segunda-feira, outubro 04, 2010

Heroínas

Sei que parece bobagem, mas eu realmente acredito que o desenho animado que você assiste quando criança influencia sua vida adulta! Na verdade, influencia uma geração! Por que estou escrevendo sobre isso? Ah... só por que eu andei assistindo uns desenhos da Disney.

Tenho uma memória meia boca, bem apagadinha da minha infância. Lembro de usar um vestido que minha mãe me deu da feira Hip de BH que era feito de retalhos (lembra dessa moda?). Quando não tinha ninguém em casa, pegava um balde, um escovão e saia limpando o quintal cantando a música da Cinderela (1950). Também aprendi com as fadas madrinhas da Bela Adormecida(1959) que costurar e cozinhar podem ser coisas mágicas. Branca De Neve (1937) me ensinou que só o beijo do verdadeiro amor pode reviver você.



Em 1989, Disney tomou consciência de que esfregar o chão, costurar e cozinhar, nem cantando muito, seria o sonho de uma garotinha nos anos 80. Foi quando o estúdio lançou A Pequena Sereia. Ariel, era uma princesa revoltada que desobedecia o pai e tinha idéias revolucionárias, além disso ela tinha sonho de conhecer outros lugares. Agora, ela perde completamente a noção e sai entregando a voz para uma bruxa por causa de um carinha que ela nem conhece.


Em 1991, A Bela e a Fera, veio mostrar que as meninas não precisam ser assim tão superficiais. Bela, a heroína da vez, adora ler, quer sair da sua cidadizinha e não dá a mínima para o gostosão da cidade. Além disso, é uma boa filha, e só se encrenca quando vai salvar o seu pai! Agora, isso sim é uma heroína! O único problema com ela é que a moça se apaixona por um cachorro gigante! Cada pessoa com suas fantasias, mas esse negócio de se meter como bicho não é a minha!


Depois disso, Pocahontas (1995)! Quem achou que aquilo era um filme para crianças? Me recuso a comentar Pocahontas!


Mulan (1998), é o filme da emancipação feminina para garotinha, mais gráfico do que queimar sutiãs! O problema é que não consigo lembrar de uma música do filme. A gente sabe que não adianta livrar a China dos Unos numa época onde as mulheres pobres sonhavam em virarem putas, (Ups... desculpem meu vocabulário, quis dizer Gueixa!). Você precisa fazer tudo isso cantando e dançando ou as garotinhas não vão querer ser como você!


A gente sabe que no fim dos anos noventa, fazer animação ficou mais rápido e mais fácil. O difícil era achar um filme que encantasse as garotinhas e não ofendesse as mães, que nessa época já estavam trabalhando em dois empregos, enquanto estudando para o mestrado! A solução veio em 2009: A Princesa e o sapo.


Em A Princesa e o Sapo, Tiana é uma garota pobre , mas com muito amor familiar, que não tem tempo para paixonites e outras bobagens! Além disso, depois de tantas princesas brancas, uma árabe, uma chinesa, uma índia, estava na hora de uma negra! Então, depois de morrer de trabalhar, Tiana , eventualmente, reavalia suas prioridades (coisas que geralmente a gente só viu até hoje em personagens masculinos) e abre espaço para o amor em sua vida!


Adivinha qual princesa era a minha? Claro que é a Ariel, sou de 1981. Eu e minhas amigas passamos a infância brincando de sereias, mas não é só por isso que que a Ariel é a minha princesa: Nasci em Teresina (de onde sempre soube que iria me mudar), vivi em várias cidades , mas acabei mudando para New York, um lugar onde sempre quis viver, por que me apaixonei por um estranho!


Claro que Ariel não foi a única heroína da minha infância! Tive outros heróis : She-Ra, Os Thundercats, Shakespeare, Bruce Lee...


Agora, enquanto a Disney se preocupa em ser politicamente correta e não – sexista, o que tenho medo é que a nova geração de garotinhas escolha Paris Hilton como heroína em vez da Cinderela. Prefiro mil vezes minha filha limpando o chão enquanto canta do que uploading um vídeo transando com o namorado na internet!

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