Hoje o Grandalhão foi
deixar no aeroporto. Depois que ele foi embora me mandou uma mensagem
dizendo que que se sentia como um pedaço dele estivesse faltando.
Como a gente chegou aqui? Explico.
Depois de mandar a
mensagem no primeiro dia que conheci o bofe, acordei com uma sensação
estranha. Uma mistura de satisfação e contentamento. Difícil de
explicar, quase nada de ansiedade, uma tranquilidade que geralmente
não me acompanha. Minha amiga Vanessa interpretou isso como se eu
não ligasse muito para o rapaz. O jeito que me sentia me era tão
estranho que acabei concordando com ela mesmo sem achar que esse
fosse o caso.
Não demorou muito até
meu telefone começar a apitar. Minha amiga como sempre reclamando
que toda vez que eu fico com alguém, a pessoa liga e que com ela,
nunca é assim, bla bla bla... Achei graça da baboseira e a lembrei
que se minha vida amorosa fosse assim tão fácil, não teria me
divorciado antes dos 30. A resposta veio rapidamente da boca da
loira: “Pelo menos você já se casou!” Como não discuto com
gente louca, me concentrei nas mensagens de texto que estavam
bombardeando meu telefone.
Uma coisa tenho que
admitir... tudo estava parecendo muito fácil! Depois de duas ou três
mensagens, minha amiga já estava explodindo de curiosidade olhando
meu sorrizinho de canto de boca que diz mais do que mil palavras.
Quando finalmente desenterrei a cara do celular: “I got a date!”
(Tenho um encontro!)
Agora
era esperar pelo meu dia de folga. Pelo menos foi o que pensei, mas
logo descobrir que o Grandalhão era viciado em mensagem de texto.
Quando a véspera do esperado dia finalmente havia chegado, a gente
já tinha conversado tanto que parecia estranho ser um “primeiro
encontro”.
O
Grandalhão com seu jeitão relaxado disse que a gente poderia ir a
um bar perto da minha casa, algo que fosse fácil para mim.
Euzinha??? Levar o bofe no primeiro encontro num boteco??? Nem morta
santa.
Depois
de sete anos em NYC já posso ser considerada Novaiorquina, e uma
coisa deve ser explicada sobre os Novaiorquinos: Somos orgulhosos
dessa bendita cidadezinha imunda onde nós vivemos! New York é muito
barulhenta, cheia de gente rabugenta, suja, cara, mas só quem tem
direito de dizer isso é quem trabalha 60 horas por semana para
conseguir pagar aluguel de um apartamento do tamanho de uma caixa de
sapato aqui nesse conglomerado de nacionalidades. Por que nós
fazemos isso? Por que esse inferninho que é New York, é a mesma:
melhor cidade do mundo! E os habitantes da melhor cidade do mundo
adoram mostrar sua cidade.
Como
já expliquei, o bofe havia chegado de Dublim há apenas um mês, era
a oportunidade perfeita para impressionar o rapaz recém chegado como
meus conhecimentos locais. Eleger um bar foi tarefa árdua, Deus
abençoe o Google! Para quem vem do Brasil, uma faixinha de areia e
um pouco de ar livre pode não parecer grande coisa, mas pra quem
vive na selva de pedras, é um oásis! Foi assim que escolhi Beekman
Beer Garden. No Pier 17th, a beira da água, uma prainha
artificial com a belíssima ponte do Brooklyn como vista...
Diferente
do resto de Manhattan onde ruas e avenidas são organizadas por
números, Downtown é uma confusão só! Ofereci o bofe pra
encontrar na estação de metro e caminhar juntos até o Bear
Garden , mas macho que é macho, não se perde e nem pede por
direções, por isso, na hora marcada, lá estava Laurinha, linda e
cheirozinha esperando o telefone tocar!
Quinze
minutos passaram da hora marcada, quando o telefone tocou com a
esperada problemática: O rapaz estava perdido! Mais uma vez, tive
chance de me gabar como guia local! Foi andando em direção a
esquina onde o Grandalhão estaria me esperando. Esperei que o
nervosismo batesse, mas nada. Avistei os reflexos vermelhos na barba
e nos cabelos do meu date que não percebeu minha aproximação
até quando eu já estava quase na suas fuças!
O meu
sorriso atravessava minha face de lado a lado. O moço não
pestanejou, me abraçou e me beijou! Dai para frente a tarde e a
noite simplesmente pareceram sempre curtas demais. Nós ficamos no
Beekman Garden até que o local fechasse, partimos para Sptizer's
Corner onde também fomos educadamente requisitados a nos recolher,
até que batemos no boteco mais copo sujo do Lower East Side! Nós
simplesmente nos recusávamos a ir embora!
Infelizmente,
mesmo na cidade que nunca dorme, os bares fecham as quatro da manhã.
Então, depois de 13 horas juntos tivemos que nos despedir. Enquanto
caminhava para casa, recebi uma mensagem de minha amiga a Loira: “
Kd tu? Como foi?” A minha resposta foi: “Tô indo pra casa, foi
ótimo! Acho que eu tô namorando!”
Para
vocês que acham que minha previsão de namoro depois de apenas 13
horas pudesse ser precipitada, pasmem com a resposta do Grandalhão
quando questionado por seu amigo ao chegar em casa do nosso encontro:
Amigo- “E aí? Como
foi o encontro?”
Grandalhão- “O
melhor encontro da minha vida!”
Amigo- “Mesmo?”
Grandalhão- “Ela é
muito diferente, eu acho que eu vou casar com ela!”
Título do meu
primeiro livro talvez seja: Como arrumar um marido em 13 horas!
3 comentários:
Conta mais, conta mais...
Eu tinha alguma razão para me lembrar de ti, lendo as crônicas do Gabo.
:D amei
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