segunda-feira, março 08, 2010

Merda de dia ensolarado...











Essa semana meu chefe saiu de viagem. Eu trabalhei bastante, trabalhei tanto que não tive tempo de ligar pra duas grandes amigas para desejar feliz aniversário; mandei mensagens dizendo: “Segunda eu ligo!”


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Pois bem, segunda chegou e acordei ao meio dia. Sem vontade de falar com ninguém ou fazer nada, com a sensação de que essa vida de trabalhar fazendo algo que eu detesto está arruinando meu humor. Abri meus e-mails e vi um de uma prima: era ela repassando uma mensagem da irmã, que mora no Chile. Essa semana o Chile sofreu um puta terremoto e eu estava muito ocupada servindo champagne para um monte de peruas ricas em um chá de panela no restaurante. Me senti um monstro!


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Aqui, longe de todos, trabalhando sem saber porquê, mais confusa do que cachorro caído da mudança, incapaz de fazer 15%das coisas que sempre fui acostumada a fazer na vida, cada vez mais cansada e triste, me senti um monstro. Minha prima cresceu comigo. Na infância e adolescência nós brincamos, brigamos e passamos por quase tudo juntas. Quando me separei aqui em NY, ela foi a primeira a ligar, para saber como eu estava. Agora, que o chão literalmente tinha tremido debaixo de seus pés, fico sabendo quase uma semana depois, por que estava muito ocupada servindo champagne e sentindo pena de mim mesma...


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Tento ler, me reconectar com coisas que me faziam uma “pessoa melhor”, mas as momentâneas horas de felicidade são sempre engolidas por ondas gigantes de decepção que me jogam de volta a um buraco sem fundo, onde só a inércia é capaz de se acumular. Sem ninguém para culpar ou pedir ajuda, sem acreditar em Deus ou no Diabo, ando em círculos vendo as horas passarem, o sol nascer e se por sem saber como mudar. Mudar na verdade não é o problema, o problema é saber o quê mudar.


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Por muito tempo achei que o problema eram minhas expectativas, sempre tão altas, quase inatingíveis. Talvez a frustração quase sempre certeira criada por tamanhas ambições era a causa do irritante descontentamento que eu sentia. Assim, mudei! Mais calma, menos ambiciosa e menos arrogante, consegui viver em relativa paz. Agora o problema é essa pessoa na qual me transformei: vivendo um dia atrás do outro, tentando achar a felicidade nas pequenas coisas. Isso não funciona para mim! Um dia você acorda e nem sabe quem é mais! Não sei o que eu sou, o que estou fazendo, e o pior, eu tenho verdadeiro horror a mim mesma. Sei que antes, era irritante, arrogante e ansiosa, mas agora parece que virei um saco vazio. Sem parar em pé esse saco acorda todo dia tentando sacudir a poeira e fazer o melhor possível daquele dia, mas a gente sabe o que acontece com saco vazio.


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Minha prima está bem, minhas amigas provavelmente tiveram um ótimo aniversário, mas não graças a mim, uma pessoa que costumava encher uma casa enorme de alegria. Agora, completamente desprovida de carisma, não consegue iluminar um apartamentinho nem com a chegada da primavera.


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Odeio o que eu virei e odeio escrever quando estou deprimida. Acho que é por isso que costumo escrever coisa depressiva em inglês, em português minha depressão soa ainda mais patética. Ter que ligar para alguém para desejar felicidades desse jeito?! Pior do que se sentir uma bosta é fazer outros se sentirem mal também!


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Merda de dia ensolarado! Sem neve e frio para culpar a depressão, fica difícil gostar do é espelho!


Um comentário:

Paula disse...

Tenho um amigo, que morou 5 anos em NY, que costuma dizer que a cidade vai endurecendo vc aos poucos. Da minha percepção de turista, não consigo conceber muito isso, mas ao mesmo tempo acho q depois de um certo tempo a falta de coisas novas vai embolorando a gente, meio como se, de repente, você se descobrisse com o prazo de validade vencido. O pior é q mesmo q vc mude a projeção no fundo azul, mais dia, menos dia, a sensação de vida desperdiçada racha a sua cabeça de novo. Espero q vc reencontre o significado de permanecer em NY para q o periodo q ainda tem por aí seja mais leve pra vc. Beijo!