segunda-feira, julho 17, 2006

Da fabulosa caixinha mágica!

Pouco mais de um ano atrás, eu estava empacotando minhas coisas pra me mudar pra Nova York. Um mês antes de vir, foi meu aniversário e o namorido me ligou dizendo que havia comprado um presente pra mim, mas que me entragaria quando eu viesse. Quando eu pedi uma dica do que seria o presente, como boa curiosa, ele me disse: "É uma coisa que você precisa ter se quizer ser uma novaiorquina,..."
Fiquei eu então remoendo por dois meses que presente poderoso seria esse que transformaria a Piauí aqui em novaiorquina instantaneamente.
Depois de passar por todo o perrengue, visto, viagem, imigração, mala pesada, sem gracesa de ver o namorado depois de 3 meses, eu chego no apartamento do namorido, onde eu morro ainda hoje. Enquanto eu ainda estava em estado de choque com as minúsculas dimenções do apertamento onde eu iria morrar, e com a ausência de móveis do lugar, o namorido me lembrou do presente mágico que me transformaria em novaiorquina. Ele me deu a caixa e enquanto eu abria, minha cabecinha chata não conseguia pensar em nada que pudesse me transformar em novaiorquina. Abri a caixa e lá estava ela, a última maralhiva lançada pela Apple: I pod!


Um aparelhinho de tocar música? Me transformar em "Newyorker"? Bem, o namorido havia colocado um monte de músicas pra mim, talvez, fosse um curso intensivo de imersão no universo musical de Nova York, ...
Fui então andar na rua pela primeira vez com minha caixinha mágica!A primeira coisa que eu notei foi que o I pod era muito conviniente pra fingir que você não ouviu alguém falar com você, então eu pode passar pelos "pedreiros" em paz. Mas eu achei que isso não era suficiente pra fazer de mim uma novaiorquina.
Quando minhas aulas de inglês finalmente começaram, eu comecei a pegar o metro todo dia de manhã ( o que é, definitivaente, o método mas eficaz de transformar alguém em Novaiorquino). Acordei , puz meu I pod e fui pra estação, chego na roleta e escuto o trêm, saio correndo pra consegir pegar o metrô, entro de fina antes da porta fechar e quando eu reparo... lá estavam os "New Yorkers".
As caras são todas, todo o tipo de gente, variando, é claro, de área pra área. Na região onde eu pegava o trêm, até onde eu descia, a maioria , lia jornal ou um livro. Outro detalhe era o I pod. Lá estava a caixinha mágica da Apple sonorizando a viagem diária dos novairquinos. A primeira coisa que o I pod me fez entender sobre ser newyorker, foi que aqui é uma cidade segura ( em relação ao Brasil) e que eu podia andar com aquele negócio de 200 dólares na mão, sem me preocupar em alguém robar ele de mim. A segunda coisa foi sobre privacidade, as pessoas são individualistas e gostam de ter seu espaço respeitado, o I pod é ótimo recurso, como eu já citei, pra manter uma distância sonora segura.
Quando o namorido me deu o meu I pod, ele me falou sobre como ele ia ficar bravo, por que sabia que em um mês a Apple lançaria um I pod novo, só pra fazer aquele parecer obsoleto e bla, bla, bla, como eles planejassem pra fazer você comprar, e um mês depois já estar insatisfeito e querer algo novo. Foi quando o I pod me ensinou algo mais sobre a cultura local, o povo aqui tem dinheiro! Bem, eu entendi racionalmente o que o namorido me disse, mas até então nnao tinha vivenciado isso.
Em 3 meses que eu ganhei meu I pod, a Apple lançou duas novidades no mercado: I pod vídeo e I pod Nano. Um, como diz o nome, permite você assitir, vídeos, e até filmes. O outro é a coisinha mais linda e mais pequinininha do mundo! E agora, eu carregava o gigantesto I pod, o obseleto! Eu como brasileira, estava muito bem, obrigado, mas o namorido achou de quebrar o dele o mais réapido possível e comprou um I pod Nano!










Fiquei imaginando, o que diabos eles inventariam agora pra fazer esse povo compra alguma coisa! Foi quando eu vi a propaganda da Nike!
Sabe aquelas coisas que você acha que é bricadeira no começo, mas era sério! O comercial era assim: Esse cara se preparava pra correr. Colocava o tênis da Nike e essa roupa colada, também da nike. Ele pega o seu I pod nano e ... perai! Isso ee um comercial da Nike ou da Apple? Continuando... na manga da blusa do cara, um compartimento especial pra o I pod nano e dentro do tênis, um compartimento especial pra um sensor. O cara começa a correr e escutar música e de vez em quando um voz surgue do alêm e diz:" Você correu dois quilômetros e gastou não sei quantas calorias, sua velocidade é...." O cara chega em casa e conecta o I pod no computador e o computador abre um gráfico sobre a performace do cara durante um certo período de tempo, assim ele poderia acompanhar seu desenvovimento como corredor de fim de semana! Quando o comercial acabou, eu estava lá boquiaberta! Fiquei um tempo maquinando, pra saber se eu acreditava naquilo, mas esse pensamento foi subistituido por outro: " Quando será que o namorido vai chegar em casa com isso?"
O namorido gosta de correr! O namorido gosta de música, o namorido, tem um I pod Nano e o namorido precisa de um tênis novo pra correr... hummm! "Tô vendo tudo", eu pensei! Pra mim era uma questão de tempo! E o tempo não tardou a chegar! Ontem eu chego do trabalho e vou dizer oi e tal e coisa, quando eu avisto no chão uma sacola da Nike! Não aguentei e cai na risada! Lá estava toda a parafernalha nike+apple. Enquanto o namorido caminhava pelo apartamento com o brinquedo novo, me explicando o funcionamento eu me lembrava da conversa da manhã do mesmo dia, quando ele falava que estava de saco cheio, querendo quitar a dívida do cartão de crédito! Eu ri por que enfim, o namorido adora correr e aquilo de uma certa forma, era um incentivo, mas lá estava a caixinha da Apple me ensinando algo novo sobre ser novaiorquino: não importa se você tem dinheiro ou não, o importante é estar em dia com as novidades, então, viva o cartão de crédito!
Bem, mesmo que o I pod tenha na verdade me ensinado muitas coisas sobre ser novaiorquina, ele infelismente não teve o poder de me tronar uma, pois mesmo depois de um ano e toda a superexposição de mídia, eu ainda carrego meu " arcáico Ipod Não-nano ou vídeo! Parece que algo mais drástico vai ser necessário pra desachatar essa cabeça aqui!

segunda-feira, julho 10, 2006

"Eu hein, incoviniença..."


Eu tive uma revelação esclarecedora a alguns dias atrás assistindo a um filme: An Incovenient truth. Mas pra explicar a importância dessa revelção, eu tenho que voltar no tempo um pouquinho pra contar uma rápida passagem de um dia qualquer de domingo assitindo tv no sofá como namorido.
Estávamos os dois entediados procurando algo na tv, quando o namorido parou em um especial de comédia. Sabe aqueles shows, que aqui são muito populares, onde a pessoa fica no palco contando piada? Esse cara tava lá falando umas besteiras inofencivas, até quando resolveu abri a boca pra falar de meio ambiente! Enquanto eu ouvia uma atrossidade seguida da outra, eu , sem nem me tocar, estava lá a espreita, espionando todas as reações do meu namorido. Eu procurava algum sinal de revolta que se comparasse a minha, mas pra minha confusão, ele apenas ria do bobo, assim como a infinita platéia na tv.
O homem falou coisas como-" Eu não sei por que eles falam que nós estamos, cada vez mais, destruindo o planeta! Eu acho que a gente melhorou muito! Quando eu era criança, nimguém tava nem fudendo, jogava papel pela janela, mesmo se estivesse em um park, ou coisa assim..." falou também entre as gargalhas mal informadas "... e esse efeito estufa? que todo mundo fala, mas niguém consegue provar? Todo ano vai se falando que no próximo ano o Alaska não vai estar lá! E dai? Quem é que vai ligar se o Alaska sumir?"
Depois de ouvir a piada do Alska, eu pensei, será que eu entendi mal? Deve ser meu inglês... O namorido continuava rindo e aquilo ia me corroendo por dentro: primeiro, ele deixa a torneira jorrar água durante todo o tempo que ele lava a louça, agora, ele estava rindo de um idiota na tv, fazendo graça do aquecimento global. Não aguentei!
Falei que achava um absurdo o cara ficar fazendo graça de uma coisa como essas, quando a classe artística devia , sim, tentar educar a popolação, pois talvez com a pressão popular o governo americano, teria que repensar sua posição diante da questão ambiental. A resposta do namorido? " Mas o efeito estufa é uma teoria, não existe comprovação!"
Ai, se o seu queixo caiu, caiu junto com o meu! Perai! Alguém aqui matou escola! A resposta foi complementada: " Existe sim comprovação de que amento de temperatura global já aconteceram outras vezes, e que isso é um ciclo natural!" Nesse momento, meu senso de preservação de relacionamento falou mais alto. Se tem algo que eu aprendi, é que discutir com um americano sobre essas delicadas verdade, é muito complicado. Recuei, fazendo uma cara, de:" tudo bem, se é o que voçê acredita" e fiquei mancumunando como no mundo eu ia enfiar na cabeça daquele infeliz que aquecimento global existe de verdade.
Engracado como uma coisa que simplesmente é considerada verdade pelo resto do mundo é tratada como polêmica aqui! Eu não conseguia entender como isso era possível: como desassociar a emição de dióxido de carbono na atmosfera com o aumento da temperatura global? Quando eu andava as voltas com esses pensamentos, eu me lembrei de uma história sobre um livro de geografia que estavasendo publicado aqui mostrando a Amazônia como um território de controle americano, uma vez que os primitivos indígenas do Brasil, não sabiam como preservar essa reserva natural, de tamanha importância pra humanidade. Ai eu pensei, se eles podem fazer isso com a Amazônia, imagina o que eles não podem fazer com a camada de oxônio? Perguntei pro namorido, de onde ele tinha tirado a idéia de que o aquecimento que vem ocorrendo, poderia ser apenas algo cíclico? "Meu professor, na escola!" - foi a resposta que eu tive!
Sei lá vai, na quinta série a gente já sabe o que é efeito estufa, e pior, a gente sabe que é verdade! Eu digo isso por que quando eu tinha uns onze anos de idade , eu e meus primos fundamos o Clube do Verde. Os integrantes do Clube do Verde andavam, devidamente identificados com uma carteirinha, batendo de porta em porta pedindo assinaturas pra endoçar uma carta destinada a prefeitura onde a gente pedia que as queimas nos terrenos baldios fossem proibidos, e que os terrenos fossem , em vez de queimados, capinados, evitando a emissão de dióxido de carbono.
Embora os integrantes do clube tenha batido muita perna no sol quente de Teresin-PI, a única coisa que o Clube do Verde conseguiu fazer, foi salvar um jacaré que estava sendo criado em um pequeno tanque no quintal do dono, que foi denunciado ao IBAMA.
Bem, a algumas semanas atrás, eu estava desfrutando um raro dia de folga que eu consigo passar com o namorido. Estávamos tomando um café e descutindo que filme assitir. O namorido queria ver Car, a animação da Pixar, quando viramos a folha e lá estava a minha chance: An Inconvenient Truth! O namorido já havia me dito que queria assitir o filme, então eu só tive que insentivar.
Por ironia do destino, o ar condicionado do cinema não estava funcionando. O namorido não acreditou que fosse por acaso, ficou desconfiado por que logo aquele filme tinha o ar condicionado quebrado,... hummm!
Então estamos assitindo o documentário que é totalmente narrado e estrelado por ninguém mesno que Al Gore! Não sabe quem é? Deixa eu refrescar sua memória. Lembra dos gloriosos tempos onde a nação mais influente no mundo internacional não era governada por um primata (sem ofença aos miquinhos, mas aquele ali deve ter uma calda muito mais longa que a minha!)? Bem, logo antes da tragédia acontecer, ouve uma eleção extremamente duvidosa, onde ganhou "um", mas foi eleito o "outro". Pois bem, Al Gore é exatamente o "Um"! Lembrou agora?
No documentário, ele destroi qualquer dúvida que , por incrível que pareça, ainda possa existir sobre o aquecimento global. Prova por A+B, que tudo é verdade e que todas as dúvidas levantadas sobre a verassidade do problema, não passam de política manipulação de massa!
Sai do filme e perguntei pro namorido se agora ele acreditava em aquecimento global. O que ele me respondeu:" Meu professor me ensinou errado!"





quarta-feira, julho 05, 2006

A teoria da "involução"

"
Eu já mencionei aqui como o fato de não falar português por muito tempo tem um efeito estranho sobre a auto-estima do indivíduo! Você fica lá no seu limitado vocabulário em inglês e acaba esquecendo, se você é realmente tão superficial assim, ou se você só está a muito tempo sem gastar o vocabulário mais elaborado!
"Isso me faz lembrar das conversas sérias de gente bêbada, quando você começa a falar de coisas existênciais, políticas, confeçar coisas que normalmente você não falaria pro espelho trancada só em um quarto escuro! Aqui, como eu não tenho vocabulário pra me tornar assim tão profunda, eu recorro a comédia!
Eu ando me sentindo menos retardada nos últimos mese; meu inglês melhorou e agora eu não fico nervosa quando eu estou bêbada, a música está alta, tem trinta pessoas falando ao mesmo tempo, e alguém fala comigo e eu não entendo. Eu faço uma boa careta e coço a cabeça com meu indicador, se eu fizesse isso a alguns mêses atrás o povo ia achar que eu não lavo o cabelo, de tantas vezes que meu pobre dedinho iria cutucar meu juízo!
Como as coisas não podem melhorar assim sem nem um empecilho, eu tive uma inusitada surpresa. Essa semana enquanto estava na batalha de trocar de emprego (garçonete, mesmo) em busca de um restaurante melhor, eu me deparei com essa oferta de emprego: O restaurante é lindo, a comida mais bonita que eu já vi, lotado de segunda a segunda, pagamento belezinha, foi quando o gerente me perguntou:" Você já trabalhou em um restaurante grego?" " Ah, o restaurante é grego?" - pensei! O gerente me deu o cardeapio pra estudar e eu fui andando pra casa quando eu me vi diante do sentimento de retardamento que me aterrorizou durante tanto tempo por aqui: Eu tinha dois cardápios, vinho e comida, os dois em grego! A maioria dos pratos eram impronunciáveis pra mim. O cardápio trazia o nome em grego e a descrição em inglês, então eu respirei aliviada. Achei que ia ser tranquilo, por que o povo ia preferir pedir o peixe grelhado do que pagar o mico de tentar pronunciar aquilo.

Cheguei no restaurante pra o meu primeiro dia de treinamento. Como eu pensei, o negócio de pegar o pedido era fácil, você se espicha pra ver sobre o ombro da pessoa pra ver o que ela tá lendo, pergunta:" o peixe grelhado?", e assim vai se virando. Quando eu abro a tela do computador pra colocar o pedido lá estão, todos os nomes em grego, e dessa vez, sem descrição em inglês. Eu tiro meu cardeapio de estudos do bolso do avental, e depois de duas horas consigo passar o pedido pro computador. Eu vou pra cozinha pra ver se eles receberam o pedido corretamente, e lá estão todos os nomes em grego. Todo mundo correndo, um monte de prato na estantes e um amontoado de nomes em grego embaixo, desorganizadamente. Eu olhava, lia, fingia que estava entendendo algo, mas no final eu desistia e soltava:"Por favor, qual desses é a aginares moussaka?" Alguém,puxa um prato da estante pra mim e lá estava o diabo da aucachofra com queijo!
Depois de algumas horas nesse lugar, meu cérebro já estava fervendo e a única coisa que passava na minha cabeça era:" Ai meu deus, tudo de novo!"
Finalmente o gerente me despacha pra casa, eu vou caminhando pensando no calhamaço que eu trazia na bolsa pra estudar sobre os vinhos gregos, quando eu sinto uma pontada .


Da involução propriamente dita

Com toda essa confusão greco-anglo-sacsônica-lusita-espânica na minha cabeça, eu tinha até me esquecido das dores do corpo. Era segunda feira e no domingo, algo muito estranho aconteceu comigo!
Eu ia caminhando com o namorido pra o meu outro trabalho, o que eu devo estar deixando em troca da posição no restaurante grego, quanto comentei com meu com sorte que sentia uma dor estranha na terminção da minha espinha. Na verdade, era no rabinho, sabe a tal da caldal? O susposto rab enconhido? Pois é era lá mesmo que doia! Eu fui contenta, pra o meu trabalho, pois a dor era na verdade bem levinha.
no passar da noite e bendita da dor foi tomando proporções espantosa, chegando ao ponto de limitar amplamente meus movimentos. Eu tinha muita dificuldade em sentar e levantar, pegar algo no chão, nem pensar, e na hora de ir pra casa, a rápida caminhada e 15 minutos se prolongou em talvez meia hora.
Quando eu cheguei quase morredo na porta de casa, claro que eu deixei a chave cair no chão, que era pra ter o que escrever no meu blog! Quase 5 minutos pra pegar a merdinha da chave que caiu no chão! Eu abro a porta e descrubor a única coisa que poderia ser pior do que tentar pegar a chave no chão: uma escadaria pra subir! eu subia 3 degraus, parava, secava as lágrimas que a esse pondo já inundávam meu rosto, subia mais 3 e assim ia indo. Cheguei no apartamento em um estado em que sentar , deitar se levantar, já não dependiam da minha vontade , e sim do auxílio do namorido!
Depois de tentar compressa quente e fria e de ter chorado todas as lágrimas que existiam nos meus olhos, engoli um antinflamatório e fui pra cama.
Nnao consigui dormir um minuto que fosse, era tanta dor e desconforto... eu ficava tentando pensar como eu tinha arrumado aquela dor, foi quando me ocorreu:" Eu tô crescendo uma calda!


Eu estava obviamente "involuindo". Minha teoria era que de tanto não usar meu cérebro, de tanto garçonetiar, eu estava involuindo e por isso lá estava minha calda, suprimida por anos de evolução, dando o ar da graça.
A prova da teoria, foi a cura do acontecido. Na segunda feira, como eu relatei anteriormente, lá estava eu fritando meus miolos pra aprender grego, e quem disse que a calda deu sinal de vida? Pois é a relação foi imediata: quanto mais eu usava meu cérebro, menos minha calda doia!
Depois da minha geniosa constatação , eu corri pra o computador pra escrever no meu blog, uma vez que eu já tinha usado o meu último comprimido de antinflamatório! Se é pra ser um mico, melhor um sabido!