Cafezinho é a amiguinha da Moranguinho, escolhida como o melhor presente de inimigo oculto pra uma garçonete que trabalha em uma cafeteria, ela tem cheirinho de café!
Introdução ao tema
Essa semana, um amigo do Brasil baixou por aqui. Um ex rolo que virou amigo no fim das contas, por que, quem me conhece, sabe que eu sou amiga de verdade de “quase” todos os meus "ex"s.
O fato é que sair com alguém do Brasil, falar da vida em português e conversar fiado, me fez lembrar que existe vida inteligente dentro do meu cérebro. Foi um jantar que foi responsável pela descoberta de neurônios ativos dentro da minha cabeça. Eu desconfio que mutações ou processos evolutivos fizeram com que algumas dessas células se tornassem mais forte possibilitando a sua sobrevivência em ambiente de tamanha hostilidade.
Sobre o ambiente hostil e sua fauna diversa
Você é criada do melhor jeito possível, seus pais fazem tudo por você: Amor carinho, apoio, pagam escola, mandam pra estudar em outro estado, pagam curso de inglês, oficina de dança Butoh, curso de maquiagem e efeitos especiais, iniciação a roteiro pra quadrinhos, e quando eles pensam que você vai entrar no mestrado de antropologia e arqueologia, pra poder dizer que a filha é inteligente, você conhece um sujeito numa loja e resolve morar com ele depois de 2 meses de namoro. Não satisfeita, resolve morar com ele em NYC, ai lá vão os pobres coitados pagar o visto, a viagem, e os seis meses de curso de inglês... Tudo isso pra que? Pra infeliz virar garçonete!
E aqui estou eu, aterrorizada com a percepção tardia de que eu faço 25 esse ano, trabalhando de garçonete nesse lugar que mais parece um zoológico, ou melhor, a arca de Noé, fazendo mais juízo ao local, uma vez que abriga sobreviventes de diferentes espécies de diversas partes do mundo.
Intitulado “Le petit café”, de francês, o lugar só tem o nome e a sujeira, por que o resto… O Dono, um velho resmungão e mão de vaca, é de algum lugar lá pelo oriente médio, não sei bem de onde. Os três “musquiteiros” (cozinheiros/ garçons) são do Egito, um da igreja ortodoxa cristã e o outro, já corrompido pelo tio Sam, casado com uma Americana. A arca conta ainda com a presença de uma Chechena ( eu nem sabia que esse povo conseguia passar pela imigração) totalmente desorientada. Completando a fauna local, o misterioso Lord de Down Stairs, um senhor mexicano que tem lá seus cinqüenta e sabe-se lá quantos anos. Ah, não podemos esquecer da presença não diária , porém corriqueira dos ratinhos, esses autenticamente Novaiorquinos. Francês por lá, ainda não vi nada, mas enfim, em um país onde o American coffee na verdade é colombiano, quem vai se incomodar se o restaurante francês é, na verdade, arab-egip-mexi-che-tupiniquim?!
Sobre as diferentes expécies
Egípcio I
Ainda existe isso? Igreja ortodoxa? Pois é… vivendo e aprendendo…O infeliz , um magricela desengonçado, de dentes entrambelhados se apaixonou por mim. O motivo é o melhor: por que eu sou quieta. A minha falta de paciência pra conversar futilidade com meus colegas de trabalho, foi interpretada como, timidez, submissão, ou sei lá o quê! O fato é que o franzino, como uma noiva virgem no Egito esperando por ele, vive enchendo meu saco dizendo que se eu quiser, ele larga a noiva pra ficar comigo, e que se fosse meu marido, me cobria de ouro hahaha( Inxalá)
Egípcio II
Esse coitado é o mais simples de todos. Trabalhava desde crianças na construção civil no calor do Egito, está aqui nos EUA a quatro anos. Arranjou uma noiva na Califórnia, mas não deu certo. Outro dia, ele me disse que ia conhecer a futura noiva, uma outra. Tinha essa mulher que vinha do Egito, e como ele queria casar com uma egípcia, ia conhecer ela. Me disse que ia comprar um bolo pra levar de presente pra moça. O noivado não deu certo , mas o presente não poderia ter sido mais apropriado, ele não gostou dela por ela era muito gorda.
Egípcio III
Esse tem história mais parecida com algo que a gente entenda. Casou com essa Americana que é 4 anos mais velha que ele e que não gosta de trabalhar. Depois de quatro anos de casado, ele gastou todas as economias que juntou nos EUA com o bicho preguiça, não satisfeita, a moça arrumou um caso com uma outra mulher e deixou o pobre endividado e sozinho!
O Lord de Down Stairs
Essa história é a mais séria e triste de todas. Lorde de Down Stairs saiu do México nos anos 60. Separado, deixou a ex mulher e os filhos, mas sempre mandou apoio financeiro. Aqui conheceu uma Americana de origem Latina também. Na terra prometida, ele prosperou, abriu o próprio negócio e ia vivendo feliz da vida, até descobrir que a mulher tinha outro. Acabou largado pela mulher, enlouqueceu, vendeu o negócio, perdeu tudo que tinha. Pra piorar, a ex mulher, que ficara no México, teve câncer. O tratamento levou os últimos trocados do pobre coitado, que já deve ter bem mais de 50 anos. Agora o Lord de Down Stairs morra no Le petit café, pra economizar dinheiro, em um pedaço de papelão com um edredon velho, ele dorme, lá no finzinho do salão onde ficam as mesas. Ele acorda todo dia 7:30 quando a gente chega pra abrir o café, pega suas coisas e desce a escada que leva pra cozinha, onde ele trabalha durante todo o dia. A cozinha fica no porão, por isso eu batizei ele Lord de Down Stairs.
A Chechena desorientada ( nem sei se é assim que se escreve)
Essa fica por último, por que é a melhor, ou melhor, a pior! A pior garçonete de todos os tempos, no último ano onde começou a trabalhar de garçonete, foi despedida de 5 diferente empregos. Veio pra cá em um intercâmbio, trabalhar em um acampamento de verão e acabou ficando. A mãe chora toda semana no telefone pra ela voltar. Ela, como não tem mais visto, não pode ir pra Rússia se não, não volta mais, mas como quer ir ver a avó doente, está a procura de um falso marido pra se casar ganhar um green card. Tem que ser alguém descente pra não tentar nada com ela, que tem que se casar virgem quando o negócio for de verdade. Quando aconselhada a unir o útil ao agradável encontrando um marido logo de vez, ela explica que a mãe preferiria ela morta a casada com um não- checheno ou não- mulsumano. Exagero? Precisava ver a reação dela quando um dia, de brincadeira, o ortodoxo resolveu fazer o sinal da cruz pra ela… A mulher corria e gritava igual uma louca, se trancou no banheiro apavorada, de onde não saiu por meia hora!
Da rotina diária
Sem dúvida a coisa que a gente tem mais que fazer no café é cappuccino. Não aquele solúvel que a gente tem no Brasil, mas o legítimo cappuccino italiano ( no café francês?!)
Receita de cappuccino
Você primeiro tem que fazer o expresso, que é muito fácil. A única coisa errada que você pode fazer, é por pó demais, ai a máquina meio que explode, jogando a boquila do café pra for a da máquina jorrando borra de café e água quente por todos os lados, nada grave!
Depois, a espuma do cappuccino. Em uma jarra de alumínio, você coloca o leite frio. A máquina de cappuccino tem um caninho que solta vapor quente em alta pressão, você coloca o cano dentro do leite, mas tem que ser na superfície, até começar a formar a espuma, depois você pode ir pro fundo da jarra esquentar o resto do leite. Se esquentar muito, a espuma some e é ai que entra , sem dúvida, a melhor parte: a temperatura do leite! Uma mão controla a altura da jarra no canudo, a outra, espalmada na parte de baixo da jarra, serve pra, justamente, perceber a temperatura do leite. O ponto certo é: quando começar a queimar a mão!
Depois, é só por a espuma de leite em cima do expresso!
Levando em conta que em um sábado normal, eu atendo em média 150 mesas, com no mínimo um pedido de cappuccino por mesa, contando muito por baixo, no fim do dia eu parcialmente queimei minha mão entre 150 a 200 vezes! E tem gente que diz que 20% de gorjeta é muito!
Introdução ao tema
Essa semana, um amigo do Brasil baixou por aqui. Um ex rolo que virou amigo no fim das contas, por que, quem me conhece, sabe que eu sou amiga de verdade de “quase” todos os meus "ex"s.
O fato é que sair com alguém do Brasil, falar da vida em português e conversar fiado, me fez lembrar que existe vida inteligente dentro do meu cérebro. Foi um jantar que foi responsável pela descoberta de neurônios ativos dentro da minha cabeça. Eu desconfio que mutações ou processos evolutivos fizeram com que algumas dessas células se tornassem mais forte possibilitando a sua sobrevivência em ambiente de tamanha hostilidade.
Sobre o ambiente hostil e sua fauna diversa
Você é criada do melhor jeito possível, seus pais fazem tudo por você: Amor carinho, apoio, pagam escola, mandam pra estudar em outro estado, pagam curso de inglês, oficina de dança Butoh, curso de maquiagem e efeitos especiais, iniciação a roteiro pra quadrinhos, e quando eles pensam que você vai entrar no mestrado de antropologia e arqueologia, pra poder dizer que a filha é inteligente, você conhece um sujeito numa loja e resolve morar com ele depois de 2 meses de namoro. Não satisfeita, resolve morar com ele em NYC, ai lá vão os pobres coitados pagar o visto, a viagem, e os seis meses de curso de inglês... Tudo isso pra que? Pra infeliz virar garçonete!
E aqui estou eu, aterrorizada com a percepção tardia de que eu faço 25 esse ano, trabalhando de garçonete nesse lugar que mais parece um zoológico, ou melhor, a arca de Noé, fazendo mais juízo ao local, uma vez que abriga sobreviventes de diferentes espécies de diversas partes do mundo.
Intitulado “Le petit café”, de francês, o lugar só tem o nome e a sujeira, por que o resto… O Dono, um velho resmungão e mão de vaca, é de algum lugar lá pelo oriente médio, não sei bem de onde. Os três “musquiteiros” (cozinheiros/ garçons) são do Egito, um da igreja ortodoxa cristã e o outro, já corrompido pelo tio Sam, casado com uma Americana. A arca conta ainda com a presença de uma Chechena ( eu nem sabia que esse povo conseguia passar pela imigração) totalmente desorientada. Completando a fauna local, o misterioso Lord de Down Stairs, um senhor mexicano que tem lá seus cinqüenta e sabe-se lá quantos anos. Ah, não podemos esquecer da presença não diária , porém corriqueira dos ratinhos, esses autenticamente Novaiorquinos. Francês por lá, ainda não vi nada, mas enfim, em um país onde o American coffee na verdade é colombiano, quem vai se incomodar se o restaurante francês é, na verdade, arab-egip-mexi-che-tupiniquim?!
Sobre as diferentes expécies
Egípcio I
Ainda existe isso? Igreja ortodoxa? Pois é… vivendo e aprendendo…O infeliz , um magricela desengonçado, de dentes entrambelhados se apaixonou por mim. O motivo é o melhor: por que eu sou quieta. A minha falta de paciência pra conversar futilidade com meus colegas de trabalho, foi interpretada como, timidez, submissão, ou sei lá o quê! O fato é que o franzino, como uma noiva virgem no Egito esperando por ele, vive enchendo meu saco dizendo que se eu quiser, ele larga a noiva pra ficar comigo, e que se fosse meu marido, me cobria de ouro hahaha( Inxalá)
Egípcio II
Esse coitado é o mais simples de todos. Trabalhava desde crianças na construção civil no calor do Egito, está aqui nos EUA a quatro anos. Arranjou uma noiva na Califórnia, mas não deu certo. Outro dia, ele me disse que ia conhecer a futura noiva, uma outra. Tinha essa mulher que vinha do Egito, e como ele queria casar com uma egípcia, ia conhecer ela. Me disse que ia comprar um bolo pra levar de presente pra moça. O noivado não deu certo , mas o presente não poderia ter sido mais apropriado, ele não gostou dela por ela era muito gorda.
Egípcio III
Esse tem história mais parecida com algo que a gente entenda. Casou com essa Americana que é 4 anos mais velha que ele e que não gosta de trabalhar. Depois de quatro anos de casado, ele gastou todas as economias que juntou nos EUA com o bicho preguiça, não satisfeita, a moça arrumou um caso com uma outra mulher e deixou o pobre endividado e sozinho!
O Lord de Down Stairs
Essa história é a mais séria e triste de todas. Lorde de Down Stairs saiu do México nos anos 60. Separado, deixou a ex mulher e os filhos, mas sempre mandou apoio financeiro. Aqui conheceu uma Americana de origem Latina também. Na terra prometida, ele prosperou, abriu o próprio negócio e ia vivendo feliz da vida, até descobrir que a mulher tinha outro. Acabou largado pela mulher, enlouqueceu, vendeu o negócio, perdeu tudo que tinha. Pra piorar, a ex mulher, que ficara no México, teve câncer. O tratamento levou os últimos trocados do pobre coitado, que já deve ter bem mais de 50 anos. Agora o Lord de Down Stairs morra no Le petit café, pra economizar dinheiro, em um pedaço de papelão com um edredon velho, ele dorme, lá no finzinho do salão onde ficam as mesas. Ele acorda todo dia 7:30 quando a gente chega pra abrir o café, pega suas coisas e desce a escada que leva pra cozinha, onde ele trabalha durante todo o dia. A cozinha fica no porão, por isso eu batizei ele Lord de Down Stairs.
A Chechena desorientada ( nem sei se é assim que se escreve)
Essa fica por último, por que é a melhor, ou melhor, a pior! A pior garçonete de todos os tempos, no último ano onde começou a trabalhar de garçonete, foi despedida de 5 diferente empregos. Veio pra cá em um intercâmbio, trabalhar em um acampamento de verão e acabou ficando. A mãe chora toda semana no telefone pra ela voltar. Ela, como não tem mais visto, não pode ir pra Rússia se não, não volta mais, mas como quer ir ver a avó doente, está a procura de um falso marido pra se casar ganhar um green card. Tem que ser alguém descente pra não tentar nada com ela, que tem que se casar virgem quando o negócio for de verdade. Quando aconselhada a unir o útil ao agradável encontrando um marido logo de vez, ela explica que a mãe preferiria ela morta a casada com um não- checheno ou não- mulsumano. Exagero? Precisava ver a reação dela quando um dia, de brincadeira, o ortodoxo resolveu fazer o sinal da cruz pra ela… A mulher corria e gritava igual uma louca, se trancou no banheiro apavorada, de onde não saiu por meia hora!
Da rotina diária
Sem dúvida a coisa que a gente tem mais que fazer no café é cappuccino. Não aquele solúvel que a gente tem no Brasil, mas o legítimo cappuccino italiano ( no café francês?!)
Receita de cappuccino
Você primeiro tem que fazer o expresso, que é muito fácil. A única coisa errada que você pode fazer, é por pó demais, ai a máquina meio que explode, jogando a boquila do café pra for a da máquina jorrando borra de café e água quente por todos os lados, nada grave!
Depois, a espuma do cappuccino. Em uma jarra de alumínio, você coloca o leite frio. A máquina de cappuccino tem um caninho que solta vapor quente em alta pressão, você coloca o cano dentro do leite, mas tem que ser na superfície, até começar a formar a espuma, depois você pode ir pro fundo da jarra esquentar o resto do leite. Se esquentar muito, a espuma some e é ai que entra , sem dúvida, a melhor parte: a temperatura do leite! Uma mão controla a altura da jarra no canudo, a outra, espalmada na parte de baixo da jarra, serve pra, justamente, perceber a temperatura do leite. O ponto certo é: quando começar a queimar a mão!
Depois, é só por a espuma de leite em cima do expresso!
Levando em conta que em um sábado normal, eu atendo em média 150 mesas, com no mínimo um pedido de cappuccino por mesa, contando muito por baixo, no fim do dia eu parcialmente queimei minha mão entre 150 a 200 vezes! E tem gente que diz que 20% de gorjeta é muito!