Neste último sábado, depois de trabalhar no café e chegar em casa cheirando a comida, eu reuni todas minhas forças pra me arrumar e marcar uma presença quase que passageira no aniversário da P.
Entrei no meu banho e como sempre, lavei o cabelo duas vezes pra inhaca de comida sair de mim. Eu admito que, não só o fato de ter observado uma fina nevinha cair durante a tarde e começo de noite pela janela do café, mas como também, de ter voltado em minha diária caminhada de 20 minutos pra casa sob as mesmas condições climáticas, a essas alturas do campeonato, não me animavam a dar o ar da graça em nem um lugar que não fossem os braços de Morpheus. Mas como meu ilustríssimo “com sorte” já tinha me aperreado na sexta por que eu não havia saído com ele, e P, sem dúvida, uma das minhas preferidas entre as pessoas com quem eu me relaciono nesta terra de esquisitos, eu não só me arrumei, mas até subi no salto alto.
Na saída do apt, uma amostra do que me aguardava. Um vento cortante, com uma neve, não mais tão fininha, mas também nada de mais. Desistimos do ônibus, no primeiro quarteirão e entramos num táxi. Chegamos no endereço do bar, entramos, mas mesmo lá dentro, levou uns 15 minutos até que eu conseguisse tirar o casaco. C, um dos amigos do namorido do Texas, estranhando o frio tanto quanto eu, chegou mais tarde e mais parecia uma cebola sendo descascada ao tirar todos os apetrechos de frio. Sabendo que teria que acordar cedo de mais na manhã seguinte, tratei de me despedir de todos e apontar pra casa, dei um beijo no namorido e fui…
Sai do bar mas agora, o vento era ainda mais forte e a neve já havia encorpado um bocado. Morrendo de medo de finalizar minhas patinadas de salto alto estatelada no chão escorregadio e coberto de gelo, eu andava a passos de japonesa. Quando atravessei a rua pra pegar o táxi no sentido da minha casa, quase caio no meio da rua, mas foi só um quase. Um, dois, cinco, dez minutos …e nem um táxi disponível passava, quando finalmente um apontou na esquina eu já não sentia as pontas dos dedos das mão e dos pés.
No carro, o taxista falou que era a última corrida, e que depois ia pra casa, pois a ruas estava com muitas neve, perigoso pra dirigir. Enviei uma mensagem ao namorido pra alertá-lo da possibilidade de não encontrar um táxi pra voltar pra casa. Cheguei em casa e mergulhei na cama, a uma da manhã, eu já dormia.
Escuto a porta abrir, e acordo com a visão do namorido praticamente congelado, parecia um frango saído de um refrigerado de frigorífico. Roxo, respirando com dificuldade e com o cabelo, meio molhado, meio congelado. Saiu com os amigos alcoolizado do bar e começaram a brincar na neve, jogar uns aos outros no chão fofinho, guerrinha de bolas de neve, até perceber que seu tênis all star estava encharcado, que ele estava com muito frio e que em todo o tempo em que brincavam como crianças no meio de uma das maiores avenidas de NYC, nem se quer um único carro havia passado por lá. Vendo que teria que ir a pé até o apartamento, o que sem neve, é passível de ser feito em 25 minutos aproximadamente, o infeliz, completamente alcoolizado, começou a correr a caminho de casa. Chegou congelado e quase sem respirar, mas, em fim, vivo.
Acordo as sete e olho pra fora pela janela. Vinha vista da janela não é nada mais do que o telhado da loja do lado do meu prédio, não vi a rua, mas vi que a neve desta vez tinha realmente tinha crescido. Pus um bocado de roupa, peguei meu singelo guarda chuva, por que a neve ainda caia, e me pus da porta pra fora e…
Puta que pariu! Nem uma alma viva na rua…tudo branco, uma neblina que encobria a visão a mais de 50 metros, a neve caia desgovernadamente, o vento parecia enlouquecidamente querer me separar de meu guarda chuva, que se retorcia a suas rajadas. Quando dei o primeiro passo, meu pé afundou e a neve chegou até meu joelho, nessa hora eu me lembrei que eu teria uma caminhada que, sem neve, era cumprida em 20 minutos. Ai, ai…lá vai a escrava Isaura afundando na neve resmungando que só ela, os mexicanos e os chineses tinham posto as fuças pra fora naquela condição, embora não visse muitos nem dessas etnias a perambular.
No meio da nevasca, um teste de civilidade…quase congelando, coberta de neve, por que essa peste não cai igual chuva de cima pra baixo, ela parece que vem de todas as direções, encontro uma senhora mexicana perdida no meio da nevasca. Continuar e fingir que não percebeu que a mulher precisa de ajuda e chegar em um lugar quente e seco logo, ou prolongar a tortura pra ajudar aquela sofrida figura que provavelmente não seria nem capaz de falar inglês comigo. Bem, como Isaura era uma escreva boa, lá fui eu gastar o portunhol pra decobrir aonde a louca ia. Quando achei o lugar, tratei de encaminhar a mexicana e corri pro meu café. No caminho a neve as vezes aparecia quase da altura do meu quadril. Bonito era, mas quando eu cheguei no café, eu parecia a abominável garçonete das neves.
Durante as cinco horas seguintes eu, outra garçonete da Chechenia, um garçom do Egito e um limpador de mesa e carregador de prato sujo mexicano atendemos uma única mesa, até o outro garçom egípcio chegar e ligar pro dono do Café que liberou a mim a a Chechena pra ir pra casa.
Toda a jornada de ida foi repedida na volta, só que agora as ruas já estavam cheias de crianças fazendo guerra de neve, brincando de trenó e correndo com os cachorros ( gente cachorro adora neve!)
Em casa, me empenhei a tarefas caseiras de arrumação e decoração( eu tô construindo uma mesa) até a noitinha quando o namorido, depois de ler algumas coisinhas na net, me disse que esse dia havia batido o recorde: a maior quantidade de neve caída em NYC em um único dia, em todos os tempos!
E ai? Tava querendo saber se a Piauí aqui ia se virar no frio de NY? Eu estreei a neve da Orchard Street (quando eu sai, não tinha nem uma pegadinha!) no dia da maior nevasca de todos os tempos na Big Apple , baby!
Entrei no meu banho e como sempre, lavei o cabelo duas vezes pra inhaca de comida sair de mim. Eu admito que, não só o fato de ter observado uma fina nevinha cair durante a tarde e começo de noite pela janela do café, mas como também, de ter voltado em minha diária caminhada de 20 minutos pra casa sob as mesmas condições climáticas, a essas alturas do campeonato, não me animavam a dar o ar da graça em nem um lugar que não fossem os braços de Morpheus. Mas como meu ilustríssimo “com sorte” já tinha me aperreado na sexta por que eu não havia saído com ele, e P, sem dúvida, uma das minhas preferidas entre as pessoas com quem eu me relaciono nesta terra de esquisitos, eu não só me arrumei, mas até subi no salto alto.
Na saída do apt, uma amostra do que me aguardava. Um vento cortante, com uma neve, não mais tão fininha, mas também nada de mais. Desistimos do ônibus, no primeiro quarteirão e entramos num táxi. Chegamos no endereço do bar, entramos, mas mesmo lá dentro, levou uns 15 minutos até que eu conseguisse tirar o casaco. C, um dos amigos do namorido do Texas, estranhando o frio tanto quanto eu, chegou mais tarde e mais parecia uma cebola sendo descascada ao tirar todos os apetrechos de frio. Sabendo que teria que acordar cedo de mais na manhã seguinte, tratei de me despedir de todos e apontar pra casa, dei um beijo no namorido e fui…
Sai do bar mas agora, o vento era ainda mais forte e a neve já havia encorpado um bocado. Morrendo de medo de finalizar minhas patinadas de salto alto estatelada no chão escorregadio e coberto de gelo, eu andava a passos de japonesa. Quando atravessei a rua pra pegar o táxi no sentido da minha casa, quase caio no meio da rua, mas foi só um quase. Um, dois, cinco, dez minutos …e nem um táxi disponível passava, quando finalmente um apontou na esquina eu já não sentia as pontas dos dedos das mão e dos pés.
No carro, o taxista falou que era a última corrida, e que depois ia pra casa, pois a ruas estava com muitas neve, perigoso pra dirigir. Enviei uma mensagem ao namorido pra alertá-lo da possibilidade de não encontrar um táxi pra voltar pra casa. Cheguei em casa e mergulhei na cama, a uma da manhã, eu já dormia.
Escuto a porta abrir, e acordo com a visão do namorido praticamente congelado, parecia um frango saído de um refrigerado de frigorífico. Roxo, respirando com dificuldade e com o cabelo, meio molhado, meio congelado. Saiu com os amigos alcoolizado do bar e começaram a brincar na neve, jogar uns aos outros no chão fofinho, guerrinha de bolas de neve, até perceber que seu tênis all star estava encharcado, que ele estava com muito frio e que em todo o tempo em que brincavam como crianças no meio de uma das maiores avenidas de NYC, nem se quer um único carro havia passado por lá. Vendo que teria que ir a pé até o apartamento, o que sem neve, é passível de ser feito em 25 minutos aproximadamente, o infeliz, completamente alcoolizado, começou a correr a caminho de casa. Chegou congelado e quase sem respirar, mas, em fim, vivo.
Acordo as sete e olho pra fora pela janela. Vinha vista da janela não é nada mais do que o telhado da loja do lado do meu prédio, não vi a rua, mas vi que a neve desta vez tinha realmente tinha crescido. Pus um bocado de roupa, peguei meu singelo guarda chuva, por que a neve ainda caia, e me pus da porta pra fora e…
Puta que pariu! Nem uma alma viva na rua…tudo branco, uma neblina que encobria a visão a mais de 50 metros, a neve caia desgovernadamente, o vento parecia enlouquecidamente querer me separar de meu guarda chuva, que se retorcia a suas rajadas. Quando dei o primeiro passo, meu pé afundou e a neve chegou até meu joelho, nessa hora eu me lembrei que eu teria uma caminhada que, sem neve, era cumprida em 20 minutos. Ai, ai…lá vai a escrava Isaura afundando na neve resmungando que só ela, os mexicanos e os chineses tinham posto as fuças pra fora naquela condição, embora não visse muitos nem dessas etnias a perambular.
No meio da nevasca, um teste de civilidade…quase congelando, coberta de neve, por que essa peste não cai igual chuva de cima pra baixo, ela parece que vem de todas as direções, encontro uma senhora mexicana perdida no meio da nevasca. Continuar e fingir que não percebeu que a mulher precisa de ajuda e chegar em um lugar quente e seco logo, ou prolongar a tortura pra ajudar aquela sofrida figura que provavelmente não seria nem capaz de falar inglês comigo. Bem, como Isaura era uma escreva boa, lá fui eu gastar o portunhol pra decobrir aonde a louca ia. Quando achei o lugar, tratei de encaminhar a mexicana e corri pro meu café. No caminho a neve as vezes aparecia quase da altura do meu quadril. Bonito era, mas quando eu cheguei no café, eu parecia a abominável garçonete das neves.
Durante as cinco horas seguintes eu, outra garçonete da Chechenia, um garçom do Egito e um limpador de mesa e carregador de prato sujo mexicano atendemos uma única mesa, até o outro garçom egípcio chegar e ligar pro dono do Café que liberou a mim a a Chechena pra ir pra casa.
Toda a jornada de ida foi repedida na volta, só que agora as ruas já estavam cheias de crianças fazendo guerra de neve, brincando de trenó e correndo com os cachorros ( gente cachorro adora neve!)
Em casa, me empenhei a tarefas caseiras de arrumação e decoração( eu tô construindo uma mesa) até a noitinha quando o namorido, depois de ler algumas coisinhas na net, me disse que esse dia havia batido o recorde: a maior quantidade de neve caída em NYC em um único dia, em todos os tempos!
E ai? Tava querendo saber se a Piauí aqui ia se virar no frio de NY? Eu estreei a neve da Orchard Street (quando eu sai, não tinha nem uma pegadinha!) no dia da maior nevasca de todos os tempos na Big Apple , baby!
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