sexta-feira, novembro 09, 2007

A revelação



Acordei naquela manhã, evitando as perguntas da minha mãe, O problema não era ela perguntar, era eu responder. Na minha cabeça era um nó de pensamento tão bagunçado que eu mal conseguia me concentrar no que ela dizia por mais de dois segundos!
O meu telefone tocou, era o Ex-namorido, pra quem não queria mais me ver ou falar comigo nunca mais, aquele telefonema era até engraçado. Eu atendi, pensando que parte da minha vida tinha sido invadida durante a noite, e quem seria a razão do esporro que eu ia levar desse vez!
Atendi dizendo : “Bom dia!” quem sabe assim ele se tocaria que sábado de manhã, ninguém merece! Ele respondeu com uma voz calma e serena, nem parecia a mesma pessoa. Caso de personalidade dubla? – eu pensei! Eu disse: “ Eu sou tão estúpido!” eu não me controlei e respondi: “É, você é!” Ele se desculpou pelo dia anterior disse que tinha tido ficado acordado a noite toda, que achou que ia morrer de tanta angustia, mas que de repente teve uma revelação. Eu não agüentei e tive que rir! Perguntei se depois de chegar ao fundo do poço, os céus se abriram a alguma divindade havia descido a Terra pra por juízo naquela cabeça torta!
Ele disse que não, que ele tinha apenas entendido tudo que estava acontecendo! É um gênio, eu pensei! Ele pediu que eu lesse um e-mail que ele tinha me mandado e que ligasse pra ele depois.
Era um Manifesto. O infeliz me escreveu um manifesto. A mais melosa das declarações de amor já escritas. Aquelas coisas que você só escuta em letra de musica cafona! Era um maluco aquele cara! Eu só conseguia pensar em quanto tempo ia demorar até eu receber o outro e-mail terminando comigo antes mesmo de eu voltar com ele! E Foi essa a primeira coisa que eu perguntei a ele quando liguei. Ele disse que isso nunca ia acontecer. Disse que se eu estivesse aberta oferece-lhe a chance numero 13489200, eu não ia me arrepender! Que ele viveria e se dedicaria a mim, ao meu amor e minha felicidade!
Achei bunitim, mas pensei comigo: “Esse cara acha que eu sou completamente retardada!”
“Pois vocês durma umas boas noites na sua resolução, ou melhor, revelação! Se daqui a alguns meses ela ainda andar por aqui, a gente conversa!
Tudo voltou a uma normalidade anormal! O Ex-namorido agora aspirando a perfeição, era extremamente gentil, cuidadoso e presente. Sem face era do mesmo jeito como sempre. Eu não tinha voltado com o Ex-namorido ou consumado nada com o Sem face, era um namorico de criança! Toda vez que eu pensava no que eu ira fazer com aquela situação, eu queria deitar e dormir! O e-mails eram muitos e os mais variados com conselhos chegados do Brasil, a maioria esmagadora, era descrente da mudança do Ex-namorido, quase todos achavam no mínimo justo que o Sem face tivesse sua chance! Algumas poucas vozes se levantaram em prol do Ex-namorido, mas elas só clamavam como ele era uma pessoa legal e divertida, nunca o defenderam quando o assunto em pauta era a maneira como ele me tratava. Os conselhos vindos de NY eram bem mais pragmáticos e cruéis. Fique com o Ex-namorido, mas só até a cidadania chegar, ai você dá um pé na bunda dele e vai cuidar da sua vida!- eu ouvi algumas vezes!
Mas o que ninguém entendia era que por mais que o maluco tivesse aprontado tudo aquilo comigo, eu nunca achei que ele iria me prejudicar em momento algum, eu sabia que mesmo separados, se eu precisasse de algo, eu poderia contar com ele.
O que pendia muito a favor do Ex-namorido, era a velocidade com que o Sem face se movia. Eram mais de um mês juntos agora e nada acontecia. Quando você é acostumada com homem brasileiro que pula em cima de você, sem saber seu nome e descobre passagens inimaginável na sua roupa pra chegar a você, um carinha que depois de um mês ainda está te “respeitando” tanto assim, era de causar um certo estranhamento!
Eu pessoalmente achava ótimo não ter que lidar com aquilo, era como se a gente não tivesse na verdade tendo nada de mais. Eu nunca tinha que me preocupar em paras coisas antes que elas esquentassem por causa da minha confusão mental. A confusão mental dele parava as coisas mito antes que a minha!
Nesse caso os e-mails que vieram especulando sobre o assunto também era diversos! Algumas amigas acham encantadora a atitude do rapaz, outras, bastante suspeita! Ele deve ter algum problema, disseram...
Ai,ai,ai... e agora? Será que eu queria realmente descobrir o que estava acontecendo?

A revelação

A indecisão é o que acaba com tudo!


Trabalhando 12 horas por dia, saindo com minha mãe, sobrava muito pouco tempo pra ver o Sem Face. Algumas vezes no caminho de casa, eu descia na estação de metro da casa dele, que era no caminho da minha. Dizia oi, dava um beijo, conversava um pouquinho e ia embora. Era isso, mas durante todo o dia a gente trocava por volta de 20 a 30 e-mail.
Minha amiga que mora em Boston e tinha acabado de comprar uma casa, tinha me perguntado se eu gostaria de ir a Boston ajuda-la. Como minha mãe é arquiteta, e eu, madrinha do futuro casamento, perguntei pra minha mãe se ela achava ruim ir comigo a Boston ajudar minha amiga. Ela concordou.
Naquela manhã eu me despedi de minha mãe, disse que iria chegar em casa mais cedo pra poder arrumar uma malinha e a gente iria pra Boston. Cheguei no escritório e tentei abrir o meu e-mail. Dizia que minha senha estava incorreta. Eu tentei algumas vezes achando que tinha cometido um erro de digitação, mas nada funcionava! Fiquei pensando o que poderia ter acontecido. Por motivo nenhum, eu tentei minha senha antiga e funcionou. Não entendi nada., eu usei a senha do Hotmail, no Gmail e funcionou. As senhas dos meus dois e-mails, eram as mesma até o episódio do Marinheiro , quando o Ex-namorido entrou no meu Gmail e viu o e-mail que ele tinha me mandado e ficou louco. Entnao eu mudei a senha do Gmail que eu tinha dado pro Ex-namorido uma vez que eu precisei que ele me ajudasse. O problema era que como eu não havia dito pra ele que a senha do Hotmail era a mesma, resolvi mantê-la.
Liguei pro Ex-namorido, absolutamente inocente. Queria saber se ele achava que era motivo pra preocupação! Ele muito secamente, disse que não. Voltei ao trabalho, foi quando eu vi um e-mail do Ex-namorido: “ Eu sou uma pessoa horrível! Eu mudei sua senha, eu entrei no seu e-mail, eu sei tudo do Sem Face!” Ai que merda!, pensei.
Lá estava eu ainda apaixonada pelo Ex-namorido, depois de levar 450 foras tentando esquecê-lo, e o mala vem e me apronta uma dessas.
Liguei e ele atendeu o telefone. Ele soluçava, chorava e gritava comigo. Dizia que logo quando ele estava quase lá, eu fazia isso com ele, que agora estava tudo acabado. A raiva me subiu pela espinha! Tranquei a portado escritório e comecei a esbravejar. Como depois de tudo que ele já tinha feito comigo, ele ousava invadir meu e-mail e me culpar por ter arruinado tudo. A minha raiva era tanta, que ele ficou completamente desarmado. Começou a pedir desculpas e se explicar. Disse que na noite anterior tinha ido a terapia, que durante a terapia descobriu que tinha terminado comigo por motivos que nada se ligavam a mim, e que tinha resolvido me pedir pra voltar.
Eu ouvia aquilo com uma mistura de esperança, felicidade e raiva ao mesmo tempo. Respondi: “E você acha que é assim? Só me querer de volta?” A última vez que nós tínhamos terminado, eu tinha sido quem tinha tomado a decisão. Ele tinha voltado comigo, cheio de zinquizira, dizendo que a gente tinha que levar as coisas mais devagar! Eu disse que pra ele era fácil levar as coisas devagar, mas e pra mim que tinha mudado pra cá de mala e cuia por causa dele? Disse que ele estava devagar de mais pra mim e terminei. Perguntei pra ele o que era diferente? Ele me respondeu que me amava e que queria ficar comigo pra sempre, que eu era o amor da vida dele e que ele queria muito uma segunda chance. Eu, ainda irritada, disse que tinha que desligar e que depois conversaria com ele.
Estava na frente do computador com o rosto inchado de tanto chorar, tão confusa que mal respirava. E agora, o que eu ia fazer, voltar para aquela loucura,ou ficar quieta com o Sem Face? Tantas coisas iam e vinha na minha cabeça, a vezes que eu tinha sido maltratada pelo Ex-namorido, a instabilidade do seu humor, todo seu egoísmo, pensava em como o Sem Face me tratava, de como era paciente com toda a situação, de que como a minha condição legal d imigração era delicada...eu achei que eu ia desmaiar, mas a indecisão durou pouco. Eu recebi um segundo e-mail: “Desculpe, mas eu não posso continuar fazendo isso com você...”
Eu não consegui acreditar em uma pessoa desalmada o suficiente pra estar fazendo aquilo comigo. Tinha que ser um mal entendido. Me pedir pra voltar e mudar de idéia em menos de duas horas? Eu liguei de novo, dessa vez minha fúria tinha se esvaído, eu achava que ia desmaiar a qualquer segundo. Ele chorava mais ainda e dizia que não estava pronto pra voltar, que estava com medo de me perder, mas que se voltasse comigo sabia que tudo seria como antes, as grosserias, o mal humor... eu ouvi e pedi que ele me deixasse em paz.
Por algumas horas eu fiquei apática. Mas a apatia passou quando o Sem Face me pedira pra passar por sua casa antes de ir pra Boston.
Eu tinha acabado de sair da estação de metro quando, eu recebi uma mensagem no meu celular. Era o Ex-namorido, dizia: “ Eu não quero e não posso nunca mais te ver ou falar com você”, oh inferno pra te cão, eu pensei! Será que eu não ia ter paz na minha vida?
O Sem face saiu na portaria do seu prédio e me viu pálida. Eu me expliquei, contei toda a história, ele ficou impressionado com minha sinceridade , disse que não queria me criar problemas, mas que gostava muito de mim e que gostaria de ter uma chance comigo. Eu disse que tinha que tentar falar com o Ex-namorido.
Ele saiu de perto de mim e foi sentar perto da fonte. Eu tentei ligar milhões de vezes, mas ele não atendia, eu deixei milhões de recados. Finalmente o Ex-namorido me ligou. Ele chorava e gritava comigo enquanto eu tentava entender o que tinha acontecido desse vez. Qual era o motivo daquilo? O motivo era o MOTIVO! Ele tinha entrado no meu Blog e lido sobre o Motivo. Dizia que eu ia deixa-lo louco com esse bando de homens. Eu disse calmamente que ele deixasse de fuçar na minha vida, que ele tinha terminado comigo, que agüentasse! Disse que estava de saco cheio dessa palhaçada, que nunca tinha feito nada pra merecer viver nesse inferno que ele tinha feito da minha vida. Completei dizendo: “Se você não quer me ver ou falar comigo, direito seu. Eu escrevo quando precisar falar com você por qualquer motivo, e você faça o favor de me deixar em paz!”
Perdi a vontade de ir a Boston. Liguei pra minha mãe e pra minha amiga avisando! O Sem face tentava me alegrar e eu, tentava parecer alegre com medo de passar por grosseira. Eu estava completamente arrasada. Depois de tudo que eu tinha feito pelo Ex-namorido e pelo nosso relacionamento ia acabar assim!
O Sem face me levou pra caminhar, nós estávamos em Downtown NY, ele me perguntou se eu já tinha caminhado na ponte do Brooklyn, eu balancei a cabeça que não. Ele impressionado começou a andar em direção a ponte me puxando pelo braço, ele não parava de falar. Ficou horas enumerando a quantidade de coisas que queria fazer comigo e os lugares onde queria me levar, eu mal ouvia. A única coisa em que eu me concentrei foi na instrução de não olhar pra trás,até que ele dissesse que eu podia. Eu rir com a instrução: “ Não vale olhar pra trás!”, extremamente apropriado!
Quando chegamos ao meio da Ponte, ele disse que eu podia olhar. Era a vista mais bonita que eu tinha visto de NY! Era uma coisa absolutamente inigualável! Eu estava completamente esvaziada nesse momento. Nem Sem face, ou Ex-namorido, éramos eu e NY, uma olhando pra outra como se nunca tivessem visto. Eu morava naquela cidade a 2 anos e nunca havia viso aquilo. Era uma calma estranha, era a certeza de inúmera possibilidades acenando pra mim. Eu só conseguia ver, ouvir e senti NY. Não importava com quem ou por que, aquele era o meu lugar, a minha cidade, a vida que eu tinha escolhido pra mim e eu não ia deixar com que ninguém deixasse eu me esquecer daquilo. Eu era de NY e NY era minha, a minha cidade.
Uma energia estranha voltou pro meu corpo. O Sem face balbuciou algo que eu não entendi por não prestar atenção, mas eu sorri em gratidão, pelo carinho pela compreensão e pelo presente!

Madame Bovary


Acordei com o som do meu alarme martelando a minha dor de cabeça! Senhor, que ressaca! Eu estava usando a mesma roupa da noite anterior. Calcei minhas botas e olhei pro lado. Ele realmente se beneficiava da ausência de luz. De manhã cedo, a luz do dia de cabelo atrapalhado, ele me fazia pensar o que eu estava fazendo ali. Quase que adivinhando meus pensamentos, ele despertou! Olhou pra mim e riu escondendo a cara de quem sabia que aquela não era a sua melhor hora do dia. Ele se arrastou na cama e me alcançou, pos a cabeça no meu colo enquanto arrumava o cabelo.
Enquanto olhava pra ele, eu alternava sentimentos de ternura e falta de paciência. A noite tinha sido boa. Nada de mais tinha acontecido, ele não tinha tentado nada. Um rapaz respeitador, eu pensei comigo! Foi tudo que eu consegui formular na minha cabeça até que meu alarme soasse de novo.
Me despedi, ele me pediu que esperasse, calçou o sapato e desceu comigo até a rua onde ele parou um táxi e abriu a porta do carro pra que eu entrasse.
No táxi a caminho do aeroporto, eu pensava no nervosismo que minha mãe deveria estar sentindo, pois chegaria a NY pela primeira vez . Meu estômago embrulhava no caminho! Cheguei no aeroporto e fui ao banheiro me olhar no espelho. A cara que minha mãe viria ao desembarcar, era minha cara de ontem!
Depois de 40 minutos de espera, eu vi minha mãe. Mil beijos, entramos em um táxi e fomos pra casa. Ela tomou um banho e caiu no sono. No meu celular a mensagem dizendo que ele esperava que minha mãe estivesse chegado bem e que a noite tinha sido ótima.
Tudo ia bem. O Ex-namorido disse que queria levar minha mãe pra jantar. Eu dei as indicações de como chegar pra minha mãe ao local de encontro e marquei a hora com o Ex-namorido. Nós nos encontramos na saída do metro onde minha mãe deveria sair. Esperamos por volta de 20 minutos e nada. Foi quando meu celular tocou. Era minha mãe. Ela estava perdida. Pegou o trem na direção errada e em vez de vir pra Manhattan foi parar em nos cafundós do Brooklyn. Falei pra que pegasse o metro vindo pra Manhattan. Fomos nos sentar pra esperar, 40 minutos depois minha mãe aparece do outro lada da rua!
Finalmente chegamos ao restaurante. O Ex-namorido passou o tempo todo me abraçando e dizendo como eu era uma gracinha, e como ele tinha saudades, minha mãe boiava. Quando ela foi ao banheiro, ele tentou pegar na minha perna por baio da mesa. Eu irritada disse que parasse! Eu disse que sentia muito ter tido que terminar tudo, mas que as coisas estavam indo muito depressa pra ele, mas que ele me amava. Eu olhava pra ele e me lembrava do Sem face olhando pra mim.
Eu disse que eu não estava esperando por ele, e que se ele não queria ficar comigo, que me deixasse em paz. Ele respondeu em tom brincalhão que sabia que eu não ia esperar por ele. Que o pior dia da vida dele seria quando eu aparecesse de namorado novo, mas ele completou: “Mas o que vai acontecer é que quando eu estiver pronto, eu vou lutar por você e vou ganhar você de volta” A única coisa que eu podia dizer, eu disse:”Really?”
Cheguei em casa e abri meu e-mail. O Sem face dizendo que não conseguia esperar pelo dia que iria poder me beijar de novo!
Um sorriso de canto de lábio se formou no meu rosto, dos meus lábios cansados se esboçaram duas palavras: Madame Bovary!

sexta-feira, novembro 02, 2007

Gente!!!!!!! Eu sei que eu tô muito sumida, mas é que o tempo tá muito curto, mal dá pra dormir! No fim de novembro, eu devo ter um tempinho, prometo cuidar do Coisas de Laurinha. Tento avisar os leitores frequentes quando isso acontecer!
Mil beijos e perdão pela falta de textos novos!