sexta-feira, setembro 13, 2013

Como organizar uma festa de casamento em 14 dias.


Tudo começou muito descompromissadamente. Nós iriamos ou City Hall, eu compraria um vestido e um anel em um brechó só para tirar umas fotinhas para a posteridade, mas assim que contei para as amigas que ia me casar...

“Você vai usar um vestido?”
“Eu posso ir?”
“Eu posso levar flores?”
“A gente pode ir almoçar depois?”

Antes que percebesse, meu casamento tinha virado uma festa! O único problema era que a data marcada era em 2 semanas.

Depois de arrumar um Marido em 13 horas, agora era hora de organizar um casamento em 14 dias. Quem me conhece sabe que para mim, 14 dias é tempo suficiente pra  construir um foguete e ir e voltar 2 vezes a lua. O problema era arrumar o tal do casamento numa NYC toda estropiada por furacão, trabalhando 10 horas por dia, 5 vezes por semana e sem gastar dinheiro! Como sempre a solução foi a mesma: vou fazer tudo eu mesma!

Lá sai a louca no meio de NYC caminhando a pé por que os metros ainda não estavam funcionando depois das estações de baixa Manhattan terem sido inundadas pelo furacão. Caminhei da rua 73 até a 33 onde encontrei uma amiga que perambulava a deriva pela cidade esperando a hora de encontrar com seu amado. Ela me acompanhou até Mood Fabrics. Quando a gente entra nas grandes lojas de tecido de NYC a gente fica tão encantada com a quantidade de tecido, que nunca imagina entrar no lugar e não achar o que precisamos, mas é claro que isso aconteceu comigo.

O único tecido que na loja inteira que gostei era uma seda. A seda mais lida com a cor perfeita e um caimento de deusa... O problema era que só tinha um metro e meio da bendita seda e por mais que eu fosse econômica, eu ainda não era milagreira. Minha amiga me perguntou:

“E aí!? Vai levar a que você gosta, ou a seda que você pode comprar no tamanho suficiente?”

“Meu pai sempre diz que mais vale um gosto do que uma carrada de abóboras! Eu dou um jeito, mas eu caso com essa bendita seda!”- comprei a diaba e voltei andando para casa reclamando a falta de transporte público!

O tecido era tão delicado que se você olhasse para ele torto ele já puxava um fio, por isso resolvi costurar uma saia a mão! Tudo bem... ia ter uma saia, mas e o resto? Convoquei todas as meninas que moravam comigo:

“Preciso que vocês despenquem do guarda roupa de vocês tudo que vocês tem em branco ou tons neutros!”

Uma pilha de blusas, saias e vestidos se formou na minha frente sem com que minhas amigas entendessem nada comecei a examinar as peças. Achei um vestido curtíssimo, altamente periguete, mas com um tecido bonito. Coloquei o vestido sob os olharem curiosos de minhas amigas e comecei a repuxa-lo para todos os lados. Prendia uma parte um cinto, outra com um broche, outras com alfinetes e acabei fazendo uma blusa drapiada do  vestido. Peguei a seda embolei sob a blusa e prendi com um alfinete. Me olhei no espelho e me virei para as minhas amigas:

“E ai?”

Elas me olhavam meio abobadas principalmente a dona do vestido.

“Como diabos vocês fez isso?”

Eu ainda não tinha feito, mas ia fazer! Passei as noite e as manhas costurando a saia pacientemente a mão com a agulha mais fininha de todas, com fé de que terminaria a tempo.

O vestido, todo mundo esperava que eu conseguisse fazer, inclusive eu! O problema era o resto! Decoração, bebida, comida, organização... Resolvi casar no Central Park e fazer a festa na varanda da minha casa, tudo muito prático, um vez que meu apartamento ficava a um quarteirão de lá!

Fui passear no Central Park assim que ele foi reaberto depois do Sandy. Várias árvores haviam caído, muitas que tinham sido comprometidas estavam sendo cortadas, mas aquele parque é o parque, principalmente no Outono! Por isso não ouve furação que os despenteasse o suficiente! Andamos procurando o lugar ideal, mas na hora de resolver, o coração bateu mais forte e escolhi um gramado a frente do lado onde havia levado o Grandalhão para fazer o seu primeiro pic-nic.

Logo depois de escolher o Parque como local, o noivo começou e a se preocupar. O clima instável do início de Novembro não era dos mais confiáveis para um casamento ou ar livre. Para reforçar essa preocupação, no fim de semana após o furação, NYC foi atingida por uma nevasca!

“Qual é o plano B?”- ele me perguntou.

“Não tem plano B! Agente vai casar no parque e a festa vai ser na varanda!”

“E se chover?”

“Não vai chover!”

“E se nevar?!”

“Ia ser lindo, mas também não vai nevar! Vai ser um dia lindo, você vai ver! Eu não preciso de plano B!”

Nem ele nem ninguém com um pingo de juízo acreditavam que depois de um furação e uma nevasca, o tempo ira milagrosamente melhorar, só eu! Continuei arrumando a decoração, encomendando as bebidas e desenvolvendo o cardápio, sem pensar no tempo.

Alguns dias antes da data marcada, iniciei a parte mais difícil: Cozinhar para 30 pessoas! Sempre cozinho para muita gente, mas havia prometido ao Grandalhão que no dia do casamento não cozinharia: Menti!

Na noite anterior não fui dormir até as 3 horas da manhã. As últimas coisas que ficaram para a manhã seguinte foram quibe veganos, que foram assados enquanto fui no supermercado comprar flores. Na manhã do casamento acordei as 7 da manhã depois de 4 horas mal dormidas enfiei os quitutes no forno com o fogo baixo e  fui resolver o resto das coisas.

Quase desloquei o ombro carregando uma quantidade sobre humana de flores na rua. Todo mundo me parava e perguntava:

“Nossa para que tantas flores?”

“Eu vou casar hoje.”

“Hoje? E você que anda carregando as flores?”

“Pois é o casamento é daqui a 3 horas, tenho que correr!”

“Parabéns!”

“Obrigada!”

Tive essa conversa 3 vezes no caminho de casa. Quase cai escada a baixo subindo os 4 andares até chegar no meu apartamento encharcada de suor! Tirei o quibe do forno antes que o noivo chegasse e brigasse comigo por estar cozinhando no dia do casamento. Escolhi as flores para o boque, peguei um retalho que havia sobrado da saia e coloquei o dito cujo de lado. Arrumei os vasos e foi tempo suficiente para que minhas amigas e o Grandalhão chegasse com meu cunhado.

O noivo olhou para o meu quarto que estava de pernas para o ar com pedaços de panos flores e todo o tipo de parafernália espalha por todos os lados! Se sentou na cama e soltou um grito! Se levantou e quando eu vi tinha uma tesourinha pendurada na bunda do pobre coitado!

“Au!!! Onde já se viu deixa tesoura na cama!”

Pedi desculpas, desinfetei o machucado e fui atrás de um band aid.

“Só tem Band aid do Snoopy, tem problema?”
Ele riu e foi se arrumar para se casar comigo com a bunda remendada com um band aid do Snoopy!

O Grandalhão e o irmão foram para o terraço com uma lista de instruções de como terminar a decoração da varanda, uma amiga recebeu uma lista de como arrumar as comidas e outra de como se encontrar com os convidados no local marcado e leva-los para o local da cerimônia. A última amiga a receber função foi a que me casaria. Entreguei o texto que ela leria na cerimônia, que tinha escrito naquela semana cheia. Depois de distribuir mil funções, olhei para o relógio!

“Droga! O casamento é em uma hora, não vai dar tempo de fazer minhas unhas!”

Fui tomar banho, escovei os cabelos, fiz o penteado, a maquiagem e achei uma luvinha branca que cobrisse as minhas unhas de pedreiro e coloquei o vestido.

“Droga! A saia está caindo!”

Um clássico! Havia trabalhado tanto no casamento que emagreci demais e a saia não cabia mais. Peguei uns 3 alfinetes apertei e fui embora!

Encontrei como meu amigo que me levaria até o Grandalhão uma vez que meu pai não estava presente e acompanhada peal fotógrafa fomos até a Central Park West Avenue. Todo mundo achando que eu ia me casar com meu amigo, nos parava e nos dava os parabéns. Eu ria, agradecia e continuava andando, algumas meninas japonesas pediram para tirar foto comigo, mas quando realmente comecei a andar dentro do parque, fiquei nervosa.


Era o dia mais bonito de qualquer Outono em Nova Iorque. Era como se a primavera tivesse de repente visitado o Outono, trazendo um dia morno e ensolarado em meio ao colorido das árvores caducifólias da estação. Meu amigo não cansava de repetir, quanta sorte eu tinha de ter um tempo tão perfeito no meio de Novembro um mês geralmente, frio, cinzento e chuvoso!

“Sabia que não precisava de plano B!”- respondi sorrindo!

 

Meu amigo me levou ao local onde o Grandalhão esperava nervosamente por mim. Seu amigo, vocalista de uma banda de rock, tocava no violão e cantava a meu pedido All day and all of the night dos The Kinks, mas o nervosismo impediu que percebesse que andava depressa demais e o pobre coitado só teve tempo de cantar:

“Girl, I want to be with you
all of the T...”



Como o tempo era de primavera, a natureza fez questão de nos lembrar que era Outono e quando minha amiga que realizava a cerimônia começou a falar uma folha enorme caiu bem no meio da cara dela, desconcertando a garota e levando os convidados as gargalhadas. E em uma cerimônia de pouco mais de 5 minutos, eu e o Gradalhão fomos pronunciados marido e mulher!
 

Voltamos para casa onde bebemos, lamentamos os ausentes, ligamos paras pais, cortamos bolo, comemos minha comida (100% vegana!), quase destruímos a casa e por fim tivemos que enxotar os amigos Irlandeses do Gradalhão que poderiam ter ficado na varando bebendo por 3 dias seguidos se não fossem interrompidos!


Fui dormir exausta! Como se tivesse corrido uma maratona, mas aí um enorme sorriso me disse por meio a uma barba ruiva:

“Good job! That was a great wedding!”

“É, fui um casamento ótimo!”- resolvi orgulhosa!

Eu e o Grandalhão nos casamos em 14 dias. Meu boque custou $9, meu vestido $30 e a festa toda $1,000.00, para o desespero dos organizadores profissionais de casamento ;)

Para que fosse perfeito, só faltaram os amigos e os familiares do Brasil e da Irlanda!


Link do vídeo colagem de fotos do casamento no meu Facebook:
https://www.facebook.com/photo.php?v=10152272685190570&set=vb.117319914963594&type=2&theater 

segunda-feira, agosto 12, 2013

Abaixo as expectativas!


Cheguei no trabalho hoje incapaz de me concentrar. Depois de uma semana turbulenta no meu casamento (nada fora do comum) e uma longa conversa com uma amiga vivendo em uma situação de limbo amoroso e profissional, meu cérebro não conseguia computar outra coisa além do conceito de expectativa.

Lembrei de uma entrevista que vi em um documentário com Dalai Lama. O repórter lhe disse que em suas vastas viagem pelo mundo, os lugares mais pobres eram onde as pessoas aparentavam ser mais felizes. Ele perguntou ao líder espiritual o qual achava ser o motivo e tal fenômeno. Dalai Lama sorriu muito simpático e respondeu que era a expectativa. Essas pessoas pobres e felizes não tinham grandes ambições, tinha o suficiente para viver e clareza para apreciar o que tinham. Pessoas com grandes expectativas vivem sempre no futuro, passam desapercebidos pelo presente e vivem constantemente com o sentimento de frustração.


Esse conceito de desapego é o inferno para mim, sempre sonhei alto, fiz e aconteci, tive ambição, por isso esse desapego com o futuro sempre me pareceu marasmo e conformismo. Acontece, que quanto mais perto a gente chega dos sonhos e das realizações, nós (pelo menos eu!) vemos as realizações sendo substituídas por outras ambições e um círculo vicioso onde nos encontramos destinados a desejar e se frustrar!

Esse conceito fica nebuloso na nossa vida profissional, por que em teoria, na vida profissional, existe sempre um degrau a cima, por isso a ambição tem o seu lugar de uma certa forma, mas quando transportamos ele para nossa vida pessoal, tudo fica claro como cristal!

As mulheres da minha geração foram criadas para terem tudo: carreira, família, amor. Nós esperamos isso da vida! Independência financeira, carreiras estimulantes, um grande amor, os frutos de um grande amor... Pouco sabemos nós que o dia só tem 24 horas, que eficiência tem limite e que as vezes uma coisa pode entrar no caminho da outra e nos deixar em uma encruzilhada onde decisões nada agradáveis tem que ser feitas. O pior é  saber que não existem garantias de qual seja a escolha certa.

Digo sempre para o meu marido que cresci achando que era destinada a grandes atos. Meus infantis sonhos de filantropia tropeçaram na minha incapacidade de ficar podre de rica, pelo menos até agora.

Minha mãe me disse que quando era criança, durante uma conversa com uma prima, ela observou o seguinte diálogo:

“Quando crescer, vou fazer filmes e vou morar em Nova Iorque”- Laurinha.

Minha mãe para a minha priminha:

“E você meu bem? O que vai ser quando crescer!?”

“Vou ser advogada e ganhar bastante dinheiro para visitar a Laurinha em Nova Iorque!”

Minha prima é procuradora do estado de Mina Gerais e já veio me visitar duas vezes em Nova Iorque. Prova de que a tal ambição quando direcionada pode nos levar onde desejamos ir, mas nós nunca vamos saber a real extensão do que foi perdido durante esse caminho... as pessoas que foram deixadas para trás, os amores que não tiveram chance contra o sonho de trabalhar em uma indústria tão específica quanto a minha.

No meu primeiro casamento, quando a ansiedade me consumiu até a raiz destruindo qualquer possibilidade de felicidade amorosa, esses conceitos de desapego me pareciam deliciosos! O problema é a diferença entre o entendimento racional e a capacidade de utilização pratica!

No meu segundo casamento, recebi uma aula prática, quase uma demonstração, como se o mundo dissesse: “Aqui Laura, a gente vai explicar para você como se você fosse uma criança de dois anos...”

Quando conheci meu segundo marido (hahahha... muito engraçado, me sinto a Elizabeth Taylor... “meu segundo marido”... ai, ai...), estava de malas prontas para voltar para o Brasil e ele, havia acabado de chegar da Irlanda. Nosso relacionamento começou com data para terminar. Isso que para muito pode ser motivo para chorosas noites em claro, para mim significou ausência de expectativa! Não queria que aquele rapaz que havia acabado de conhecer fosse nada, simplesmente permitindo que o pobre fosse ele mesmo! Os efeito funcionou comigo mesma. Sem pressão, fui capaz de relaxar, aproveitar o momento e me sentir o mais próxima que já me senti de mim mesma.

O que esse cenário me proporcionou  foi nada mais que a ausência de expectativa, por consequência anulando o medo de uma futura  frustração e a insegurança causada pelo mesmo. Insegurança é um dos maiores fatores alteradores de personalidade que eu já pude perceber. A insegurança destrói a base de nossa identidade, nos fazendo duvidar de coisas bem mais profundas do que o peso na balança ou as ruga que não estava ali na semana passada. O que começa na vida amorosa se espalha para a vida profissional e vice versa. Por que o problema não se encontra ali pelas periferias de nosso subconsciente e sim nas raízes mais profundas da nossa relação com nossa própria identidade. Quando conseguimos tomar conta, estamos duvidando todas a nossas capacidades e funções nesse mundo!


No meu primeiro casamento (lá vem de novo!), quanto mais o relacionamento piorava, mas eu tentava mudar, busca uma outra pessoa ou personalidade que talvez pudesse ser mais amada do que eu era naquele momento. Me afastei tanto de mim mesma, que tanto me separei e parei para me olhar no espelho, não me reconheci!

Então como lidar com esses monstros???? A expectativa que nos impregna, nos cegando a todas as qualidades dos nossos parceiros , por  estávamos muito preocupados com tudo o que eles não são! A insegurança que deforma nossa personalidade em busca de amor e aprovação constante?


A resposta é outra daquelas coisas que a gente aprende racionalmente, mas que sabe-se lá quando vamos conseguir (se é que algum dia conseguiremos) aplicar no nosso dia a dia. Aceitação. Aceitar quem somos primeiramente, imperfeitos e constantemente em mutação. Aceitar quem está ao nosso redor, aceitar o amor que eles nos tem para dar e não o que nos queremos receber, por que boas surpresa podem surgir.

Meu marido só pode me amar do jeito que ele sabe me amar. Nem uma outra forma de amor é possível! Da mesma forma que eu só posso ama-lo como eu amo. O negocio é esquecer o que desejamos para que possamos usufruir do que possuímos! O desejo cega!

terça-feira, fevereiro 26, 2013

Cara-de-pau ao quadrado!


Claro que rolaram umas briguinhas aqui e ali, mas a melhor parte de namorar o Grandalhão era perceber o quanto era fácil de resolver as nossas dificuldades juntos. A pior, era pensar que estava praticamente de malas prontas para voltar para o Brasil! Tinha falado pra ele que ia embora no dia em que nos conhecemos, por tanto isso sempre foi uma sombra sobre o nosso relacionamento que havia nascido já com data de validade.

O que deveria ser um problema, acabou nos unindo. Estranho como quando não temos expectativas a serem alcançadas nós nos libertamos. Entrar em um relacionamento sem expectativas é pedir demais de qualquer pessoa normal. Quando conhecemos alguém, nós automaticamente projetamos nossos desejos e sonhos nesse pobre coitado. O pior é que infelizmente é algo que fazemos inconscientemente. No meu caso, o que me salvou dessa armadilha foi justamente o fato de o futuro não ser uma possibilidade para nós dois.

Pode parecer deprimente, mas resolvemos aproveitar o tempo que tínhamos em vez de ser preocupar com a separação eminente. Foi assim até a hora da tal “eminência” chegar perto. Nós já estávamos tão envolvidos que a separação havia se tornado uma inviabilidade.

Quando o Grandalhão teve que renovar o seu visto, fui quanto me deparei com um drama que a alguns anos tinha sido meu. Ao renovar seu visto, o moço seria autorizado a ficar no país, mas se precisasse deixar a América por algum motivo, não voltaria. Me lembrei de quando cheguei. Minha avó estava muito doente e eu temia diariamente ter que escolher entre estar com minha família em um momento importante e nunca mais poder voltar aos EUA. O Grandalhão que não sentia a pressão óbvia de ter um parente doente, não percebeu a encruzilhada, mas eu mal pude deixar de lado o fantasma de sete anos atrás. Depois de muito ouvir as idas e vindas com sua advogada minha ansciedade foi se acentuando até que um dia explodiu:

“Amor, na vida encontramos problemas que nós não podemos evitar. Esse seu problema não é um deles!”- disse segura de mim mesma.

“Como assim?”- indagou meu amado.

“Eu vou casar com você, a gente resolve esse problema, assim nós nos concentramos nos outros tipos de problemas”- respondi.

Ainda estava de viagem marcada, mas na minha cabeça, mesmo voltando para o Brasil, eu preferia deixar o Grandalhão em uma situação legal favorável. Mesmo que não fosse para ficarmos juntos, queria que ele ficasse bem, e foi o que eu disse para ele.

Comovido com o gesto, ele agradeceu e disse que renovaria o visto por 3 meses o que nos daria tempo de discutir melhor o casamento. Algumas semanas se passaram. Andava em uma lojas de departamentos procurando vestidos para minha mãe comparecer ao casamento de minha prima quando meu telefone tocou.

“Queria falar com você sobre o casamento!”

Ele repetiu várias vezes o quanto era grato. Expliquei que ele teria que ficar casado comigo por pelo menso dois anos antes de poder se separar. Uma expressão de confusão tremulou sua voz.

“Se separar? Por que eu iria me separar?”

Explicou que se casaria comigo no civil para que a papelada se adiantasse, mas que assim que nos fosse conviniente que faríamos duas festas de casamento: uma no Brasil e uma na Irlanda. Completou dizendo que só se casaria comigo se fosse de verdade. Ele sabia que era muito precipitado, mas que tinha certeza de estar tomando a decisão certa.

A idéia era ridícula! Nós estavamos juntos a quatro meses. Muitos de meus amigo de NYC não haviam ainda nem conhecido o Grandalhão, mas por mais que tentasse ponderar, não consegui achar dentro de mim um motivo para não seguir a diante. E foi assim, conversando com ele no telefone no dia em que o furacão Sandy atingiria Nova Iorque, que fiquei noiva. Quando minhas amigas no Brasil me perguntaram como fiquei noiva, a resposta é a menos romántica possível: "Eu falei pra ele que ia casar com ele!" Cara-de-pau essa Laurinha!

 Havia acabado de falar com minha mãe por umas 5 horas quanto tive essa conversa com meu bofe. Resolvi espera até o outro dia para ligar e avisa minha família da minha decisão. Já era bem tarde quando o Noivo me mandou uma mensagem perguntando se podia colocar no Facebook que a gente estava noivo. Concluí que meus pais estariam dormindo e disse sim. Meu plano era acordar e ligar para os dois de manhã cedo contando a novidade. Claro que não foi isso que aconteceu...

Meu pai, que estava preocupado com a chegada do furacão Sandy a NYC, pediu ao meu irmão que averiguasse se eu estava bem. Meu irmão entrou direto no Facebook e, para minha complicação, viu a mudança de meu relacionamento:

“Ei pai, ela deve tá bem, tá aqui dizendo que ela acabou de ficar noiva!”

O pobre do meu pai não entendeu nada, seguido por minha mãe que também não tinha conseguido dormir pensando no tal furacão. Meu telefone começou a tocar, era ela. O problema era que há essas alturas, o furacão já estava assanhando os cabelos da gente por aqui e o sinal de celular estava uma porcaria. O jeito foi acalmar a pobre pelo Facebook. Minha sorte era que na longa conversa que nós tivemos no mesmo dia ela, não muito discretamente, insinuou várias vezes que ela queria um neto:

Mãe: “NOIVA!!!!!”

Eu: “Você fica aí me pedindo um neto, o jeito foi eu arrumar um noivo :).”

Laurinha, cara-de-pau ao quadrado!

quinta-feira, fevereiro 21, 2013

Como arrumar um marido em 13 horas


Hoje o Grandalhão foi deixar no aeroporto. Depois que ele foi embora me mandou uma mensagem dizendo que que se sentia como um pedaço dele estivesse faltando. Como a gente chegou aqui? Explico.

Depois de mandar a mensagem no primeiro dia que conheci o bofe, acordei com uma sensação estranha. Uma mistura de satisfação e contentamento. Difícil de explicar, quase nada de ansiedade, uma tranquilidade que geralmente não me acompanha. Minha amiga Vanessa interpretou isso como se eu não ligasse muito para o rapaz. O jeito que me sentia me era tão estranho que acabei concordando com ela mesmo sem achar que esse fosse o caso.

Não demorou muito até meu telefone começar a apitar. Minha amiga como sempre reclamando que toda vez que eu fico com alguém, a pessoa liga e que com ela, nunca é assim, bla bla bla... Achei graça da baboseira e a lembrei que se minha vida amorosa fosse assim tão fácil, não teria me divorciado antes dos 30. A resposta veio rapidamente da boca da loira: “Pelo menos você já se casou!” Como não discuto com gente louca, me concentrei nas mensagens de texto que estavam bombardeando meu telefone.

Uma coisa tenho que admitir... tudo estava parecendo muito fácil! Depois de duas ou três mensagens, minha amiga já estava explodindo de curiosidade olhando meu sorrizinho de canto de boca que diz mais do que mil palavras. Quando finalmente desenterrei a cara do celular: “I got a date!” (Tenho um encontro!)

Agora era esperar pelo meu dia de folga. Pelo menos foi o que pensei, mas logo descobrir que o Grandalhão era viciado em mensagem de texto. Quando a véspera do esperado dia finalmente havia chegado, a gente já tinha conversado tanto que parecia estranho ser um “primeiro encontro”.

O Grandalhão com seu jeitão relaxado disse que a gente poderia ir a um bar perto da minha casa, algo que fosse fácil para mim. Euzinha??? Levar o bofe no primeiro encontro num boteco??? Nem morta santa.

Depois de sete anos em NYC já posso ser considerada Novaiorquina, e uma coisa deve ser explicada sobre os Novaiorquinos: Somos orgulhosos dessa bendita cidadezinha imunda onde nós vivemos! New York é muito barulhenta, cheia de gente rabugenta, suja, cara, mas só quem tem direito de dizer isso é quem trabalha 60 horas por semana para conseguir pagar aluguel de um apartamento do tamanho de uma caixa de sapato aqui nesse conglomerado de nacionalidades. Por que nós fazemos isso? Por que esse inferninho que é New York, é a mesma: melhor cidade do mundo! E os habitantes da melhor cidade do mundo adoram mostrar sua cidade.

Como já expliquei, o bofe havia chegado de Dublim há apenas um mês, era a oportunidade perfeita para impressionar o rapaz recém chegado como meus conhecimentos locais. Eleger um bar foi tarefa árdua, Deus abençoe o Google! Para quem vem do Brasil, uma faixinha de areia e um pouco de ar livre pode não parecer grande coisa, mas pra quem vive na selva de pedras, é um oásis! Foi assim que escolhi Beekman Beer Garden. No Pier 17th, a beira da água, uma prainha artificial com a belíssima ponte do Brooklyn como vista...

Diferente do resto de Manhattan onde ruas e avenidas são organizadas por números, Downtown é uma confusão só! Ofereci o bofe pra encontrar na estação de metro e caminhar juntos até o Bear Garden , mas macho que é macho, não se perde e nem pede por direções, por isso, na hora marcada, lá estava Laurinha, linda e cheirozinha esperando o telefone tocar!

Quinze minutos passaram da hora marcada, quando o telefone tocou com a esperada problemática: O rapaz estava perdido! Mais uma vez, tive chance de me gabar como guia local! Foi andando em direção a esquina onde o Grandalhão estaria me esperando. Esperei que o nervosismo batesse, mas nada. Avistei os reflexos vermelhos na barba e nos cabelos do meu date que não percebeu minha aproximação até quando eu já estava quase na suas fuças!

O meu sorriso atravessava minha face de lado a lado. O moço não pestanejou, me abraçou e me beijou! Dai para frente a tarde e a noite simplesmente pareceram sempre curtas demais. Nós ficamos no Beekman Garden até que o local fechasse, partimos para Sptizer's Corner onde também fomos educadamente requisitados a nos recolher, até que batemos no boteco mais copo sujo do Lower East Side! Nós simplesmente nos recusávamos a ir embora!

Infelizmente, mesmo na cidade que nunca dorme, os bares fecham as quatro da manhã. Então, depois de 13 horas juntos tivemos que nos despedir. Enquanto caminhava para casa, recebi uma mensagem de minha amiga a Loira: “ Kd tu? Como foi?” A minha resposta foi: “Tô indo pra casa, foi ótimo! Acho que eu tô namorando!”

Para vocês que acham que minha previsão de namoro depois de apenas 13 horas pudesse ser precipitada, pasmem com a resposta do Grandalhão quando questionado por seu amigo ao chegar em casa do nosso encontro:

Amigo- “E aí? Como foi o encontro?”

Grandalhão- “O melhor encontro da minha vida!”

Amigo- “Mesmo?”

Grandalhão- “Ela é muito diferente, eu acho que eu vou casar com ela!”


Título do meu primeiro livro talvez seja: Como arrumar um marido em 13 horas!