quinta-feira, fevereiro 21, 2013

Como arrumar um marido em 13 horas


Hoje o Grandalhão foi deixar no aeroporto. Depois que ele foi embora me mandou uma mensagem dizendo que que se sentia como um pedaço dele estivesse faltando. Como a gente chegou aqui? Explico.

Depois de mandar a mensagem no primeiro dia que conheci o bofe, acordei com uma sensação estranha. Uma mistura de satisfação e contentamento. Difícil de explicar, quase nada de ansiedade, uma tranquilidade que geralmente não me acompanha. Minha amiga Vanessa interpretou isso como se eu não ligasse muito para o rapaz. O jeito que me sentia me era tão estranho que acabei concordando com ela mesmo sem achar que esse fosse o caso.

Não demorou muito até meu telefone começar a apitar. Minha amiga como sempre reclamando que toda vez que eu fico com alguém, a pessoa liga e que com ela, nunca é assim, bla bla bla... Achei graça da baboseira e a lembrei que se minha vida amorosa fosse assim tão fácil, não teria me divorciado antes dos 30. A resposta veio rapidamente da boca da loira: “Pelo menos você já se casou!” Como não discuto com gente louca, me concentrei nas mensagens de texto que estavam bombardeando meu telefone.

Uma coisa tenho que admitir... tudo estava parecendo muito fácil! Depois de duas ou três mensagens, minha amiga já estava explodindo de curiosidade olhando meu sorrizinho de canto de boca que diz mais do que mil palavras. Quando finalmente desenterrei a cara do celular: “I got a date!” (Tenho um encontro!)

Agora era esperar pelo meu dia de folga. Pelo menos foi o que pensei, mas logo descobrir que o Grandalhão era viciado em mensagem de texto. Quando a véspera do esperado dia finalmente havia chegado, a gente já tinha conversado tanto que parecia estranho ser um “primeiro encontro”.

O Grandalhão com seu jeitão relaxado disse que a gente poderia ir a um bar perto da minha casa, algo que fosse fácil para mim. Euzinha??? Levar o bofe no primeiro encontro num boteco??? Nem morta santa.

Depois de sete anos em NYC já posso ser considerada Novaiorquina, e uma coisa deve ser explicada sobre os Novaiorquinos: Somos orgulhosos dessa bendita cidadezinha imunda onde nós vivemos! New York é muito barulhenta, cheia de gente rabugenta, suja, cara, mas só quem tem direito de dizer isso é quem trabalha 60 horas por semana para conseguir pagar aluguel de um apartamento do tamanho de uma caixa de sapato aqui nesse conglomerado de nacionalidades. Por que nós fazemos isso? Por que esse inferninho que é New York, é a mesma: melhor cidade do mundo! E os habitantes da melhor cidade do mundo adoram mostrar sua cidade.

Como já expliquei, o bofe havia chegado de Dublim há apenas um mês, era a oportunidade perfeita para impressionar o rapaz recém chegado como meus conhecimentos locais. Eleger um bar foi tarefa árdua, Deus abençoe o Google! Para quem vem do Brasil, uma faixinha de areia e um pouco de ar livre pode não parecer grande coisa, mas pra quem vive na selva de pedras, é um oásis! Foi assim que escolhi Beekman Beer Garden. No Pier 17th, a beira da água, uma prainha artificial com a belíssima ponte do Brooklyn como vista...

Diferente do resto de Manhattan onde ruas e avenidas são organizadas por números, Downtown é uma confusão só! Ofereci o bofe pra encontrar na estação de metro e caminhar juntos até o Bear Garden , mas macho que é macho, não se perde e nem pede por direções, por isso, na hora marcada, lá estava Laurinha, linda e cheirozinha esperando o telefone tocar!

Quinze minutos passaram da hora marcada, quando o telefone tocou com a esperada problemática: O rapaz estava perdido! Mais uma vez, tive chance de me gabar como guia local! Foi andando em direção a esquina onde o Grandalhão estaria me esperando. Esperei que o nervosismo batesse, mas nada. Avistei os reflexos vermelhos na barba e nos cabelos do meu date que não percebeu minha aproximação até quando eu já estava quase na suas fuças!

O meu sorriso atravessava minha face de lado a lado. O moço não pestanejou, me abraçou e me beijou! Dai para frente a tarde e a noite simplesmente pareceram sempre curtas demais. Nós ficamos no Beekman Garden até que o local fechasse, partimos para Sptizer's Corner onde também fomos educadamente requisitados a nos recolher, até que batemos no boteco mais copo sujo do Lower East Side! Nós simplesmente nos recusávamos a ir embora!

Infelizmente, mesmo na cidade que nunca dorme, os bares fecham as quatro da manhã. Então, depois de 13 horas juntos tivemos que nos despedir. Enquanto caminhava para casa, recebi uma mensagem de minha amiga a Loira: “ Kd tu? Como foi?” A minha resposta foi: “Tô indo pra casa, foi ótimo! Acho que eu tô namorando!”

Para vocês que acham que minha previsão de namoro depois de apenas 13 horas pudesse ser precipitada, pasmem com a resposta do Grandalhão quando questionado por seu amigo ao chegar em casa do nosso encontro:

Amigo- “E aí? Como foi o encontro?”

Grandalhão- “O melhor encontro da minha vida!”

Amigo- “Mesmo?”

Grandalhão- “Ela é muito diferente, eu acho que eu vou casar com ela!”


Título do meu primeiro livro talvez seja: Como arrumar um marido em 13 horas!

3 comentários:

Nina disse...

Conta mais, conta mais...

Anônimo disse...

Eu tinha alguma razão para me lembrar de ti, lendo as crônicas do Gabo.

Lele disse...

:D amei