Hoje recebi uma adorável mensagem de uma amiga de infância me dizendo que tinha descoberto o meu blog por uma amiga em comum. Tenho que dizer que fico super contente em saber que na verdade existem pessoas que lêem o Coisas de Laurinha... mas isso me fez pensar... tenho esse tipo de problema: penso, por isso existo e não durmo...enfim!
O Blog começou da sugestão de minha prima. Desde que me mudara para Nova Iorque, enviava e-mails aos amigos e familiares contando das minha peripécias por aqui. A maioria deles adorava receber meus e-mail e morria de rir das minhas bobagens, foi quando minha prima me escreveu:" Você devia fazer um Blog!" Eu, do alto da minha ignorância, respondi: " Não tenho a menor idéia de como fazer isso!" Ela me ajudou e agora aqui estou: quatro anos depois!
O que começou como um informativo para os amigos acabou virando minha terapia, meu hobby, sei lá como categorizar! A verdade é que escrever virou hábito e eu adoro! Daí, comecei a dizer para mim mesma que estava escrevendo para mim, que se alguém lia ou deixava de ler, não tinha problema... mentiras, mentiras...
Se é assim, por que então eu fico toda feliz quando descubro que alguém está acompanhando o Blog? Vaidade? Me pergunto. Vai saber. Sempre gostei de escrever, desde criança, era péssima no ditado, mas adorava aula de redação, sempre tinha o que dizer, sobre qualquer que fosse o assunto. Será então, que o meu barato não passa da vã confirmação de um subdesenvolvido talento?
Fiquei filosofando sobre minha própria vaidade, julgando a mim mesma, hora condescendente, hora desaprovadora desse pecado capital! Fiquei imaginando como os grandes nomes da literatura se sentiam a terminar um livro, a publicar um soneto, e depois, ao saber que as pessoas lêem e se identificam...
Depois de momentos Hamletianos, olhei pelas minhas mensagens no orkut. Vi fotos de amigos que não vejo ha mais de 15 anos ... fiquei pensando por que alguém gostaria de ler minha "Crônicas" ( minha madrasta e meu pai chamam meus textos de crônicas, kkkkk...). Acho que é por que algumas pessoas se reconhecem nelas, talvez não pelo dia a dia, mas em essencial. Acho também, que a felicidade que sinto quando descubro um novo leitor, tem haver com isso: identificação. Depois de passar tanto tempo tentando ser diferente, a sensação de me comunicar e me identificar com outras pessoa é surpreendentemente confortante!
Claro que tem um pouquinho de vaidade, mas o mais forte é a sensação de preenchimento, de conexão com outras pessoas. Então, admito que adoro saber que as pessoas conseguem se identificar com o que escrevo! É também uma surpresa enorme para mim, que pessoas tão diferentes gostem de ler a mesma coisa! No fim das contas, sob todas as camadas externas que passamos a vida desenvolvendo, somos mais parecidos do que imaginamos.
Me sinto muito honrada em saber que vocês aí sempre encontram um tempinho para as minhas "Coisinhas..."
Coisa de Laurinha não é exatamente um diário! Esse Blog é uma tentativa desesperada de manutenção dos meus conhecimentos em língua portuguesa que, diga-se de passagem, nunca foram assim tão grandiosos. As histórias aqui encontradas são baseadas em fatos reais e memórias minhas, mas constantemente adulteradas com propósitos literários. Resumindo: Não acreditem em tudo que lêem, mas também não duvidem!
terça-feira, dezembro 29, 2009
Narcisa...
quarta-feira, novembro 25, 2009
Rússia, Grécia, agora Portugal...? Que bagunça!
Meu amigo mexicano, que é garçom, deveria saber que apenas 10% da produção mundial de vinho, tem potencial para envelhecer, o resto, tem que ser bebido jovem, antes de perder sua personalidade. O fato é que, enquanto ando as voltas tentando desenrolar o ninho de cobras que está a minha vida e descobrir a qual porcentagem de vinho eu pertenço (10% que melhoram com o tempo, ou os 90% restante que viram vinagre!) prefiro ter ao meu lado um cara relaxadão e desencanado.
segunda-feira, novembro 23, 2009
De cabeca para baixo o arco-íres é mais bonito.
Ontem tive o dia de folga. O dia mais preguiçoso que tive em muito tempo. Teria sido um desperdício de dia se não tivesse a desculpa perfeita para o cansaço sem fim que sentia: dois dias seguidos trabalhando com música grega ao vivo no restaurante!!!!!!!!
Enquanto os Gregos se gabam de ter criado tudo no mundo, posso dizer, depois de ter sido exposta exageradamente a musicalidade desse povo, que música grega é uma bosta! Prefiro escutar Axé... bem, talvez não chegue a tanto... mais é ruim!
Para quem não sabe, eu praticamente virei garçonete profissional. Depois de ficar de saco cheio da instabilidade do trabalho de Assistente de Produção em NYC, assumi minha condição de garçonete para pelo menos poder voltar a estudar. Depois de mais de um ano dessa palhaçada, ando, rabujenta suspirando pelos cantos repetindo: “O que eu estou fazendo com minha vida?”
Quando era adolescente ( as vezes parece que foi ontem, outras, ha um século, vai entender!) sempre achei que ira conhecer o mundo, ser independente, destemida e toda essa baboseira juvenil: Renegando a estabilidade, apego a propriedade e aos bens materiais... com o amor dos amigos, de minha família e dos meus gatos, sempre preferi ser livre do que apegadas a coisas me prendiam a qualquer lugar que fosse. Tive altas crises de falta de referência. Desde que saí de Teresina, aos 16 anos isso sempre me perturbou. Quando ainda vivia em minha terra natal, me sentia uma estrangeira, mas depois que saí de lá, ao contrario do que esperava, esse sentimento só piorou. A certeza de que não conseguiria nunca retomar Teresina como lar, aumentava a angustia de não me sentir inteiramente acolhida por nenhuma outra cidade.
Acho que posso culpar um pouco a genética. Meu irmão sofreu do mesmo mal. Foi para Recife e detestou. Sofreu por todo o tempo que esteve na faculdade, sempre me apontando como pessoa de sorte por ter vivido em Belo Horizonte , mas quando foi sua vez de habitar a capital mineira, meu irmão sofreu do mesmo banzo: Belo Horizonte também não enchera o vazio. Claro que o pobre do meu irmão não sofre de um caso de “fogo-no-rabo” tão sério quanto o meu, mas a única fez que vi ele mais alegrinho, vou quando passou 6 meses em Portugal.
Apaixonada por NYC e desesperada para ir embora ao mesmo tempo, se entro num forró que gosto ir as vezes para matar a saudade, trato de não beber. Isso por que se estiver bêbada e ouvir : Asa Branca, Cajuína, Riacho do Navio ou Último pau de arara, é fato: vou cair no choro! Já pensou no vexame, chorar no forró ouvindo a saga dos nordestinos: “quem foge a terra natal em outro canto não pára!”(trecho de Último pau de arara)
Para piorar a dilema, toda vez que ligo no Brasil, uma amiga está financiando um apartamento, a outra está planejando ter filho.... fico me sentido o ser mais imaturo do mundo! Tudo que possuo é uma estante cheia de livros.
Depois das muitas visitas que recebi esse ano, ficou ainda mais fácil entrar na depressão de outono. SAUDADE e confusão mental tem me deixado sem dormir por quase um mês. Foi um pequeno detalhe, que facilmente passaria desapercebido na última conversa que tive com minha mãe que me fez sentir um pouco melhor.
Planejando a visita de natal e reveillon que minha mãe vem me fazer esse ano, perguntei-a se gostaria de esquiar. Eu mesma , nunca fui! A voz a minha mãe se modificou! Reconheci uma alegria quase infantil no tom de minha mãe quando me respondeu dizendo que sempre quis ver neve. Meu peito se encheu de felicidade de poder proporcionar um bobo momento de alegria para minha mãe, que ultimamente só trabalha!
Minha mãe tem mais de 50 anos e nunca viu neve! Na verdade, ela só saiu do país uma vez, para vir me ver! Isso por que ela estava sempre muito ocupada cuidado crindo dois filhos e envestindo em sua carreira. Hoje em dia, viajar é mais barato e por isso muitas das minhas amigas que estão comprando apartamento e tendo neném não vão ter que esperar tanto tempo para conhecer o mundo quanto minha mãe. A maioria vai conhecer a Torre Eifel, a estátua da liberdade, o Coliseu, mas nunca vão ter a experiência de morrer de preocupação ao passar dias sem receber notícias de sua amiga chechena. Ou a frustração de não ter tempo e dinheiro o suficiente para visitar todos os amigos que cobram visitas : em Bali, na Itália, na Grécia, na Rússia, no Chile, no Peru, na República Checa... ou mesmo a alegria de rever um amigo holandês, conhecido em BH que vive agora em Lisboa!
Tudo isso coloca de cabeça para baixo o prisma pelo qual ando observando a vida. Talvez chegue aos trinta sem carro, casa e filhos (para o desespero de minha mãe). Talvez, tudo que tenha sejam dois gatos, uma estante cheia de livros, um computador cheio de músicas (nenhuma grega, claro!), mas desdobrei cantos da minha personalidade que nunca teriam sido explorados se tivesse ficado em Teresina estudando para um concurso público. Descobri coisas boas e ruins! Aprendi que tolerar diferenças é bem mais fácil na teoria que na prática, mas que quando nós ultrapassamos a primeira barreira de resistência ao estranho, as recompensas são incalculáveis. Aprendi a falar inglês com sotaque nova iorquino ( não noto, como toda pessoa que tem sotaque, os outros que me apontam) . Perdi um pouco da minha paciência sem limites e aprendi a abrir a boca quando alguma coisa me irrita : famosa NewYork atitude! Aprendi a viver mais, me preocupar menos.
Felizmente, os cabelos brancos ainda são contáveis, ao contrário dos amigos! Felizmente, minha mãe vai poder passar natal comigo para ver neve pela primeira vez! Felizmente, vou passar uma semana em Lisboa com ela e minha madrinha depois do ano novo e rever meu queridíssimo amigo holandês!
Melhor do que isso é só saber que esse fim de semana foi o último que tive que trabalhar com aquela música horrorosa na minha cabeça. A partir da próxima semana, vou trabalhar num restaurante japonês e talvez uma ou duas vezes por semana no grego, só por que meu chefe teria um infarto se eu fosse embora de vez! Vai entender como uma cultura com tantos anos para evoluir, ainda consegue fazer música ruim desse jeito! Aff...
Ganhando melhor, trabalhando menos, quem sabe não sobra um tempinho para estudar mais, para um estágio... ou para Coisas de Laurinha !
domingo, novembro 15, 2009
Belo dia de outono...
Hoje é um daqueles dias engraçados... tive folga, saí com o namorado e uma amiga para aproveitar um dia lindíssimo depois de uma temporada cinzenta. Almoçamos num restaurante delicioso, pela primeira vez comecei a gostar de morar no Queens... depois assisti dois filme...
Enquanto caminhava para casa, lembrei de um velho hábito. Quando estava na faculdade, toda vez que andava pelo campus tinha a mania de me equilibrar nos canteiros dos jardins. No caminho de casa, procurei por muito tempo um canteirinho que fosse para me equilibrar, mas não achei. Na falta do canteiro, pulei pelo meu caminho sobre as folhas de outonos que cobriam as calçadas. Foi a primeira vez em que eu pensei sobre esse velho hábito.
Minha história de equilibrista não passava de uma maneira de relaxar, me concentrar em algo ordinário para limpar a mente. Para que? Para parar de pensar!
Engraçado como cresci ouvindo que os jovens da minha geração não eram acostumados a pensar sobre a vida. Ouvindo as histórias de nossos pais que lutaram contra a ditadura, minha geração cresceu se sentindo um grande saco de batata, alguns completamente alienados a qualquer coisa que não tivesse haver com a cultura pop, outros, sempre achando que deviam estar lendo mais filosofia e assistindo menos novela. Agora, depois de 28 anos tentando elevar minha insignificante existência a um nível minimamente mais intelectualizada, tenho que ouvir que o meu problema é: Eu penso demais!
Nunca pensei que isso existisse! Para mim, quanto mais a gente pensasse, mais desenvolvesse nossa intelectualidade! Pensei errado... para variar! Primeiro meu namorado me disse isso: “Você pensa demais.” Achei um absurdo. Como assim? Raul Seixas me disse que eu uso apenas 10% da minha cabeça animal, então, qual é o problema em tentar pensar um pouco mais?
O primeiro problema: Insônia! Não posso colocar toda a culpa dessa minha companheira de longas noites na minha incapacidade de aliviar as idéias, mas sei que quando a noite chega e minha cabeça está cheia de dilemas, a probabilidade maior é de que Morpheus não me prestará visita. Quando alguns dos poucos médicos que tentaram entender minha insônia me questionaram sobre esse problema, a resposta era simples: minha cabeça não para, e eu não consigo dormir. Um pensamento leva a outro e em cinco minutos, já nem lembro como comecei a pensar naquele assunto...
O segundo problema é a incapacidade de desassociação de certas coisas. Semana passada, enquanto me visitava, um de meus familiares, médico psiquiatra, não conseguiu acreditar quando me ouviu falar sobre alguns dos motivos pelo qual não consigo comer carne. Para mim, bife é vaca morta! Não é só uma questão de ter pena da vaca ( o que eu tenho), mas tenho um pouco de nojo e estranheza de comer um bicho morto. Como peixe, tive que me acostumar por uma questão de saúde, mas não gosto da idéia! Agora, comer um boi! Pior uma galinha, que para mim é um dos animais mais asquerosos que existe. Depois de ouvir tudo isso, meu primo não teve dúvida: “Você pensa de mais!”
Meu problema não para aí., tem a culpa. Meu peixe preferido é provavelmente atum. Pois outro dia, li que o atum está sendo super-consumido e que provavelmente entrará em extinção. Quando menciono isso para qualquer pessoa, a resposta é a mesma: melhor aproveitar enquanto tem, mas eu me consumo em culpa. Já me vi várias vezes pedindo outro peixe em vez de atum num restaurante pensando no assunto. Meus acesso de culpas já me fizeram desistir de também de vários vestidos “Made in China” depois de assistir um documentário sobre as ações Chinesas no Tibet. Claro, que muitas vezes eu como atum, e compro um sapato lindo e extremamente barato feito na China, mas quase sempre a culpa me persegue e acaba me levando de volta ao meu primeiro problema (insônia) criando uma corrente maluca de neurose sem fim.
Hoje, enquanto pulava de folha em folha por falta de um canteiro para aliviar o juízo, me vi debaixo de uma árvore pelada. Todas as folhas já haviam caído. Sem folhas e sem canteiro, me vi forcada a pensar na vida depois de longo e relaxante dia de outono. Três visitas consecutivas de diferentes familiares fizeram a saudades de casa praticamente insuportável! Pior que a saudades, foi descobrir que algumas memórias de infância iam se apagando.
Tentei me lembrar da letra de duas músicas que meus pais cantavam para me fazer dormir quando pequena. Me faltaram versos para as duas. Claro que com internet agora tudo se descobre num piscar de olhos, mas fica a sensação de que devia estar pensado mais sobre se é melhor ficar por aqui, ou voltar para o Brasil... lá se foi outra noite de sono... Por enquanto, tento viver um dia atrás do outro até minha cidadania sair, esperando sempre que as noites se acalmem, que Morpheus venha me ninar ao som de Casinha Branca ou Riacho do Navio.
terça-feira, outubro 13, 2009
O Gosto da revolução
Depois de escrever tanto sobre bebida, argumentei comigo mesma se seria uma boa idéia escrever sobre vinho. Vai que meus amigos vão pensar que virei uma alcólacra!
Acabei de assistir o filme do mês de outubro (Bottle shock) e em menos de meia hora depois de ver o filme, tinha gastado 70 dólares numa garrafa de Chardonnay. O interessante é que Chardonnay é geralmente o vinho branco de que menos gosto. Foi quando resolvi, que se o assunto era envolvente o suficiente para me fazer gastar essa grana num vinho que provavelmente não vai ser um dos meus preferidos, seria o suficiente para merecer um lugarzinho entre as Coisas de Laurinha!
Mãe, se você estiver lendo isso, não se preocupe! Eu não estou remediando a minha frustração profissional ficando bêbada todo dia.
Quando me mudei para cá em 2005, a única coisa que sabia sobre vinho, era que gostava de Malbec (Argentina) que é um bom vinho que eu tinha condição de comprar. Enquanto os brasileiros gostam de se auto-criticar dizendo que não temos costume de beber vinho, e não entendemos nada sobre o assunto, venho aqui nos defender: vinho no Brasil é caro demais! Quem é que tem dinheiro para beber vinho o suficiente no Brasil a ponto de entender alguma coisa obre o assunto?! O vinhos dos nosso vizinhos, chilenos e argentinos, os vinhos de qualidade mais acessíveis no Brasil, são mais baratos aqui nos Estados Unidos do aqui aí na terra Tupiniquim. Claro que a gente sabe que isso tudo acontece por causa dos impostos de importação, que servem ara proteger o produto nacional, mas no caso do vinho no Brasil, tem servido como super-proteção. Beber Miolo no Brasil, custa o mesmo que beber Miolo em Nova York, sei disso por que no restaurante em que trabalho, três dos quatorze vinhos que são vendidos por taça, são Miolos: Pinot Noir, Merlot e Pinot Grigio. Por que então os vinhos no Brasil são tão caros? Mesmo os produzidos aí!? Na minha opinião, o produtores locais seguem o preço do mercado, se eles podem cobrar mais, por que não? Sem concorrência em preços por causa das altas tarifas de importação brasileiras, os vinhos nacionais aproveitam a oportunidade, e que pode censurar-los? Eu faria o mesmo! O problema é que com os altos preços dos vinho, quem quer sair por aí comprando vinho para experimentar?!
Tenho uma teoria de que quem não gosta de vinho é por que nunca encontrou o vinho certo. Existem mais de 4 mil espécies de uvas diferentes usadas na fabricação de vinho no mundo e a uva é só o começo. Outros fatores determinantes no gosto final de um vinho são a localização geográfica, a altitude, o solo, a temperatura, a quantidade de sol a qual a uva é exposta, quanto tempo o agricultor espera a uva amadurecer antes de ser colhida, que tipo de bactéria é utilizada na fermentação, se a fermentação é feita em barril de carvalho ou aço, se ele é envelhecido e por quanto tempo, que tipo de carvalho é usado, se ele é envelhecido na garrafa, se o tipo de uva usado é pequena ou grande, se foi fermentado com ou sem a casca, se foi filtrado ou sedimentado, se o vinho é feito de uma só uva ou de uma combinação de mais de uma das 4 mil uvas ... e por aí vai! Com tantas opções é impossível uma pessoa não gostar de nenhum vinho!
O problema é que com essa extensa lista de possibilidades, achar o seu tipo de vinho pode ser tarefa árdua, o no caso do Brasil, cara!
Um fator que revolucionou a história do vinho e aumentou exponencialmente a variedade de vinhos disponíveis no mercado, foi a descentralização da produção de vinho no mundo. Até os anos 60, vinho bom era Francês, quando muito italiano, espanhol ou português. Agora, vinhos de qualidade são produzidos nos Estados Unidos, Chile, Argentina, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Alemanha,Grécia e até no Brasil!
Então você deve estar aí pensando, se comprar vinho nos EUA é assim tão barato, por que essa história começou comigo comprando uma garrafa de Chardonnay por 70 dólares? Tudo isso foi culpa do filme do mês. Outro dia, vi o trailer de um filme que nem chegou a ser lançado nos cinemas por aqui. Fucei na minha lista do Netfix (serviço de aluguel de filme pela internet) e acabei achando esse filme na lista de filmes disponíveis para assistir no meu computador. É um filme bem legal, baseado em fatos reais, bem engraçado e super-interessante. Conta a história de como em 1976, os vinhos californianos ganharam respeito internacional ganhando uma disputa de degustação na França. Um inglês, aficionado por vinho que vivia na França e só bebia vinho francês, resolve ir a Califórnia experimentar os vinhos da região. Impressionado com a qualidade do produto local, ele seleciona vários vinhos, os leva a França e organiza uma competição. Os mais renomados especialistas de vinho da França foram convidados a experimentar os vinhos californianos. Esses foram servidos em meio a vários dos melhores e mais renomados vinhos franceses. Os jurados, as cegas, sem saber que vinho era francês e que vinho era americano, deram notas aos vinho em diferente categorias. Para a surpresa dos franceses e do resto do mundo, os dois vinhos vencedores, nas categorias de vinho tinto e branco, foram californianos. Desde então, a produção de vinho californiano tem crescido de vento em polpa. O vinho vencedor na categoria de vinho branco, foi o Chateau Montelena Chardonnay. Quando treminei de ver o filme, procurei, encontrei e comprei uma garrafa do famoso Chardonnay! Cinqüenta pratas, mais taxa de entrega e imposto... e eu gastei 70 dólares em uma garrafa de vinho. Meu namorado me perguntou por que?
Trinta anos mais tarde, na comemoração do aniversário da vitória californiana, outra competição foi organizada e mais uma vez, os californianos ganharam. Não é só um vinho, é uma revolução em garrafa. A simbolização da mudança. Tenho que saber qual é o gosto da revolução da industria do vinho mundial, os aromas que abriram as portas da produção de vinho e do reconhecimento de produtores de diversas partes do mundo além da França! Essa foi a resposta que dei para o meu namorado, não só por que acredito em cada palavra, mas também por que queria que ele dividisse o custo do vinho comigo!
Bottle shock é o filme do mês de outubro. Os vinhos que ganharam o prêmio na degustação as cegas feita em 1976 foram:
Vinho Branco: Chadonnay Chateau Montaelena
Vinho Tinto: Winiarski's 1973 Stag's Leap Wine Cellars S.L.V. Cabernet Sauvignon
quinta-feira, outubro 01, 2009
A coisa ficou russa!
A salmonela passou., o amor ficou. Durante meses eu e o meu Primeiro amor nos falamos noite e dia pelo Skype. Acordava uma hora antes do necessário para ir trabalhar para conversar com ele antes de sair de casa pela manhã. Tentamos por um tempo segurar a relação a distância até eu resolver se voltaria para o Brasil ou não, mas quando os planos dele de me visitar ruíram, as coisas ficaram complicadas. Sem perspectivas de nos vermos durante um ano acabamos no afastando pela milionésima vez!
Uma de minhas melhores amigas diz que pelas contas dela, vou me casar 5 vezes. As vezes o destino está guardando o Primeiro para ser também o Último e, como me cansei de bater cabeça para entender como duas pessoas que se amam tanto sempre acabam se separando, me agarro a essa possibilidade, que é pelo menos engraçada! Assim, espero o dia do quarto divórcio para que nós possamos viver felizes para sempre.
Depois do desmorono do romance com o Primeiro, em meio ao meu vazio existencial de trabalhar como garçonete e recepcionista, outro defunto apareceu, mas para entrar nessa história, tenho que votar um bocado no tempo.
Logo antes de me separar do Namorido, tive uma paixonite platônica. Meu casamento já tinha vencido e estava no fundo da geladeira esquecido esperando alguém reparar para joga-lo no lixo. Um dia, trabalhando no restaurante, meu gerente tirando onda com o bartender, chamou ele de Patrick Shcwarzer. Eu, sem entender a piada, perguntei o por que. O gerente me disse que ele era dançarino.
Quem conhecia aquele bartender entenderia minha surpresa. Um russo muito calado e ranzinza com mais cara de lutador do que de dançarino. Extremamente introvertido, ele ficou muito assustado quando eu, do nada, perguntei se ele era dançarino. Resmungou muito, mas acabou respondendo que sim, mas quando perguntei que tipo de dançarino, ele inventou todo o tipo de argumento para mudar de assunto.
Indignada com a falta de resposta, quando terminei meu turno, em vez de ir para casa, fiz uma hora no bar. Ele, mais uma vez tentando me desviar do assunto, perguntou o que eu queria beber. Eu disse que não sabia e ele me perguntou de que fruta eu gostava. Essa resposta, quem me conhece sabe: melancia! Se eu for morrer amanhã e só poder comer uma coisa antes de ir, quero comer uma melancia do carinha que vende a fruta num caminhão no bairro do Marquez em Teresina. O rapaz sumiu por uns dois minutos e quando voltou da cozinha, tinha um pedaço de melancia com ele. Mexeu, espremeu e sacudiu até que ele colocou na minha frente o meu primeiro martini de melancia!
O melhor drink do mundo, é como eu posso descrever esse martini. O drink é tão bom, que depois ele começou a fazer-lo para os clientes e o drink virou a sensação do restaurante. Em pouco tempo, virou drink oficial do estabelecimento e inspirou os gerentes a fazerem um cardápio de cocktails especial. Tive que beber oito martinis para o infeliz soltar a língua, mas quando soltou, vieram juntas as más intenções... rolou uma certa paquera inocente, uma vez que logo de cara disse que era casada. Depois disso, no trabalho, era ele sempre de brincadeirinha e eu achando ótimo. Assumo que estava caidinha pelo russo, mas aquelas alturas das circunstâncias, era a última coisa que eu precisava na vida.
O tempo passou, meu casamento acabou, mas quando voltei do Brasil, o russo já não trabalhava no meu restaurante. Acabei esquecendo dele até que um dia, ele aparece do nada no meu trabalho. Tinha trabalhado de recepcionista pela manhã e estava indo embora. O filme do Watchman estava em vias de ser lançado e a Apple tinha trazido o ilustrador do quadrinho para dar uma palestra. Ele me encontrou de saída para a loja da Apple com meu quadrinho debaixo do braço para ser assinado. Me ofereceu uma carona e antes que eu visse, estava num café tomando vinho. Conversa vai, conversa vem, e acabei contando para ele que ia com algumas amigas para um forró. Convidei e ele aceitou.
Acabou que o Russo era dançarino de salão. Demorou muito pouco para a gente estar rodopiando no meio do forró! Dançamos a noite toda e os dois estávamos extremamente surpresos de o quanto nos divertíamos juntos. A gente ficou, mas a moda russa, um beijinhos bem pouquinhos, mas quem precisa beijar dançando daquele jeito?!
A gente foi ficando por uns 3 dias até quando ele foi pra minha casa “beber vinho”. “Bebemos bastante vinho” e ele acabou ficando na minha casa. Acordamos casalzinho tomamos café e combinamos um programa para o fim de semana. Depois que ele saiu da minha casa naquela manhã até o dia que nós tínhamos marcado de sair, não ouvi uma palavra dele. O dia marcado passou e ele não atendeu o telefone. No meu estado mor de raiva, eu liguei e deixei uma mensagem muito desaforada.
Tinha se passado uma semana e eu estava me sentido um trapo, quando um Grego que trabalhava comigo me chamou para jantar depois do trabalho. Conhecia o cara a uns dois anos, tinha trabalhado com ele em outro restaurante grego e ele, por coincidência, foi parar no meu restaurante mais tarde. Saí com o carinha que me bajulou a noite toda, no fim da noite, depois de uma garrafa de vinho e 3 vodkas, acabei ficando com ele, mas ainda muito despeitada por causa do Russo.
O Grego de cara quis continuar o romance, e eu como estava, despeitada sai com ele nos 3 dias seguintes. Quando já estava me acostumando com o Grego, o meu telefone tocou, era o numero do Russo. Atendi ansiosa, mas não era ele e sim um amigo que eu conheço bem. O amigo, que tinha ouvido o recado desaforado que eu havia deixado na caixa postal do Russo estava me ligando para dizer que desaparecido estava em Chicago e que havia esquecido o telefone na casa dele. O amigo completou o recado dizendo que o Russo chegaria na segunda-feira e que me ligaria.
Passei o fim de semana pensando no que fazer com o Grego... ele tinha sido um fofo e não tinha me dado motivos para deixa-lo. O Russo por sua vez, era escorregadio como sabonete, quando eu achava que tava tudo bem, ele sumia. Me preocupei a toa. A segunda-feira passou e ele não me ligou até quinta-feira. O pior é que não pediu desculpas e agiu como se não tivesse feito nada de mais. Conversamos bem rápido por que estava chegando no trabalho quando ele me ligou. Depois disso, foi uma semana de desencontros, quando ele me ligava, eu não podia atender, e quando eu ligava, só achava caixa postal. Foi aí que eu vi que aquilo não ia para frente, se o cara não conseguia se organizar para conversar comigo no telefone, imagine para me ver! E foi assim que eu disse para ele que não queria mais nada com ele. O gostosão, que até então tinha me visto fazer de tudo para falar com ele e vê-lo, ficou surpreso com minha decisão e pediu ao menos um jantar de desculpas.
Fui para o tal jantar resolvida, contei até para o Grego a história para não ter confusão. Durante o jantar ele ficou tentando dar uma de gostoso até a hora que eu enchi o saco e falei para ele que ele tinha sido um moleque e que eu ao tinha paciência para moleque. Se desculpou mil vezes, mas eu tinha me decidido pelo Grego, que me tratava igual uma princesa. Na saída do restaurante, o Russo até se ajoelhar no chão para me pedir em namoro fez.
Voltei para casa morta de vontade de ter ficado com o Russo, mas ele tinha me dado todos os indicativos de ser ainda mais complicado do que o Ex-namorido, por isso, eu tratei de fechar a ferida antes de infeccionar.
Difícil esquecer o Russo é por que toda vez que eu estou trabalhando e um freguês me pergunta qual o meu drink preferido, eu respondo : “Martini de melancia, esse cocktail foi inclusive criado para mim!”
Mágoa a gente afoga na vodka com melancia!
O bom de ficar doente numa época dessas é que te força a ficar em casa e pensar na vida. Outra coisa que me forçou a pensar nos últimos meses, foi o fato de eu não ter conseguido ir para o hospital. Quando a febre subiu e eu já tinha vomitado as tripas, liguei para o ex-bofe para pedir meu novo cartão de plano de saúde, mas tive que deixar recado na secretaria eletrônica. O jeito, foi ligar para minha amiga chechena doida. Elina (primeira vez que eu dou nome aos bois no blog) tinha se tornado minha melhor nos últimos anos de NYC. Ela é imigrante ilegal, criada mulçumana, filha única de uma mãe que bateu muito nela quando criança e de um pai que se suicidou quando ela ainda era pequena, descobriu que era gay nos EUA e que tinha transtorno bipolar. Todos os motivos do mundo para fazerem uma pessoa ser maluca, e ela é, mas é maluca do bem! Não pensou duas vezes quando eu liguei pedindo socorro. Estava no meio de um jantar com um outro amigo que ela largou a ver navios para sair correndo para a farmácia comprar o que eu precisava. Ficou comigo até minha febre baixar e a desidratação ser controlada por soro, mas enquanto isso ela queria os mínimos detalhes dos meus últimos meses no Brasil.
Fui forçada a reavaliar tudo o que eu tinha feito, contei tudo e como relembrar é viver, revivi tudo!
Quando cheguei no Rio de Janeiro, fui para uma festa de um amigo que eu fiz em Nova Iorque. Esse amigo é um dos chiques e famosos do Brasil, um Global. Um fofo, me recebeu super-bem e assim que me viu chegar na sua casa foi logo me dizendo que eu era solteira e que não me lembraria do “já morreu” pelas próximas horas. Promessa cumprida. A casa dele era de frente para o mar, numa montanha linda no Rio de Janeiro, sem dúvida a casa mais bonita que já vi. O meu baixo astral era difícil de disfarçar assim como a empolgação da minha amiga teresinense vendo todos os globais.
Estava resolvida de que seria melhor não beber nada até a hora que vi um pote de melancia no bar! Se tem uma coisa no mundo que me faz feliz é melancia! Foi nessa hora que passei a minha bolsa para minha amiga e perguntei se ela sabia como explicar para o taxista o caminho do apartamento onde a gente estava. O plano tinha sido traçado: afogar as mágoas na melancia com vodka!
Enquanto minha amiga se deliciava descobrindo que havia passado dez minutos perto de alguém super-famoso sem nem perceber, eu ia perdendo a noção da realidade. Quando já tinha perdido completamente a noção de quem eu era, resolvi paquerar com um galãzinho de novela das sete. Podia ser pior, eu poderia estar paquerando com um galã de novela das oito, o que mostraria que eu estava mais Joselita sem noção ainda. Claro que bêbada não tem “se-mancol” e por isso eu fiquei bem no carão pro galãzinho, mas para o meu desespero e para o divertimento geral da nação, quem veio dar em cima de mim, foi o amigo do rapaz, também ator. O problema do amigo era que, diferente do galãzinho, ele era baixinho, feio, mais velho e saído dos núcleos de comédias das novelas da Globo. Agarrou em mim igual chiclete e virou para o meu alvo, o galãzinho,09 e disse: “Eu quero essa mulher para mim!” Lá se foram minhas chances imaginarias com o galãzinho! Claro que eu não tinha nenhuma chance, mas no meu imaginário psicótico despeitado de bêbada, eu só não fiquei com ele por causa do amigo mala!
Durante toda a noite, o galãzinho só falou comigo uma vez. Quando meu amigo me apresentou para ele e seu amigo mala, eu fui apresentada como “Laurinha, minha amiga de Nova Iorque”. Depois disso, quase todo mundo perguntava se eu falava português! O Mala não se deu ao trabalho nem de perguntar e assumiu que eu era gringa. O melhor era que ele estava tão doido que quando eu falava português e ele fiava delirando dizendo que o meu sotaque (de gringa) era lindo. De tanto ele falar isso, o amigo galãzinho veio conferir meu sotaque: “ Que sotaque? A mina fala português!” – soltou o galãzinho decepcionado.
Sem o galãzinho, depois de umas dez caipiroscas de melancia, eu tinha ficado com um paulista que tinha conhecido em Nova Iorque. Minha amiga ficou com um Global da Malhação que a gente insistiu de chamar pelo nome do personagem dele toda vez que o moleque não estava por perto.
Depois da farra carioca, fui bater em Belo Horizonte e a desventura amorosa continuou! Saí com meu primo para uma baladinha básica e encontrei um monte de gente da faculdade! Como a gente gosta de dizer: BH é uma roça! Ex-professores, ex-colegas de turma, atores que vesti nos meus anos de figurinista... um desses atores estava lá livre, leve e solto, recém separado como eu! Juntou-se a fome com a vontade de comer, o homem lindo de morrer, gostoso, inteligente, gente boa, aí... fala sério! Antes que eu me desse conta, eu estava quase namorando o menino! Eu e minha capacidade automática de namorar! O será a minha incapacidade de não namorar? Vai saber. O fato é que eu estava de passagem marcada para São Paulo para começar um trabalho, o que me tirou desse relacionamento que apesar de prazeroso, poderia ter se tornado complicador da minha situação já tão complicada!
São Paulo foi trabalho, estressante, recompensador e exaustivo! Tudo que era precisava para enterrar o Namorido de vez. Foi em São Paulo que escrevi Momentos negros parte II e fiz minha tatoo. Quando terminei o trabalho, era natal. Fui para Boa Esperança, e com o Namorido fora do caminho, foi momento de reincidência amorosa.
Caí nos braços do meu primeiro amor! Acho que foi um pouco menos de um mês que a gente ficou junto, mas era impressionante como tudo parecia melhor e fazia sentido do lado dele. A sensação de conhecer a pessoa, de ter os memos valores... em dois dias, eu já queria voltar para o Brasil e adotar um filho com ele! Era como se desde os 14 anos, eu nunca tivesse deixado de ama-lo.
Voltei para Nova Iorque assim, de novo doente de amor! Dessa vez, não pelo Namorido!
Elina ouviu minha história toda achando aquilo tudo muito engraçado. Laurinha e suas desventuras amorosas...eu, terminei me sentindo estúpida! Morrendo de saudade do meu amor adolescente, querendo achar nele todas as respostas para a minha felicidade. De fato, eu o amava, na verdade, eu acho que nunca deixei ou deixarei de amar, mas antes de mudar de mala e cuia de país de novo por causa de um grande amor, era prudente resolver antes as minhas pendências comigo mesma.
Elina, que tinha saído no meio de um jantar para me socorrer, nunca achou que ajudar uma amiga doente pudesse ser tão divertido. Deixou minha casa as duas da manhã com dor de barriga de tanto rir e encantada com minha história platônica de “amor” com um galã da Globo, uma vez que ela é da Chechenia, onde as novelas da Globo fazem mais sucesso do que os filmes de Holywood!
segunda-feira, agosto 31, 2009
TED
Em julho de 2006, eu escrevi um texto que se chama “Eu hein, incoviniença...”. Esse texto falava sobre como até 2006, aquecimento global aqui nos Eua era considerado bobajada de ambientalista a toa. Depois do lançamento e do tremendo sucesso do filme “An inconvinient truth” do ex-candidato a presidência dos EUA, Al Gore, muita coisa mudou.
Agora, da noite para o dia os Americanos acordaram para a realidade, mas em vez de se reeducarem, como sempre, eles dão um jeito de encabrestar o resto do mundo. Por aqui, só se fala no perigo que é o crescimento econômico da China e da Índia, por que com o poder aquisitivo desses paises aumentando, a utilização de recursos naturais, a produção de lixo e a emissão de gás carbônico, podem facilmente causar o colapso ambiental do planeta. A resposta do chineses é simples (na verdade, em forma de pergunta): A China, com a população que tem, emite muito menos gás carbônico que os Estados Unidos. Por que eles tem que sacrificar o crescimento econômico do país, para os bonitão americanos continuarem a viver estupidamente na mordomia?
Enquanto o bicho pega entre os estúpidos de longa data e os imbecis de vanguarda e mais e mais pessoas se preocupam com o futuro do mundo, eu tento convencer meu atual Namorado (eu sei que ainda não cheguei nessa parte, mas eu adianto, existe um novo namorado na história!) a estudar engenharia ambiental. Olho para trás e fico brava comigo, por que se eu tivesse pensado nisso antes, tinha eu feito engenharia ambiental!
Durante os últimos meses, ando bem perdida profissionalmente e muito indecisa sobre o que fazer do futuro. Quando isso acontece, geralmente acho que o meu cérebro precisa ser estimulado, por isso, nas duas últimas semanas em que eu fiquei só em casa (o bofe novo foi visitar a família) assisti em média dois documentários por dia. Todos muito bons. Assisti um sobre fanatismo evangélico no interior dos EUA. Aí, para fazer o contrapondo, assisti um sobre o que o ocidente precisa saber sobre o Islã. Outro, sobre como a arte salvou a vida das crianças nos campos de refugiados de Uganda. Uns meio assustadores, outros animadores, uns instigantes ( acabei de comprar o Korão e um livro sobre a vida do Muhammed, que para mim é mesmo que tá vendo o Hitler), mas o mais importante para a minha vida, foi o que eu vi hoje pela manhã: The future we will create: Inside the world of TED.
TED significa Technology, Entertainment , Design. Começou como um pequeno encontro e hoje virou o congresso de fomentação das idéias mais revolucionárias da atualidade. Nos últimos anos, TED tem, cada vez mais, se voltado a questões ambientais e sociais, mas o encontro é tão diverso que é difícil de explicar. Fundadores do Google, Amazon.com, Netflix, Al Gore, o criador da tecnologia toch screan, os maiores nomes da física, química, medicina, etc... A idéia é colocar os maiores cabeçudos do mundo junto com cabeçudinhos desconhecidos e deixarem eles apresentarem idéias e pesquisas. Depois, eles vão tomar café e numa parceria criada ali, tomando um expresso, a vida de milhões de pessoas pode mudar radicalmente!
Lembrei de quando eu tinha 14 anos. Meu professor de sociologia me designou para um debate. Fiquei umas 5 horas conversando com meu pai sobre política, meios de produção, dívida externa, incentivos fiscais, me preparando para o tal debate que nunca aconteceu. Nessa época, resolvei que o único jeito, ia ser virar milionária. Tinha tantas idéias de como mudar o mundo... mas elas custavam dinheiro e a minha mesada, mesmo não sendo de se jogar fora, não ia ser o suficiente. Tinha essa convicção de que minha missão no mundo era fiçar muito rica para poder fazer tudo que eu queria: Financiar pesquisas na área de agricultura e irrigação no nordeste, de nutrição, utilização inteligente dos recursos naturais... Queria diminuir o êxodo rural do nordeste promovendo sustentabilidade de pequenas comunidades. Claro que sustentabilidade é um termo moderno e na época eu não usava ele, mas eram esses meus planos: criar comunidades auto sustentáveis nas zonas de grande êxodo no Brasil. Na minha, cabeça isso faria do Brasil o pais perfeito, as grandes cidades iriam desafogar, a violência urbana diminuiria, as regiões pobres do país seriam menos dependente financeiramente das mais ricas, e por aí iria!
Em algum lugar no espaço, meus ideais se perderam, não seu se na hiper- introspectividade da época do teatro, ou se no meio dos meus devaneios amorosos, mas de vez em quando, meus projetos infantis de mudar o mundo reapareciam para mim e nunca soube o que faze com eles. Por mais que eu me esforçasse para tentar achar um ponto de equilíbrio entre a ingenuidade infantil da minha utopia e a minha frívola realidade de produto do sistema, tudo sempre parecia intangível.
Ha um mês atrás, enquanto tentava ajudar o bofe novo a resolver a sua vida, pela primeira vez elaborei algo palpável. Ele deveria se formar em engenharia ambiental, vender umas propriedades da família que estão paradas, e abriria uma empresa de reciclagem! Em dois dias, já tinha lido tanto sobre reciclagem, que até ele se assustou! Era a resposta que eu esperava, o caminho do meio! Depois de alguns dias, as dificuldades começaram a me desanimar, e de repente, lá estava eu de novo, com meu pensamento pequeno burguês reclamando que iria fazer 30 anos sem ter uma casa...
Nesse clima de depressão e indecisão, resolvi ver o documentário que eu tinha menos interesse de ver na minha lista de filmes : The future we will create. O filme estava na minha lista, mas achei que ia ser um monte de baboseira tecnológica, o que eu acho legal, mas só quando estou com humor para essas coisas! Estava redondamente enganada. Esse foi um dos filmes mais humanos que eu vi nos últimos tempos, absolutamente inspirador.
Talvez, não seja só o filme. Talvez, essa coisa de chegar perto dos 30anos seja legal mesmo, como algumas pessoas dizem. Talvez, a coisas comecem realmente a fazer mais sentido. Talvez a gente tenha serenidade para finalmente descobrir o que é que falta para a gente ser feliz. Talvez, talvez, talvez...
O Brasil também foi assunto no TED. A revolução do Etanol e o vanguardísmo da tecnologia dos carros Flex deixou até os cabeções do TED de queixo caído. Fiquei tão orgulhosa de ver o Brasil começando em aparecer no lado bacana das estatísticas! Fiquei tão feliz de ser brasileira, por estar viva, e por ter, depois de tanto tempo, revisitado o grande potencial que eu sei que carrego comigo como ser humano e cidadã. De repente, me lembrei de tudo, de por que eu sou do jeito que eu sou, de por que eu acredito nas coisas que acredito, de por que eu cancelei a TV a cabo mês passado! Nós somos capazes de muito mais do que fazemos, e a recompensa para os que perseveram é a infinita satisfação de nunca ter perdido o elo com o seu sonho infantil utópico!
PS: Se você entende inglês o filme completo está disponível de graça no you tube:
http://www.youtube.com/watch?v=cLWEgp0BdvU
Se você quer saber mais sobre o TED, aqui vai o site:
Se você ficou interessado nos outros documentários citados nesse texto aí vão os nomes:
War Dance – Sobre as crianças de Uganda se preparando para a competição em um festival de arte escolar.
http://www.youtube.com/watch?v=2saj4gJ4Lvw
Jesus Camp – Sobre a lavagem cerebral que está sendo feita em crianças do interior dos Estados Unidos para que elas virem o “exército do Cristianismo.”
http://www.youtube.com/watch?v=V3PIoI2Bp40
Islam- What the wester needs to know – Sobre a imagem errônea que o mundo ocidental tem do caráter pacífico do islamismo.
Primeira Parte:
http://www.youtube.com/watch?v=mjq5Vi9Gc68
terça-feira, agosto 18, 2009
Panamá
Dia cinco de janeiro, embarquei para Nova Iorque. A maravilhosa lembrança das 12 horas de escala no Panamá encheram meu peito de angustia, tempo demais para pensar em bobagem. Na inda pro Brasil, eu contei com um ótimo passatempo. Estava terminando de ler os quadrinhos Estranhos no Paraíso, a leitura mais viciante que eu já vivenciei. Na ida, eu ainda tinha umas 120 páginas e Estranhos no Paraíso, mas agora, lá estava eu sem a companhia de Katchoo ou Francine (personagens do quadrinho) para fazer as horas passarem mais rápido...
Depois de horas lendo sobres as cartas de amor de Florentino e Fermina, reparei um rapaz olhando para mim. Não era bonito nem feio, meio cafoninha, mas tinha um sorriso bonito. Perguntou em inglês se eu gostava do livro. Reconheci o sotaque latino e respondi em espanhol que sim. Perguntou meu nome, se apresentou...e continuou a conversa metade em inglês, metade em espanhol. Era colombiano, por isso me perguntou: “Você sabe de onde é o Garcia Márquez?”
Antes que eu respondesse um agente da Copa air lines chamou meu nome no auto falante. Quando cheguei no balcão eles me perguntaram se eu estava viajando só, eu disse que sim. Do meu lado, um senhor quase aos prantos. O vôos teve overbook e o senhor estava sem acento marcado. Ele viajava com o resto da sua família que tinha seus acentos garantidos. Copa me ofereceu um hotel cinco estrelas com tudo pago, um city tour e $400 em milhagem para eu ficar um dia no Panamá e voar no dia seguinte. O velhinho fez a maior cara de pena e depois de ficar 11 horas no aeroporto, eu disse que sim! Fui levada pra outra sala enquanto esperava por alguém para me buscar, comigo muitas outras pessoas também voluntárias. Depois de cinco minutos, lá vem o colombiano, foi recrutado depois de mim para ceder o lugar para outra pessoa.
O colombiano tinha 18 anos, sua conversa rendia muito pouco e me lembrava os meus alunos de teatro em Venda Nova, Belo Horizonte. A caminho do hoteleu fui conversando com outro recrutado, um senhor de uns 50 anos que vive entre Nova Iorque e a Cidade do Panamá. Ele se aposentou como inválido quando perdeu dois dedos no antigo emprego. Com a indenização abriu o próprio no Panamá, distribuição de roupas esportivas... me lembrou o Lula...
O Hotel era enorme, bem bonito, assim como meu quarto. Deixei as malas no quarto e fui encontrar o “Lula” e o Colombiano para jantar as custa da Copa Air Lines. Depois do jantar, fui passear. Lula conhecia a área e nos guiou pelos cassinos do Panamá. Lugarzinhos deprimentes os tais cassinos. O cheio de carpete, aquelas luzes cafonas e as pessoas, gente com cara de quem não devia estar ali. Agradeci o passeio e me retirei aos meus aposentos. Dormi igual a um bebê, acordei desorientada. Não fazia idéia da hora. Meu celular estava no horário do Brasil, lap top de Nova Iorque e o rádio relógio do quarto estava parado. Calcei o tênis e me vesti. Tomei o café da manhã e fui para a academia, lá descobri que eram 8am. Corri 15 minutos, mas tinha uma criança muito barulhenta na academia apesar do aviso: Não é permitida a entrada de crianças. Entrei na piscina, nadei, boiei e mergulhei até enrugar! A caminho do quarto vi o colombiano que estava meio submerso na extremidade oposta a mim na piscina. Acenei de longe.
Yoga...banho demorado...preguicei na cama até o almoço. Alimentada, parti para o que supostamente seria a melhor parte da minha estadia no Panamá: city tour!
Era um dia bem feio, nublado e com uma garoa fina. Apesar da chuvinha chata, passear pelo centro antigo da cidade foi bem legal. Os prédios era muito bonitos e apesar da maioria estar praticamente ruindo, parece que o governo está tentando restaurar esse parte da cidade. Seguimos para a famosa ponte da amizade. Eu tenho um problema com pontes! Por mais que eu saiba que as pontes são essas grandes maravilhas da engenharia eu não consigo achar graça em ponte. Tudo bem, eu amo a ponte do Brooklyn, mas aí são outros quinhentos. Passar pela ponte da amizade para mim foi uma experiência parecida com minha ida a Mumbai: eu não gostei muito, mas é uma ótima história para você contar para o resto da vida. Eu vou ter 110 anos de idade e vou estar dizendo: “Quando eu cruzei a ponte da amizade... por que na Índia é diferente....”.
Cheguei ao mirante e vi, de um lado o Atlântico, do outro, o Pacífico... achei que ia ser algo legal assim como o encontro do rio Negro com o Solimões, estava enganada, nada de mais. O que me chamou a atenção no Panamá foi algo que todo mundo está careca de saber, mas que toda vez que eu tenho a recorrente confirmação de que é verdade me espanta: tem chinês em todo lugar!
Levantem uma pedra, vai ter um chinês em baixo, jogue uma pedra pra cima, quando cair, a pedra vai acertar um chinês! É fato! Pois o mirante construído pelo governo do Panamá para observar canal e a ponte de Amizade é uma homenagem a imigração chinesa no Panamá! Assim como em New York, lá também tem o Bairro chinês, que os americanos chamam Chinatown e os espánico, Barrio Chino.
Voltei pro hotel a tempo de um banho e fechar minha mala. Foi para o aeroporto e por duas horas fiquei jogando conversa fiada com o colombiano. Copa air lines nos ofereceu mais um dia de graça por que o segundo vôo também tinha overbook, mas eu resolvi que era tempo de enfrentar a realidade.
Quando olhei meu bilhete de embarque vi que tinha sido posta no pior acento do avião, na frente da saída de emergência, por isso minha cadeira não inclinava. Fiquei p... da vida e pedi para falar com a pessoa que recrutava os voluntários a ficar no Panamá. Expliquei para ele que eu achava um abuso eu ceder o lugar no meu vôo e se colocada no pior acento do avião no dia seguinte. O cara pegou meu ticket e voltou com um novo: “Na classe executiva!”
Dormi feliz da vida na minha poltrona grande muito orgulhosa do meu piti! Dormi até me lembrar do frio que estaria fazendo em NYC quando eu chegasse sem casaco de frio. Como eu tinha saído quase fugida de NYC 4 meses antes, não levei meu casaco. Roubei o cobertor do avião e os comissários de bordo devem ter pensado: “ Isso que dá, por pobre na primeira classe, robam atee esses cobertores de quinta!”
Se tem uma coisa que você aprende ao viver em NYC, é a não dar a mínima para o que as pessoas pensam sobre você, e se eu já era assim em Teresina, imagina agora! Sem dar importância a cara de nojo da aeromoça eu saí com meu cobertor. Passei pela imigração (ah é tão bom ter green card!) e tive a agradável surpresa de que não estava assim tão frio. Peguei um táxi e fui para casa.
Depois de quatro meses, eu estava de volta. Pela janela do carro, eu olhava a inesperada chuva caindo em janeiro. Pensei no aquecimento global, no pouco de dinheiro que eu tinha na minha conta, nos chineses do Panamá, me sentindo um pouco enjoada, pensei devia ser cansaço, confusão mental e ajuste de fuso horário, eu pensei...
...errado de novo! Acordei só bagaço.
BEM VINDA A NEW YORK, VOCE ESTA COM SALMONELA!