terça-feira, agosto 28, 2007

Lady’s Night!



Era sexta feira, minhas amigas tinha ido embora, eu finalmente tinha conhecido a Face Misteriosa, mas descansar que é bom nada! E lá ia eu cumprir uma missão social! Eu tinha marcado a uma semana, de encontrar com minha amiga da Republica Checa, mas com a notícia da noite passada sobre a mãe do meu amigo que tinha tido um derrame, eu teria que rever meus planos.
Cancelei os planos com minha amiga no meio da tarde. Eu estava bem triste pelo meu amigo, mas a verdade era que ele não era assim lá muito meu amigo. Ele era aquele tipo de cara que te convida as vezes pra um drink que sempre diz que a gente devia sair mais vezes, mas que na verdade eu só vejo quando é necessário! Esse cara, no seus trinta, é o tipo de carinha feioso que tenta conseguir atenção sendo super engraçado, o problema é que a gente não tem o mesmo senso de humor! Então quando eu marquei de sair com ele, eu já sabia que ia ser, ele forçando a barra, eu fingindo que acho engraçado e inventando mil desculpas pra ir embora cedo.
Desça vez a desculpa caiu no meu colo de forma inesperada. Eu sai do trabalho e liguei pra o carinha. Disse que estava saindo do trabalho e dei o endereço de onde ele deveria me encontrar! Se eu ia ter que ficar a noite toda com o mala, pelo menos que fosse num lugar agradável, bebendo o que eu gosto de beber! Ele disse que estava um pouco atrasado, mas disse que chegaria lá em breve. A caminhada do escritório para o bar era um pouco longa, mas o clima era perfeito para o desfrute do trajeto. Resolvi ligar para outra de minhas amigas, no caminho, pra saber como ela estava. Era a minha amiga Chechena. Eu liguei e perguntei o que ela estava fazendo. Ela me disse que estava na manicure! O que? A Chechena na manicure? Eu não vou a manicure em NY, por que eu acho ridículo pagar 50 reais pra pitarem minha unha que vai lasca em dois dias! O que a minha amiga que geralmente é mais mão de vaca que eu estava fazendo na manicure? Eu brinquei: “ Que chic você na manicure!” A resposta veio tristonha e seca:” Hoje é meu aniversário”. Ai que merda! Esqueci o aniversário da menina e ainda dou uma mancada dessas. Pra piorar a situação eu já tinha marcado de sair com o Mala!
Expliquei pra ela sobre a mãe do meu “amigo” , mas disse que ia ficar algumas horas com ele e que encontraria com ela logo em seguida!
Lembrei que o cara estava atrasado.Achei ótimo! Assim, em vez de correr pra encontra-lo, eu podia passar com calma pelo Soho e comprar pra minha amiga um presente pelo seu aniversário!
Bati perna e nada de achar algo! Desisti e resolvi apelar pra flores. Cheguei no bar e meu humor melhorou. É um dos meu lugares favoritos de NYC, É um jardinzinho... a comida não é lá essas coisas mas os drinks... e aquela era definitivamente uma noite pra drinks! Aquela noite era a das Frozen margaridas, eu experimentei pelo menos 3 sabores diferentes enquanto esperava pelo meu amigo atrasado. O garçom, um tatuadão altamente coisado*( agora vocês já sabem o que é coisado!), encostou na minha mesa e perguntou: “Você ta esperando por uma amiga, né? Por que eu não acredito que exista um homem no mundo que ia deixar você esperando esse tempo todo!” Sorte do garçom que eu só tava no terceiro drink, por que se fosse o quarto ou quinto, talvez eu tivesse perguntado se ele gosta de “Canto!”. Eu disse que esperava por um homem, mas que só era um amigo, completei dizendo que se fosse um encontro, eu já teria ido embora!
Meu amigo finalmente chegou, desinteressante como sempre! Se não fossem as frozen margaridas, eu nem sei o que seria de mim! No meio da nossa conversa, eu vi que tinha recebido uma mensagem. Não olhei a mensagem pra não faltar com educação, mas quando meu amigo saiu pra fumar um cigarro, eu não hesitei. Era o Sem Face! Perguntando como eu estava e dizendo que queria me ver de novo quando eu quisesse. Respondi dizendo que estava com esse amigo muito mala, mas que encontraria minha amiga que estava aniversariando, disse que eu ligaria pra ele quando saísse de lá. Durante o martírio da conversa sem fim com meu amigo metido a engraçado, eu recebi mais ou menos umas 3 mensagens, até que enfim, meu telefone toca. Era minha amiga aniversariante. Eu me desculpei e disse que tinha que atender, uma vez que ele já sabia que eu iria encontrar-la.
Minha amiga estava extremamente nervosa! Ela tinha originalmente saído com um casal amigo dela e o casal tinha inventado de brigar, agora era estava na noite do aniversário dela no meio de uma briga de casal.
Eu expliquei a situação pro meu amigo, muito contente por ter um motivo pra terminar aquele encontro das trevas mais cedo do que o esperado! Peguei minhas flores e fui encontrar minha amiga. Eu desci do táxi avistei a louca no meio da rua com cara de choro. A expressão se desfez assim que ela me viu com as flores! Eu perguntei o que havia acontecido e a situação era mais tragicômica do que eu esperava.
Minha amiga é gay, quer dizer, ela está saindo do armário agora! O casal de amigos resolveram então levar a aniversariante pra um clube de striptease. No meio da noite o amigo comprou uma Lap dance pra minha amiga. Lap Dance pra quem não sabe, é quando você vai pra um quarto particular com a striper e ela dança só pra você. Minha amig,a morrendo de vergonha, disse que não iria. A sua amiga não se fez de rogada, uma vez que seu namorado tinha pago pela seção, foi ela! O namorado meio desconcertado não disse nada até o momento em que a namorada saiu da saleta com o numero do telefone da striper! Ai a casa caiu! Eles saíram do Strip Club as berros e minha amiga junto. Ela também foi obrigada a acompanhar a briga que se estendeu ao carro! No meio da confusão a namorada assanhada se revoltou e desceu do carro enquanto ele estava parado no sinal e foi embora, deixando minha amiga com o namorado que bufava de raiva. Essa foi a hora que ela me ligou. Eu disse que ela saísse do carro, me dissesse onde estava que eu iria encontra-la.

Sugeri que ela esquecesse a primeira parte da noite e me dissesse o que ela queria fazer! Ela respondeu empolgada: “Vamos pra um bar de lésbicas!” Ai,ai,ai,... lá ia eu dar uma de boa amiga, e olha no que eu tinha me metido. Ela disse que sabia de um, mas ela nunca tinha ido. Ela estava morrendo de fome então paramos numa lanchonete no lado do bar para que comesse antes de entra. Foi quando eu lembrei que eu não tinha ligado para o Sem Face.
Ele atendeu o telefone e perguntou onde eu estava, eu disse, mas alertei que nós esteávamos indo a uma boate de lésbicas. Ele não se importou. Em dez minutos chegou e nós fomos ao bar. A entrada de homens era proibida. Minha amiga choramingou na porta dizendo que era seu aniversário e o porteiro finalmente nos liberou.
O lugar era visão do inferno! Só mulher! O pior não era isso, era a agressividade das mulheres. Um lugar infestado de mulheres agindo como homens. No balcão do bar uma garota dançando de biquíni enquanto as clientes colocavam notas de dólares em sua calcinha! Absolutamente diferente do que eu esperava!
O Sem Face se ofereceu pra comprar as bebidas. Voltou e começamos a conversar os três enquanto minha amiga me agradecia repetidas vezes por salvar a noite do seu aniversário. A felicidade dela amenizava o desconforto que eu sentia em estar naquele lugar.
Eu e o Sem Face começamos a conversar enquanto minha amiga dançava com uma menina. Em pouco tempo, sua amiga fujona, a que tinha saído correndo do carro, apareceu com outras amigas e se juntou a ela. Foi quando eu vi que minha função estava cumprida.
Me despedi, disse que teria que acordar cedo no outro dia. Minha amiga me abraçou e me agradeceu muito pela noite!
Sai com o Sem Face do lugar que me olhou e me disse: “Well, that was an adventure!” Ele parou um táxi e nós entramos. Ele disse o endereço pro taxistas e eu perguntei onde nós íamos. Ele disse que pra outra aventura. Eu ri e não perguntei mais nada. Chegamos ao lugar. Sai do táxi e o acompanhei. Ele encostou em uma portaria. Eu perguntei se era a casa dele. Ele disse que sim. Eu fiz uma cara de quem não sabia se queria entrar ali. Ele sorriu, passou a mão na minha cintura, me abraçou e finalmente me beijou! Sem parar de me beijar ele abriu a porta do prédio e nós entramos!

quarta-feira, agosto 22, 2007

Ai, os homens brasileiros...


Eu sei que o que você deve estar esperando ler é sobre a continuação da história do Sem-Face, mas eu vou ter que escrever sobre um outro acontecimento antes de eu voltar ao romance.
No prédio onde eu trabalho, várias vezes eu tive a impressão de ter ouvido alguém falando português no corredor. Como eu estava sempre na minha sala, e eu nunca realmente vi quem era que estava falando, bem de longe, eu achei que eu estava ficando louca.
Quando nós terminamos a filmagem desse filme em New Jersey,estado visinho a NY, nós tínhamos que ir pra Montana, pra filmar o resto do filme. Esse manhã eu tinha que estar cedo no escritório, por que o caminhão que tinha o guarda roupa estacionaria em frente ao escritório. Eu teria que tirar todas as roupas de dentro do caminhão, para transferir pra o outro caminhão que viajaria para Montana. Eu estava cansada, mas com ótimo humor. Na noite anterior, eu tinha ido ao show to Daft Punk, e tinha dançado a noite toda. Nem a chuva torrencial que caia tinha estava afetando meu humor. Peguei emprestado do figurino do filme um bulsão de moletom com capuz pra não me molhar muito no processo de troca de caminhão e fui.
Quando eu estou em frente ou elevador esperando pra sair do prédio, eu descobri de onde o português, que tantas vezes eu ouvira, vinha! Uma das salas no meu andar estava sendo reformada e os pedreiros eram todos Brasileiros. Eles esperavam pelo elevador do meu lado, eram uns cinco. Eles esperavam o elevador para subir, e eu para descer!
Eles conversavam sobre várias coisas quando eu ouvi: “Nossa é muito gostosa ...” “??????” , eu pensei. O outro respondeu:” Nossa ela é muito gostosa, ela ta me matando com esse blusão hoje por que ela tem uma bundinha muito gostosa, é uma coisa”.
Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa o elevador deles chegou e eles entraram subiram ainda falando da minha bunda!
Eu fiquei no meio do corredor bufando de raiva! Pensando em todas as coisas eu queria dizer pra ele. E pensando por que eu não consegui pensar em tudo aquilo quando eles ainda estavam na minha frente!
Mais tarde aquele dia minha amiga brasileira que mora em Boston me ligou. Eu compartilhei com ela o acontecimento do dia. Ela riu e disse : “Esses homens brasileiros não tem jeito..” Ela me contou uma história sobre dois brasileiros que tinham sido presos na cidade dela, pra matar a comunidade brasileira de vergonha.
Um proprietário de cabras estava incomodado com o barulho que suas cabras estavam fazendo a noite. Reclamou para a policia, que resolveu instalar câmeras noturnas pra saber o que afligia as pobres cabras. Eu daria qualquer coisa pra ver a cara do policial que assistiu as filmagem daquela noite: dois brasileiros faziam visitas noturnas as pobres cabras todas as noites. Os dois foram presos como estupradores de cabras!
Agora quando ele voltarem ao Brasil e alguém perguntar o que eles foram fazer nos Estados Unidos, o que eles vão dizer? Comer cabra!

quinta-feira, agosto 16, 2007

"Disseram que eu voltei americanizada..."

Quinta feira veio! Minhas amigas já tinha ido embora e a casa parecia tão vazia... Eu sai de dia e não tinha ninguém de quem me despedir, nenhuma instrução pra dar e eu me senti só! Sai de casa cedo pro trabalho e eu sabia que não ia ter tempo de voltar em casa antes de poder encontrar o Sem Face. Levei o meu sapato alto na bolsa e uma maquiagem básica pra rápidos retoques. Eu estava nervosa, mas não pelos motivos e você ficaria normalmente nervosa em um primeiro encontro. Era a primeira vez que eu estava saindo com alguém com alguma intenção real depois do namorido. Eu sai algumas vezes com o Marinheiro, mas era só pra manter meus pensamentos longe do namorido e do caos que ele tinha criado na minha vida de uma hora pra outra. Agora era diferente, eu estava convencida de que o namorido não voltaria mais pra mim. Mesmo que ele estivesse sempre por perto e sempre me adulando, ele sempre arrumava um jeito de dizer que lamentava ter que terminar comigo, mas era um mal necessário. Eu tinha me convencido de que o negocio era a fila andar!
Eu praticamente não havia falado com esse menino, tinham sido algumas mensagens pra combinar dia, hora e adjuntos. Ele pediu que eu mandasse uma mensagem dizendo quando eu sairia do trabalho. E assim o fiz. Tive que encontrar a assistente de figurino pra levar umas roupas pra ela antes de ela ir pra casa. As roupas teriam que ir com ela na manhã seguinte pro set. Eu tinha milhões de sacolas comigo e ela mesma já tinha uma carga considerável, me ofereci pra ajudá–la a terminar as compras e coloca-la dentro de um táxi. Ela agradeceu. O único problema, era que como eu já tinha saído do escritório, eu já tinha mudado de sapato, e estava de salto alto!
Embarquei a chefe no táxi e tratei de ligar por Sem Face, mas caiu na caixa postal. Era só o que faltava, pensei, o que eu ia fazer agora, no meio da rua esperando o menino! Entrei no café e mandei uma mensagem de texto. Ele me respondeu, disse que estava em um show a trabalho, mas o show estava prestes a terminar e ele me ligaria. E ele ligou, pediu desculpas por me fazer esperar e perguntou onde eu estava . Eu respondi e ele marcou de me encontrar em Union Square, que era perto de onde eu estava.

Andei um bocado pra chegar no lugar marcado. Sentei nos degraus de Union Square junto da multidão que sempre ocupa a praça durante o verão. Em alguns minutos, um cara carregando uma maleta para na minha frente, ele era um Peformer. Começou a chamar a atenção do “púbilco” e começou o seu show. No início eu fiquei um pouco incomodada. Achei que o cara era meio chato de princípio, mas ele era muito bom e extremamente engraçado. Lembrei dos meus tempos de teatro, deu uma saudade de Belo Horizonte, dos Festivais Internacionais de Teatro, Quadrinhos e Circo...quando eu já estava quase sendo sugada pelo túnel do tempo, meu celular tocou, era ele. Olhei ao redor antes de atender o telefone. Se eu visse ele falando no telefone antes de eu atender, talvez desse tempo de eu ver seu rosto no claro, assim, se ele fosse um dragão, eu podia fugir de mansinho! Avistei alguém de longe no telefone que parecia com ele, pelo menos do que eu me lembrava dele. Atendi o telefone enquanto observava ele de longe. Ele atendeu meio sem jeito preocupado: “Não faço idéia de como eu vou te encontrar aqui, esse lugar está lotado!” O pobre coitado não tinha idéia de com que estava se metendo, mal sabia ele que já estava sedo, meticulosamente, observado a distância! Eu perguntei se ele estava usando uma camiseta pólo preta. Ele olhou pra própria camiseta e eu pude confirmar que era ele mesmo. Eu disse que ficasse parado que eu já o havia avistado. Desliguei o telefone e caminhei devagar em sua direção. Ele olhava pra todos os lados, mas só pode me ver quando eu já estava bem perto.
Ele parecia entusiasmado e um pouco nervoso ao mesmo tempo. Eu fiquei olhando pra cara dele pra saber se eu achava ele bonito ou feio. Ele era o tipo de pessoa que leva um tempo pra você formular uma opinião! Já era um começo, pelo menos ele não era um dos que a feiúra assusta!
Meu telefone tocou, era um amigo que eu conhecia de outro trabalho. Pedi licença e atendi, esse cara sempre me indicava pra trabalhos e eu achei que era indelicado não atender. Ele estava me perguntando o que eu estava fazendo. Dize que tinha acabado de encontrar alguém. Ele me contou que ia voltar para o Kansas, de onde ele é. Ele ficaria uma temporada ajudando a mãe que acabara de ter um derrame. Disse que sentia e que poderia vê-lo no dia seguinte depois do trabalho.
Desliguei o telefone e me desculpei. Ele entendeu e perguntou o que eu queria fazer, eu diz, qualquer coisa, mas o que eu queria dizer era: “Qualquer coisa sentada por que eu estou usando esse sapato lindo de morrer, mas ele é alto de mais pra bater perna!” Claro que eu não ia dizer nada do tipo, eu não queria dar uma mala assim de cara.
Ele disse que ia me levar num lugar legal. A gente entrou no metro e foi. No caminho a gente foi conversando sobre o que cada um fazia da vida. Ele trabalhava numa empresa que agencia músico, nem seu se esse é o melhor jeito de descrever o que ele faz, mas enfim...Chegamos no tal lugar. Nesse momento ele já estava sendo considerado mais pra bonito que pra feio. Ele disse que tinha que me mostrar uma fonte, a sua fonte preferida. “???????” foi o que passou pela minha mente. Quem nesse mundo de Deus tem um Fonte Preferida? Andamos em direção a uma praça e por entre as árvores, eu podia ver uma luz que, modesta e inconstante, iluminava o cair da noite. Nós fomos nos aproximando, a luz era fraca e eu só pude realmente ver do que se tratava quando eu já estava na frente da tal fonte. Eu tinha que admitir, era linda!
A fonte era bem antiga, nada suntuosa, mas extremamente delicada. Em vez de lâmpadas, o que iluminava a fonte era lamparinas bem grandes. Me perdi por alguns segundos vendo a água jorrar tão perto do fogo, cujas labaredas eram movidas pelo vento.

Quando eu me mudei pra NY, o ex-namorido não gostava de fazer planos. Sempre que eu perguntava o que a gente ia fazer, ele dizia que ia ver o que os amigos dele estavam fazendo, poucas vezes ele me levou pra conhecer lugares, ou pra fazer coisas que ele achasse que eu ia gostar. Muitas vezes até ele mesmo se surpreendia quando, em uma conversa displicente, depois de meses que eu estava em NY, ele descobria que não havia me levado a certos lugares. E lá estava eu com esse estranho, que só havia ganho uma Face a poucas horas, e já dividia comigo a sua fonte preferida.
Depois de alguns minutos de convers,a praticamente a luz de velas, ele me perguntou se eu queria jantar. Eu disse que sim. A gente andou milhares de quilômetro ( pelo menos era o que os meus pezinhos apertados no meu salto alto sentiam) até chegar nesse restaurante italiano. Eu tenho que admitir que ele não ganhou muitos pontos com o restaurante, mas também não perdeu. Eu disse que ia beber vinho e perguntei se ele me acompanharia. Ele disse que sim , mas admitiu que não era muito acostumado a beber. Eu fiz algumas perguntas básicas para tentar descobrir que tipo de vinho ele iria gostar e pedi dois copos de Sauvignon Blanc.
O vinho iniciou um assunto novo. Ele me contou sobre o dia em que me conheceu. Ele admitiu que estava muito bêbado quando me viu. Eu não reparei, respondi. Foi quando ele completou com a primeira coisa fofa que entraria pra lista do Sem Face. Era aniversário de um amigo no dia em que ele me viu no Dark Room. Ele já estava na rua a horas, e segundo ele, poucos drinks já são mais que suficiente pra fazer o mundo rodar. Ele disse que quando entrou no lugar, estava muito bêbado, mas quando me viu, de repente, ficou sóbrio! Ele disse que foi a coisa mais estranha do mundo. Até esse momento eu ainda não sabia se eu achava o comentário gracinha, ou se aquilo era só estratégia de primeiro encontro.
Depois de jantar, ele perguntou se eu estava pronta pra dar uma volta. Eu disse sim, eu menti! Eu queria fazer qualquer coisa menos andar! Eu ficava pensando que minha sandália rasteira estava no escritório e no quanto que eu queria que ela estivesse na minha bolsa. Esvaziei a mente e resolvi pensar em outras coisas. Não foi muito difícil, ele andava comigo em Downtown, na beira da água. Conversamos horas, ele me mostrou várias outras coisas, nenhuma tão bonita quanto a fonte e assim eu caminhei mas alguns milhões de quilômetro. Finalmente eu me rendi e, em frente da água em um lugar com vista extremamente privilegiada , eu perguntei se ele queria sentar.
Depois de me mudar tantas vezes de cidade, e dos quatro anos de faculdade trabalhando igual um jumento emprestado, eu não preciso me preocupar com falta de assunto no primeiro encontro. Ele por sua vez também não enfrentou problemas em continuar uma conversa... quando nos demos conta, já era tarde.
Ele se mostrou bastante decepcionado quando eu disse que tinha que ir embora. Eu me justifiquei dizendo que trabalhava cedo e que já estava com o sono muito atrasado pro ter saído as últimas semanas com minhas amigas. Ele entendeu.
Eu me vi indo pra casa depois de ter passado a noite inteira com esse menino, sem um beijo. Me senti como a Carmem Miranda: “ disseram que eu voltei americanizada...” Pra quem está acostumada a Ficar, primeiro e pensar se dá o telefone depois, toda aquela prorrogação, era algo novo! Senti a apreensão dele enquanto ele abria a porta do carro. Eu sabia que expressão era aquela, era dúvida! Ele não sabia se eu ia desaparecer no mundo e nunca mais atender o telefone, ou se eu ia ligar e sair com ele de novo... Eu tentei resolver com um abraço, disse que tinha adorado a noite e que a gente se veria de novo., mas eu vi no seu rosto que ele ainda não estava convencido. Entrei no táxi e mandei uma mensagem dizendo que eu sentia ter que ir, e que eu esperava ouvir notícias. Ele respondeu dizendo que com certeza eu ouviria notícias dele!

quinta-feira, agosto 09, 2007

Algumas coisas são coisadas, outras não!

O começo da semana passou rápido. As meninas estavam quase indo embora quando eu me lembrei que uma das minhas amigas não podia ir embora sem antes resolver uma pendência. Ela havia conhecido esse italiano na internet em um site de viajantes. Ela disse que estava indo pra NY e ele estava passando uma temporada aqui. Eles tentaram se encontrar algumas vezes, mas nunca dava certo. Finalmente a gente resolveu fazer as coisas darem certo, a minha amiga ia conhecer o tal Italiano. Minha amiga tem essa idéia na cabeça dela que todo homem italiano é bonito, quando eu perguntei como esse era, a resposta foi inesperada: “Não sei!” Como assim? Eu pensei... Ela disse que a foto no tal site onde ela tinha conhecido ele era muito pequena, não dava pra saber muita coisa. Era só o que me faltava? Um segundo Homem Sem Face.
Resolvemos que íamos ver o menino, se ele fosse uma carniça de feio, alguém inventava uma desculpa esfarrapada pra ir embora. Eu falei pra ela: “Se o bofe não for coisado eu finjo que vou desmaiar” Coisado, pra quem não sabe, é a gíria utilizada entre eu e minhas amigas que significa absolutamente qualquer coisa. Nesse caso, coisado quer dizer bonito.
Depois de muita confusão, a gente indo pra um lugar e ele pra outro tentando se encontrar, finalmente a gente chegou no Bar onde o infeliz devia estar. Minha amiga ligou pra ele e ele disse que estava chegando. Nós 3 ansiosa olhando pra qualquer infeliz que cruzasse a porta do bar. De repente entra no bar esse baixinho barrigudinho com uma camisa de botão laranja fluorescente! Ele com certeza não combinava com a idéia que minha amiga tinha de homem italiano... O rapaz estava ficando careca e tinha uma textura de pele esquisita. Rapaz definitivamente não era coisado! Agora, se tem uma coisa com que eu não me meto, é com gosto alheio, como eu não sabia se minha amiga tinha gostado daquilo ou não, eu segurei minha cara de limão azedo! O rapaz se sentou e começou a conversar com a gente com seu inglês macarrônico, literalmente. Eu conheço gente de tudo quanto é buraco do mundo nessa cidade, isso que dizer que eu já ouvi todos os sotaques que você possa imaginar de inglês, mas nunca um sotaque me irritou tanto quanto o desse menino. Na verdade não era irritação que me deu, foi só uma vontade crescente e incontrolável de tirar onda com a cara dele. Pra uma pessoa como eu, que sempre tive gente me gozando por causa de sotaque, aquela vontade incontrolável de sacanear alguém pelo mesmo motivo eu sempre fui sacaneada tantas vezes, era inesperado.












Deixei o inglês macarrônico interagir com o “feioadônico” pra ver se eu conseguia pegar alguma reação da minha amiga, mas nada. O infeliz além de feio era um mala. Aquele sotaque italiano falando aquele tanto de besteira já estava me dando nos nervos, sem falar não dor de cabeça que a camisa fluorescente estava me dando. Ele tirou um macho de cigarros do bolso e perguntou se a gente fumava. Nessa hora eu sorri pela primeira vez, ele não só estava oferecendo cigarros pra mim que sou alérgica aquelas porcarias, mas também pra minha amiga que é asmática! Agradeci e disse que não. Ele saiu do bar pra fumar, por que em NY é proibido fumar em bares de boates, você tem que sair e voltar quando terminar.
Era a oportunidade que a gente esperava. O menino saiu do bar e minha amiga disse : “Qual das duas ai é a que vai desmaiar mesmo?” Eu respirei aliviada! Eu me prontifiquei a terminar aquela dolorosa conversa o mais rápido possível. O menino voltou, e eu comecei a boceja e a dizer como essas duas semanas que elas estavam aqui eu tinha saído todo dia e que eu estava morta de sono, blábláblá... Eu disse que ia que ter que ir embora, mas que as meninas podia ficar SE... elas achasse que davam conta de ir embora sozinhas pra casa. A minha amiga pegou logo a deixa e disse que nem morta ia pegar metro sozinha de noite em NY pra depois se perder... como se ela já não tivesse passado as duas semanas anteriores fazendo isso todo o dia, hahah Eu disse que ia pegar um táxi e o rapaz foi nadando com a gente ainda tentando convencer minha amiga a ir a uma boate com ele. Eu não me agüentei nessa hora e comecei a imitar o sotaque italiano dele. Ele demorou umas 5 frases até entender que eu tava tirando onda com a cara dele.
Entramos no táxi e minha amiga respirou aliviada e triste ao mesmo tempo com a descoberta: Nem todos os italianos são coisados.

Vocabulário coisado:
O que quer dizer coisado? Se depois de ler esse texto, você ainda está confuso/a sobre o que coisado quer dizer, eu explico!
Por exemplo, se você vê um carinha pela primeira vez e sua amiga pergunta: “E ai? É coisado?” Ela quer saber se o cara é bonito ou não. Se o bofe em questão for tipo Brad Pitt, você responde: “ Coisadíssimo” ou “ Ave Maria mermã, uma coisa coisada o menino!”
Se o bofe for estilo Tiririca a resposta seria: “ Não é coisado de jeito nenhum essa coisa!”
Se você saiu com o Brad Pitt pela primeira vez e vocês ficaram e sua amiga perguntar: “Coisado?” Nesse contexto a palavra muda de significado. Aqui sua amiga está perguntando se o menino beija bem, ou se sabe dar uns pegas. Se você estiver saindo com o estilo Brad Pitt a resposta esperada é: “ Altamente coisado!...” Agora se você e o Brad Pitt continuarem a sair e as coisas estiverem esquentando entre vocês, sua amiga vai perguntar: “E ai menina? Não coisou ainda não?” Nessa sentença, sua amiga quer saber se vocês já fizeram sexo. Agora se você tem uma amiga indiscreta, talvez ela pergunte: “E a coisa, é coisada? Ai você responde que, como uma lady, você não vai entrar nesses detalhes!

O começo da semana passou rápido. As meninas estavam quase indo embora quando eu me lembrei que uma das minhas amigas não podia ir embora sem antes resolver uma pendência. Ela havia conhecido esse italiano na internet em um site de viajantes. Ela disse que estava indo pra NY e ele estava passando uma temporada aqui. Eles tentaram se encontrar algumas vezes, mas nunca dava certo. Finalmente a gente resolveu fazer as coisas darem certo, a minha amiga ia conhecer o tal Italiano. Minha amiga tem essa idéia na cabeça dela que todo homem italiano é bonito, quando eu perguntei como esse era, a resposta foi inesperada: “Não sei!” Como assim? Eu pensei... Ela disse que a foto no tal site onde ela tinha conhecido ele era muito pequena, não dava pra saber muita coisa. Era só o que me faltava? Um segundo Homem Sem Face.
Resolvemos que íamos ver o menino, se ele fosse uma carniça de feio, alguém inventava uma desculpa esfarrapada pra ir embora. Eu falei pra ela: “Se o bofe não for coisado eu finjo que vou desmaiar” Coisado, pra quem não sabe, é a gíria utilizada entre eu e minhas amigas que significa absolutamente qualquer coisa. Nesse caso, coisado quer dizer bonito.
Depois de muita confusão, a gente indo pra um lugar e ele pra outro tentando se encontrar, finalmente a gente chegou no Bar onde o infeliz devia estar. Minha amiga ligou pra ele e ele disse que estava chegando. Nós 3 ansiosa olhando pra qualquer infeliz que cruzasse a porta do bar. De repente entra no bar esse baixinho barrigudinho com uma camisa de botão laranja fluorescente! Ele com certeza não combinava com a idéia que minha amiga tinha de homem italiano... O rapaz estava ficando careca e tinha uma textura de pele esquisita. Rapaz definitivamente não era coisado! Agora, se tem uma coisa com que eu não me meto, é com gosto alheio, como eu não sabia se minha amiga tinha gostado daquilo ou não, eu segurei minha cara de limão azedo! O rapaz se sentou e começou a conversar com a gente com seu inglês macarrônico, literalmente. Eu conheço gente de tudo quanto é buraco do mundo nessa cidade, isso que dizer que eu já ouvi todos os sotaques que você possa imaginar de inglês, mas nunca um sotaque me irritou tanto quanto o desse menino. Na verdade não era irritação que me deu, foi só uma vontade crescente e incontrolável de tirar onda com a cara dele. Pra uma pessoa como eu, que sempre tive gente me gozando por causa de sotaque, aquela vontade incontrolável de sacanear alguém pelo mesmo motivo eu sempre fui sacaneada tantas vezes, era inesperado.
Deixei o inglês macarrônico interagir com o “feioadônico” pra ver se eu conseguia pegar alguma reação da minha amiga, mas nada. O infeliz além de feio era um mala. Aquele sotaque italiano falando aquele tanto de besteira já estava me dando nos nervos, sem falar não dor de cabeça que a camisa fluorescente estava me dando. Ele tirou um macho de cigarros do bolso e perguntou se a gente fumava. Nessa hora eu sorri pela primeira vez, ele não só estava oferecendo cigarros pra mim que sou alérgica aquelas porcarias, mas também pra minha amiga que é asmática! Agradeci e disse que não. Ele saiu do bar pra fumar, por que em NY é proibido fumar em bares de boates, você tem que sair e voltar quando terminar.
Era a oportunidade que a gente esperava. O menino saiu do bar e minha amiga disse : “Qual das duas ai é a que vai desmaiar mesmo?” Eu respirei aliviada! Eu me prontifiquei a terminar aquela dolorosa conversa o mais rápido possível. O menino voltou, e eu comecei a boceja e a dizer como essas duas semanas que elas estavam aqui eu tinha saído todo dia e que eu estava morta de sono, blábláblá... Eu disse que ia que ter que ir embora, mas que as meninas podia ficar SE... elas achasse que davam conta de ir embora sozinhas pra casa. A minha amiga pegou logo a deixa e disse que nem morta ia pegar metro sozinha de noite em NY pra depois se perder... como se ela já não tivesse passado as duas semanas anteriores fazendo isso todo o dia, hahah Eu disse que ia pegar um táxi e o rapaz foi nadando com a gente ainda tentando convencer minha amiga a ir a uma boate com ele. Eu não me agüentei nessa hora e comecei a imitar o sotaque italiano dele. Ele demorou umas 5 frases até entender que eu tava tirando onda com a cara dele.
Entramos no táxi e minha amiga respirou aliviada e triste ao mesmo tempo com a descoberta: Nem todos os italianos são coisados.

Vocabulário coisado:
O que quer dizer coisado? Se depois de ler esse texto, você ainda está confuso/a sobre o que coisado quer dizer, eu explico!
Por exemplo, se você vê um carinha pela primeira vez e sua amiga pergunta: “E ai? É coisado?” Ela quer saber se o cara é bonito ou não. Se o bofe em questão for tipo Brad Pitt, você responde: “ Coisadíssimo” ou “ Ave Maria mermã, uma coisa coisada o menino!”
Se o bofe for estilo Tiririca a resposta seria: “ Não é coisado de jeito nenhum essa coisa!”
Se você saiu com o Brad Pitt pela primeira vez e vocês ficaram e sua amiga perguntar: “Coisado?” Nesse contexto a palavra muda de significado. Aqui sua amiga está perguntando se o menino beija bem, ou se sabe dar uns pegas. Se você estiver saindo com o estilo Brad Pitt a resposta esperada é: “ Altamente coisado!...” Agora se você e o Brad Pitt continuarem a sair e as coisas estiverem esquentando entre vocês, sua amiga vai perguntar: “E ai menina? Não coisou ainda não?” Nessa sentença, sua amiga quer saber se vocês já fizeram sexo. Agora se você tem uma amiga indiscreta, talvez ela pergunte: “E a coisa, é coisada? Ai você responde que, como uma lady, você não vai entrar nesses detalhes!

quarta-feira, agosto 08, 2007

As visitas trouxeram mais do que Havaianas de presente!

Um dia antes da festa de abertura das filmagens, minhas amigas chegaram do Brasil. Era a primeira vez que alguém vinha aqui me visitar. Minha prima tinha passado por aqui, mas a trabalho e muito rápido, mas minhas amigas ficariam por duas semanas.

Não precisa dizer que elas chegaram no dia que o bicho ia pegar no trabalho, era a sexta feira anterior a segunda que seria chamada dia ZERO. Dia zero foi o jeito que a HBO achou de economizar uns trocados no orçamento do filme. Era um dia de filmagem, mas não contava no cronograma de filmagem como o primeiro dia por que não ia usar não um dos atores principais. Os atores principais, só pra que se entenda, são os que tem fala, não só os mais importantes. É uma questão de contabilidade, se você fala em um filme, você é um principal se você não fala, é um extra, e principal ganha um tanto, e extra outro tanto bem menor! O dia Zero era na verdade o dia #1, mas como só tinha Extras, foi chamado dia Zero. Bem, dia Zero para os custos da produção por que pra nós do figurino, era o primeiro dia de filmagem, o que fazia do dia anterior a ele, o primeiro dia de caos...
Era uma sexta e até aquele dia, eu não tinha vivenciado os dias de 12 horas de trabalho. Eu geralmente chegava no trabalho as 9 da manhã e saia do trabalho as 6 da tarde o que é geralmente, uma dia bem leve de trabalho para padrões cinematográficos. Mas esse dia, como minhas amigas chegariam, claro que eu trabalhei as usuais 12 horas. Sai do trabalho as nove da noite e fui pra casa. Cheguei morta, depois de uma semana de trabalho pesado, carregando o caminhão do guarda – roupa, recebendo caixas e mais caixas de roupa vindas da Califórnia, eu queria uma caminha gostosa, mas eu sabia que isso não seria possível. Eu cheguei, dei beijinhos e abraços, tomei banho e sai com as meninas.
Levei elas pra experimentar a comida do restaurante grego que eu trabalhava. A comida estava ótima como sempre, o chefe, que é meio apaixonado por mim, como sempre mandou muito mais comida do que eu pedi pra minha mesa, mas depois de duas taças de vinho, eu estava quase morta!
Saímos do restaurante e fomos fazer o famoso LES- Lower East Side tour! Levei as meninas no lugar onde eu sempre ia com as amigas do restaurante depois do trabalho. O lugar é bem despretensioso, tem música boa e é bem no estilo LES, escuro e apertado! No meio da noite, o ex-namorido liga e diz que está no Dark Room.
A tradução literal de Dark Room é Quarto Escuro e é exatamente o que é. O Dark Room é um lugar que tem musica ótima, é pequeno e muito escuro, lugar perigosa pra caça! Eu como não estava com a mínima disposição pra caça, não pestanejei e fui, afinal, eu estava muito cansada, era bom ter alguém pra entreter as minhas amigas, que não fosse eu.
Quando chegamos no Dark Room, o ex-namorido estava só, os seus amigos tinham ido embora. Eu encostei no bar, sentei num banco e deixei o ex-consorte conversando com minhas amigas. Vários caras passaram e tentaram puxar assunto com elas, era quando eu tinha que ir explicar que elas não falavam muito inglês. Tirando alguns malas, a noite ia calma até a hora que o ex saiu de perto da gente pra ir comprar outro drink. Um menino passou por nós, e o fato de ele estar usando uma jaqueta num dia infernalmente quente, fez com que nós olhássemos pra ele, ele olhou de volta, mas parecia algo bem casual, não uma encarada. Bem, eu estava errada. Poucos instantes depois eu estava bem dêstraída quando uma pessoa se materializa na minha frente e diz : “Oi, meu nome é...” Eu, assustada, apertei a mão dele sem mesmo ter entendido o nome, que ele teve que repetir quatro vezes até que eu pegasse. Eu não tinha uma opinião formada a respeito dele naquele momento. Como o nome do ligar diz, nós estávamos num quarto escuro e o corte de cabelo dele, era tido cabelo na cara. Ele sem dúvida estava bem vestido, e era extremamente agradável. Ficou um bom tempo conversando, me disse que tocava numa banda. Um amigo passou por suas costas e falou algo do tipo: “ Não confia nesse cara não...” era o baterista da banda. Eu achei que o amigo bem fazia o tipo da minha amiga, então, quando a oportunidade apareceu, eu agarrei. Ele disse que ia tocar no outro fim de semana perguntou se nós queríamos ir. Eu disse sim. Trocamos telefone e ficamos de combinar.
Quando ele finalmente saiu de perto de mim eu olhei pra minha amiga e perguntei sobre ex-namorido. Achei que ele ia estar lá pra fazer alguma gracinha. Me enganei. Minha amiga disse que assim que ele voltou e me viu conversando com o carinha e foi embora sem se despedir.
Eu liguei pro ex-namorido, ele disse que tinha ido embora por que tinha começado a se sentir mal de uma hora pra outra e teve que sair correndo pra não vomitar no bar. Eu não engoli a desculpa.

O outro dia depois desse foi o sábado do qual eu já falei, o da festa de abertura das filmagens. No domingo eu troquei mensagens com o carinha. Eu estava altamente resitante em marcar qualquer coisa, eu realmente não conseguia me lembrar de ter visto direito o rosto do garoto, e se ele fosse um mostrengo na luz do dia? Ta certo que ele pareceu legal e tudo, mas eu também não tava a fim de descobrir que o menino era um jaburu depois que eu já tinha marcado de sair com ele! Falei que ele me mandasse a hora e lugar onde ele ia tocar no fim de semana, que eu ia fazer o possível pra ir.
A semana passou rápido e logo era sexta-feira, dia de ir ao show do Homem sem face. Eu estava tão nervosa. Durante toda a semana o ex-namorido esteve presente. Sempre me rodeando, mas toda vez que eu me aborrecia e perguntava qual era a dele, a resposta era a mesma: ele tinha saudades, me amava, eu sou tão linda, e ele sentia muito que a gente tinha que ficar um tempo separado, mas era o que ele tinha que fazer! O ódio misturado como que eu ainda sentia por ele, destruiu meu estômago e minhas noites de sono, mas tinha me feito resolver deixar o ex-namorido de mão e seguir em frente. Eu resolvi, mesmo que o Sem Face não fosse um deus grego, eu ia sair com ele! Eu definitivamente tinha que tirar o ex-namorido da minha cabeça antes de enlouquecer!
Antes do dia chegar ao fim o stress chegou no ponto alje e eu tive um começo de herpes! Sai correndo do trabalho pra ir no medico pra pegar a receita do remédio que eu tomo pra evitar as crises. Fui na farmácia e, felizmente, consegui tomar o remédio antes da crise se manifestar realmente. Duzentos dólares mais pobre e extremamente irritada, eu fui pra casa. O ex-namorido tinha ligado e dito que ia pra um festival de musica no cais do porto, estava perguntando se eu não queria que ele levasse as meninas, uma vez que eu não chegaria em casa a tempo. Eu pensei em minha amigas e disse sim, mas sabia que aquilo ia me complicar mais tarde.
Depois do conserto, ele levou as meninas pra um bar secreto chamado The Back Room, O quarto dos fundos. É uma entradinha pequena que parecia a entrada da cozinha do restaurante na porta do lado. Eu entrei, andei pelas laterais de um prédio, subi e desci umas escadas até achar uma porta. Quando eu abri, eu entrei nesse bar lindíssimo. Todo coberto de papel de parede, com lustres de cristal enormes, todo decorado como se fosse uma sala de chá em estilo francês com móveis antigos e tudo. Olhei nas mesas em busca de minhas amigas, reparei que todos bebiam em xícaras de chá, os que não bebiam em um xícara, eram os que bebiam cerveja, que era servida dentro de um saco de papel marrom. O bar era inspirado nos bares de época da lei seca, quando a venda de bebida alcoólica nos EUA era proibida. Quando eu entrei no bar eu vi que o show do Sem Face já haveria começado e eu ainda não tinha criado coragem de ir! Enviei um mensagem dizendo que tinha acabado de chegar em casa do trabalho e que não ia dar tempo de vê-lo. Ele respondeu quando saiu do show dizendo que se eu quisesse sair depois do show, e podia ligar pra ele. Eu não liguei. Fiquei um pouco com as minhas amigas, o ex-namorido e seu amigo e depois fomos pra casa. Escrevi pedindo desculpas e dizendo que se desse eu marcava outra coisa mais tarde na semana.
No sábado nós iríamos para o PS1. Eu nunca tinha ido, mas essa prometia ser a melhor festa do verão. O Moma, museu de arte moderna, tem uma galeria no Queens. Quando o Moma foi reformado alguns anos atrás, algumas obras foram transferidas pra essa galeria chamada PS1. O PS1 tem uma área externa onde, durante o verão, uma festa com bandas e DJs é realizada nos sábados durante o dia.

Saímos de casa e no caminho do PS1 meu celular tocou, era o Homem Sem Face. Eu atendi e comecei logo a me desculpar. Ele altamente tranqüilo disse que não estava me ligando pra me punir, só queria falar comigo. Eu disse que estava indo pro PS1 e ele disse que ia levar a mãe que estava aniversariando pra ver um show da Broadway. Eu disse que ele podia me ligar quando saísse do show se quisesse me encontrar. Ele disse que me ligaria.
A festa era tudo de bom. Nós chegamos cedo pra evitar a fila e aproveitamos pra ver as obras da galeria ante do bicho pegar! Foram horas e hora dançando igual umas loucas. Quando o sol estava pra se por nós fomos comer num restaurante lá por perto. Minha amiga que divide o apartamento comigo sabia dos esquemas pós- PS1. O que rolava era a festa na praia!
Praia? Eu pensei? Bem, no era uma praia, era na beira do rio e tinha área e tudo, mas não era uma praia como a gente conhece, era mais um porto. O mais importante era a vista de frente pra água, com Manhattan no fundo. Olhei meu celular e o Sem Face tinha deixado uma mensagem. Ele dizia que o celular estava quase sem bateria, e que talvez nnao pudesse ligar por isso. Minha amiga começou a rir. Era a minha velha bênção... o menino ainda não tinha ficado comigo e já estava me dando satisfação! Nessa hora eu me senti a Laurinha dos velhos tempos!
Pegamos o táxi aquático pra voltar pra Manhattan, de lá, nós pegamos um táxi. Quando eu estava no táxi, mandei uma mensagem para o homem sem Face. Minhas amigas iriam embora na quarta e minha mãe só chegaria no sábado. Eu precisava de um descanso por que trabalhando de dia e farreando de noite como eu estava por duas semanas, eu não agüentaria ir longe. Perguntei se ele queria me encontrar na quinta.
Na manhã seguinte eu acordei e vi uma mensagem de voz no meu telefone que dizia: “Quinta tá ótimo pra mim!”