quarta-feira, janeiro 04, 2006

Desventuras alcólicas de fim de ano...



Desventuras alcólicas – primeira parte- 29 de dezembro

O clima de felicidade de pobre está no ar. Eu, como ilustre desempregada após voltar do Natal, resolvi continuar nessa condição até depois do reveillon pra não correr o risco de ter que trabalhar na hora da virada.
Do que é que pobre gosta? Barganha! Claro! Nas quintas ferias esse bar na alta Manhattan tem esse lance de cerveja a 50 cents! Bem, o lugar era do outro lado da ilha, mas a 50 cents querida… a cerveja aqui chega a custar as vezes até 8 dólares e você ainda tem que dar gorjeta, que é mais um dólar por bebida! Nessas condições, 50 centavos +1 dólar de gorjeta soavam como o paraíso, não?
Foi que eu achei. Estou lá bebendo com uns sete homens e meu namorido*,…lá pelas 3 da manhã ( a gente tinha chegado no bar as 10 da noite) passa essa garçonete fazendo caras e bocas pro amigo do meu namorido* vendendo umas doses. Aqui, eu tenho que abrir um parênteses pra explicar isso. No Brasil o que a gente geralmente entende por dose é dose de wisky, vodka, etc… aqui é o mesmo, mas eles também tem doses que são como os drinks (mistura de tudo em quanto) mas em pequenos copos que a gente vira igual tequila, existem milhões, cada bartender inventa o seu próprio, sai cada bagulho! Voltando a história,… eram umas 3 horas da manhã, quando o amigo do meu namorido* comprou um monte de shots ( é como eles chamam essas doses) para agradar a garçonete peituda que os vendia. Lá vou eu com a cara cheia de cerveja tomar esse troço azul , que Deus sabe o que era.
Não satisfeita, acompanhei os rapazes até a porta vizinha ao bar pra comer uma típica pizza novaiorquina.
De barriga cheia, eu e meu adjunto, resolvemos que era hora de partir. Aproximadamente uma hora e meia de viajem nos aguardava, uma vez que estávamos do outro lado da não tão grande Manhattan quando nos demos conta de que caminhar em linha reta havia se tornado uma tarefa um tanto árdua. Caímos na risada típica dos alcoolizados, e continuamos ziguizaguiando em nosso trajeto até a estação de metrô mais próxima.
Foi exatamente quando eu entrei na estação que eu comecei a perceber que eu estava ferrada. Meu não menos embreagado com sorte tentava em vão me ajudar, mas já era tarde…
Eu chamei o Raul primeiramente na lixeira da estação de trem, depois dentro do trem (que pra minha sorte estava vazio a essa hora da madrugada). Quando já estávamos bem mais perto de casa, eu sai correndo de dentro do trem por não agüentar o balançar e o Juca foi mencionado novamente, dessa vez, na plataforma de embarque, eu estava tão ruim, que eu nem sei se tinha alguém lá. Convencido de que o melhor era pegar um taxi antes que eu desfalecesse na rua e ele ficasse tentando me levar pra casa, meu pobre acompanhante me levou pra rua. A fria rajada de vento que me atingiu ao sair da estação de metrô, arejou minhas idéia e eu recobrei alguma consciência a tempo de me poupar da vergonha de vomitar dentro de um táxi e ter que ouvir um árabe/indiano buzinar nas minhas idéias. Resolvi andar até em casa, as duas últimas estações de metrô restantes.
Cheguei em casa viva, tinha vomitado tanto no caminho que se alguém quisesse seguir meu rastro conseguiria. Como já não restava nada a ser posto pra for a de mim , fui, ao menos, poupada te ter que limpar banheiro de ressaca, deixei o trabalho pros funcionários do Metrô, vingança pela greve!

Desventuras alcólicas- parte dois- Reveillon, a vez do namorido*…

Depois de agüentar toda sorte de piada sobre o fato de ter passado a noite do dia 30 de dezembro bebendo suco de laranja e arrepiando tuda vez que eu via uma cerveja, eu finalmente aguardava o fim do famigerado ano.
Tentei encarar um vinhozinho pra não virar o ano seca, mas o estômago parecia se lembrar do episódio ainda recente. Meu namorido*, no entanto, sem nem um resquício de lembrança da bebedeira, começou com cerveja, passou pro vinho, voltou pra cerveja e encerrou a noite falando mais abobrinha do que a mais apaixonada das namoras poderia agüentar, abraçado a uma garrafa de champagne.
Muitas tentativas de ir embora depois, eu chegei em casa e caí na cama, mas sabe aqueles inconfortáveis pensamentos existenciais de virada de ano? Bem, eles me despregaram de meu sono e eu me vi na cama, querendo dormi, sem conseguir com o cidadão desmaiado do meu lado.
Eu já estava finalmente sonolenta quando meu namorido* se levantou e começou a mexer na arara de roupas no canto do quarto, logo ao pé da cama. Mesmo sem entender nada, achei melhor continuar a observar aonde aquilo ia dar. Desistindo do que ele procurava no meio de suas jaquetas, ele se virou para o canto do quarto e por alguns segundos eu parecia não acreditar no que eu via. Ele, deliberadamente, se preparava pra fazer xixi na parede do quarto: “Namorido*, oh Namorido*! Que é que você tá fazendo?” – perguntei. Confuso, ele me respondeu que estava indo no banheiro. “ Na parede?” – eu perguntava sem saber se ria pela situação ou se me preocupava com a possibilidade de ele já ter começado a denegrir a parede. Completamente desorientado, ele olhou em todas as direções possíveis e se voltou para o verdadeiro banheiro da casa.
Na manhã do dia seguinte, eu gastei uns dez minutos rindo do ocorrido até me recompor e poder contar pro namorido*, completamente desmemoriado, de sua desorientação espacial noturna.