidade, as pessoas são individualistas e gostam de ter seu espaço respeitado, o I pod é ótimo recurso, como eu já citei, pra manter uma distância sonora segura.
Quando o namorido me deu o meu I pod, ele me falou sobre como ele ia ficar bravo, por que sabia que em um mês a Apple lançaria um I pod novo, só pra fazer aquele parecer obsoleto e bla, bla, bla, como eles planejassem pra fazer você comprar, e um mês depois já estar insatisfeito e querer algo novo. Foi quando o I pod me ensinou algo mais sobre a cultura local, o povo aqui tem dinheiro! Bem, eu entendi racionalmente o que o namorido me disse, mas até então nnao tinha vivenciado isso.
Em 3 meses que eu ganhei meu I pod, a Apple lançou duas novidades no mercado: I pod vídeo e I pod Nano. Um, como diz o nome, permite você assitir, vídeos, e até filmes. O outro é a coisinha mais linda e mais pequinininha do mundo! E agora, eu carregava o gigantesto I pod, o obseleto! Eu como brasileira, estava muito bem, obrigado, mas o namorido achou de quebrar o dele o mais réapido possível e comprou um I pod Nano!










Fiquei imaginando, o que diabos eles inventariam agora pra fazer esse povo compra alguma coisa! Foi quando eu vi a propaganda da Nike!
Sabe aquelas coisas que você acha que é bricadeira no começo, mas era sério! O comercial era assim: Esse cara se preparava pra correr. Colocava o tênis da Nike e essa roupa colada, também da nike. Ele pega o seu I pod nano e ... perai! Isso ee um comercial da Nike ou da Apple? Continuando... na manga da blusa do cara, um compartimento especial pra o I pod nano e dentro do tênis, um compartimento especial pra um sensor. O cara começa a correr e escutar música e de vez em quando um voz surgue do alêm e diz:" Você correu dois quilômetros e gastou não sei quantas calorias, sua velocidade é...." O cara chega em casa e conecta o I pod no computador e o computador abre um gráfico sobre a performace do cara durante um certo período de tempo, assim ele poderia acompanhar seu desenvovimento como corredor de fim de semana! Quando o comercial acabou, eu estava lá boquiaberta! Fiquei um tempo maquinando, pra saber se eu acreditava naquilo, mas esse pensamento foi subistituido por outro: " Quando será que o namorido vai chegar em casa com isso?"
O namorido gosta de correr! O namorido gosta de música, o namorido, tem um I pod Nano e o namorido precisa de um tênis novo pra correr... hummm! "Tô vendo tudo", eu pensei! Pra mim era uma questão de tempo! E o tempo não tardou a chegar! Ontem eu chego do trabalho e vou dizer oi e tal e coisa, quando eu avisto no chão uma sacola da Nike! Não aguentei e cai na risada! Lá estava toda a parafernalha nike+apple. Enquanto o namorido caminhava pelo apartamento com o brinquedo novo, me explicando o funcionamento eu me lembrava da conversa da manhã do mesmo dia, quando ele falava que estava de saco cheio, querendo quitar a dívida do cartão de crédito! Eu ri por que enfim, o namorido adora correr e aquilo de uma certa forma, era um incentivo, mas lá estava a caixinha da Apple me ensinando algo novo sobre ser novaiorquino: não importa se você tem dinheiro ou não, o importante é estar em dia com as novidades, então, viva o cartão de crédito!
Bem, mesmo que o I pod tenha na verdade me ensinado muitas coisas sobre ser novaiorquina, ele infelismente não teve o poder de me tronar uma, pois mesmo depois de um ano e toda a superexposição de mídia, eu ainda carrego meu " arcáico Ipod Não-nano ou vídeo! Parece que algo mais drástico vai ser necessário pra desachatar essa cabeça aqui!

segunda-feira, julho 10, 2006

"Eu hein, incoviniença..."


Eu tive uma revelação esclarecedora a alguns dias atrás assistindo a um filme: An Incovenient truth. Mas pra explicar a importância dessa revelção, eu tenho que voltar no tempo um pouquinho pra contar uma rápida passagem de um dia qualquer de domingo assitindo tv no sofá como namorido.
Estávamos os dois entediados procurando algo na tv, quando o namorido parou em um especial de comédia. Sabe aqueles shows, que aqui são muito populares, onde a pessoa fica no palco contando piada? Esse cara tava lá falando umas besteiras inofencivas, até quando resolveu abri a boca pra falar de meio ambiente! Enquanto eu ouvia uma atrossidade seguida da outra, eu , sem nem me tocar, estava lá a espreita, espionando todas as reações do meu namorido. Eu procurava algum sinal de revolta que se comparasse a minha, mas pra minha confusão, ele apenas ria do bobo, assim como a infinita platéia na tv.
O homem falou coisas como-" Eu não sei por que eles falam que nós estamos, cada vez mais, destruindo o planeta! Eu acho que a gente melhorou muito! Quando eu era criança, nimguém tava nem fudendo, jogava papel pela janela, mesmo se estivesse em um park, ou coisa assim..." falou também entre as gargalhas mal informadas "... e esse efeito estufa? que todo mundo fala, mas niguém consegue provar? Todo ano vai se falando que no próximo ano o Alaska não vai estar lá! E dai? Quem é que vai ligar se o Alaska sumir?"
Depois de ouvir a piada do Alska, eu pensei, será que eu entendi mal? Deve ser meu inglês... O namorido continuava rindo e aquilo ia me corroendo por dentro: primeiro, ele deixa a torneira jorrar água durante todo o tempo que ele lava a louça, agora, ele estava rindo de um idiota na tv, fazendo graça do aquecimento global. Não aguentei!
Falei que achava um absurdo o cara ficar fazendo graça de uma coisa como essas, quando a classe artística devia , sim, tentar educar a popolação, pois talvez com a pressão popular o governo americano, teria que repensar sua posição diante da questão ambiental. A resposta do namorido? " Mas o efeito estufa é uma teoria, não existe comprovação!"
Ai, se o seu queixo caiu, caiu junto com o meu! Perai! Alguém aqui matou escola! A resposta foi complementada: " Existe sim comprovação de que amento de temperatura global já aconteceram outras vezes, e que isso é um ciclo natural!" Nesse momento, meu senso de preservação de relacionamento falou mais alto. Se tem algo que eu aprendi, é que discutir com um americano sobre essas delicadas verdade, é muito complicado. Recuei, fazendo uma cara, de:" tudo bem, se é o que voçê acredita" e fiquei mancumunando como no mundo eu ia enfiar na cabeça daquele infeliz que aquecimento global existe de verdade.
Engracado como uma coisa que simplesmente é considerada verdade pelo resto do mundo é tratada como polêmica aqui! Eu não conseguia entender como isso era possível: como desassociar a emição de dióxido de carbono na atmosfera com o aumento da temperatura global? Quando eu andava as voltas com esses pensamentos, eu me lembrei de uma história sobre um livro de geografia que estavasendo publicado aqui mostrando a Amazônia como um território de controle americano, uma vez que os primitivos indígenas do Brasil, não sabiam como preservar essa reserva natural, de tamanha importância pra humanidade. Ai eu pensei, se eles podem fazer isso com a Amazônia, imagina o que eles não podem fazer com a camada de oxônio? Perguntei pro namorido, de onde ele tinha tirado a idéia de que o aquecimento que vem ocorrendo, poderia ser apenas algo cíclico? "Meu professor, na escola!" - foi a resposta que eu tive!
Sei lá vai, na quinta série a gente já sabe o que é efeito estufa, e pior, a gente sabe que é verdade! Eu digo isso por que quando eu tinha uns onze anos de idade , eu e meus primos fundamos o Clube do Verde. Os integrantes do Clube do Verde andavam, devidamente identificados com uma carteirinha, batendo de porta em porta pedindo assinaturas pra endoçar uma carta destinada a prefeitura onde a gente pedia que as queimas nos terrenos baldios fossem proibidos, e que os terrenos fossem , em vez de queimados, capinados, evitando a emissão de dióxido de carbono.
Embora os integrantes do clube tenha batido muita perna no sol quente de Teresin-PI, a única coisa que o Clube do Verde conseguiu fazer, foi salvar um jacaré que estava sendo criado em um pequeno tanque no quintal do dono, que foi denunciado ao IBAMA.
Bem, a algumas semanas atrás, eu estava desfrutando um raro dia de folga que eu consigo passar com o namorido. Estávamos tomando um café e descutindo que filme assitir. O namorido queria ver Car, a animação da Pixar, quando viramos a folha e lá estava a minha chance: An Inconvenient Truth! O namorido já havia me dito que queria assitir o filme, então eu só tive que insentivar.
Por ironia do destino, o ar condicionado do cinema não estava funcionando. O namorido não acreditou que fosse por acaso, ficou desconfiado por que logo aquele filme tinha o ar condicionado quebrado,... hummm!
Então estamos assitindo o documentário que é totalmente narrado e estrelado por ninguém mesno que Al Gore! Não sabe quem é? Deixa eu refrescar sua memória. Lembra dos gloriosos tempos onde a nação mais influente no mundo internacional não era governada por um primata (sem ofença aos miquinhos, mas aquele ali deve ter uma calda muito mais longa que a minha!)? Bem, logo antes da tragédia acontecer, ouve uma eleção extremamente duvidosa, onde ganhou "um", mas foi eleito o "outro". Pois bem, Al Gore é exatamente o "Um"! Lembrou agora?
No documentário, ele destroi qualquer dúvida que , por incrível que pareça, ainda possa existir sobre o aquecimento global. Prova por A+B, que tudo é verdade e que todas as dúvidas levantadas sobre a verassidade do problema, não passam de política manipulação de massa!
Sai do filme e perguntei pro namorido se agora ele acreditava em aquecimento global. O que ele me respondeu:" Meu professor me ensinou errado!"





quarta-feira, julho 05, 2006

A teoria da "involução"

"
Eu já mencionei aqui como o fato de não falar português por muito tempo tem um efeito estranho sobre a auto-estima do indivíduo! Você fica lá no seu limitado vocabulário em inglês e acaba esquecendo, se você é realmente tão superficial assim, ou se você só está a muito tempo sem gastar o vocabulário mais elaborado!
"Isso me faz lembrar das conversas sérias de gente bêbada, quando você começa a falar de coisas existênciais, políticas, confeçar coisas que normalmente você não falaria pro espelho trancada só em um quarto escuro! Aqui, como eu não tenho vocabulário pra me tornar assim tão profunda, eu recorro a comédia!
Eu ando me sentindo menos retardada nos últimos mese; meu inglês melhorou e agora eu não fico nervosa quando eu estou bêbada, a música está alta, tem trinta pessoas falando ao mesmo tempo, e alguém fala comigo e eu não entendo. Eu faço uma boa careta e coço a cabeça com meu indicador, se eu fizesse isso a alguns mêses atrás o povo ia achar que eu não lavo o cabelo, de tantas vezes que meu pobre dedinho iria cutucar meu juízo!
Como as coisas não podem melhorar assim sem nem um empecilho, eu tive uma inusitada surpresa. Essa semana enquanto estava na batalha de trocar de emprego (garçonete, mesmo) em busca de um restaurante melhor, eu me deparei com essa oferta de emprego: O restaurante é lindo, a comida mais bonita que eu já vi, lotado de segunda a segunda, pagamento belezinha, foi quando o gerente me perguntou:" Você já trabalhou em um restaurante grego?" " Ah, o restaurante é grego?" - pensei! O gerente me deu o cardeapio pra estudar e eu fui andando pra casa quando eu me vi diante do sentimento de retardamento que me aterrorizou durante tanto tempo por aqui: Eu tinha dois cardápios, vinho e comida, os dois em grego! A maioria dos pratos eram impronunciáveis pra mim. O cardápio trazia o nome em grego e a descrição em inglês, então eu respirei aliviada. Achei que ia ser tranquilo, por que o povo ia preferir pedir o peixe grelhado do que pagar o mico de tentar pronunciar aquilo.

Cheguei no restaurante pra o meu primeiro dia de treinamento. Como eu pensei, o negócio de pegar o pedido era fácil, você se espicha pra ver sobre o ombro da pessoa pra ver o que ela tá lendo, pergunta:" o peixe grelhado?", e assim vai se virando. Quando eu abro a tela do computador pra colocar o pedido lá estão, todos os nomes em grego, e dessa vez, sem descrição em inglês. Eu tiro meu cardeapio de estudos do bolso do avental, e depois de duas horas consigo passar o pedido pro computador. Eu vou pra cozinha pra ver se eles receberam o pedido corretamente, e lá estão todos os nomes em grego. Todo mundo correndo, um monte de prato na estantes e um amontoado de nomes em grego embaixo, desorganizadamente. Eu olhava, lia, fingia que estava entendendo algo, mas no final eu desistia e soltava:"Por favor, qual desses é a aginares moussaka?" Alguém,puxa um prato da estante pra mim e lá estava o diabo da aucachofra com queijo!
Depois de algumas horas nesse lugar, meu cérebro já estava fervendo e a única coisa que passava na minha cabeça era:" Ai meu deus, tudo de novo!"
Finalmente o gerente me despacha pra casa, eu vou caminhando pensando no calhamaço que eu trazia na bolsa pra estudar sobre os vinhos gregos, quando eu sinto uma pontada .


Da involução propriamente dita

Com toda essa confusão greco-anglo-sacsônica-lusita-espânica na minha cabeça, eu tinha até me esquecido das dores do corpo. Era segunda feira e no domingo, algo muito estranho aconteceu comigo!
Eu ia caminhando com o namorido pra o meu outro trabalho, o que eu devo estar deixando em troca da posição no restaurante grego, quanto comentei com meu com sorte que sentia uma dor estranha na terminção da minha espinha. Na verdade, era no rabinho, sabe a tal da caldal? O susposto rab enconhido? Pois é era lá mesmo que doia! Eu fui contenta, pra o meu trabalho, pois a dor era na verdade bem levinha.
no passar da noite e bendita da dor foi tomando proporções espantosa, chegando ao ponto de limitar amplamente meus movimentos. Eu tinha muita dificuldade em sentar e levantar, pegar algo no chão, nem pensar, e na hora de ir pra casa, a rápida caminhada e 15 minutos se prolongou em talvez meia hora.
Quando eu cheguei quase morredo na porta de casa, claro que eu deixei a chave cair no chão, que era pra ter o que escrever no meu blog! Quase 5 minutos pra pegar a merdinha da chave que caiu no chão! Eu abro a porta e descrubor a única coisa que poderia ser pior do que tentar pegar a chave no chão: uma escadaria pra subir! eu subia 3 degraus, parava, secava as lágrimas que a esse pondo já inundávam meu rosto, subia mais 3 e assim ia indo. Cheguei no apartamento em um estado em que sentar , deitar se levantar, já não dependiam da minha vontade , e sim do auxílio do namorido!
Depois de tentar compressa quente e fria e de ter chorado todas as lágrimas que existiam nos meus olhos, engoli um antinflamatório e fui pra cama.
Nnao consigui dormir um minuto que fosse, era tanta dor e desconforto... eu ficava tentando pensar como eu tinha arrumado aquela dor, foi quando me ocorreu:" Eu tô crescendo uma calda!


Eu estava obviamente "involuindo". Minha teoria era que de tanto não usar meu cérebro, de tanto garçonetiar, eu estava involuindo e por isso lá estava minha calda, suprimida por anos de evolução, dando o ar da graça.
A prova da teoria, foi a cura do acontecido. Na segunda feira, como eu relatei anteriormente, lá estava eu fritando meus miolos pra aprender grego, e quem disse que a calda deu sinal de vida? Pois é a relação foi imediata: quanto mais eu usava meu cérebro, menos minha calda doia!
Depois da minha geniosa constatação , eu corri pra o computador pra escrever no meu blog, uma vez que eu já tinha usado o meu último comprimido de antinflamatório! Se é pra ser um mico, melhor um sabido!

domingo, junho 11, 2006

Da quarta e quinta tentativas de furar a dieta vegetariana!


Quarta tentativa
Eu, como boa brasileira, inclusive agora em copa do mundo, resolvi abraçar o slogan tupiniquim e dizer:" Eu sou brasileira, e não desisto nunca!"
Depois de empelotada por salmão duas vezes, e quase vomitar no meu prato de carangueijo, eu acoro um belo dia de domingo e digo em alto e bom som por namorido:" Eu resolvi que eu vou comer peixe hoje!" O pobre do com-sorte só pode sorrir e apoiar a boa causa.
Saímos então em busca de peixe, o problema era que, o namorido não era, nem de longe, um admirador de frutos do mar, e eu, como vegeteriana desde que cheguei aqui, não tinha idéia de onde encontrar peixe. O namorido se lembrou de um restaurante que nós sempre falávamos em ir , mas sempre adiávamos. Acho que algo dentro de mim dizia que o lugar não era pra mim. Olhamos cuidadosamente o cardápio do lugar. As exigências eram muitas, uma vez que eu tinha sumariamente regeitado salmão, meio peixe preferido nos meus dias de predadora. Eu teria que comer um peixe branco, uma coisinha mais leve que salmão. Perguntei pro garçom se o peixe de nome estranho no cardápio era branco, ele disse que sim, eu e o namorido resolvemos nos sentar e esperimentar o restaurante , muitas vezes deixado de lado.
Quando nos colacamos a descutir o que comer , foi que nos damos conta do primeiro problema, o namorido se preocupou tanto com o meu peixe, que esqueceu de ver se o lugar tinha algo que apetecesse a ele próprio. Acabamos achando, os dois, algo que parecia bom, pedimos nossas bebidas e vamos em frente. Aqui nos EUA o povo tem um hábito que me dava náusea quando eu chegei aqui, de beber café com leite durante as refeições! Agora, me vejo eu pedindo um café enquanto espero meu peixe.
E vem o café e um pãozinho, e eu e o namorido nos vemos boquiabertos diante da apresentação do lugar! A louça impecável, gardanapos legais , torrões de açúcar, o que eu achei uma graçinha, e tudo ia melhor do que se imagináva. Quando eu estava bem contentinha, eu escuto uma música e de repente o meu mundo cai! Explico! No café onde eu trabalho, meu chefe mão de vaca tem um cd de música francesa, e o mesmo toca as vezes mais de 15 vezes no dia. Eu trabalho nesse lugar 4 vezes por semana, o que me faz ouvir esse cd em média 60 vezes por semana, diante dessas circunstâncias, digamos que esse cd seria a última coisa que eu gostaria de ouvir no meu dia de folga!
Extremamente irritada com a música , eu agardava pelo meu peixe, me consolando na beleza dos pratos das mesas vizinhas, o lugar realmente cuidava da apresentação! Foi quando meu lindíssimo prato chegou a mesa, lindo de mais pra se comer! Eu tanto pensei no peixe branco, que me esqueci de perguntar o básico:"É filé de peixe?" e lá estava eu de frente pra um prato com um peixe inteiro olhando pra mim.
O namorido ria tanto de mim, que eu estava ficando com vergonha, mas o que eu poderia fazer diante de um peixe inteiro com cabeça e rabo no meu prato, depois de 3 anos de dieta vegetariana? Quando eu provei o peixe depois de muito respirar fundo, a surpresa: Peixe cru! A porcaria do peixe não era assado ou cozindo, eles colocavam o peixe inteiro pra curtir nesse óleo nojento , cheio de ervinhas, o que fazia o peixe ficar dourado e o sabor, abominável. Procurei algo no meu prato que despistasse o sabor do peixe e me ajudasse pelo menos com algumas garfadas, e o que eu encontrei: um bolinho de ovo cozido picado, o que pra mim é mais nojento que peixe, um bolinho de cebola crua picada, um bolinho de beterraba cozida picada, uma rodela de cebola crua com uma gema de ovo crua em cima, e finalmente um bolinho de alcaparras. Eu misturei as alcaparras com a celola enfiei umas garfadas do peixe na boca, mas não consegui comer nem um terço do bicho!
Rindo e se sentindo mal , pela minha quarta tentativa frustada de voltar a comer frutos do mar, o namorido também se via diante de uma comida muito bonita, porém não muito apetitosa!
Antes de irmos, ele tirou uma foto da cabeca do meu peixe pra que pudesse mostrar pra todos os amigos o meu prato, enquanto ele descrevia a minha cara de horror quando eu vi aquilo pousar na minha mesa.
O namorido ficou sério e disse que eu devia tentar flounder, que era o único peixe que ele achava que eu poderia comer. E lá vai minha imaginação vegetariana pensar que agora, além de ter estrassalhado o Sebastião eu ia comer o Linguado! O que a Ariel ia achar de mim!

Da quinta tentativa

Como eu disse, eu sou brasileira, e por isso, não desisto! Hoje a tarde eu estava em casa pensando nas frustradas tentativas de comer peixe, foi quando eu pensei:" vou comprar peixe e fazer em casa, assim eu não tenho nem uma surpreza, certo? "Bem, talvez, não!
Vou pro supermercado disposta a aniquilar de uma vezes por todas todos meus ídolos de infância comprando um filé de linguado. Parei nas frutas e verduras pra aquecer e fui pra parte dos peixes. Não consegui, muito nojento, um monte de pedaço de peixe e eu me lembrei de quando eu era criança e ia pro supermerdado com minha babá. Eu me lembro de olhar pra um fígado bovino e implorar pra que ela comprasse aquela iguaria! Como eu agora cosseguia ficar tão inojada por causa de filé de peixe? Dei mais umas voltas no supermeca e achei bandeijinhas de peixe com os filés empacotados o que me pouparia de pedir pra alguém x pounds de peixe que, por algum motivo que eu desconheco, era algo que me incomodava. Estou diante das bandejinhas quando esse senhor em seus mais de 150 quilos, se aproxima de mim. Ele pergunta se está muito difícil de escolher, por que tudo parecia tão bom. Eu respondo que esse não é bem o meu problema. Depois de insistência do estranho, acabo revelando meu problema. Ele se mostra extremamente intereçado em se tornar vegetariano. Me pergunta as coisas mais extranhas e eu dou respostas que nem eu sabia que eu sabia , como as quantidade de proteínas em granas que um adulto precisa por dia. Mostrei pra ele que os alimentos tem tabelas de nutrientes e que se ele queria entrar em uma dieta aquilo ia ajudar, assim eu me veria livre do sujeito que, a esse ponto, já me interrogava a mais de 10 minutos enfiando a mão na minha cestinha e fuçando o que eu comia. Eu só conseguia pensar: "Desgrama de peixe! Não sei por que eu não desisto disso".
Desejei boa sorta na nova dieta, por que enfim ele precisava! Sai andando e ele foi comprar alface, enquanto eu ia correndo pro caixa, a fim de sair dali antes que ele mergulhasse na minha cestinha de novo, ele acenava pra mim orgulhoso com um pacote de alface!
Chego no caixa e por sorte acho um relativamente vazio em um dia de supermercado lotado. Eu estou bem relaxada olhando as revistas de fofoca no balcão, enquanto o casal de chineses na minha frente brigava com o filhinho que queria comprar chocolates, quando eu ouço:" O que mais voçê pegou?" e lá estava aquela mão gorda dentro da minha cestinha! Eu me senti absolutamente violada, mas, a esse ponto, eu estava tão assustada com esse gorducho me seguindo, que eu respondi as próximas perguntas com sim, e não , só desenvolvendo mais um pouco a fim de soltar,:"... não, meu MARIDO, não é vegetariano!"
Corri pra casa e depois de dois quarteirões eu estava despreocupado, o infeliz era muito pesado pra andar rápido daquele jeito!
Final da história? Outra hora, se não eu vou deixar o pobre do linguado torrar no forno!


segunda-feira, maio 22, 2006

Jamáica abaixo de zero e sensibilidade acima do imaginável




Sábado a noite: jantar, vinhozinho, me arrumando pra sair com o namorido, assistindo tv descomprometidamente... ai , ai... lá vai o namorido arrumar a louça do jantar! Bem, estou sozinha com a tv e, finalmente, posso assistir alguma coisa que não seja: jogos do Play off a NBA, replay de jogos do Play off da NBA, jornal esportivo comentando os jogos do Play off da NBA e previsões para os próximos jogos do Play off da NBA. A emocão foi tanta, que em vez de ir direto para os canais seguros, onde eu sei que vou encontrar algo descente, eu resolvi ousar! Coloquei no canal 01 e, pacientimente, fui subindo, dividida pela dúvida de que se seria melhor achar algo bom,ou não, uma vez que eu estaria, dali a pouco, de saída. Quando a preguiça já estava dominando meu ser, eu avistei a luz, ou melhor eu ouvi o som!
Era aquele maravilhoso som que exerce sobre mim quase o mesmo poder que João Gilberto desmacarando a falsa baiana: Buena Vista Social Club!
Não pensei que fosse ver um documentário sobre essa maravilha CUBANA assim, de bobeira na tv por aqui! Tentei persuadir o namorido a assistir, mas como o documentário em nem um momento se referia aos jogos do Play off da NBA, já viu! Eu peguei o filme no fim por isso, em pouco tempo estava eu vendo os olhinhos cheios de água de Ebraim Ferrer sob as salvas de palmas depois de seu show em NYC. Eu me remoia de raiva e remorsos ao me lembrar que tinha perdido a chance de vê-lo ao vivo no Canecão, no Rio, por causa de 80 reais! Bem feito pra mim! Menos de um ano depois ele morreu, e agora, eu vou inferno sem ter visto o Ebraim Ferrer ao vivo! Voltando ao filme... a cara dele no fim do documentário dá uma vontade de chorar... mas eu, além de burra ( por que não fui no show dele) , sou carne de pescoço, e difícil de chorar em filme, por isso engoli o choro e fui terminar de me arrumar. Coloquei meu CD Buena vista social Club e fui passar a massa corrida na cara!
Terminei de me arrumar e, assutadoramente, me vi pronta antes da hora! ?Como assim? Eu? Sempre acostumada com o namorido torrando a paciêcia, por que eu tô atrasada, me vi na obrigação de sentar de novo em frente a tv.
Desta vez, o namorido estava no sofá e, por esse motivo, a gente sabe o que estava passando na tv: alguma coisa sobre os jogos do Play off da NBA! Entendendo que assitir mais de 3 jogos de basquete por semana, já era uma grande prova de amor, ele resolveu mudar de canal. Onde ele parou ? Num filme:Jamáica abaixo de zero!
Por coincidência, esse também estava quase no fim. Estamos nós assistindo a história do primeiro time de trenó da Jamáica que vai participar das olimpíadas de inverno: o time está com bom tempo, vai com tudo, todo mundo animadíssimo, quando o trenó quebra e eles sofrem um puta assidente. Preocupação geral, pois em fim, os carinhas engraçados da Jamáica podiam ter se lascado! Mas não, eles se levantam , e não é só isso, eles resolvem carregar o trenó nas costas até a linha de chegada a fim de completar a corrida. Enquanto carregam o carrinho, a platéia aplaude emocionada. É ai que um carrinha bronzeado, no meio da neve, abre uma jaqueta revelando uma camiseta dizendo:" time de trenó da Jamáica"!
Nesse ponto do filme o namorido balboceia:" Você sabia que isso aconteceu de verdade?" Eu respondi que eu sabia, claro! Quando olhei pro namorido, me lembrei o Ebraim Ferrer! Pois o namorido não se encontrava com os olhos cheios de lágrimas, assitindo Jamáica abaixo de zero?!!!!!!! Eu quase tive um espasmo! Eu dei uma gargalhada que fez com que as lágrimas, que a esse ponto ainda se retinham aos olhos dele, se derramacem pelo seu rosto. Eu perguntei: " Você tá chorando por causa de Jamáica abaixo de zero?" e ele respondei totalmente invergonhado: "Você não acha triste?", eu tive que pedir desculpa pela indelicadeza e cair na guargalhada!
Eu engulino o choro ao som de Buena Vista Social Club e meu namorido de desfazendo em lágrimas ao som da Jamáica!

quinta-feira, maio 11, 2006

Do aniversário em Miami e da tentativa frustrada de voltar a comer peixe após alguns aninhos como vegetabureba!

Todos nós sabemos que um mês antes de nosso "cumpre anos", nós, seres humanos, passamos por nosso inferno astral ( se minha amiga T, de BH, está lendo isso, ela tá rindo de mim, por que sabe que eu não acredito nessas coisas, mas tudo bem...). Comigo não foi diferente, Por esse motivo, eu já digo logo que foi por causa do dito inferninho, que eu estou em falta com meu blog, detesto escrever mal-humorada.
Dentre outras coisas que aconteceram no meu inferno, eu tive uma briga seríssima com o namorido, que quase passa a categoria de ex-namorido. Como eu não sou lá muito original, depois da tempestade tratei de curtir a bonança: o namorido me deu de presente de aniversário, um fim de semana com ele em Miami em um resort, fedendo de chic!
O namorido me deu essa viajem por três motivos. Primeiro, por que ele adora praia. Segundo : pra se retratar da briga. Terceiro: pra afastar da minha cabeça o pensamento de que eu iria deixar a categoria etária de vinte e poucos pra entrar na de quase trinta. Existe também uma quarta razão: depois de longo inverno em NYC eu já estava embolorando, e eu acho que ele não queria uma namorada mofada!
Pois sim, vou-me pra Miami. Saio daqui na sexta de tarde enquanto o namorido saia de Dallas, onde esta trabalhando a mais de dois meses, pra nos encontrar-mos na terra prometida das palmeira! Depois de algumas horinhas de vôo estou eu sendo apanhada de carro alugado, no aeroporto.



Chego no hotel e putz!!!!!!!!!!!! Que lugar enorme!!!!!!!Caraca, eu quero fazer 25 anos todo dia, posso?
Não muita coisa ocupava o dia mais do que piscina, praia, cerveja na beira da piscina, batida de morango na beira da piscina,e por ai vai.
Que coisa boa praia nos Estados Unidos, eu me senti muito bem! Primeiro por que eu tinha que me preocupar em ser a mais branquela de todos na piscina; segundo, nem a mais gorda!
Nesse cenário maravilhoso, eu resolvi finalmente por em prática um plano não tão velho.
Já faziam uns bons meses que eu andava as voltas com meus pensamentos vegetarianos ( acho que fazem mais ou menos uns três anos que eu não como carne). Andava pensando que, pelo fato que não esta tento muito tempo pra cozinhar, eu estaria passando por uma certa carêcia de proteína, por isso a possibilidade de voltar a comer frutos do mar , vinha sendo figurinha carimbada em minhas conversar com o namorido.

"Como assim? Comer o Sebastião?"

O namorido sugueriu uma coisa que não tivesse muito gosto de carne: crab! "O que é crab , mesmo?" eu pergunto confusa. Ele responde:"Sebastian!" Ah! Tudo que eu precisava, alguém se referindo a minha furura refeição como um dos personagens do meu desenho animado preferido de quando eu era crinça! Agora, lá estava eu pensando se eu iria ou não ter coragem de comer o "Sebastião", amigo da "Ariel", a pequena seria!
Vamos pra este restaurante de frutos do mar tentando pensar em qualquer coisa que não fosse o Sebastião.Chego lea e pesso eu "crab"! Sabe aquela luta que existe pra achar uma carninha com um pouquinho mais de sustância em um carangueijo? Isso não existe aqui! Essa coisa de lutar pela sua comida , é definitivamente coisa de terceiro mundo! O garçon coloca essa cestinha com " patinhas" de carangueijo na minha frente e um riso compulsivo toma conta de mim: as patinhas de carangueijo era mais ou mesno do comprimento do meu antebraço. A parte fina da pata, que no Brasil a gente chupa, por que nem vale a pena quebrar, aqui, dava pra enfiar o garfo dentro pra tirar a carne. Sei que todos os comedores de carangueijo estão lambendo os beiços, mas eu, diante daquilo tudo fui acometida de um estado que é até difícil de descrever. Eu comia e falava. Comia sem parar, por que se parasse sabia que não ia voltar a comer, e falava que era pra me destrair do fato que eu estava estraçalhando uma patinha de um bicho morto pra comer a gosma de dentro dele! Arg!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Foi a coisa que passou pela minha cabeca quando eu terminei meu prato, ou melhor, minha cesta.
"Que nojo!" e "Tomara que eu não passe mal!" foram os pensamento seguintes. Eu não passei mal, mas não me imaginava comendo carangueijo nunca mais na minha vida depois dessa! Ai eu pensei: vou ouvir conselho de devorador de churrasco! Vai ser burra assim no quinto dos infernos! Vou tentar comer salmão, motivos: foi a última carne que eu desenti de comer, faz um bem danado a saúde ( e isso tudo é sobre saúde, por que comer carne não é de longe algo de que eu sinto saudades)e por último, nenhum ídolo da minha infância tem cara de salmão!
Segunda oportnidade pra todos os anos de evolução da raça humana( aquela baboseira de tanto tempo pra chegar no topo da cadeia, bla, bla, bla...) falarem mais alto do que minha racionalidade que me diz:" Arg! Comer bicho morto é nojento!" Lá vou eu comer em um maravilhoso restaurante caribenho, na noite que antercedia meu aniversário, pra comemorar um quatro de século de existência!
Vinho: Pinot Noir, que eu posso até comer peixe, mas dai a ter que beber vinho branco, também já é de mais!
Prato pricincipal: salmão grelhado com legumes e molho de manga.
Sobremesa: creme brullé com morangos ( o namorido me chamou de Amelie, quando eu pedi isso)
Não posso reclamar do jantar, eu não estava enganada, o salmão realmente é minha carne. Comi se remorços de estar comendo um amiguinho do fundo do mar. Mas...ops, o que é isso?


Coisa esquisita! Que é isso no meu ombro?

Quando eu chego no hotel, meu pescoço e peito vermelhos como pimentão e completamente empipocados! Como assim? Eu não posso ser alérgica a salmão! Eu comia salmão 3 vezes por semana quando eu comia comida japonesa! Pensei que devia ser efeito retardado co carangueijo, do dia anterio! Oras! Carangueijo, sim , todo mundo sabe que é comida complicada, mas salmão! Não, salmão é a grande descoberta da ciência , cheio de bons óleos e antioxidantes...Resolvi almoçar salmão , no outro dia pra tirar a prova, ou eu ficava na mesma , eu empelotava de vez. E me passei de novo pro salmnao gralhado com legumes, dessa vez em outro restaurante! Muito bonito! Agora além do pescoço e do peito estavam empelotados meus bracos e minha barriga!
Esse foi o último dia em Miami, e eu voltei pra NYC na tarde da segunda feira e a noite quando eu cheguei em casa, a alergia já tinha atingido as minhas costas e rosto.
Foi quando que eu me vi em casa, sozinha, por que o namorido tinha voltado pra Dallas, empelotada, coceirenta e com "quase trinta anos", na noite do meu aniversário, que eu pensei: " Ai meu Deus, será que amanhã já conta como o fim do inferninho?"

terça-feira, abril 11, 2006

São, realmente, todas a maçãs iguais Rauzito?

Adriana na capa da GQ!

Esse é um tema sobre o qual eu quero esvrever a um tempo, mas sempre aparece algo mais interessante sobre o que falar e ele acaba ficando de lado.
O Ciúme
Eu sempre me conciderei desprovida deste peste, até o dia que eu entendi como o meu ciúme realmente funciona!
Ah!!!!! Feliz é a ignorância. Muito melhor achar que não se tem ciúmes! Eu não sou solteira desde os 14 anos de idade, tirando um mês que eu me considerei verdadeiramente solteira! Levando isso em conta, eu estou namorando enrolada ou chamuscada a dez anos! ( Ai não posso esquecer meu antirugas pra noite, o do dia eu nunca esqueço, mas o noturno tem cinco vezes mais agentes antienvelhecimento....)
Durante esses dez anos eu acreditei fielmente que eu não era ciumenta. Minha filosofia era:
"Ame-me ou deixe-me!"
"Obre ou deixe o arbusto"
"Meu filho, se resolva, por que a fila tem que andar!"
Dentre outras....
O ponto é que eu sempre deixei claro para o meu com sorte que ele teria bensão e boa sorte se decidice me largar, mas que fosse resolvido! Por isso eu nunca perdi noites de sono pensando no que moleque andava fazendo por ai. Não dava motivo pra ninguém ficar comigo, se essa não fosse a sua vontade.
Depois de um tempo, eu descobri, que eu mesma, não era a mais fiel das criaturas. A diversidade de expécimes era algo mais fascinante do que a monogamia. Sendo assim, como quereria eu que a cara metade não agisse conferme meu próprio instinto? Não me enciumava mesmo! Depois de um tempo isso me deprimiu , pensava se essa coisa de achar alguém que te bloquei de querer outra pessoa era mito.
Isso só se resolveu quando eu conheci o namorido. Eu conheci, mudei pra NYC, casei e agora eu me vejo uma pessoa diferente... eu explico!
Cena comum no meu dia a dia de garçonete
Entra no café um deus grego, um dos, não poucos, homens estontiantes que perambulam por essa cidade. Sento o infeliz e, enquanto ele fala o que vai querer comer, eu estou muito destraida pensando em como se pode reurir tanta beleza em um só corpo. Volto pro balcão e compartilho com a garçonete da vez o achado. Sirvo o rapaz, mas em nem um minuto da minha vida eu penso que eu gostaria de usufruir de tudo aquilo!
Se isso acontecesse em data pré- namorido eu estaria minunciosamente posando no meu melhor ânglo, fazendo caras e bocas e, se por desgraça do destino, aquele deus cruzasse minha vida enquanto eu namorasse alguém , eu ia estar rezando pra o epata-janta estar me traindo ou fazendo algo odioso que me possibilitasse uma rápida e fácil desvinculação do mesmo.
Pois bem, eu expliquei como eu achava que eu não era ciumenta. Agora, eu tenho que explicar a descoberta da verdade.
Sabe conversa de namorado de primeiro mês? Ai, tem você acha que é a mulher mais linda do mundo? Meu namorido respondeu que ele gostava de dois tipos de beleza , tipo "Natalie Portman": totalmente aceitável! Tipo bonitinha, meio cabeça, faz só filme legal, ele já tinha comentado que eu lembrava ela... "E o segundo?" "Adriana Lima". Quem? "Adriana Lima" " A ex do Lenny Kravitz?" " É"... ... ... deixa eu ver... morena , alta , magrela, olho verde, síbolo sexual, garota Vitoria`s Secret? O que alguém que sonha com a Adriana Lima quer me namorando? E pronto, tudo perdido! Descobri o meu ciúme!
Não tenho ciúmes se ele sai sozinho, se bebe todas quando eu não tó por perto, mas saber que ele acha que a Adriana lima é a mulher mais bonita do mundo acaba comigo. Você agora deve tá pensando:" Vai ficar se preocupando com a foto da Adriana no lap top dele que uma louca agarra ele um dia de bebedeira sozinho no mundo!" E eu respondo pra você e pra mim mesma, que é Adriana Lima é meu pior pesadelo!
Essa descoberta me fez pensar em por que eu funciono assim! Descobri que eu sou maluca! Eu não tenho ciúmes, eu tenho é despeito! Eu não tô nem ai pra garota que tentou aguarrar ele no Haloween, mas eu quero ver a caveira da Adriana, com aquele olho de meio farol verde! Eu descobri, que eu não quero que ele queira o que não sou eu! Natalie Potrman, tudo bem, meu estilo, mas Adriana não meu filho! Aquela ali e eu, não convergimos nem no branco do olho!
Que descoberta horrorosa! Depois dez anos achando que eu não era ciumenta, lá estava eu fazendo piadinha toda vez que a propaganda da Vitoria`s secret passava.
O namorido, como um bom metrossexual novairquino, assina duas revistas masculinas. Explicando pros brasileiros, quando eu digo revista masculina, eu não me refiro a playboy, é tipo uma Nova, Marie Clarie, só que pra homem, uma se chama se Detalies e a outra, a mais chamosa entre os homens novaiorquinos, GQ magazine.
Como o namorido ta em Dallas, eu olho a caixa de correio todos os dias, e lá estava GQ magazine, com a perebenta na capa: Adriana Lima, a sex super top model brasileira, é virgem! Subi as poucas escadas que levam ou meu apartamento rasgando o plástico, envenenada pela emoção de ler a derrubada de um ídolo. Você pode tá meio confuso agora! Explico: A "meio-farol" é o símbolo sexual do rapaz, se de uma hora pra outra ele se mostra uma carola, ela automaticamente perde a graça, ou pelo ao menos parte dela.
Abri a resvista e tive que passar por por páginas e página de Adriana Lima até chegar na reportagem de fato, que só tinha uma página! Coisa esquisita! Fui ler... o repórter perguntou lá pelo meio da conversa se ele era católica. Ela disse que sim. Ele perguntou o que ela achava da postura da ingraja católica diantes alguns assuntos. Ela respondeu que apoiava a sua ingreja em tudo e que concordava como todas as suas posições. Um pequeno sorriso de canto de lábio inevitavelmente iluminou no meu semblante, continuei a leitura. O repórter perguntou se mesmo quanto ao uso de preservativos e contraseptivos ela apoiava sua igreja, ela respondeu que, pra ela, sexo era depois do casamento. Sorriso singelo subistituido por um engole orelha sabe? Ainda na entrevista, o pobre repórter perplexo, pergunta se ela é virgem, ela diz que claro que sim, uma vez que não é casada. Quando o entrevistador tentou se aprofundar no assunto, a moça se enputesseu e encerrou a entrevista, o que explicava tamanho mínimo que a mesma ocupava no periódico, uma vez que era ela a capa da revista.
Não aguentei! Liguei pro namorido e dei a boa nova:" Sua gostosona é uma carola antiquada!" hahahahahaha Que sensação deliciosa a de destruir o objeto de seu despeito, o ícone sexual de seu namorido, que, assim de tudo, não se parece em nada como você mesma. É como se fosse um "bem feito, quem mandou sonhar com uma mulher que não sou eu, pior, que é o meu averso , do averso, do averso!"
A felicidade se completou quando o namorido chegou em casa e, lendo a reportagem , dizia não acreditar na moçoila! Mas não adiantava esperniar, eu via no seu rosto a queda do mito. Agora, mesmo que ele ainda achasse ela gata, ele ia ter que conviver com o fato de que ele sabia quem era ela na verdade, por que antes disso ela era um infinito mar de possibilidades.
Agora eu ando evitando ouvir os comentários sobre quem é gostosa ou não, o que é complicado saindo com um bando de homens todo fim de semana,e fico aqui tentando entender no que vai dar esse ciúme esquesito que eu tenho do sonho alheio, mas eu sinceramente não consigo ver nada no meu futuro, por que gente que tem ciúmes normal, faz cena, termina namoro sem precisar, quebra coisa em casa, trai pra chamar atenção... mas e alguém que tem ciúmes de sonho, vai fazer o que? Macumba? Só se for, por que eu ainda não pensei em nada que eu posso fazer( não que eu queira!)
A Adriana caiu, agora eu só tenho que me livrar de meia dúzia de loiras peitudas!

segunda-feira, abril 10, 2006

Segunda feira a noite...


Ha!!!!!!!!!!! Segunda-feira!!!!!!!!!!Yes!!!!!!!!!Dez e meia da noite e eu estou alegre! Bem, pra falar a verdade eu estou quase bêbada! hahahaVocê deve está pensando:" Ô meu Deus, tadinha da menina, sozinha em NYC sentindo frio na primavera, agora se entregou ao álcool!" Well, not really!
Ontem, domingo(claro!) eu acordei com o namorido as nove e meia da manhã, o que foi extramamente surpreendente levando em conta o sábado a noite.
Sábado: eu cheguei em casa depois do trabalho bem cansada, com uma dor de cabeça absurda. Depois de em vão tentar vários analgésicos, finalmente eu me rendi a realidade de uma alérgica enfrentando uma primavera. Enfiei um remédio no nariz e um antinflamatório goela a baixo. Esperei os amigos do namorido chegarem, como de costume, pra gente ir jantar. Irresponsavelmente, depois de tomar remédio, lá estava eu a desgustar o inencontrável, Jubileu ( esse vimho Mexicano, que é vendido no restaurante de mesma nacionalidade que eu já mencionei ser do outro lado da rua, mas que por mais que eu e o namorido procuremos, não conseguimos encontrar em lugar nem um pra comprar). Depois de dois copos de jubileu, uma bigorna caiu na minha cabeça, e em vez de acompanhar o namorido e os outros dois mosqueteiros, eu resolvi me encontrar com Morpheus!
Capotada, dormir como um bebê até a hora que o namorido chegou em casa dizendo que eu tinha que ter ido ao bar com ele para defendê-lo de duas loucas latinas. Aparentimente, essas duas garotas passaram empurrando a tudo e a todos, inclusive, o namorido e a sua melhor amiga. Foi ai que o namorido se revoltou e segurou a garota pelo ombro e disso pra ela prestar atenção. A segunda garota se meteu entre o namorido e o ombro detido e falou enraivecida, algo rapida e incompreensivelmente, o que foi, por consequência, interpretado como espanhol! A única coisa que o namorido conseguiu sustentar, foi uma cara de " Get out of my face!" Mas assim que minha suposta inimiga espánica se retirou, o namorido falou:" Se a Laura estivesse aqui, logo que aquela garota latina despejasse o espanhol pra cima de mim, ela ia pular em cima dela e ia dizer - Anda-te para la merda muxaxa! Cuesto a cá es mi ombre-, e ia dar uma budada latina nela que ela nunca esqueceria! "
Pela conversa que o Muxaxo me despejou as 3 da manhã, dá pra entender por que eu me surpreendi ao ser acordada por ele praticamente junto das cotovias na manhã seguinte! Mesmo assim , nos apromamos pra o brunch!
Ai, aqui eu tenho que fazer um a parte , como sempre( pra não perder o costume) pra explicar, pra quem não sabe, o que é brunch! Breaskfast= café da manhã, lunch=almoço, logo Bunch = café da manhã + almoço! Sabe a preguiça de sábado e domingo, quando você acorda as duas da tarde e não sabe se quer cafê ou almoço? Pois é , americano é assim, eles não se descidem por um ou outro, eles escolhem os dois! O que me faz lembrar de outra coisa! Ai meu Deus, tomara que depois dessa , eu consiga me lembrar do que eu tava falando...
A parte do a parte
Ah....... Americanos e suas milhões de opções: Um dos garçons do café é esse cara que só tá lá no Café duas vezes por semana, ele é da Polônia. Um dia a gente tava rindo de um garota que fez um pedido de um Decaf skim Iced Hazelnut coffee! Logo que a garota saiu ele olhou pra mim e começou a rir! O que foi feito do cafezinho? Agora a gente tem o Decaf iced skim hazelnut coffee! Tem gente que chega no café e pede : " Eu queria um café pra levar! Pode ser um capuccino?Médio, não, pode fazer grande! Light? Não! Você tem leite 2%? Ah, não? Então será que dava pra você fazer metade leite integral, metade desnatado? Ah, pode ser descafeinado? Você tem café com sabor? Tô na dúvida entre baunília e caramelo... ah já sei, hazelnut! Ai! Voçê já fez? É que eu queria gelado, é que tá tão quente hoje...." Depois disso, o Polonês me falou da experiêcia de viver num país durante o comunismo, quando cada mantimento existia em uma única opção de marca, e fosse feliz, por que as vezes a única coisa que você encontrava no mercado era vinagre!
Voltando ao assunto...
Bem, diante da incapacidade de se decidir entre almoço e café da manhã, lá vamos nós ao brunch! Depois de desfilar nossos corpichos embolorados pela falta de sol, em uma radiante , porém gelada, manhã de primavera por horas, deslumbrando as filas em frente aos famosos pontos para brunch no Lower East Side, resolvemos escorregar para o underground! Fomos parar nesse restaurante Mexicano, quase desconhecido, extremamente autêntico, tão autêntico, que você não consegue fazer seu pedido se não apontando no cardápio, por que a garçonete fala com você em espanhol! Doritos e molho de tomate apimentado, depois guacamole como doritos e lá vem a Coca Cola do namorido e minha Sangria!!!!!!!!! hahahaha!

Sangria ( em caso de alguém não saber, é uma bebida a base de vinho tinto, vinho , frutas , gelo, um suquinho qualquer... e ai, ai ,ai...)

No fim do meu primeiro copo de Sangria eu já sentia o efeito do álcool no seu corpo quando ingerido pela manhã antes da primeira refeição! O que? Alegre com um copo de sangria? Impossível, manda o segundo! E lá estávamos nós, eu e o namorido, andando em busca de uma festra de sol, onde o frio não era de rachar, vasculanhado as lojas de vinho pra achar os inencontráveis. Não encontramos o Jubileu, mas encontramos um outro, que tem um nome impronunciável, (deve ser por isso que é tão difícil de achar!).
Fizemos um monte de coisas de domingo, até voltar pra casa a noite. O namorido, como em todo domingo, estava preocupado com a provável perda de sua noite de sono, causada pela proximidade de sua viajem semanal a Dallas, que começava toda segunda as quatro da manhã. Motivada por isso e pela compra de 4 guarrafas de vinho na tarde de domingo ( sabe como, coisas de domingo!) eu dei a idéia de abrimos uma garrafa de vinho e beber uns copinhos antes de dormir com a intenção de capotar na cama. Que assim seja!
E foi assim que tudo começou: segunda a noite, cansada, cheirando a omelete de presunto e queijo caminhando pra casa, eu me lembrei dos dois terço da garrafa de vinho que estava lá na cozinha de casa, e que se não fosse bebido ia se perder! Uma garrafa de Pinot Noir francês? Nem morta santa! Tive que fazer algo a respeito! Comprei os ingredientes que faltavam e Voilá! Cinco copos de sangria depois, estou eu aqui bêbada e feliz a segunda a noite! O que mais poderia ser capaz de fazer alguém feliz a segunda a noite se não cinco copos de sangria feitos com Pinot Noir francês?!
Quanto a Fernanda Lima? Deixa ela pra próxima, que aquela ali estraga meu humor!

sábado, março 25, 2006

De como ela conheceu o namorido*

Antes do primeiro: Se você comecou a ler meu blog por agora, provavelmente deve esta se perguntando, que diabo é isso de namorido? Pra entender, eu recomendo que você leia meu primeiro post, onde eu explico a terminologia.
Agora sim:
Primeiro eu tenho que explicar por que a demora pra essa nova "história". O ilustrícimo namorido danificou permanentimente o laptop enquanto estava sob efeito da "gripe irlandesa". Eu explico: Saint Pratrick`s day, dia do padroeiro da Irlanda, internacionalmente comecida como a pátria dos maiores cachaceiros do mundo, foi a algumas semanas atrás. Então, Saint Patrick`s day é o dia da enfiar o pé na jaca aqui em NYC, cheia de descendentes de Irlandeses, um deles, meu namorido. No dia seguinte ao SP`s Day, o namorido tinha vomitado as tripas, mas as 3 da tarde depois de muitos cuidados e pedialite, resolveu sair pra comer comigo. Atravessamos a rua e fomos comer nesse restaurante de comida mexicana que ele adora. Enquanto a gente esperava, o namorido comecou a se sentir mal e voltou pra casa, eu fiquei com o encargo de explicar por que eu ia ter que pedir a comida pra levar pra casa. Quando eu disse que ele não se sentia bem, a dona do restaurante comentou: "Ah! Gripe irlandesa!", nada mais apropriado.
Voltando a explicação, eu fiquei duas semanas sem computator, por isso a demora.
Do que é que eu tinha de falar mesmo?Ah, de como eu conheci o dito cujo, o irlandês gripado!
Enfim, eu estou morrando na cidade maravilhosa, nada bronzeada, trabalahndo no shopping, mais precisamente na loja da Ellus. Fim de ano, a gringaiada em peso no Rio, e eu, a única viva alma que falava algum inglês na loja, sendo sumariamente explorada! Estou bem descendo as escadaria que eu subia e descia 100 vezes por minuto pra ir pro estoque, quando avisto um carinha magricelo e descabelado( no bom sentido!). Obviamente gringo, algo reconhecível pelo bronzeado tipo escritório e pelo jeito de parecer cool em havaianas e Hering branca. O amigo que escoltava, esse era indiscultivelmente brasileiro. Como eu não gosto de ser óbvia, eu vou pro amigo. Perguta básica: "posso ajudar?", resposta básica: " só olhando" , ... cansada eu tava...mesmo assim, ele é bonitinho e eu insisto: " procurando alguma coisa pro reveilon?" , e a resposta que eu mais esperava: "pra ele, não pra mim!" então eu me direciono pra caça, e mesmo certa de que ele não falava português, eu procigo em minha língua mãe, "tem que ser branco?"... nesse momento, como esperado o amigo interrompe: " ele não fala português"..."não?"... " que surpresa " eu pensei comigo, e completei: " fala inglês? "... com a confirmação do amigo, eu me volto novamente ao magrelo estrategicamente descabelado ( ele gasta horas pra se descabelar) e mando no macarrônico: "Can I help you?"... e uma esperança nervosa se revelou no rosto do rapaz, denunciando uma reciprocidade da minha maldade...humm.
Mostrava o que eu tinha de branco na loja, quando o amigo brasileiro se lembrou que tinha que perguntar sobre o sapato que o rapaz teria que usar na festa de reveillon, assim partiu em busca da irmã. Lá estava eu, na situação perfeita, sem ninguém que falava inglês em volta. O descabelado escolhe uma roupa na primeira olhada, o que me surpreende. Tenho que adimitir que nessa hora eu vi meu ego ferido. Eu como figurinista não havia pensado naquela combinação que ele tinha escolhido, e agora eu esperava anciosa do lado de fora da cabine pelo resultado da minha má percepção. E lá vem ele, pra me destruir, com a melhor opção em branco existente naquela bendita loja, e não tinha sido eu que tinha posto aquilo junto! Não tive muito tempo pra pensar nisso, por que eu logo me vi diante da perguta mais fofa: " você gostar?", peguntou ele no seu português ruim, e eu, já apaixonada pelo bom gosto, me via agora encantada pela tentativa de interatividade na língua nativa, mesmo assim eu respondi em inglês: " eu gosto, não sei se você gosta" , e dessa vez eu me apunhalou certeiramente, mais uma vez em português, ou pelo menos uma tentativa dele: " dizer a verdade"...eu vou derreter, pensei, depois de ouvir isso. Nesse momento eu pensei: "quer saber? vou cair matando", então da minha boca sairam as palavras mágicas: " Essse é o estilo que EU gosto, basta saber se é o seu", e ele mandou no mesmo tom: "se é o que você gosta, é o que eu vou levar"... ai,ai,ai...
Quando o amigo chegou, trazia a irmã e outra menina, aterrorizantemente bonita, obviamente modelo. Sasaricou pela loja a Comprida, parou na frente do namorido, fletando com ele e em inglês, disse pra ele que testasse seu português perguntanto pra mim se eu tinha um vestido branco. Envergonhado, ele não disse nada, e eu com meu sorrizo de vendedora suspreendi a comprida, que não parecia entender como a aborigene aqui falava inglês: " do you want a white dress?" . E lá vou eu enfiar um vestido de 800 reais na magrela. Enquanto ela provava o vestido, eu descrubro que o rapaz em questão estava de estadia prevista para 3 meses, melhor parte, os amigos, incluindo a comprida, voltariam pra NYC em 2 semanas, e ele ficaria no Rio sozinho, sem conhecer ninguém. Tinha como ficar melhor? A resposta é sim! Depois que o amigo partisse, ele ficaria hospedado em um apartamento que havia alugado por esses 3 meses, a 3 quadras do meu apartamento.
Essa descoberta encheu o tímido rapaz de corragem pra que ele peguntasse se poderia voltar na loja pra me ver. Nessa hora eu me retorcia de vontate de por meu telefone no cartão da loja, mas meu gerente estava do lado orgulhoso de sua vendedora bilingue, empatando meu samba, sem ter a menor idéia do que acontecia diante dele. Estrategicamente escrevi o horário que eu estava na loja, e disse que podia me procurar se precisasse de algo. Ele perguntou novamente, se podia mesmo voltar pra me ver. Eu então, mais absoluta que qualquer diva que já existiu, respondi com uma desplicência claramente fingida: seria um prazer! "Já era!''- eu pensei.
A certeza construida embasada em nossa conversa, foi rapidamente subistituida pela pela dúvida originada e alimentada pela visão de tantas budas perfeitas que perambulavam pela praia de Ipanema, enquanto eu esperava pelo meu ônibus , pra ir pro shopping. Eu tenho que fazer uma observação: existe algo mais cruel do que , no fim de semana desviar o seu ônibus , que geralmente passa em uma rua nada especial, pra Vieira Souto? Vista pro mar do ponto de ônibus, enquanto todo mundo chega na praia, você está lá se preparando pra vender calça jeans.


Ai que vontade de trabalhar!!!!!!!!!!!!!!

E era nesse momento de tortura que eu imaginava que naquele mar de mulheres, aquele cara a essas alturas ja tinha encontrado uma bunda muito melhor do que a minha. Assim, uma semana passou arrastadíssima e eu já não nutria esperanças de ver o rapaz novamente.





Um exemplo de bunda muito melhor do que a minha!

E lá estou eu atendendo uma cliente que em 20 minutos já havia escolhido no mínino 3mil reais em roupa, quando ele entrou na loja. Eu estava no mesmo lugar onde eu o avistei pela primeira vez, descendo a escadaria. Quase caio na descida do resto da escada, enquanto olhava alternadamente pra ricaça e pro rapaz, tentando descidir o que fazer.
Ele estava lá displicentimente olhando as camisetas quando eu cheguei toda atrapalhada. A única coisa que eu consegui falar foi que eu estava ocupada, mas que ele não saisse da loja até que eu falasse com ele. Com a desculpa de que tínhamos
gente que não falava português na loja, empurrei a ricaça pro gerente, que cuidaria da minha gorda comição e fui...
Ele estava queimado de sol, vestia um short amarelo, que era inesplicável em alguém que tinha se mostrado um ser de bom gosto, mas o seu nervosismo enquanto falava comigo, era tão cativante , que afastava meus pensamentos fashionistas da minha mente. Pedi um minuto, quando vi que meu gerente estava ocupado, corri e escrevi meu telefone em um cartão da loja, furtivamente, e me sentindo quase uma criminosa o gardei no bolso. A sua amiga que também era de NYC estava esperimentando algumas roupas na cabine, o que me dava motivo pra continuar a conversa. Ele finalmente , se encheu de coragem e pediu meu telefone. Foi ai que se passou a mais patética de todas as cenas dessa história. Eu tiro um cartão do bolso imediatamente, e nele o meu telefone previamente escrito. Ele ficou tão surpreso e eu tão envergonhada que não sobrou nada que pudesse ser feito pra melhorar a situaçnao , só um soriso sem graça, mas o que importava era que ele tinha meu telefone, e que meu gerente não tinha sacado nada, é claro!
Além de trabalhar na Ellus, eu fazia aula de interpretação pra TV e estava fazendo um figurino pra um amigo, que trabalahava com teatro empresarial. Bem no meio do meu teste de maquiagem, enquanto eu pintava o rosto desse garoto de 17 anos que era todo cheio de chimichega pro meu lado ( o que me matava de rir) , um dos atores vem me gitando. Eu concentrada respondia: "Agora não, agora não!" Até ele dizer que era meu telefone, eu histérica, largo o cara pintada e atendo o telefone.."Hey, how are doing?".. e meu amigo, o diretor da peça, entendendo tudo, começou a fazer algo que desviasse a atenção de mim.
Conversa vai, conversa vem e eu falei que se ele quizesse fazer algo mais tarde, que me ligasse. Mas não foi fácil assim... nossas agendas ficaram se desencontrando por uma semana, o amigo tinha tantos compromissos familiares e eu terminando um figurino... eu já estava achando que não ia funcionar, quando eu recebi o recado gravado na minha secretária eletrónica: " Segunda feira, meus amigos vão embora e eu vou pro meu apartamento em Ipanema, vc quer me encontrar segunda a noite?" CLARO!
Contei pro meu fiel amigo de trabalho, e ele,como estudante de moda, falou: "Gata, vamos deixar a bermudinha e o All Star no guarda roupa e vamos por um salto, por que você é lindinha, mas precisa de uma coisa mais sex!"
Essa foi a maldição, duas horas, e o quarto todo bagunçado, e eu não me descidia no que usar. O dia era quente demais pra calça jeans,( quando da pra ser quente no Rio, não tá pra resistir...)Ah foda-se, se esse ifeliz tiver que gostar de mim, vai ter que ser de bermuda e All Star. Tão nervosa... andei até esquina do apartamento dele onde combinei de encontrá-lo. Escolhi um café sentamos e pedimos uma cerveja cada um. Depois de horas de conversa, o inevitável, o bar ia fechar. Segunda feira, não tinha nada aberto onde a gente pudesse ir. Sabe aquela situacão onde vocês ficam lá olhando um pro outro, nada ainda aconteceu , vocês sabem que vai acontecer, mas no momento ninguém quer dizer boa noite, até amanhã... Entre as trinta mil coisas que a gente conversou, estava cinema. Ele me falou desse filme que era o seu preferido e que eu não tinha assistido, ele já tinha comentado que eu teria que assitir qualquer dia desses...ele perguntou se tinha um lugar pra gente ir, a rsposta era não!
Foi então quando ele perguntou se eu queria assistir um filme como ele. Humm... se esse gringo tá pensando que eu vou parar no apartamento dele hoje... ele tá certo, por que depois de esperar duas semanas por ele, eu me recuso a ir pra casa sem beijar o peste! Além do mais, ele é muito fraquinho pra se meter a besta comigo!
Entro no apartamento e ele me oferece ceveja, wisky e vodka com Red Bull. Não obrigado, tá achando que vai me embebedar, gatinho...não nasci ontem, pensei. Mas que coisinha mais fofa... em poucos minutos ele tinha me mostrado as fotos de sua estadia no Rio até aquele dia, de sua família , de seus amigos nos Estados Unidos, e eu já me sentia como se a gente se conhecesse a anos... mas nada de beijo.
Começamos a assitir o tal filme no lap top dele que ele comlocou no meio da cama. Eu de um lado, ele do outro e um lap top entre nós dois. E ao contrário do que eu pensava, ele realmente queria assistir o filme!
Pro inferno esse filme, já tinha passado uma hora e tudo que tinha acontecido era uma leve inclinação de tronco de ambos a fim de uma aproximação de braços! Ah!!!!!!!!!!!! Que homem devagar! Agora era uma hora e meia e minhas costas doiam, por que depois de tocarmos os antebraços eu não vi saida que não fosse rencostar minha cabaça no ombro dele. E você se pergunta se tá lendo meu blog ou um romance do século passado quando as moças coravam ao mostrar os seus tornojelos.
Finalmente, pelo canto do olho eu percepi que ele talvez estivesse olhando pra mim. Retribui o olhar e finalmente... ai primeiro beijo!
Quando eu abri o olho, eu ouvi a coisa mais inesperada do mundo:" Você tem o rosto mais bonito que eu jé vi." O que você responde? Bem, você eu não sei, eu agradeci o elogio e me apaixonei. Depois dai a situação só piorou. Eu tava usando uma camiseta que não tem as costas, ele me abraçou e disse que ia escrever uma coisa nas minhas costas e que eu tinha que adivinhar. Coitada de mim, adivinhar o que alguém tá escrevendo nas minhas costas em inglês! Mas não tever erro, ele escreveu letra por letra: " eu estou muito feliz, eu conheci voçê". Ai que bonitinho! Tenho certeza que você pensou isso né? Eu também, por isso não condeno!
Esse foi o primeiro encontro, se eu for contar o restos dos dois mêses que se seguiram, alêm de ficar aqui 5 meses escrevendo, eu iria matar todo mundo de inveja, hahahaha.Tô de sacanagem! Mas esse jogo de escrever nas costas virou a desculpa pra falar tudo que a gente tinha medo de falar e foi assim que eu disse que pra ele em forma de pergunta, que eu amava ele:" é possível amar alguém em 3 dias?" . Depois de um mês eu escrevi que não queria viver sem ele e pedi ele em casamento, todo isso escrevendo nas costas. Ah, se desse pra ler o que a gente escreveu! Mais coisa que no meu blog!
Agora eu tô aqui em casa , em NYC, passando frio na primavera, pensando em todas as vezes que eu quiz jogar o namorido pela janela pra ter paz e procurando nas paredes as fotos que a gente nunca imprimiu pra por no porta retrato. Faz muito tempo que a gente não escreve nada nas costas um do outro, faz tempo que a gente não tem tempo de ficar olhando um pro outro discutindo tem quem o olho mais bonito, já faz mas de um ano que isso aconteceu. Tudo isso me faz pensar no que vai acontecer daqui pra frente...
Lá pra frente eu não sei, mas amanhã quando o namorido chegar de viajem eu vou arrancar a camisa dele e vou escrever nas costas dele que eu quase morri de saudade e que o olho dele é o mais bonito!!!!!!!!!!

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

O delicioso aroma de café de manhã cedo, mas bem cedo!



Cafezinho é a amiguinha da Moranguinho, escolhida como o melhor presente de inimigo oculto pra uma garçonete que trabalha em uma cafeteria, ela tem cheirinho de café!

Introdução ao tema

Essa semana, um amigo do Brasil baixou por aqui. Um ex rolo que virou amigo no fim das contas, por que, quem me conhece, sabe que eu sou amiga de verdade de “quase” todos os meus "ex"s.
O fato é que sair com alguém do Brasil, falar da vida em português e conversar fiado, me fez lembrar que existe vida inteligente dentro do meu cérebro. Foi um jantar que foi responsável pela descoberta de neurônios ativos dentro da minha cabeça. Eu desconfio que mutações ou processos evolutivos fizeram com que algumas dessas células se tornassem mais forte possibilitando a sua sobrevivência em ambiente de tamanha hostilidade.

Sobre o ambiente hostil e sua fauna diversa

Você é criada do melhor jeito possível, seus pais fazem tudo por você: Amor carinho, apoio, pagam escola, mandam pra estudar em outro estado, pagam curso de inglês, oficina de dança Butoh, curso de maquiagem e efeitos especiais, iniciação a roteiro pra quadrinhos, e quando eles pensam que você vai entrar no mestrado de antropologia e arqueologia, pra poder dizer que a filha é inteligente, você conhece um sujeito numa loja e resolve morar com ele depois de 2 meses de namoro. Não satisfeita, resolve morar com ele em NYC, ai lá vão os pobres coitados pagar o visto, a viagem, e os seis meses de curso de inglês... Tudo isso pra que? Pra infeliz virar garçonete!

E aqui estou eu, aterrorizada com a percepção tardia de que eu faço 25 esse ano, trabalhando de garçonete nesse lugar que mais parece um zoológico, ou melhor, a arca de Noé, fazendo mais juízo ao local, uma vez que abriga sobreviventes de diferentes espécies de diversas partes do mundo.

Intitulado “Le petit café”, de francês, o lugar só tem o nome e a sujeira, por que o resto… O Dono, um velho resmungão e mão de vaca, é de algum lugar lá pelo oriente médio, não sei bem de onde. Os três “musquiteiros” (cozinheiros/ garçons) são do Egito, um da igreja ortodoxa cristã e o outro, já corrompido pelo tio Sam, casado com uma Americana. A arca conta ainda com a presença de uma Chechena ( eu nem sabia que esse povo conseguia passar pela imigração) totalmente desorientada. Completando a fauna local, o misterioso Lord de Down Stairs, um senhor mexicano que tem lá seus cinqüenta e sabe-se lá quantos anos. Ah, não podemos esquecer da presença não diária , porém corriqueira dos ratinhos, esses autenticamente Novaiorquinos. Francês por lá, ainda não vi nada, mas enfim, em um país onde o American coffee na verdade é colombiano, quem vai se incomodar se o restaurante francês é, na verdade, arab-egip-mexi-che-tupiniquim?!

Sobre as diferentes expécies

Egípcio I

Ainda existe isso? Igreja ortodoxa? Pois é… vivendo e aprendendo…O infeliz , um magricela desengonçado, de dentes entrambelhados se apaixonou por mim. O motivo é o melhor: por que eu sou quieta. A minha falta de paciência pra conversar futilidade com meus colegas de trabalho, foi interpretada como, timidez, submissão, ou sei lá o quê! O fato é que o franzino, como uma noiva virgem no Egito esperando por ele, vive enchendo meu saco dizendo que se eu quiser, ele larga a noiva pra ficar comigo, e que se fosse meu marido, me cobria de ouro hahaha( Inxalá)

Egípcio II

Esse coitado é o mais simples de todos. Trabalhava desde crianças na construção civil no calor do Egito, está aqui nos EUA a quatro anos. Arranjou uma noiva na Califórnia, mas não deu certo. Outro dia, ele me disse que ia conhecer a futura noiva, uma outra. Tinha essa mulher que vinha do Egito, e como ele queria casar com uma egípcia, ia conhecer ela. Me disse que ia comprar um bolo pra levar de presente pra moça. O noivado não deu certo , mas o presente não poderia ter sido mais apropriado, ele não gostou dela por ela era muito gorda.

Egípcio III


Esse tem história mais parecida com algo que a gente entenda. Casou com essa Americana que é 4 anos mais velha que ele e que não gosta de trabalhar. Depois de quatro anos de casado, ele gastou todas as economias que juntou nos EUA com o bicho preguiça, não satisfeita, a moça arrumou um caso com uma outra mulher e deixou o pobre endividado e sozinho!

O Lord de Down Stairs

Essa história é a mais séria e triste de todas. Lorde de Down Stairs saiu do México nos anos 60. Separado, deixou a ex mulher e os filhos, mas sempre mandou apoio financeiro. Aqui conheceu uma Americana de origem Latina também. Na terra prometida, ele prosperou, abriu o próprio negócio e ia vivendo feliz da vida, até descobrir que a mulher tinha outro. Acabou largado pela mulher, enlouqueceu, vendeu o negócio, perdeu tudo que tinha. Pra piorar, a ex mulher, que ficara no México, teve câncer. O tratamento levou os últimos trocados do pobre coitado, que já deve ter bem mais de 50 anos. Agora o Lord de Down Stairs morra no Le petit café, pra economizar dinheiro, em um pedaço de papelão com um edredon velho, ele dorme, lá no finzinho do salão onde ficam as mesas. Ele acorda todo dia 7:30 quando a gente chega pra abrir o café, pega suas coisas e desce a escada que leva pra cozinha, onde ele trabalha durante todo o dia. A cozinha fica no porão, por isso eu batizei ele Lord de Down Stairs.

A Chechena desorientada ( nem sei se é assim que se escreve)

Essa fica por último, por que é a melhor, ou melhor, a pior! A pior garçonete de todos os tempos, no último ano onde começou a trabalhar de garçonete, foi despedida de 5 diferente empregos. Veio pra cá em um intercâmbio, trabalhar em um acampamento de verão e acabou ficando. A mãe chora toda semana no telefone pra ela voltar. Ela, como não tem mais visto, não pode ir pra Rússia se não, não volta mais, mas como quer ir ver a avó doente, está a procura de um falso marido pra se casar ganhar um green card. Tem que ser alguém descente pra não tentar nada com ela, que tem que se casar virgem quando o negócio for de verdade. Quando aconselhada a unir o útil ao agradável encontrando um marido logo de vez, ela explica que a mãe preferiria ela morta a casada com um não- checheno ou não- mulsumano. Exagero? Precisava ver a reação dela quando um dia, de brincadeira, o ortodoxo resolveu fazer o sinal da cruz pra ela… A mulher corria e gritava igual uma louca, se trancou no banheiro apavorada, de onde não saiu por meia hora!

Da rotina diária

Sem dúvida a coisa que a gente tem mais que fazer no café é cappuccino. Não aquele solúvel que a gente tem no Brasil, mas o legítimo cappuccino italiano ( no café francês?!)

Receita de cappuccino

Você primeiro tem que fazer o expresso, que é muito fácil. A única coisa errada que você pode fazer, é por pó demais, ai a máquina meio que explode, jogando a boquila do café pra for a da máquina jorrando borra de café e água quente por todos os lados, nada grave!
Depois, a espuma do cappuccino. Em uma jarra de alumínio, você coloca o leite frio. A máquina de cappuccino tem um caninho que solta vapor quente em alta pressão, você coloca o cano dentro do leite, mas tem que ser na superfície, até começar a formar a espuma, depois você pode ir pro fundo da jarra esquentar o resto do leite. Se esquentar muito, a espuma some e é ai que entra , sem dúvida, a melhor parte: a temperatura do leite! Uma mão controla a altura da jarra no canudo, a outra, espalmada na parte de baixo da jarra, serve pra, justamente, perceber a temperatura do leite. O ponto certo é: quando começar a queimar a mão!
Depois, é só por a espuma de leite em cima do expresso!
Levando em conta que em um sábado normal, eu atendo em média 150 mesas, com no mínimo um pedido de cappuccino por mesa, contando muito por baixo, no fim do dia eu parcialmente queimei minha mão entre 150 a 200 vezes! E tem gente que diz que 20% de gorjeta é muito!

Por que a bicicleta não é o melhor meio de transporte durante a maior nevasca de todos os tempos em NYC

Neste último sábado, depois de trabalhar no café e chegar em casa cheirando a comida, eu reuni todas minhas forças pra me arrumar e marcar uma presença quase que passageira no aniversário da P.
Entrei no meu banho e como sempre, lavei o cabelo duas vezes pra inhaca de comida sair de mim. Eu admito que, não só o fato de ter observado uma fina nevinha cair durante a tarde e começo de noite pela janela do café, mas como também, de ter voltado em minha diária caminhada de 20 minutos pra casa sob as mesmas condições climáticas, a essas alturas do campeonato, não me animavam a dar o ar da graça em nem um lugar que não fossem os braços de Morpheus. Mas como meu ilustríssimo “com sorte” já tinha me aperreado na sexta por que eu não havia saído com ele, e P, sem dúvida, uma das minhas preferidas entre as pessoas com quem eu me relaciono nesta terra de esquisitos, eu não só me arrumei, mas até subi no salto alto.
Na saída do apt, uma amostra do que me aguardava. Um vento cortante, com uma neve, não mais tão fininha, mas também nada de mais. Desistimos do ônibus, no primeiro quarteirão e entramos num táxi. Chegamos no endereço do bar, entramos, mas mesmo lá dentro, levou uns 15 minutos até que eu conseguisse tirar o casaco. C, um dos amigos do namorido do Texas, estranhando o frio tanto quanto eu, chegou mais tarde e mais parecia uma cebola sendo descascada ao tirar todos os apetrechos de frio. Sabendo que teria que acordar cedo de mais na manhã seguinte, tratei de me despedir de todos e apontar pra casa, dei um beijo no namorido e fui…
Sai do bar mas agora, o vento era ainda mais forte e a neve já havia encorpado um bocado. Morrendo de medo de finalizar minhas patinadas de salto alto estatelada no chão escorregadio e coberto de gelo, eu andava a passos de japonesa. Quando atravessei a rua pra pegar o táxi no sentido da minha casa, quase caio no meio da rua, mas foi só um quase. Um, dois, cinco, dez minutos …e nem um táxi disponível passava, quando finalmente um apontou na esquina eu já não sentia as pontas dos dedos das mão e dos pés.
No carro, o taxista falou que era a última corrida, e que depois ia pra casa, pois a ruas estava com muitas neve, perigoso pra dirigir. Enviei uma mensagem ao namorido pra alertá-lo da possibilidade de não encontrar um táxi pra voltar pra casa. Cheguei em casa e mergulhei na cama, a uma da manhã, eu já dormia.
Escuto a porta abrir, e acordo com a visão do namorido praticamente congelado, parecia um frango saído de um refrigerado de frigorífico. Roxo, respirando com dificuldade e com o cabelo, meio molhado, meio congelado. Saiu com os amigos alcoolizado do bar e começaram a brincar na neve, jogar uns aos outros no chão fofinho, guerrinha de bolas de neve, até perceber que seu tênis all star estava encharcado, que ele estava com muito frio e que em todo o tempo em que brincavam como crianças no meio de uma das maiores avenidas de NYC, nem se quer um único carro havia passado por lá. Vendo que teria que ir a pé até o apartamento, o que sem neve, é passível de ser feito em 25 minutos aproximadamente, o infeliz, completamente alcoolizado, começou a correr a caminho de casa. Chegou congelado e quase sem respirar, mas, em fim, vivo.
Acordo as sete e olho pra fora pela janela. Vinha vista da janela não é nada mais do que o telhado da loja do lado do meu prédio, não vi a rua, mas vi que a neve desta vez tinha realmente tinha crescido. Pus um bocado de roupa, peguei meu singelo guarda chuva, por que a neve ainda caia, e me pus da porta pra fora e…
Puta que pariu! Nem uma alma viva na rua…tudo branco, uma neblina que encobria a visão a mais de 50 metros, a neve caia desgovernadamente, o vento parecia enlouquecidamente querer me separar de meu guarda chuva, que se retorcia a suas rajadas. Quando dei o primeiro passo, meu pé afundou e a neve chegou até meu joelho, nessa hora eu me lembrei que eu teria uma caminhada que, sem neve, era cumprida em 20 minutos. Ai, ai…lá vai a escrava Isaura afundando na neve resmungando que só ela, os mexicanos e os chineses tinham posto as fuças pra fora naquela condição, embora não visse muitos nem dessas etnias a perambular.
No meio da nevasca, um teste de civilidade…quase congelando, coberta de neve, por que essa peste não cai igual chuva de cima pra baixo, ela parece que vem de todas as direções, encontro uma senhora mexicana perdida no meio da nevasca. Continuar e fingir que não percebeu que a mulher precisa de ajuda e chegar em um lugar quente e seco logo, ou prolongar a tortura pra ajudar aquela sofrida figura que provavelmente não seria nem capaz de falar inglês comigo. Bem, como Isaura era uma escreva boa, lá fui eu gastar o portunhol pra decobrir aonde a louca ia. Quando achei o lugar, tratei de encaminhar a mexicana e corri pro meu café. No caminho a neve as vezes aparecia quase da altura do meu quadril. Bonito era, mas quando eu cheguei no café, eu parecia a abominável garçonete das neves.
Durante as cinco horas seguintes eu, outra garçonete da Chechenia, um garçom do Egito e um limpador de mesa e carregador de prato sujo mexicano atendemos uma única mesa, até o outro garçom egípcio chegar e ligar pro dono do Café que liberou a mim a a Chechena pra ir pra casa.
Toda a jornada de ida foi repedida na volta, só que agora as ruas já estavam cheias de crianças fazendo guerra de neve, brincando de trenó e correndo com os cachorros ( gente cachorro adora neve!)
Em casa, me empenhei a tarefas caseiras de arrumação e decoração( eu tô construindo uma mesa) até a noitinha quando o namorido, depois de ler algumas coisinhas na net, me disse que esse dia havia batido o recorde: a maior quantidade de neve caída em NYC em um único dia, em todos os tempos!
E ai? Tava querendo saber se a Piauí aqui ia se virar no frio de NY? Eu estreei a neve da Orchard Street (quando eu sai, não tinha nem uma pegadinha!) no dia da maior nevasca de todos os tempos na Big Apple , baby!

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Ai o amor…

Então, depois de alguns minutos encarando o computador pensando que eu tenho que escrever no meu blog antes que eu desista dele, e de vasculhar minha mente minuciosamente em busca de algo engraçado pra contra aqui, uma vez que eu me recuso a escrever um blog que seja sério, eu me vejo obrigada a entrar nesse assunto.
Adianto, que, como de costume, a história é comprida e começa assim:
Era uma vez essa garota que era gata pra caramba! Muito gata mesmo! Ela morava numa cidade pequena e quando chegou a hora de ir pra faculdade, ela teve que se mudar. Ela foi pra essa cidade que era bem maior do que a pequenininha onde ela tinha sido criada. Foi pra escola numa época bem “sexo, drogas e rock and roll”. Lá, ela conheceu esse cara. Eles estavam jogando ping-pong, nada especificamente romântico, mas ele não pode deixar de reparar o quanto ela era bonita e jura até hoje que deixou ela ganhar várias partidas só pra criar intimidade. Ele, longe de ao menos lembrar alguém bonito, magricelo e maltrapilho, sabia como ninguém compensar a falta de formosura com uma notável habilidade com as palavras.
Ele, acabara de sair de um relacionamento de 10 anos, uau! Ela, prometia não namorar outro bonitão como o último, por que sentia um certo desconforto ao perceber que suas “amigas” alisavam as pernas desse tipo sob as mesas das lanchonetes. Por tanto, aquele era um encontro um tanto conveniente.
Quando perceberam, lá estavam eles apaixonados e prontos pra conhecer as respectivas famílias…ai , ai, ai…eu ainda não citei aqui o impronunciável nome do rapaz…bem, nem vou, … mas que se registre que o mesmo era tão impronunciável, que por mais que a adorável senhora, a mãe da moça, tentasse, ela não conseguia se lembrar, e o confundia com o nome de uma marca famosa de eletrodomésticos.
O nome, na verdade, era um detalhe engraçado, por que o resto era mesmo assustador. O pacato casal, os pais da moça, que criou seu cinco filhos em uma bucólica cidade do interior, via a mais bela de suas filhas seriamente comprometida com este…rapaz? Bem, a descrição do rapaz feita pelo pai da moça, foi a de um palito, que em uma extremidade se atrelava a um balaio (era como se referia ao cabelo do rapaz , estilo black power) e em outra, a um imundo par de tênis… e aquele nome…como é mesmo que ele se chama?
Passadas as primeiras péssimas impressões, lá estava o magricela desenrolando o latim como só ele sabia, e o adorável casal de velhinhos já se mostrava, a esse ponto, a cultivar uma certa simpatia por aquela estranha figura.
Ela achava bem charmosa aquela postura de casar com aliança emprestada, coisinha simples, bem 70`s sabe como? Amor e cabana, embora o estilão do moço não permitisse que o mesmo entrasse nesse tipo de sentimentalidade. Casaram-se então!
A moça tava formando na faculdade quando o primeiro filho foi encomendado. Os trabalhos finais da moça foram feitos pelo pai da criança uma vez que a barriga da mãe a impedia de alcançar a mesa.
Antes da criança nascer, a oportunidade de prosperidade se apresentou ao rapaz. Seria se mudar pra sua cidade natal e dirigir um negócio com seu pai. O detalhe era o seguinte: a cidade natal do rapaz era nos confins , depois de onde Judas perdeu as meias. Nesse tempo, passagem de avião era coisa de barão e as estradas eram, uma verdadeira selva por onde o casal passou na sua mudança de endereço.
Um dos momentos engraçados da viagem foi quando, ao despertar de um cochilo no banco traseiro do carro, a moça deu de cara dom uma cobra gigante a centímetros de seu rosto. Perto de mais pra perceber que a cobra estava do outro lado do vidro do carro, antes de promover uma cena hilariante de pânico. O rapaz havia parado pra comprar milho assado na estrada, e um homem que havia encontrado essa cobra, “mansinha, mansinha”, rodeava vendedores de estrada se gabando do achado.
Lá estavam eles, vivendo nessa cidade pra lá de longe da família da moça e ela prestes a ter um bebê. A senhora, avó da criança, enfrentou seu medo de voar e foi parar na cidade que de tão quente, mais parecia a casa de férias do Coisa Ruim em pessoa.
Nasceu a primeira filha, tadinha, tão feia que a avó não consegui conter o comentário (feito, claro, não em frente aos pais): “Jesus, Maria, José, como é feia, tadinha dessa menina! Mas o importante é que tem saúde”. Saúde o cacete: o capeta da criança era vermelha como um pimentão, e tinha a cara extremamente amassada pra um dos lados, o nariz torto de da dó. Os médicos consolavam dizendo que com alguns dias melhoraria, pois ela devia estar com aquele lado do rosto apoiado na barriga da mãe e por isso a deformidade. “Assim a gente espera!” , pensou a senhora.
Demorou mais do que alguns dias, pra ansiedade da senhora, mas quando a garotinha estava lá nos seus dois meses, ela estava muito bonitinha!
Um pouco mais de um ano depois, veio a segunda gravidez, e a moça que passara pelo perrengue de ter o primeiro filho longe da família, com a ajuda apenas da mãe, arrumou as malas e voltou pra sua cidade natal, pra ter o segundo rebento por lá.
E assim o foi, nasceu dessa vez um menino, que de tão preguiçoso, quase mata a mãe de preocupação. Nasceu e dormiu, dormiu por 24 horas , não acordou pra comer, a mãe, chamou o irmão, médico, pois não sabia se o menino estava vivo. Diga-se de passagem que 24 anos depois, o menino se comporta da mesma maneira, dorme, dorme e não acorda nem pra comer!
Voltou pra casa com as duas crianças e o marido! Os dois trabalhando muito, as crianças sempre reclamando, mas muito bem guardadas pela fiel escudeira, a babá. As crianças foram muito bem educadas, ambiente saudável, coisa e tal.
Uma vez a amiga da filha do casal estava com ela na mesa de café da manhã e fez uma observação engraçada. Depois do pai entrar na sala e encontrar a filha, a amiga da filha e a esposa, o pai passou pelas três, dando,em cada uma, um beijo na testa e fazendo uma piadinha. Ele se sentou e os quarto tomaram café conversando. A amiga permanecia calada como sempre, meio tímida, mas sempre muito engraçada quando resolvia falar. O pai e a mãe saíram pra trabalhar no sábado de manhã. A filha percebendo a amiga reflexiva perguntou no que passava. “Sua família parece família de propaganda de margarina”, a garota riu como ria todas as vezes que essa amiga fazia qualquer pontuação sobre qualquer que fosse o assunto em pauta, mas ficou lá pensando como tinha sorte de ter uma família de margarina, sua amiga tinha pais separados e uma vida muito pouco organizada antes dos 12 anos de idade.
E assim permaneceu por um bom tempo, pais exemplares, faziam tudo pelos filhos. Unidos como o quê por esses rebentos, orgulhosos, cuidadosos e bacanas! Os filhos do casal remanescente dos anos 70 receberam criação invejada pelos amiguinhos.
Mas como eu falei, a família morava nesse lugar, que com o passar do anos e desenvolvimento da tecnologia e do sistema de transporte, já não era assim um fim de mundo, mas era pequena de mais pras mentes das duas crianças criadas por um casal tão bacana! E lá se foram os rebentos, cada um pra uma metrópole, cada um em um canto do país.
A mãe, então, começou a reclamar que a casa estava muito quieta, vazia. Ela visitava as crianças constantemente, mas o pai guardava vigilha de longe e preferia aguardar as crias na toca.
Foi ai que tudo começou. O casal, agora sem os filhos em casa, descobriu que os dois haviam mudado, descobriu também que eram as crianças que escolhiam o filme do cinema no domingo, pois uma vez que eles não estavam mais lá era impossível chegar a um acordo. Mesmo coisas simples como escolher um restaurante, ou um programa pro fim de semana se tornara impossível, sem o poder moderador das crianças, o casal descobrira que haviam se tornado pessoas completamente diferentes uma da outra.
Pra piorar, os filhos resolveram ir pra ainda mais longe e a mãe não mais contava com o recurso que usava constantemente pra se livrar dessa sensação: visitar os filhos! Agora, ambos os filhos haviam se mudado do país, cada um pra um lado diferente.
O jeito foi mergulhar em trabalho e estudo pra preencher o espaço irremediavelmente aberto no lar.
Foi quando, sem muito rapa-pé, a mãe anunciou com um tom: “tenho uma coisa pra te contar”, que o casal estava se separando.
A mãe como viaja muito a trabalho se mudaria pra um apartamento menor e o pai ficaria na casa com os dois gatos e o cachorro, questão de segurança. O pai estava ajudando a mobilhar o apartamento novo. O melhor foi a preocupação da ex mulher em levar o ex marido ao supermercado pra ensiná-lo a fazer compras antes de se mudar, pra que ele soubesse se virar na sua ausência.
E assim, sem traumas ou brigas o casal se desfez…
A filha, a milhas de distância, recém casada, não pode deixar de pensar nas semelhanças. Ela havia saído de um relacionamento longo antes de conhecer o seu parceiro. Como o pai, se apaixonado, como a mãe, mudado pra longe da família e amigos, se vendo casada muito antes do que ela imaginava ou esperava que isso acontecesse.
A filha, que já havia chorado algumas vezes pela separação do casal bacana que a criou, e estava agora em frente ao computador parou de escrever e olhou pro lado onde viu seu marido/ namorido* e tentou imaginar como os dois seriam depois de 25 anos de casados. Não conseguiu imaginar nada e não conseguiu concluir se essa ausência de expectativa era algo bom ou ruim.