quinta-feira, outubro 01, 2009

A coisa ficou russa!

A salmonela passou., o amor ficou. Durante meses eu e o meu Primeiro amor nos falamos noite e dia pelo Skype. Acordava uma hora antes do necessário para ir trabalhar para conversar com ele antes de sair de casa pela manhã. Tentamos por um tempo segurar a relação a distância até eu resolver se voltaria para o Brasil ou não, mas quando os planos dele de me visitar ruíram, as coisas ficaram complicadas. Sem perspectivas de nos vermos durante um ano acabamos no afastando pela milionésima vez!

Uma de minhas melhores amigas diz que pelas contas dela, vou me casar 5 vezes. As vezes o destino está guardando o Primeiro para ser também o Último e, como me cansei de bater cabeça para entender como duas pessoas que se amam tanto sempre acabam se separando, me agarro a essa possibilidade, que é pelo menos engraçada! Assim, espero o dia do quarto divórcio para que nós possamos viver felizes para sempre.

Depois do desmorono do romance com o Primeiro, em meio ao meu vazio existencial de trabalhar como garçonete e recepcionista, outro defunto apareceu, mas para entrar nessa história, tenho que votar um bocado no tempo.

Logo antes de me separar do Namorido, tive uma paixonite platônica. Meu casamento já tinha vencido e estava no fundo da geladeira esquecido esperando alguém reparar para joga-lo no lixo. Um dia, trabalhando no restaurante, meu gerente tirando onda com o bartender, chamou ele de Patrick Shcwarzer. Eu, sem entender a piada, perguntei o por que. O gerente me disse que ele era dançarino.


Quem conhecia aquele bartender entenderia minha surpresa. Um russo muito calado e ranzinza com mais cara de lutador do que de dançarino. Extremamente introvertido, ele ficou muito assustado quando eu, do nada, perguntei se ele era dançarino. Resmungou muito, mas acabou respondendo que sim, mas quando perguntei que tipo de dançarino, ele inventou todo o tipo de argumento para mudar de assunto.

Indignada com a falta de resposta, quando terminei meu turno, em vez de ir para casa, fiz uma hora no bar. Ele, mais uma vez tentando me desviar do assunto, perguntou o que eu queria beber. Eu disse que não sabia e ele me perguntou de que fruta eu gostava. Essa resposta, quem me conhece sabe: melancia! Se eu for morrer amanhã e só poder comer uma coisa antes de ir, quero comer uma melancia do carinha que vende a fruta num caminhão no bairro do Marquez em Teresina. O rapaz sumiu por uns dois minutos e quando voltou da cozinha, tinha um pedaço de melancia com ele. Mexeu, espremeu e sacudiu até que ele colocou na minha frente o meu primeiro martini de melancia!

O melhor drink do mundo, é como eu posso descrever esse martini. O drink é tão bom, que depois ele começou a fazer-lo para os clientes e o drink virou a sensação do restaurante. Em pouco tempo, virou drink oficial do estabelecimento e inspirou os gerentes a fazerem um cardápio de cocktails especial. Tive que beber oito martinis para o infeliz soltar a língua, mas quando soltou, vieram juntas as más intenções... rolou uma certa paquera inocente, uma vez que logo de cara disse que era casada. Depois disso, no trabalho, era ele sempre de brincadeirinha e eu achando ótimo. Assumo que estava caidinha pelo russo, mas aquelas alturas das circunstâncias, era a última coisa que eu precisava na vida.

O tempo passou, meu casamento acabou, mas quando voltei do Brasil, o russo já não trabalhava no meu restaurante. Acabei esquecendo dele até que um dia, ele aparece do nada no meu trabalho. Tinha trabalhado de recepcionista pela manhã e estava indo embora. O filme do Watchman estava em vias de ser lançado e a Apple tinha trazido o ilustrador do quadrinho para dar uma palestra. Ele me encontrou de saída para a loja da Apple com meu quadrinho debaixo do braço para ser assinado. Me ofereceu uma carona e antes que eu visse, estava num café tomando vinho. Conversa vai, conversa vem, e acabei contando para ele que ia com algumas amigas para um forró. Convidei e ele aceitou.

Acabou que o Russo era dançarino de salão. Demorou muito pouco para a gente estar rodopiando no meio do forró! Dançamos a noite toda e os dois estávamos extremamente surpresos de o quanto nos divertíamos juntos. A gente ficou, mas a moda russa, um beijinhos bem pouquinhos, mas quem precisa beijar dançando daquele jeito?!

A gente foi ficando por uns 3 dias até quando ele foi pra minha casa “beber vinho”. “Bebemos bastante vinho” e ele acabou ficando na minha casa. Acordamos casalzinho tomamos café e combinamos um programa para o fim de semana. Depois que ele saiu da minha casa naquela manhã até o dia que nós tínhamos marcado de sair, não ouvi uma palavra dele. O dia marcado passou e ele não atendeu o telefone. No meu estado mor de raiva, eu liguei e deixei uma mensagem muito desaforada.

Tinha se passado uma semana e eu estava me sentido um trapo, quando um Grego que trabalhava comigo me chamou para jantar depois do trabalho. Conhecia o cara a uns dois anos, tinha trabalhado com ele em outro restaurante grego e ele, por coincidência, foi parar no meu restaurante mais tarde. Saí com o carinha que me bajulou a noite toda, no fim da noite, depois de uma garrafa de vinho e 3 vodkas, acabei ficando com ele, mas ainda muito despeitada por causa do Russo.

O Grego de cara quis continuar o romance, e eu como estava, despeitada sai com ele nos 3 dias seguintes. Quando já estava me acostumando com o Grego, o meu telefone tocou, era o numero do Russo. Atendi ansiosa, mas não era ele e sim um amigo que eu conheço bem. O amigo, que tinha ouvido o recado desaforado que eu havia deixado na caixa postal do Russo estava me ligando para dizer que desaparecido estava em Chicago e que havia esquecido o telefone na casa dele. O amigo completou o recado dizendo que o Russo chegaria na segunda-feira e que me ligaria.

Passei o fim de semana pensando no que fazer com o Grego... ele tinha sido um fofo e não tinha me dado motivos para deixa-lo. O Russo por sua vez, era escorregadio como sabonete, quando eu achava que tava tudo bem, ele sumia. Me preocupei a toa. A segunda-feira passou e ele não me ligou até quinta-feira. O pior é que não pediu desculpas e agiu como se não tivesse feito nada de mais. Conversamos bem rápido por que estava chegando no trabalho quando ele me ligou. Depois disso, foi uma semana de desencontros, quando ele me ligava, eu não podia atender, e quando eu ligava, só achava caixa postal. Foi aí que eu vi que aquilo não ia para frente, se o cara não conseguia se organizar para conversar comigo no telefone, imagine para me ver! E foi assim que eu disse para ele que não queria mais nada com ele. O gostosão, que até então tinha me visto fazer de tudo para falar com ele e vê-lo, ficou surpreso com minha decisão e pediu ao menos um jantar de desculpas.

Fui para o tal jantar resolvida, contei até para o Grego a história para não ter confusão. Durante o jantar ele ficou tentando dar uma de gostoso até a hora que eu enchi o saco e falei para ele que ele tinha sido um moleque e que eu ao tinha paciência para moleque. Se desculpou mil vezes, mas eu tinha me decidido pelo Grego, que me tratava igual uma princesa. Na saída do restaurante, o Russo até se ajoelhar no chão para me pedir em namoro fez.

Voltei para casa morta de vontade de ter ficado com o Russo, mas ele tinha me dado todos os indicativos de ser ainda mais complicado do que o Ex-namorido, por isso, eu tratei de fechar a ferida antes de infeccionar.

Difícil esquecer o Russo é por que toda vez que eu estou trabalhando e um freguês me pergunta qual o meu drink preferido, eu respondo : “Martini de melancia, esse cocktail foi inclusive criado para mim!”

Um comentário:

Hingrid Portela disse...

O jeito vai ser eu ir aí tomar esse drink... To salivando!!! Amooo melancia, suco de melancia, mas o drink, ahhh, agora eu quero! =))